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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 4 Empty [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Seg Set 28, 2020 11:29 am
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@Emme @Leoster @Katiwk @Tzo Bakshi

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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 4 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Dom Nov 29, 2020 11:21 pm
Tudo à minha volta girava, como se eu próprio estivesse dando piruetas. Na verdade, era apenas minha cabeça. Jarro maldito. Levei alguns segundos para que conseguisse me situar em mim mesmo. Diversas imagens passavam por minha cabeça, algumas sendo retidas, como a visão de meus irmãos dilacerados, outras escorrendo como areia por minhas patas, esvaindo-se com o vento.

Ainda levemente aturdido, olhei ao redor e deparei-me com uma humana e um aarakroka. Criaturas inferiores, traidoras das castas, seres miseráveis que mereciam sua punição. Ah, e eles a teriam... Se não fosse pela voz que desconcentrou-me, retirando-me de meus devaneios sobre formas diferentes de explodir aqueles dois, agora que não estava mais sob efeito de veneno.

Um homem azul translúcido, que emanava sua própria luz, falou-nos com sua voz familiar, que me era estranhamente acolhedora. Ouvi, enquanto sua fala preenchia-me de compreensão, tanto sobre sua identidade quanto sobre minha confusão - e possivelmente dos demais.

Assim que soube de sua identidade, imediatamente prostrei-me sob sua presença, caindo por sobre meus joelhos e abaixando a cabeça para demonstrar respeito por sua figura, enquanto absorvia suas palavras. Logo que terminou, o cérebro de galinha, que possivelmente sequer era capaz de entender a grandiosidade daquele com quem falava, quanto menos suas palavras, resolveu brindar-nos com seus desagradáveis e desnecessários comentários. Pobre criatura inferior, se ao menos soubesse que seu silêncio era tão mais valioso... De qualquer forma, apesar das palavras rudes, tinha que admitir, ainda que para mim mesmo, que seus questionamentos eram válidos, dada a missão que nos era passada.

Dado o devido tempo para obtermos ou não as respostas, tomaria eu mesmo a palavra.

- Ó, grande Faraó. Antes de tudo, devo dizer que sinto-me honrado por estar diante de sua presença e poder lhe ser útil e atender ao seu chamado. Chamo-me Leoster Aevum, Tjati soberano do palácio de Bastte... Ou assim o fora. - iniciaria. Tinha certeza de que Djhutet sabia muito sobre cada um de nós, mas introduções e apresentações eram, sim, necessárias, ainda mais em situações tão delicadas.

- Entendo que tal posição talvez não valha muito no presente momento, considerando-se que, pelo que entendi, tais vidas não nos pertenciam. Contudo, são as memórias que possuo, uma vez que as minhas, aparentemente, encontram-se seladas, então isso é tudo o que me restou. - expliquei, erguendo-me para poder lhe dirigir o olhar enquanto falava, antes de seguir - Ao que entendi se suas palavras, meu Soberano, ainda que tenha sido quem nos colocou na Immortus, não fora quem escolheu que viéssemos. Se essa informação é verídica, então lhe questiono: quem é o responsável por nossa vinda?

- Ainda, me vejo obrigado a lhe perguntar sobre mais uma informação de suas palavras. Disseste-nos que o que nos prende aqui está ligado à profecia, sobre os Cem Soerguidos e a iminente catástrofe, caso não os tenhamos. Contudo, o Senhor nos pede para que matemos Akunosh para vingar Kemet, e que será assim que voltaremos a nossas vidas verdadeiras. Tais sentenças estão relacionadas de que forma? A morte de Akunosh nos permitirá concluir a profecia dos Cem Soerguidos, salvando Kemet da catástrofe e libertando-nos? - aguardaria pelas respostas, quaisquer que fossem.

Tendo minhas dúvidas sanadas, olharia para os outros dois ali presentes, seres tão decadentes, mas que, ainda assim, encontravam-se na presença se um ser quase divino. Seriam eles dignos? - Por fim... Assumo que não me vejo em posição de questioná-lo em sua sabedoria, mas, se me permite: ainda que fosse tudo uma ilusão, está certo sobre confiar tão missão a dois seres cujas raças já demonstraram não ter nenhum respeito à sagrada hierarquia de Kemet? - manteria minha cabeça abaixada ao questionar e, fosse qual fosse a decisão do faraó, a aceitaria. Afinal, seus desígnios eram inquestionáveis.

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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 4 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Qua Dez 02, 2020 2:19 pm

A r enchera-me os pulmões com a mesma delicadeza de uma tempestade no deserto. Uma dor lacerante caiu sobre mim e senti meu peito arder enquanto me levantava do que parecia ser um sarcófago. Olhei ao redor e vislumbrei a sala da Necrópole em todo seu real esplendor: maior, mais iluminada e com centenas de sarcófagos, jarros e afins. Será que aquela ainda seria a Necrópole mesmo?

