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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Empty [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Seg Set 28, 2020 11:29 am
Relembrando a primeira mensagem :

Main Post a ser Editado.

@Emme @Leoster @Katiwk @Tzo Bakshi

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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Dom Nov 08, 2020 8:27 pm

A pós todo o desenrolar, meu coração estava demasiado acelarado com toda agitação e o sangue corria frenético por minhas veias. Respirei aliviada quando, por fim, as portas da necrópole fecharam-se e o resto da criatura que me perseguia desfez-se. Cuspi em repúdio, mas eu não estava salva. A dor do golpe de foice que eu recebera queimava-me o corpo e eu não conseguia esquecer a catinga do bicho sob minhas narinas. Nauseante, vomitei após seguir o corredor a minha frente.

O escudo vinha ao meu lado, já estava pesado demais em meu braço, claramente minha vitalidade estava a deixar-me e a fraqueza estava ganhando-me aos poucos. Meu corpo queria deitar, mas eu precisava saber o motivo de ter sido arrastada até esse lugar por meus estudos recentes dos hieróglifos e runas. Meu coração, ainda acelarado pela adrenalina, recebeu uma dose de calma quando um salão iluminado aproximou-se.

Tochas estavam bem posicionadas pela sala, eram poucas, mas suficientes. Talvez aquele fosse o melhor momento para cuidar de meus ferimentos. O corte de foice recém aplicado era um problema, então a melhor maneira era estancá-lo até que tudo isso passasse e eu pudesse me tratar propriamente. Rasguei um bom pedaço de linho dividindo-o em uma parte suficiente para amarrar ao redor de meu corpo, e outro para colocar sobre a ferida no intuito de pressioná-la e evitar uma perda maior de sangue, por sorte o ferimento poderia não ser tão grave quanto podia ser e eu aguentasse ficar em alerta por mais tempo. O escudo repousava ao meu lado e, por alguns minutos, fiquei sentada no chão salão respirando lentamente e tentando, de algum modo, relaxar.

Foi quando notei estar com as costas apoiadas em algo que parecia uma caixa e, após olhar ao redor, levantei-me lentamente para não piorar o sangramento recém tapado olhando, ainda localizando-me, os outros caixões ao redor. Só então me lembrei que estava na necrópole, mas algo ali parecia tão, tão... Familiar. Fazendo o mínimo de esforço possível, vaguei pelo salão e notei que algo não estava em seu devido lugar, um jarro estava faltando e me perguntei qual o motivo de moverem um túmulo. Passei a mão pela parede, após deixar o escudo encostado próximo à parede, sentindo a magia em cada hieroglifo e meu desejo em lê-los. Contudo, eu não conseguia entender o motivo de sentir familiaridade com aquela local, visto que eu sabia que ninca tinha visitado a necrópole antes, mesmo sendo uma medjai. Flashes invadiram meus pensamentos e uma voz sinistra invadiu minha mente e retornou-me ao meu estado atual.

Olá? Eu não vim em busca de confusão, só preciso de um local para proteger-me da criatura lá fora. — não queria entregar tudo diretamente, visto que eu não conhecia o dono da voz — Mortes estão acontecendo e algo vem me perseguindo, só preciso de um abrigo. Poderia me ajudar? Sou uma medjai.

Tentar uma aproximação assim com um bestial da necrópole poderia ser uma tiro no pé, mas era o que eu tinha no momento. O jeito era ficar atenta para qualquer movimentação inimiga e ir me aproximando aos poucos do meu escudo, recuando e tomando espaço a voz, mesmo sem saber exatamente de onde ela vinha. Meu coração acelerou uma vez mais.





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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Dom Nov 08, 2020 10:41 pm
[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 1-mosh



[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Image


Imset parecia divertir-se diante da cena que ocorria. Subestimando ou não seus oponentes, as feridas abertas ao longo de seu corpo somavam-se às cicatrizes carregadas como espólios de batalhas ao longo de seu corpo. O olhar do minotauro desceu sobre a criança mais ao longe, observando-o da cabeça aos pés de maneira desdenhosa. Ele abriu os braços, como se esperasse pelos golpes posteriores.

— Venham — seus chifres emitiram um chamuscado como aquele de anteriormente.

A barreira ígnea à direita de Tzo erguia-se lambendo o próprio ar lembrando-o das capacidades elementais do minotauro e do que era capaz. Tendo cautela, deu coordenadas e dicas a Hamut que encontrava-se em uma feição completamente desolada — a dor caía-lhe como o suor por cada centímetro da face, marcando-o num semblante extremamente distinto daquele que o operava anteriormente. Suas unhas continuavam a refletir a iluminação dos arredores como se tivessem ganhado propriedades metálicas laminares. O pequeno hemu observou o maior dos pés à cabeça.

— Você é o próximo. Não estamos juntos. — Ponto.