Meu peito ardia como se estivesse em chamas e notei então que algo estava diferente, eu havia sido marcada por algo. Um tabaxi e um aarakroca jaziam ao chão, um perto dos jarros e o outro nos sarcófagos presos à parede. Naquele mesmo instante, lembrei da criatura e procurei-a pela sala, ainda assustada e em posição de guarda. Como eu queria meu escudo... O sentimento de nulidade e incompetência mancharam meus pensamentos, junto com a náusea que embrulhou-me o estômago. Incapaz de conter o que quer que estivesse dentro de mim, vomitei entre sarcófagos quando, por fim, a imagem do meu próprio cadáver surgiu em minha mente.

Quando as criaturas por fim levantaram, nos entre olhamos rapidamente. A ave tratou de abrir as asas, querendo manter a distância entre nós; enquanto o pequeno felino nos encarou com desdém. A repulsa travou-me a garganta e nada fui capaz de dizer, mas Alastrine passou como flashes em minha cabeça. "Alastrine...", mesmo sabendo o que era aquela palavra, qual o significado dela para mim? Foi quando os portões se abriram e, após uma densa nuvem de poeira, uma criatura azulada nos recepcionou. O tal faraó nos encheu de cordialidades e entusiasmo, falou sobre sermos escolhidos por algo maior e nos passou a missão de matar alguém. Ou algo. O aarakroca, agressivo como todos eram, tratou de questionar a melhor forma de abater a presa. Por outro lado, o tabaxi tratava de garantir algo com sua bajulação, mesmo sem conhecer de fato o tal faraó. Por mais que sua voz soasse conhecida e levemente agradável, toda aquela situação me era desconfortável. Eu teria que agir em companhia com aquelas... bestas?

Há alguma garantia nesse processo? — comecei assim que ele terminou de responder os outros dois — Digo... você tem certeza que matar o Akunosh nos levará de volta para nossa realidade?

Naquele instante, tudo que eu queria era uma resposta positiva. Meu interior começou a vibrar de excitação quando flashes de memórias passadas passaram pela minha cabeça e algumas coisas começaram a fazer sentido para mim. Agora eu entendia por que sentia tanta vontade de rezar para algo além dos deuses da Kemet, a Ordem sempre estivera comigo e minha mente me levava por passeios pela Alastrine e, vislumbrar aquilo, era como um abraço quente em meu coração. Eu precisava voltar.

E antes de prosseguir, o que aconteceu com o outro humano? — questionei.




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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 4 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Ter Dez 15, 2020 4:36 am
[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 4 2-1

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 4 Image


A tríade não demonstrou uma expressão diferente da anterior. Permaneciam impassíveis, seus rostos paralisados em semblantes rígidos como se esculpidos em colossais figuras de arenito. Tzo, ao fim de suas palavras, percebeu que o eco de sua voz naquele ambiente ia além do que poderia compreender — como se uma proliferação acima do que estava acostumado, a um fino limiar de romper-se de seu corpo e juntar-se à infinidez do vazio para um sempre. Contudo, ali, cercado por folhas escarlates que condecoravam os arredores, a sensação de lar lhe era passada como uma estrutura que, juntamente da convicção estabelecida, amalgamavam uma base para que não ruísse diante daquilo que sentia que deveria enfrentar.

— Nada não existe para que não possa cumprir o propósito de sua reparação — como enunciado anteriormente, a esfinge albina trouxe um sopro de vida fúlgido àquelas palavras, como se o branco de seu corpo reverberasse cores estonteantes além do escarlate presente das folhas das árvores. Isetemkheb fez menção de balançar suas asas repletas de furos.

Do lado oposto, Niutnakht empertigou-se.

— Para além do berço das areias existe motivações que sustentam verdades seculares. O destino, e apenas ele, tece suas teias sobre acontecimentos minuciosos, realizando coincidências que desde sempre estiveram destinadas a ocorrer — sua voz grossa ecoou pelo ambiente, ribombando as árvores ao redor de Tzo. — Mesmo infelicidades e tragédias podem ser consideradas obras de um destino cruel. Contudo, o que possuímos para que possamos confrontá-lo? — Um enigma?

No centro, Ankhesenaten fechou seus olhos.

— No seu estado atual, não conseguirá sequer passar do primeiro percurso. Contudo, quando olhamos ao redor, não se há mais esperanças e nem escolhas. Estamos contra o tempo.

— Contra o Sol — Niutnakht complementou.

— Contra os sóis — adicionou a albina.

Tzo ouviu o farfalhar das folhas escarlates tornar-se uma melodia tempestuosa. As árvores fincaram-se no solo pedregoso bem fixadas quando a atmosfera ao redor parecia convergir em direção ao Trimnamon acima. Ankhesenaten permanecia com seus olhos fechados — suas asas brilharam num tom dourado, as penas trazendo uma majestosidade tão imaculada que parecia crime enlodá-la ao encarar. As outras duas esfinges congregaram em pleno silêncio, fechando seus olhos juntas, como se pudessem compartilhar daquela mesma energia tão familiar a Bakshi que, profundamente, sentia que poderia tocá-la como se também fizesse parte de si.

Lentamente, alguns pontos foram tornando-se mais nítidos.

— Soerguidos possuem vantagens incontáveis. Compreenda-as em seu caminho — a esfinge enegrecida citou.

— Não perca-se daquilo que o faz ser quem é — Isetemkheb seguiu.

— Pense a respeito: o que existe de comum em tudo que o cerca agora?

— Aquilo que existe, que segrega e ao mesmo tempo serve como uma ligação.

— O início, o fim, a existência. Tudo por um motivo. Uma razão.

Penas caíram das asas da esfinge castanha como uma chuva sublime. Os contornos dourados desenharam linhas verticais pelos ares. Ao lado, Isetemkheb soltou um longo suspiro, mudando o percurso de sua queda, as moldando em uma figura cilíndrica. Por fim, Niutnakht emitiu uma onda quase que invisível e espiral a partir do centro de sua cabeça, ainda mantendo os olhos fechados. Lentamente, as penas foram ganhando uma textura nova — mantendo o dourado, mas pertencendo agora a um brilho metálico, firme. Em sua extremidade, um cálice surgiu, vazio.

O bastão dourado levitou no ar seguindo em direção a Tzo para ser empunhado.

— Você não é especial, afinal, é um humano — Niutnakht proferiu ao abrir os olhos.

— Não é uma escolha. Nunca foi. — Isetemkheb prosseguiu, também abrindo seus olhos.

— Apenas um presságio de esperança — finalizou Ankhesenaten ao abrir os olhos totalmente tomados pelo dourado.

E naquele mesmo dourado, havia o sol. De repente, as árvores ao seu redor tornaram-se apenas dunas, tal como o chão abaixo de si. Tudo ao redor foi tomado pela grande vastidão arenosa numa transição que ocorrera num simples piscar de olhos. A sede tocou sua garganta como garras cruéis que deixavam-no mais próximo da exaustão total. Ao longe, uma figura enegrecida caminhava em meio às areias do deserto conforme as ondas de calor faziam com que todo o sombreamento de seu corpo se distorcesse da cabeça aos pés. Tzo estava sozinho — possuía apenas aquele bastão consigo e os restos de uma túnica de linho rasgadas.

Tzo percebeu que, naquela miragem, não havia apenas a figura, mas sim diversas outras mais atrás, como se lideradas pela sua magnitude.

O sol revelou os traços reptilianos do ser — do alto de seus três metros, trazia uma corpulência representada em escamas do corpo de um crocodilo bípede. Suas vestes traziam rasgos, mas também contavam com condecorações pesadas como de jade e ouro. Em suas costas, uma lança jazia presente, reluzindo como se pudesse refletir a própria luz proveniente do sol do deserto. Tzo percebeu que, naquele instante, estava lidando com algum tipo de exército. Os seres compostos de raças tão distintas atrás da grande figura crocodiliana pararam com um único gesto erguido por uma pata escamosa e protuberante.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 4 Isfet

— Apresente-se, humano. E dê-me um motivo para não empalá-lo aqui mesmo — fez menção de pegar sua arma. — Diante de Isfet, o Soerguido de Itéru e Eior. Nosso exército marcha pelas areias desheretianas sem nada a temer. Sua raça é a escória, menos do que merda… como ousa sequer olhar para mim, ser de tamanha insignificância?

”Não temos tempo” — uma voz esganiçada mais atrás comentou.

”Deve ser um deles”

”Humanos são desprezíveis”

Distante dos pensamentos de Tzo, a Kemet ribombou como se um terremoto de extrema magnitude atingisse sua metrópole de basalto e xisto. As areias kemetianas ressoaram em um grande espanto uníssono quando as três pirâmides principais, tidas como templos sagrados para o Trimnamon, brilharam por completo antes de jorrar uma iluminação dourada em direção aos céus. As nuvens afastaram-se com a pressão gerada pela iluminação conforme o raio luminoso ganhava força e espalhava-se ao longo de toda Okhemeq. Kenbets foram consultados. Soerguidos reuniram-se. Medjais foram ordenados para acalmar os cidadãos. Tjatis isolaram-se em seus palácios.  




[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 4 Asdad
O céu abriu-se num jorro daquela trindade luminescente dourada. Okhemeq soube que um Centésimo Soerguido viria em breve.

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As perguntas desfizeram-se como nuvens de areia conforme o saguão estremeceu inteiramente mais uma vez. O faraó demonstrou um semblante confuso, mas não o sustentou por mais tempo.

— Se Akunosh não pudesse ser morto, eu não pediria para que o matassem. Mas não encarem-no como o problema maior, de forma alguma… certamente o que há de pior são as areias desheretianas no caminho. Vocês terão de deixar a Kemet para isso — suspirou profundamente. — Mas não se preocupem. Existe um fator surpresa em vocês por terem se libertado da Immortus, o milagre de terem se livrado significa que podem ser mortos, como já disse, mas…

Seu olhar caiu sobre Uriel. A marca  que queimava em sua pele, sobre o coração, pareceu queimar ainda mais forte. Tratava-se de um Ankh.

— Creio que alguém tenha se interessado sobre o significado do Ankh. Com isso, vocês não precisam se preocupar com a morte quando o momento chegar, diferentemente de outros Medjais ou Soerguidos que há tempos guardam suas vidas para o momento de fazer com que Okhemeq enfim não chore as lágrimas de seu campeão.

Quanto às admirações excessivas vindas do tabaxi, o Faraó Sol o observou da cabeça aos pés com certo descaso.