Ele ergueu-se num vulto contra Imset, saltando enquanto rodopiava no ar antes de abrir um lanho contra o pescoço do adversário, pouco profundo, apenas o suficiente para fazer com que um filete escarlate descesse pela região. Logo depois, mirou os ombros e, por fim, realizou uma volta no colossal corpo da criatura apenas para acertar o lado de trás de seus joelhos. Outrossim, o medjai permaneceu inerte, com seus braços abertos, apenas retesando um pouco agora que a sustentação em seus pés lentamente cedia devido aos golpes exercidos por Hamut.

O punhado de areia foi o próximo movimento.

Forçado a fechar seus olhos por um único instante, nem para coçá-los o minotauro foi capaz de largar aquela posição. Assim, sucedeu-se com o momento exato em que Tzo avançou desferindo-lhe um punho pressurizado na região do estômago. O hemu sentiu a pele grossa com pelugens do bestial abraçando os nós de seus dedos conforme afundava em si própria, por um instante, sendo capaz até mesmo de tatear parte de algum órgão interno naquela breve movimentação. O som do estálido ecoou pelos arredores do confronto e, mesmo com os olhos cobertos pela areia, Imset os abriu arregalando-os com a pressão exercida.

A movimentação ainda não havia acabado. A lança de sílex em mãos do hemu ganharam reforço com uma mana albina e cálida, quase que etérea ao redor do item, fincando-se em movimentos incisivos contra os pontos nos braços em que Hamut tinha alvejado anteriormente. O som de mais uma estrutura do Bastte ruindo-se atrás e entregando-se para o fogaréu abafou o grande suspiro do minotauro expelido como num bufo de alta temperatura. Tzo Bakshi teve certeza que seu plano havia surtido efeito frente às preparações e etapas seguidas parte a parte com o dano aplicado. A lança fincou-se contra um dos braços do minotauro.

Mas Imset não movia-se.

Aliás, seguido daquele bufo abrasado, todo o seu corpo ganhava temperatura de maneira deliberada. Antes eram apenas seus chifres que emanavam aquela fumaça responsável pelo calor exercido, mas agora seus ombros também, tal qual todo o torso — o local atingido por Tzo havia deixado uma marca de seus dedos fechados que, lentamente, emitia um fumo de quentura esbranquiçado que perdia-se no ar. Imset finalmente fez menção de fechar seus braços, todo o corpo liberando uma espécie de vapor que parecia tratar de seu próprio suor — até mesmo o sangue que escorria dos ferimentos tornava-se parte daquela vaporização. A lança deixada pelo hemu lentamente derretia em contato com aquela pele até que se rompesse no meio.

— É com isso que vocês pretendiam fugir? — Ele aproximou-se da parede de fogo erguida à direita do campo de batalha por perspectiva de Tzo. — Minha vez.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 HelplessConfusedAmericancreamdraft-small

Manejou o fogo advindo da muralha ígnea como um ferreiro o faz com ferro e matéria-prima. As chamas percorreram suas mãos, mas pouco pareciam queimá-lo: muito pelo contrário, eram utilizadas numa espécie de círculo criado adiante, desenhado por seu punho enquanto a outra extremidade tratava-se da lâmina do machado a concretizar. Tzo sentiu o calor. Hamut havia pousado um pouco mais atrás desde o fim de sua movimentação e observou aquelas chamas como se estivesse novamente observando a queda do Bastte em meio ao fogaréu.

O fogo formou um círculo. E foi a partir dele que Imset atacou.

— IGNIÇÃO!

Seu corpo atravessou a manipulação de chamas erguida adiante, mergulhando e trazendo-a num amálgama, uma espécie de pele extra que envolvia, inclusive, o seu próprio machado. Avançou diretamente contra Hamut que, observando as chamas, mal pôde perceber a movimentação visivelmente elevada pela magia elemental do adversário. O machado desenhou uma linha quente no ar antes de chocar-se contra o corpo do impúbere que, saltando com sua velocidade afim de escapar, teve sua perna esquerda decepada em um único movimento. O fogo cauterizou a região atingida e seu membro saltou para longe.

Tzo foi o próximo.

Os movimentos do minotauro haviam se acelerado e isso era visível. O que não foi tão perceptivo foi apenas a forma como o cotovelo da criatura atingiu-o num baque pela esquerda, empurrando-o para a direita e o deixando frente a frente com o medjai. Apenas o toque do movimento contra seu peito foi capaz de chamuscar a região que, desprotegida pelo manto anteriormente jogado, foi atingida em cheio. O hemu levantou-se apenas para ver que o homem descia seu machado em sua direção — não necessariamente buscando acertá-lo com o item, mas contra o solo, copiando o movimento que havia realizado anteriormente para erguer aquela muralha de chamas que, inclusive, devido à movimentação da batalha, agora encontrava-se em suas costas.

Hamut, ao longe, atrás do minotauro gritava de tanta agonia. O sangue escorria de sua perna chamuscada pela areia, e seus olhos demonstravam puro ódio.