— A pergunta não é quem os trouxe, mas o que. Ainda que explicar isso faria com que uma grande ferida fosse aberta em um momento extremamente sensível como esse. Para todo o caso, da forma como estamos, entenda que o Trimnamon e o Faraó trabalham juntos para que todas as manutenções sociais ocorram, isso inclui a vinda súbita daqueles que vieram de fora. Nosso amálgama os trouxe. — O líder da kemet revirou os olhos ao demonstrar concluir que as indagações do tabaxi sequer sustentavam-se. Um turbilhão de indagações indispostas, foi o que murmurou. — É certo que  a morte de Akunosh irá libertá-los, vocês estão aqui para cumprir um objetivo em comum com a Kemet, após isso, esses corpos não serão nada além de decomposições pífias.

Seus olhos passaram por cada um, até encontrar o sarcófago aberto que encontrava-se vazio.

— Em todo desejo, existe uma finalidade. Quando alcançada, seu propósito é cumprido. Enxerguem dessa forma. — De repente, seu olhar pareceu distante, como se compartilhasse alguma melancolia. — Akunosh corrompe a profecia dos Soerguidos a cada dia que passa. Enquanto o Trimnamon quer um centésimo, lá fora existem milhares. Eles marcham esperando nossa ruína, matam nossos Medjais, engolem em números nossos Soerguidos. Como seguiremos ao Ta Netjeru dessa maneira? Isso é insustentável. Ao menos a Immortus garantiu a vocês uma vantagem nisso tudo — apontou para a humana.

Mais uma vez, um suspiro escapou de seus lábios translúcidos. O que quer que viesse de indagações por parte do Tabaxi, o Faraó decidiu dar prioridade a outros pontos do encontro. Estalou seus dedos três vezes e repousou seus braços juntos enquanto observava o trio à sua frente. De alguma forma, havia uma fagulha de esperança em seu semblante sereno que beirava a melancolia nas últimas palavras sentenciadas.

— O outro humano provavelmente está com o Trimnamon, ainda que seja algo atípico. Vocês foram separados quanto a propósitos, mas é algo puramente… atípico. Digamos que ambas as partes tenham sido sortudas em meio a isso — ainda que não tenha explicado de quais duas partes se tratavam, o Faraó prosseguiu. — Os Soerguidos podem dar conta das areias desheretianas. Vocês precisarão de algumas armas, mas tenham em mente de que serão mais escoltados do que de fato liderarão em alguma linha de frente…

Em uma resposta aos estalos, o portão aberto deu passagem a algumas figuras envoltas em ataduras brancas. Dispostss, regradas e extremamente silenciosas, adentraram o saguão trazendo mudas de roupa em pilhas nos seus braços. Notaram que nunca haviam as visto anteriormente andando pela Kemet em suas vidas dentro da Immortus, um detalhe da cultura que não havia sido inserido em toda a trama. Por exceção de Uriel, que havia ido diretamente à necrópole e visto sarcófagos juntamente da figura alada envolta em talas. As múmias aproximaram-se em plena servidão, entregando as novas roupas para o trio.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 4 Dasda
”A parte, existem as Múmias que erguem-se para a servidão perfeitamente arquitetada, servindo a todos e mantendo toda a Kemet como uma perfeita engrenagem que nunca torna-se inerte. — Leia mais em: Kemet Okhemeq.

— Agora é apenas uma questão de tempo. Em meio a tantas desgraças… — o Faraó sorriu de canto — vocês são um milagre. Uma esperança para toda a Kemet.

A atmosfera tornou-se pesada de repente.

A mulher adentrou o saguão mantendo seu semblante oculto por debaixo da máscara que adornava seu rosto.

— Faraó Sol, a Provação de Soerguimento teve início. A Kemet procura respostas. — Anunciou.

O semblante do homem translúcido desfez-se como uma máscara de vidro sendo estilhaçada em pedaços ínfimos. Mais atrás da mulher, havia uma pluralidade de kenbets trazendo máscaras semelhantes, mas mantendo uma distância segura — certamente não poderiam ver o que ocorria dentro do saguão, mas talvez pudessem ouvir. Djhutet respirou tão profundamente que todo o ambiente parecia retorcer ao seu redor — uma súbita onda de desconforto perpassou ao longo de todos os presentes, incluindo aqueles que haviam saído da Immortus. Após um longo minuto degustado em puro silêncio, o líder da Kemet virou-se para responder a mulher conforme as múmias retiravam-se lentamente.

De repente, a sombra que passou em seu rosto sumiu.

— O Trimnamon não respeita a morte de Ahsmosfiti, como era de se esperar. Um centésimo será apenas mais um alimento no banquete dos terrores desheretianos cedo ou tarde, a profecia não será cumprida nas condições atuais — explicou pausadamente como se fossem as palavras mais óbvias da forma como foram impostas, mas não havia uma resposta naquele semblante impassível da máscara.

”Mas não podemos ficar de luto para sempre.” — Os murmuros começaram vindos dos Kenbets. ”Precisamos confiar neles..”

— Entendemos suas preocupações, como discutimos anteriormente. Mas será apenas uma questão de tempo a depender do potencial do selecionado.

”Como houve uma seleção? Há sóis não temos nem mesmo um candidato” — Continuaram. ”Imset deve estar se remoendo com tanto rancor”.

O Faraó Sol manteve um semblante equilibrado para responder os Kenbets. Era visível a sua frustração em meio ao momento.

— Ahrati, diga ao povo que pronunciarei-me em breve sobre o ocorrido. Não estamos mais tão despreparados como anteriormente, veja com seus próprios olhos — apontou para o trio. — Eles saíram da Immortus.

Os olhos da mulher por debaixo da máscara arregalaram-se.

— N-Não pode ser…

”O que ele disse?” ”Isso não pode ser possível!” ”Nada deveria sair da Immortus dessa forma…” ”Talvez isso explique um Soerguido…? Desheretiano?!”

De repente, a figura do Faraó pareceu muito maior do que anteriormente frente aos burburinhos. A maré havia mudado.

— Isso deve ser mantido como um sigilo entre as partes governantes. Da mesma maneira que o Trimnamon busca pela reparação de um ciclo, o povo kemetiano precisa livrar-se de um passado sombrio e um futuro potencialmente tão avassalador quanto. — O silêncio reinou. — Reúna um grupo de medjais sobre a liderança de cinco Soerguidos. Eles partirão para dar fim de vez a Akunosh ainda essa noite.

Novamente um espanto.

— Entendo… de fato, os presságios estão se interligando. — O cajado da Kenbet reluziu face à iluminação que adentrava o saguão. — Mas peço perdão, Faraó Sol. Os Soerguidos a esse momento estão reunidos nas pirâmides do Trimnamon estabelecendo a ligação que precisam para com a Provação do Soerguimento, faz tanto tempo desde que uma seleção não ocorre, gerações inteiras nunca presenciaram algo do tipo. Enquanto isso, os Medjais…

”Estão contendo a parte revoltada da população.”

O semblante do Faraó tornou-se nublado novamente.

— Não. Não podemos enfrentar uma revolta popular, ainda que as decisões do Trimnamon fomentem uma polarização de nossa Kemet. Encontrem medjais capacitados, se for o caso, mas certifiquem-se de encontrar um único Soerguido que seja!

— Existe alguma correlação da realidade enfrentada com o que eles vivenciaram na Immortus? — Interrogou a mulher.

O Faraó estagnou.

— Seria loucura, Ahrati. — Observou os três de relance. — Não… espere

— Se o povo souber das chances de um desheretiano enquanto Soerguido, certamente não irão se conter. O que seria pior do que isso?

”Se fosse um humano” — os burburinhos caçoaram.

— Enxergo numa janela de possibilidade de algo pior, Faraó Sol — observou a humana integrante ao trio — Se os hemus souberem que há uma humana entre os escolhidos para algo tão… impactante, eles também não se revoltariam? Afinal, nós, que conseguimos nos libertar dessa sina, precisamos realizar feitos importantes para tal e fomos reconhecidos por sua vontade como um.

”Os hemus também incitariam uma revolta. Eles não podem saber.”

— Agradeço suas preocupações, Ahrati, mas sei dos perigos presentes numa guerra civil. Meu pronunciamento virá em breve. Os demais: estão sob sigilo profundo, não contem nada do que viram aqui nem para os demais Kenbets. — Observou o trio. — Ahrati, os guie para os aposentos livres e dê conta de sanar suas dúvidas. Além disso…

Com um estalar de dedos, todo o corpo do Faraó foi desintegrando-se aos poucos. De translúcido para, enfim, invisível.

— Forme uma equipe efetiva. — Sua voz ecoou.

A mulher compreendeu, assentindo com a cabeça. Frente aos três, agora a sós, uma vez que os demais Kenbets haviam se retirado, ela decidiu agir com um tom de voz mais sereno, ainda que naquele mesmo tom reverente.

— Venham comigo. Perdão, vocês podem compreender o que eu falo? — Esperou o mínimo sinal como resposta. — Sou Ahrati, uma Kenbet confidente do nosso Faraó Sol.

Assim que estivessem de fora, o saguão fecharia-se totalmente — talvez fosse melhor checar algo pela última vez. O caminho para os aposentos inferiores foi extremamente conturbado. Não por aparições, mas pelas passagens completamente inconstantes — elas surgiam no solo como corredores em zigue-zague de escadas, portas que na verdade tratavam-se de cachoeiras de areia e subidas extremamente nauseantes. Caso se tivessem passado por atalhos para que não reconhecessem o caminho de volta, os três desheretianos enfim encontraram um salão tomado por ouro e jade — com camas confortáveis que em muito lembravam o tabaxi de sua vida enquanto tjati. Para Uriel e Katiwk? Um luxo.

— Suas armas devem chegar em breve. Até lá, existe algo em específico que precisem para compor seu grupo? — Indagou.

Tendo suas respostas, a mulher enfim os deixaria a sós. Um momento para enfim interagirem e conversarem sobre as táticas que utilizariam ou frustrações acumuladas? De qualquer maneira, enquanto isso, a Kemet enfrentava um momento extremamente delicado.