IMSET
HP (290/480)

Em ignição

TZO BAKSHI
HP (154/250)
MANA (105/150)
ST (45/150)


HAMUT
HP (30/150)

Sangramento grave




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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Dom Nov 08, 2020 11:24 pm
[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 1-2



[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Image


Uriel estancou seu sangramento com sucesso.

Contudo, mais do que a dor que sentia, a familiaridade do lugar pesava sobre seus ombros. Os detalhes ao redor assemelhavam-se a sonhos vivenciados, épocas passadas soterradas por uma série de confusões que estruturavam sua situação atual. Os hieróglifos ao longo das paredes e dos sarcófagos possuíam referências mais do que claras à morte num geral e, assim como havia visto anteriormente, o ankh encontrava-se presente em tudo. Era quase como se tal simbologia abraçasse todo o ambiente em sua misteriosidade, deixando Uriel deslocada em meio ao âmbito, acompanhada de seus próprios pensamentos.

E daquela voz esganiçada, é claro.

No que uma abertura de diálogo foi solicitada, toda a necrópole sucumbiu a um tremor vagaroso. No início, foi algo simples de ser suportado até que tornasse-se algo em que seus pés sequer podiam buscar qualquer tipo de equilíbrio. Foi assim que o prelúdio aconteceu, como se preparasse o terreno para a verdadeira aparição que importava de fato. A mulher sentiu seu corpo pesar como se a atmosfera se tornasse mais do que pesada. O cheiro de algo pútrido invadiu suas narinas, como se todos os cadáveres escondidos ao redor tivessem liberado seus odores ao mesmo tempo. Uma sombra caminhou para as tochas acima da passagem antes de ser, por fim, revelada.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Ancient

— NÃO SE APROXIME — as ataduras que envolviam todo o seu corpo, inclusive o que deveriam ser asas, caíam pelo solo conforme aquela espécie de aura azulada desprendia-se de sua existência mesclando-se com as partículas de areias que bailavam pelo ar. — A PROFECI-

Grunhiu. A figura ergueu as mãos contra a própria cabeça como se numa tentativa de sustentá-la.

Diversos hieróglifos acenderam-se ao longo de toda a necrópole com aquele mesmo tom azulado. Uriel quase sentiu toda a mana fluir pela estrutura de arenito puro do lugar, como se uma onda tivesse sido liberada, passando por debaixo de seus pés, percorrendo sarcófagos, imbuindo paredes inteiras naquela mesma energia, acendendo imagens e figuras que não pareciam estarem ali antes. Conforme mais daquele azul aprofundava-se, mais a imensidão de toda aquela magia ganhava vida e, indo além: forma. A jovem medjai sentiu o ar fugir de seus pulmões quando tudo apagou-se de vez.

E então, apenas alguns hieróglifos acenderam-se numa das paredes.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Ate1

Não tardou para que aquela mesma coloração que trazia vida ao lugar se movimentasse, dissipando a frase anteriormente formada e seguindo adiante, apenas para clarear um outro canto do lugar. Uma parede atrás foi o alvo da vez: imagens de hemus carregando enormes blocos de arenito acenderam-se à medida em que três figuras faraônicas se posicionavam mais acima. Por fim, apagaram-se apenas para que novas sentenças de hieróglifos fossem formadas.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Ate2

— VOCÊ PRECISA ENCONTRAR ELA — suas próprias mãos foram levadas á garganta. — CORAÇÃO DOURADO EM MÃOS — um novo grunhido interrompeu sua fala. Suas asas abriram-se num único movimento, rompendo ataduras da múmia que logo caíram contra o solo. — PROTEÇÃO… PARA… DENTRO…

Um grito agudo fez com que Uriel tampasse seus próprios tímpanos. A criatura alçou vôo no saguão da necrópole e chocou-se contra um sarcófago erguido numa das paredes à direita. A mana responsável por abrir iluminações em meio aos hieróglifos encaminhou-se numa convergência para o alado antes de dissipar-se por completo. Entre grunhidos e gemidos de agonia, a fera contorceu-se completamente antes de posicionar-se em seus quatro membros no teto, de asas abertas.

A sua cabeça virou num grau de 360, observando Uriel abaixo.

— GWAAAAAAAAAAAAAAA — mergulhou num avanço contra a humana.

Nenhum sinal daquela estranha voz que a havia guiado até a necrópole. Mas algo em seu interior continuava a alertá-la — suas memórias embaralhavam-se numa constância ainda maior, trazendo pontes de lembranças do que verdadeiramente importava. A ausência do jarro que anteriormente estava ali ligava-se a pontos importantes, algo que estruturava tudo o que estava ocorrendo, como numa base. Por mais que a falta do artefato fosse um sinal de alerta, nada lhe comprovava ainda de que outros detalhes tão importantes quanto também haviam desaparecido.

Talvez algo estivesse passando despercebido.

URIEL
HP (275/312)
MANA (35/50)
ST (65/175)





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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Ter Nov 17, 2020 9:04 pm

Q ual seria o preço a se pagar pela tão sonhada liberdade? Yefret morrera brutalmente assassinada por Hamut, este que jazia no chão aos gritos de dor por sua perna decepada, e tantos outros hemus também acabaram tendo um destino amargo.