[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 4 Fafasa

   A dupla de hemu desceu as escadas da grande estrutura faraônica responsável por compor a pirâmide colossal de Dhjutet. Todo o povo ao redor encontrava-se em polvorosa nos níveis mais abaixo — raças de todos os tipos conhecidas por compor a população de Okhemeq imploravam por um parecer do seu líder. Em meio a todos os rostos, não havia sequer um Soerguido — apenas Medjais que tentavam conter os que exageravam em seus atos e tomavam posturas agressivas. O jarro com um sol talhado foi carregado pelo par de humanas foi enfim colocado num nível plano da pirâmide, acima de todos aqueles que ansiavam por uma resposta.

Uma energia azulada escorreu para o seu exterior, moldando a figura do grande Faraó Sol que, diante da iluminação provocada pelo próprio astro rei e também o dourado tríplice irradiado nos céus, tornou-se gigante. Como se sua vontade tivesse tornado-se tão enorme e presente que todos da Okhemeq poderiam ouví-lo daquela maneira — seu semblante calmo refletiu nas nuvens tomadas pela sua coloração azulada. Trajando a coroa-sol como uma espécie de condecoração luminosa, seus braços abriram-se como se buscasse ser louvado como de costume: e assim ocorreu, mas de maneira extremamente potencializada pelo desespero do momento.

— Meus filhos, devotos kemetianos, peço que se acalmem. — Sua voz ecoou. — Como as pirâmides do Trimnamon anunciaram, uma Provação de Soerguimento ocorre nesse exato instante: existe um selecionado que surgiu como uma fagulha de esperança em meio à desolação que vivemos há tantos sóis desde que enfrentamos uma terrível perda.

Burburinhos. Conversas. Contestações.

— É uma surpresa mesmo para eles, eu aposto. Em nossa conversa, percebemos que o tempo para a profecia ser cumprida tem uma relação intrínseca com a aparição de um novo selecionado, ou pelo menos dessa forma decidimos enfrentar. Para aqueles que esqueceram as canções antigas de nossos ancestrais…

”Quando o momento chegar,
O centésimo enfim se erguerá,
Os amantes voláteis entrarão em seu momento mais profundo, laçando-se como se fossem um só,
As águas abrirão caminhos vitais pelas areias como trilhas de sangue,
O solo tornar-se-á verde, vívido como a carne da vida,
E então, será o momento de caminhar com os Cem para Ta Nejteru.”


— Não se preocupem, é visível como tudo esteve preparado para enfrentarmos esse momento unidos como um só. Ainda que os terrores desheretianos existam, digo que cedo ou tarde a tomada de medidas emergenciais terão efetividade em meio a tudo isso. Em pouco tempo, quando o próximo sol se alinhar — suas enormes mãos vagaram pelas nuvens, tomando forma acima da população, apontando de maneira majestosa para o núcleo entre os três jorros dourados que rompiam os céus. Entre as pirâmides. Era ali que um sol deveria estar posicionado para então ser contabilizado como um Sol de fato. — Enfim caminharemos para o Ta Netjeru. Torçam para o próximo Soerguido, rezem para que os terrores das areias desheretianas tenham piedade e, acima de tudo, mantenham-se com seus entes. É um momento de sensibilidade profunda.

Lentamente, sua imagem foi desaparecendo das nuvens, escorrendo de volta para o jarro, minimizando-se.

— A memória de Ahsmosfiti vive entre nós como uma bênção para o próximo Soerguimento. Contudo, devemos nos lembrar de honrá-lo de maneira respeitosa e dar fim aos terrores que ameaçam nossa Kemet. Ergam suas armas, preparem seus escudos, abriguem as crianças nos templos mais seguros. Eles estarão esperando apenas um momento de fraqueza. Unam-se em prol da Okhemeq, abracem seus familiares, vivam seus próximos dias como se fossem os últimos, pois certamente serão antes de atingirmos então o propósito de tudo o que construímos até aqui.

No fim daquelas palavras, não havia mais nenhuma revolta ou briga, apenas o choque. Os Medjais separaram-se da população que, de maneira uníssona, gritava a plenos pulmões o nome de seu Faraó Sol, honrando-o e agradecendo o progresso do Trimnamon em nome de Okhemeq. Não mais polarizados, mas sim unidos por um único ideal, Hemus e Medjais uniram-se naquele instante. Enquanto isso, nas regiões nobres, os Tjatis mantinham-se em seus palácios, temerosos de que, cedo ou tarde, tudo daquilo que guardavam com nobreza não seria mais do que uma lembrança antiga. Por debaixo dos panos, um grupo seleto Kenbets faziam de tudo para que a expedição às areias desheretianas para o fim de Akunosh fosse bem sucedida.

E a todo instante, as múmias continuavam a servir, mesmo em um momento de tamanha mobilização. Juntos, por Okhemeq, todos caminhariam para o Ta Netjeru.

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Qui Dez 17, 2020 3:32 pm

E u olhei ao redor e o ambiente em que nos deixaram era muito mais que meu simples barraco na zona residencial precária que vivi por tantos anos. Mas seria tudo aquilo uma mentira? Immortus parecia um nome muito pesado para uma realidade de conquistas vivida na Kemet. Porém, tudo ainda parecia tão deslocado... Meu peito ainda ardia e notei, pela primeira vez, o símbolo do ankh cravado em mim. O que aquilo significava para mim? Lembrei dos olhos julgadores dos "amiguinhos" do tal Faraó Sol quando notaram que uma humana escolhida para lutar uma causa importante poderia causar revolta aos outros humanos. Como eram... medíocres tais pensamentos deles. Humanos sempre serão maiores que isso tudo.