Minha visão de Aqhe fora completamente bloqueada, e em certa parte isso podia até ser considerada uma dádiva, pois duvidava que o hemu idoso estivesse num bom estado após toda aquela movimentação ao nosso redor. Já sobre Salib... era melhor que eu nem pensasse, ou cederia antes mesmo de sentir minhas forças físicas se esgotarem.

Implacável, fora a palavra que se formulou em meus pensamentos quando assisti Imset agir após nossa sequência de ataques. E se ele não fosse temível o suficiente, agora naquele estado onde visivelmente era auxiliado pelo próprio fogo, tudo tornava-se ainda mais intenso, fossem seus ataques, fosse o motim ao redor, fossem meus próprios instintos.

Tão logo notei o Minotauro elevar seu machado novamente, percebi que seu intuito era mais uma vez delimitar nosso campo de batalha com uma coluna de chamas igual a anterior. Sabia também que, quanto mais fogo houvesse por ali, com mais armas ele poderia agir, embora numa visão panorâmica e fria da situação, sua vitória fosse praticamente certa.

Havia apenas uma última ação a ser feita por mim, entendi.

Frente a frente com o Medjai, apostaria em aplicar um novo soco pressurizado visando atingir aquele mesmo ponto na região torácica que golpeei minutos antes. Havia conseguido criar um impacto forte o suficiente para sentir algum órgão nos nós dos dedos, então torcia para que um segundo ataque no local fosse sentido ainda mais intensamente por ele.

Caso precisasse realizar uma esquiva de seu machado e aproveitar da abertura em sua guarda para atacar, o faria do modo mais ágil possível. Se notasse que minha breve movimentação seria mais rápida que a dele, tentaria o atingir antes mesmo que conseguisse levar sua arma ao chão. Tudo seria decidido no momento, com nem sequer um segundo a mais ou a menos para pensar. Tudo seria decidido unicamente pelos instintos que me guiaram até aqui.

Com isso, minha almejada liberdade de uma vida toda de escravidão finalmente poderia ser alcançada, fosse por derrotá-lo, fosse por ser livrado dela com minha própria morte.

Habilidade Utilizada:




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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Dom Nov 22, 2020 4:38 pm

M eu coração acelerou quando a criatura finalmente surgiu e grunhiu para mim. Cada palavra que escapava daquele ser hediondo era como vidro a arranhar meus ouvidos ou como fogo queimando-me as entranhas. Tudo naquele lugar era estranho, porém familiar.

Um jarro não estava onde deveria estar, mas como eu podia ter certeza de que algo faltava ali? Meu coração calara-se, então minha mente tomou as rédeas da situação. O desespero não estava mais a sufocar-me, a razão mostrava que não havia necessidade para tanto, então eu pude ter certeza que um jarro tinha que estar ali. Mas não estava... Parece ter algum sentido?

Então tudo se apagou e alguns hieróglifos brilharam na parede, como uma mensagem para aquele encontro tão inusitado. Meus olhos, curiosos como sempre, vasculharam os formatos e minha mente revirava na tentativa de lembrar o que cada um significava. Não me eram estranhos, mas antigos e eu não costumava lê-los com tanta frequência. Como já não estava tão aterrorizada, consegui entender a primeira mensagem:

"Não deve haver o centésimo"

A criatura alçou vôo, colidindo com um sarcófago erguido numa parede ao à direita e logo as runas desapareceram, deixando algumas lacunas na leitura que eu estava fazendo. Quem vive? E o que virá? perdida em perguntas, fui tirada de concentração quando a criatura gritou alto o suficiente para quase destruir meus tímpanos, mas o grito claramente fora um alerta para o ataque ele faria em seguida. Não havia muito tempo para pensar. A criatura falou em um coração dourado, será que tinha alguma ligação com a voz que eu ouvira anteriormente? Com meu escudo empunhado, o jeito era avançar para me reposicionar e procurar pelo coração dourado entre os sarcófagos ao redor. O melhor seria começar pela área a direita, algo em minha cabeça dizia para me aproximar do sarcófago preso à parede, talvez uma pintura seria a pista?

HB Utilizada:






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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Ter Nov 24, 2020 11:03 pm
[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 1-2-2



[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Image
[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Image


As narrativas, enfim, convergiram.

No momento em que Tzo inclinou-se para depositar um daqueles punhos pressurizados contra o tórax de Imset, Uriel defendeu o avanço da criatura em cheio. Os dedos do hemu afundaram-se contra a pele grossa e de temperatura elevadíssima no exato momento em que a medjai conseguia recuperar fôlego para seguir adiante buscando aquilo que havia sido explicitado nas sentenças confusas do que quer que fosse aquilo que enfrentava. Todo o calor emanado pelo oponente de Bakshi foi liberado numa segunda parede ígnea erguida mais adiante responsável por designar mais um bloqueio no campo de batalha — quando as duas fileiras de chamas se encontraram, o ponto eclodiu num chafariz de labaredas que lançou o humano para a direção oposta. Nesse mesmo instante, Uriel ouviu um sarcófago quebrar mais atrás quando as asas envolvidas em panos da criatura arrastaram-no junto de seu vôo.

Para Tzo, aquele parecia o fim da linha. O fio memorando perpassou diante de seus olhos, trazendo-o lembranças desconexas extremamente familiares — sempre da mesma maneira, sempre o mesmo final. Não era Imset quem bloqueava o seu caminho quando fora um desheretiano que havia declarado guerra à kemet, mas sim Salib e sua natureza individualista. Hamut como um empecilho. Yefret pagava por suas escolhas. Aqhe a ser resgatado. De novo e de novo os personagens cumpriam seus papéis, trazendo situações constantes. Sentiu o sussurro da morte convidá-lo para realizar a passagem assim que Imset ergueu seus braços fazendo com que todo o terreno abaixo de si tremesse — ao longe, os cadáveres de aarakrocas eram empilhados sobre fogueiras enquanto as cabeças de humanos condecoravam as muralhas dos portões.

Mas uma voz cruzou tudo aquilo, trazendo um fio de esperança. Algo havia mudado em sua perspectiva.

Tudo tornou-se escuro antes de uma iluminação em formato de orbe surgir frente aos seus olhos. Imset, o calor, os gritos de humanos sendo sacrificados e o cheiro de aarakrocas queimados haviam dado espaço à nulidez total — por um instante, foi como se não existisse em lugar nenhum, como se não pertencesse a nada e ninguém, tendo apenas aquela orbe como companheira. Então, ela absorveu uma iluminação como se fosse advinda de seus olhos — Tzo forçou-se a enxergar mais profundamente, até que a viu, absorvendo seus detalhes e notando do que então se tratava. Como poderia ter esquecido?

Era um globo de cristal. E nele, Khazarim estava sobre seu corpo, de olhos fechados, como se desapontado com seu desempenho.

— Pensei que fosse capaz de enxergar, Tzo.

Uriel havia encontrado.

Suas mãos trêmulas tocaram a figura da mulher de cabelos negros pintada no sarcófago — seu escudo de sílex não aguentaria mais avanços por parte daquela criatura que, a cada investida, parecia tornar-se ainda mais forte. De repente, a corrida contra o tempo tornou-se prioridade máxima — em seu interior, sabia que aquilo que havia encontrado possuía um enorme valor e não poderia ser quebrado como os outros. Com pesar, observou o coração dourado que repousava no meio daqueles dedos tão delicados numa figura que expressava quase que inteiramente a sensação de proteção — seja para o seu próprio interior ou para aqueles que a rodeavam. Então, foi como se um raio a atingisse no mesmo instante, desenterrando nomes que há muito haviam sido esquecidos. Por quanto tempo? Dias, meses, anos? Não… mais. Muito mais.

   Por honra e justiça, ela seguiria seus instintos até o final.

Suas unhas não conseguiam abrir o sarcófago e o turbilhão de memórias deixava-a cada vez mais fraca. Lembrou-se de figuras emendadas em ataduras perambulando como se trazidas dos mortos, uma figura de azul translúcido que vagueava exatamente por aquele saguão em que estava. Sentiu tudo — o castelo ruir acima de seu próprio ego, as chamas consumindo seus parceiros avianos e o seu semelhante traindo-a no último instante, antes de perceber que nada daquilo realmente dizia a respeito de si ou do que havia vivido. A criatura, mais atrás, conseguiu arrancar seu escudo com um sobrevôo e uma lufada de vento conforme mais e mais óbices nasciam frutos de seu próprio consciente, como se quisessem parar seu progresso de propósito. Algo dizia que entre tantas familiaridades e coincidências, aquilo era algo totalmente novo, nunca realizado.

O ser, mais atrás, gritou.

Então, novos símbolos acenderam-se ao longo de todo o saguão que tornou-se banhado pelo azul tão reluzente. Uriel percebeu que havia uma inconstância muito grande nas ações daquela criatura que, a cada avanço, gritava em puro desespero e, toda vez que estava próxima, mais assemelhava-se acuada do que encontrava-se verdadeiramente pronta para atacar. Suas garras romperam as ataduras trazendo aquilo que um dia já haviam sido dedos — atualmente encontrando-se completamente putrefados, com ossos afiados que mais pareciam ter sido esculpidos na forma que aparentavam ter. Arranhou a própria face e, para a surpresa da mulher, um som metálico ecoou por todo o lugar. Os papéis que encobriam seu rosto rasgaram-se em lanhos profundos, trazendo um brilho dourado que havia resistido ao tempo e ao abraço da morte.

O que quer que os hieróglifos desenhavam aos poucos, não esperaram nem mesmo mais de um minuto. O ser avançou novamente.

— HYAAAAAAAAAAAAH!