Balancei a cabeça para espantar tais pensamentos, de onde será que vinham? Seriam influências dos flashes constantes em minha mente? Alastrine, Mivo, Lauri... Quão importantes eram aquelas palavras? Meu coração acelerava quando eu tentava lembrar dos sonhos com esse lugar tão enraizado em mim e que, agora, eu tinha certeza de não ser apenas delírios causados pelo excesso de estudos rúnicos. Por falar em runas, lembrei das últimas que me foram reveladas ainda na necrópole, antes de eu encontrar meu próprio cadáver. Um arrepio percorreu meu corpo ao lembrar da perseguição, mas minha mente voltou ao que eu mais temia: flashes. Eu não lembrava exatamente das runas, apenas da surpresa de tê-las lido, algo sobre o centésimo ou coisa do tipo. Talvez minha mente voltasse ao normal com o tempo. Agora tenho novas preocupações.

No quarto extremamente luxuoso um tabaxi soberbo escolhia o que ele acreditava ser a melhor cama do ambiente, a cama de um nobre como ele. Eu até podia jurar que ele uniria as três camas para si e nos deixaria descansando no chão, mas ele não estava em seu palácio e, por mais que ele não quisesse, éramos tratados da mesma maneira ali. Fitei o aarakocra ao longe e seus olhar vazio jamais encontraram-se com os meus. A repulsa tomou-me de supetão e a ânsia de dividir o mesmo ambiente com aqueles seres voltou a me assolar. Não sei exatamente o motivo, mas em meu âmago todos eles pareciam errados, hediondos, corrompidos. Sentei em um pequeno sofá próximo ao pé de uma das camas e apoiei a cabeça com as mãos. Orei silenciosamente, pedindo para que aquela sensação passasse e eu pudesse me concentrar em conversar com os outros, entender quem eram. Aos poucos, pude projetar minha voz.

Eu não sei exatamente o que nos trouxe aqui ou o motivo de estarmos metidos nessa situação, mas eu entendo que precisamos agir com certa... comunhão — fiz uma breve pausa para observar suas reações, até por que eu era a humana aqui, a mulher livre de uma raça escravizada e menosprezada — para assim voltarmos à nossas vidas, seja lá quais forem elas.

Quando tivesse a oportunidade, seria interessante revelar minhas capacidades como uma Medjai bem treinada por Imset, além de minhas habilidades com meu escudo. Aliás, onde ele estava?

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Dom Dez 20, 2020 12:57 am

E u ainda podia ouvir ao longe a voz do Trimnamon ressoando em minha mente, seus enigmas perdendo-se em um turbilhão de pensamentos agora desconexos. Por mais que eu tentasse organizá-los numa tentativa de desvendar seus significados, parecia não prover de intelecto o suficiente para tal. Contudo, alguns pontos seriam nítidos até mesmo para a mais tola criatura. Tudo dependia de mim. Embora não fosse o candidato ideal, dotado de capacidades admiráveis ou pertencente a uma raça digna aos seus olhos, eu era a última esperança.

Tão logo senti minha garganta ser rasgada pela sede, tais raciocínios esvaíram-se rapidamente, como se nunca sequer houvessem percorrido minha cabeça. O sol distorcia tudo ao redor, imponente e ameaçador. De longe, pude avistar uma silhueta ainda retorcida pelas ondas de calor que caíam sobre a infinidade de areia ao redor. Conforme aproximava-se, notei que outros o seguiam, incontáveis, quase como um exército sendo liderado pela enorme presença.

Do alto de sua estatura elevada, irradiava a aura de alguém que deve ser temido. Suas palavras vociferadas somente complementaram aos meus olhos a figura poderosa que era. Lembrei-me de Imset ao ouvir seu nome, um tanto parecido, mas soube que ele era ainda mais perigoso, independente de estar acompanhado por incontáveis criaturas distintas ou não. O Minotauro era, ao menos nas realidades em que recordo-me de viver, uma grande aposta ao soerguimento. Isfet, por outro lado, um verdadeiro soerguido conforme anunciara. Ainda assim, não podia permitir que me matasse, afinal, eu precisava passar pela provação e me tornar o centésimo deles.

— Sou Tzo Bakshi, grande Isfet — apresentei-me numa reverência educada, como era típico fazer diante de presenças como a dele.

Tendo vivido como um hemu por tanto tempo, ainda que aparentemente numa espécie de ilusão, eu sabia como deveria portar-me numa situação assim. Suas ofensas pouco abalavam-me devido a ausência de um ego inflado em mim, o que permitia-me manter o tom brando apesar de minha voz rouca pela sede. Diante de seus comentários, apenas soube que deveria me colocar numa posição extremamente humilde, reconhecendo-o como o superior que ele acreditava — e em partes era — ser.