Jogou Uriel contra o sarcófago que tentava abrir e, naquele instante, tudo se mesclou. Desespero, agonia, esperança e medo tornaram-se um só frente ao que havia acontecido — o impacto de ambos os corpos contra o sarcófago quebrara o rosto da mulher talhada no caixão okhériso imediatamente. Ali, Uriel observou seu próprio rosto envolto em ataduras, mas de olhos abertos. Reconheceu a si própria e todas as vezes em que havia conseguido ascender entre os medjais por seguir ordens apenas para que no final traísse suas ordens por uma questão de superioridade racial que existia apenas em seu próprio subconsciente — dessa vez, soube que as outras de si sentiam orgulho por ter tomado um caminho distinto.

E foi assim que aquele rosto transformou-se em algo espectral e desfez-se no ar, como o último suspiro de Uriel. Então, tudo tornou-se escuro.




[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 1-2-3

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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Qua Nov 25, 2020 6:07 pm
[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 2-farao

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[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Image-1
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O saguão estremeceu.

Filetes e mais filetes de areia começaram a cair do teto por fissuras que abriam-se ao longo de toda a estrutura. No centro, naquele mesmo altar de antes, a lâmpada de ouro puro começava a irradiar uma energia extremamente forte, capaz até mesmo de quebrar diversos daqueles sarcófagos dispostos ao longo do ambiente em fileiras. Hieróglifos materializaram-se novamente conforme o seu interior era fragmentado em muitas daquelas realidades regidas de acordo com a mente daqueles que jaziam em seu interior. Foi assim que, em um piscar de olhos, pura energia escapou de sua ponta em forma de fumaça, dispersando-se pelo lugar até que, por fim, se direcionassem a alguns dos caixões de distintas formas que jaziam espalhados pelo âmbito.

Três sarcófagos foram atingidos em cheio pela névoa energizada à medida em que um jarro também tornava-se vítima. As figuras pintadas em suas portas resplandeceram como se levassem uma segunda mão de tintura — seu brilho era ainda maior do que o irradiado anteriormente, de maneira que abriram rachaduras ao longo de suas imagens, deteriorando-as pouco a pouco até que ruissem completamente. No lugar onde anteriormente havia uma criatura de quatro asas putrefadas, o aarakroca vysen caiu no chão em um baque surdo, assim como, do outro lado, a humana de cabelos negros tinha o mesmo destino, embora já estivesse acordada, com pensamentos zunindo em sua cabeça. Distante dali, o jarro deitou no chão e rolou até um tabaxi escapulir por sua entrada, também desmaiado.

O terceiro sarcófago, com uma imagem de pura dicotomia, demonstrou estar preenchido apenas no primeiro segundo. A fumaça energizada dissipou-se de imediato, sequer formando um corpo.

Uriel recuperou suas memórias desde que havia chego em Okhemeq. Agora, as lembranças de sua terra natal faziam parte de um sonho muito distante — Alastrine, Lauri, Mivo, Etillari, Francis… todos persoangens esquecidos em meio ao roteiro, seus nomes completamente apagados, mas não o que haviam significado na construção de sua história. As ataduras que cobriam o corpo bloqueavam a visão de sua nudez — por exceção de uma marca em seu peito, por cima do próprio coração, que havia queimado aqueles panos brancos que a encobriam como se tivesse sido feita a ferro quente. Todas as memórias do que havia vivido recentemente dentro da lâmpada atingiram sua mente numa única investida, trazendo pura náusea e enjôo.

Não tardou para que percebesse que aquela sala ao redor era como a que havia encontrado dentro da Necrópole, mas muito maior, no mínimo, três vezes maior.

Katiwk e Leoster despertaram pouco tempo depois, levando longos segundos para saberem onde de fato encontravam-se — as memórias de suas origens também não passavam de vultos, borrões em suas mentes a respeito de Aaqa ou Ngerupolis. Os personagens tão importantes para seus crescimentos eram apenas sonhos distorcidos frente àquilo que tinham recém vivenciado. Todo o saguão de arenito ao redor englobava suas perspectivas, trazendo poucas lembranças acerca de ambulações envolvidas em ataduras e completamente remendadas. Suas saúdes não demonstravam estar comprometidas de alguma forma, mas suas mentes encontravam-se embaralhadas e confusas. Tudo o que esses três possuíam, no momento, eram uns aos outros.

Eles, e o enorme portão adiante, atrás do altar com a lâmpada, é claro. Havia uma face talhada nos resquícios de ouro e jade ali, mas que pouco trazia qualquer tipo de expressão.

Um segundo tremor tomou conta das estruturas do ambiente, fazendo com que novamente mais partes daquele arenito caíssem como nuvens de poeira conforme uma luz caminhava ao longo de vários detalhes naquele mesmo portão, encantando-o lentamente conforme sua face entalhada abria os olhos, demonstrando tons mais dourados. Lentamente, toda a estrutura foi lentamente se desmaterializando, desaparecendo gradativamente em suas bordas até chegar, enfim, ao rosto talhado em seu centro. Pouco a pouco, a passagem foi sendo aberta.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Doors

— Isso deveria ser impossível — a voz familiar ecoou no local.

O ser de azul translúcido deslizou pelo ar conforme a sua parte anterior imaterializada o fazia ser impulsionado adiante. Sua imagem encontrava-se diferente daquela que os três lembravam-se — não havia turbante branco, nem mesmo vestes de puro ouro — no lugar dessas, adornos ainda mais luxuosos condecoravam-lhe com aquilo que ia além de simples tecidos. Uma iluminação era projetada de seu peito, como uma lua minguante nascendo desse mesmo ponto, englobando as laterais de sua cabeça, conforme uma espécie de sol como coroa projetava-se acima de seus cabelos que pendiam numa trança. O símbolo solar tornava-se ainda mais forte conforme aproximava-se daqueles que ainda tinham ataduras ao longo de seus corpos.

Seu par de tranças chicoteou o ar assim que subiu uma mão para a jóia brilhante que jazia em sua testa.

Ele fechou os olhos. A lâmpada, no altar, emanou o mesmo brilho que condecorava suas vestes e tanto a humana quanto os vysens sentiram-se estranhamente invadidos nesse processo. Durou menos de um segundo: assim que abriu os olhos novamente, eles estavam completamente esbranquiçados, trazendo uma fração de seu poder de maneira tão avassaladora que os demais sentiram suas existências simplesmente serem esvaídas de seus corpos naquele meio termo. Mais partes do arenito descolaram-se do teto como nuvens de pó decadentes até que o homem, por fim, decidiu começar a falar após seus olhos fecharem-se novamente. Suas vestes que também tratavam-se de uma projeção translúcida de sua própria energia bailaram como sedas ao vento assim que tratou de iniciar um diálogo.

— Fascinante. Passou-se metade de um alinhamento solar desde que guardei-os na Immortus. Como os que vieram anteriormente, pensei que nunca fossem sair de lá, mas cá estão vocês. — Com cautela, suas mãos passaram a realizar movimentos sincronizados. Lentamente, as rachaduras ao longo do saguão foram fechando-se com um brilho dourado até o teto. — Nada além da própria resiliência os guiaria lá dentro. Se saíram, quer dizer que algum detalhe foi feito de maneira diferente da cronologia submetida pelo objeto que emula suas vidas na realidade okhérisa após cada morte. Algo quebrou uma das bases principais… como por exemplo, encontrar o próprio corpo. — De alguma maneira, Uriel sentiu tornar-se alvo daquelas palavras.

No fim do seu ato, passou a acariciar a própria barba.

— Eu sou o Faraó Solar da Kemet, Djhutet. Peço perdão por retirá-los de suas vidas e torná-los deslocados em meio aos nossos kemetianos, mas o que fiz, num momento de desespero, possui seu verdadeiro significado. Ressalto que esses não são seus verdadeiros corpos e, além disso, nosso idioma difere do que estão acostumados a ouvir, mas graças ao tempo em que passaram no processo da Immortus, nossa comunicação okhérisa é extremamente fluida. — Traçou detalhe por detalhe com suma paciência.

Com um gesto de sua mão, alguns sarcófagos enfileirados brilharam como se entrassem em contato com a mana imbuída.

— Não fui eu quem escolhi que viessem, portanto, peço que não me culpem. Se eu possuísse esse poder certamente já teria concretizado meu objetivo há muitos alinhamentos solares — comentou. — Vocês podiam morrer o quanto quisessem em suas vidas falsas que reiniciariam com os mesmos obstáculos e infortúnios, contudo, uma vez fora da lâmpada, uma morte significa que seus corpos verdadeiros terão o mesmo destino. Eu poderia pedir que permanecessem em nossa Kemet e tentassem se adaptar com nossa cultura, mas não temos tempo para tal — infelizmente, nosso relógio demonstra que estamos mais do que próximos do fim.

O Faraó suspirou profundamente.

— Espero que tenham absorvido o suficiente de nossa cultura nesse tempo dentro da lâmpada para que não se sintam tão perdidos. Nosso último soerguido foi assassinado nas areias desheretianas tentando deter o exército de Tuats de uma criatura antiga e extremamente ardilosa que ameaça nossa prosperidade. De eras em eras, a vontade de guiar ao Ta Netjeru tem esolhido os campeões de nosso povo para que nos guiem ao paraíso eterno. De acordo com a profecia, se não tivermos concluído a contagem para os Cem Soerguidos até o próximo alinhamento solar, as catástrofes serão irreversíveis, se me entendem. — Uma pausa. — Aquilo que prende-os aqui está ligado à mesma força que rege nossas profecias. Dessa forma, se querem recuperar suas verdadeiras vidas, matem Akunosh e vinguem toda a nossa Kemet…

O ser observou os arredores, como se só então sentisse falta de algo.