— Há algo que preciso relatar — chamaria sua atenção, ainda mantendo-me naquela posição respeitosa. — Eu sou a escolha do Trimnamon para o último soerguido.  

Nesse momento, logo após minha revelação que podia soar como um afronte aos seus ouvidos, colocaria em evidência o bastão dourado com que fora presenteado, tentando comprovar a veracidade em minhas palavras. Talvez diante daquele item um tanto especial, o reptiliano pudesse tirar conclusões corretas a respeito da minha pessoa e de minhas intenções. Isfet era um soerguido e deve ter conhecido o Trimnamon. Dessa forma, torcia para que ele encontrasse semelhanças ainda que ínfimas entre nós dois, ou ao menos na... Rogadora?



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Ter Dez 22, 2020 11:29 am
Se antes eu tinha dúvidas sobre a veracidade daquilo que havíamos vivido na Immortus, já não tinha mais. Os modos e palavras com os quais o Faraó comunicou-se comigo deixou, ao menos para mim, bastante claro que não restara sequer um resquício da posição que eu ocupara no palácio Bastte, como se houvesse sido completamente varrida pelos ventos do deserto. Ou melhor, como se jamais tivesse existido, ou sido real.

Lembrei-me de meus momentos derradeiros naquele mundo, quando a suposta escovinha de ouro, minha arma e relíquia, apresentou-se por um instante como um objeto de madeira, sem seu resplendor dourado. Para mim, já era prova o suficiente de que tudo fora um sonho, uma ilusão. Eu não precisava mais carregar em minhas costas a morte de meus semelhantes.

Respirei aliviado, livrando-me do fardo que até então pesava sobre mim. Eu era simplesmente um Tabaxi desheretiano, um estrangeiro naquele mundo, e não devia devoção ao Faraó ou qualquer outro daquele reino, tampouco era sujeito às suas leis.

- Suponho que não possamos simplesmente deixar tudo para trás e fugir pelo deserto até encontrarmos... O que quer que tenha no caminho de volta para a nossa própria realidade. - diria, após confirmar a saída de Ahrati - Pelo que o faraó disse, esses sequer são nossos corpos reais. Pelo menos no presente momento não vejo outra saída que não confiar nas palavras do azulzinho e fazermos o que ele diz. Pelo menos não vejo porque alguém na posição dele precisaria mentir para conseguir aquilo que quer.

Deixaria minhas palavras soltas ao ar e jogaria-me na macia cama à minha espera, meus pelos espalhando-se sobre as cobertas. Como seria bom algo para alinhá-los... Ouvi atentamente às palavras da mulher, aquela que carregava um estranho símbolo, semelhante a uma runa, eu seu peito. Ankh, se me lembrava bem. O que ele significava eu podia apenas especular...

- Bem dito, senhorita. Se nós três precisaremos combater um inimigo que nem mesmo o exército inteiro daqui tem conseguido fazer frente, creio que precisaremos agir ordenadamente. - declarei, pondo-me de pé sobre a cama para alcançar uma altura maior e obter um maior destaque - Chamo-me Leoster Aevum... - uma pequena pausa, dada minha própria surpresa ao falar um sobrenome cujo eu sequer recordara a origem, mas que saíra tão naturalmente de minha boca que só podia acreditar que fora proveniente de memórias que me estavam difíceis de acessar - Sou um Tabaxi e um mago elementalista. Sou capaz de realizar magias contra inimigos em uma distância considerável, mas, apesar de minha aparência tão esbelta, sou bastante frágil fisicamente, então preciso me manter distante de combates corpo a corpo. - disse, olhando para meu corpo para tentar reconhecer se era como eu me lembrava ou se a mim parecia realmente um corpo que não me pertencia - Ah, sim, um outro dado importante... Minhas magias costumam ter efeito em área, então... Bem, quando lançá-las peço para que tomem cuidado de não ficarem em sua área de ação para não serem atingidos, e eu também tomarei cuidado para não usá-las de modo que os atinja, ou isso pode ser nossa ruína.

Não havia muito mais de relevante que eu pudesse me lembrar, então joguei-me novamente, sentando-me de pernas cruzadas para observar os demais e o local. Algo ainda me causava certa estranheza, fosse o fato de não lembrar direito de minha vida, fosse a própria situação de acabar envolvendo-me, sem escolha, em uma guerra que não me dizia respeito.

- Somos desheretianos, estrangeiros protegendo esse reino contra o ataque de outros desgeretianos, isso não soa estranho? - declarei, não especificamente esperando uma resposta dos demais, apenas pensando em voz alta - Apenas espero que os acontecimentos que vivi na Immortus não se revelem um arauto do que está por vir... - a visão da morte de tantos Tabaxis passou rapidamente à frente de meus olhos, mas tratei de afasta-la rapidamente. Não havia porque remoer a morte daqueles que jamais existiram - Seja como for, me parece que a senhorita carrega um elemento surpresa que pode nos trazer alguma vantagem. Não sei exatamente como o obteve ou o que isso significa, mas é inegável a forma como isso a coloca com um algo a mais em relação a nós. Dito isso, creio que seja a mais apta para liderar-nos nesse embate. Alguém se opõe? - encarei a mulher de modo solene, pondo-me, então, a aguardar o que estava por vir.

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