— Espera… onde está o humano? — franziu o cenho até que, por fim, se deu conta.

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Qua Nov 25, 2020 6:07 pm
[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 2-trimnamon

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Tzo abriu os olhos.

Tudo ao redor parecia mudar com a sua simples existência. Onde antes podia enxergar escadarias que iam tanto para cima quanto para baixo, havia apenas o úmido de uma caverna talhada no interior da montanha. Galhos sobressaltantes brotaram da copa de árvores de troncos grossos que, pouco a pouco, foram preenchendo todo o local, circundando-o. O que mais havia de impactante naquilo? A estátua erguida bem no centro, bem como a coloração das folhas que condecoravam o ambiente em que estava — extremamente vermelhas. Algo no seu subconsciente despertou, embora não conseguisse decifrar com veemência do que tratava-se ao certo. Algo estava fora do lugar — aquilo não combinava em nada com o que havia vivenciado há pouco.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 3 Temple

As memórias nasciam em sua cabeça, preenchendo lacunas que antes existiam completamente vazias. Contudo, havia uma parte de seu consciente que encontrava-se completamente nublado, como se não pudesse ser acessado, por mais que tentasse se esforçar para tal. Ainda que o lugar em que se encontrava fosse extremamente familiar, suas experiências acumuladas ao longo de diversas e diversas vivências dentro da Kemet diziam-lhe para não acreditar naquilo que enxergava, embora, pelo menos dessa vez, parecesse extremamente real. Mesmo o cheiro entorpecente referente às folhas deixavam-no em um estado similar ao que podia jurar ter presenciado — de toda forma, seus pensamentos foram interceptados.

Uma presença tão grande e esmagadora que pôde jurar que todos os seus órgãos estavam sofrendo uma pressão forte o bastante para os explodir.

Foi como se realizassem um talho em seu centro, partindo-o ao meio até a cabeça, onde abriu-se numa explosão de pensamentos que, ao mesmo tempo em que eram constantes, não representavam nada. Contorceu-se sozinho, ajoelhado, olhando para o céu naquele movimento e percebendo que o teto da caverna era aberto, possibilitando-o visualizar as estrelas, uma esfera flamejante que parecia o sol e, também, a própria lua. Encontrou o alívio apenas ao notar que haviam três outras presenças avassaladoras ali que, embora não fossem tão amistosas, eram ainda mais chocantes do que aquela dor lancinante que percorria todo o seu corpo. As faces das esfinges permaneceram impassíveis.

Um idioma totalmente antigo e estranho deu-se início. Mas por algum motivo, Tzo conseguia decifrá-lo.

— Sou Ankhesenaten, humano — a voz feminina e firme ecoou em seu consciente, e notou que tratava-se da esfinge posicionada no meio, de penas amarronzadas e com listras sobre a coroa de penugem que envolvia seu rosto. —Eu enxergo aquilo que o sol toca.

— Niutnakht é meu nome. Descanso para que possam permanecer intocáveis — pontuou a de penugens mais escuras e semblante sério com uma voz grave e masculina.

— Apresento-me como Isetemkheb. — A esfinge albina e de asas falhas comunicou-se, assumindo um tom sereno e masculino. — Respiro para que possam ganhar vida.

O silêncio perdurou durante alguns minutos. Como se por uma sincronização de pensamentos, Tzo aprendeu de imediato que tratavam-se de esfinges e, indo além, os três formavam o próprio Trimnamon. Se eram memórias daquelas vivências distorcidas que havia tido ou não, ao menos os detalhes lhe eram conferidos a medida em que parava para ponderá-los ao longo dos segundos.

— A origem de nosso poder o trouxe aqui pelo próprio destino para desempenhar um papel que vai além do que poderia entender atualmente — com palavras que lentamente moldavam enigmas, a esfinge albina tratou de iniciar o diálogo.

— Em quatro vocês voltaram dos mortos, embora não estivessem mortos — Niutnakht proferiu.

— Mas vejo que não é aquela com quem comuniquei-me quando senti a energia do Immortus se fragmentar. Isso quer dizer que, provavelmente, assumirão papéis diferentes enquanto estiverem nesses corpos falsos. — Ankhesenaten frisou. — Agora entendo o motivo. No final, a ironia abriga-se na necessidade de um humano para desempenhar um papel onde não é bem-vindo.

— Com a morte do último soerguido, não temos mais escolhas a não ser procurar em existências para além de nosso território algum fio de esperança. Embora o Faraó Sol busque vingança, a obra de nossas vidas urge para o momento de Ta Netjeru e não podemos falhar sendo levados pelas frágeis emoções de perda. — Niutnakht prosseguiu.

— Diga seu nome, humano, e faça suas perguntas, se é que pode sustentá-las. Precisamos prepará-lo para a nossa última Provação de Soerguimento. Você carrega grande responsabilidade conosco se quiser libertar-se do corpo em que está atualmente.

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Sáb Nov 28, 2020 11:30 am

Ainda em trevas, a primeira coisa que senti foi uma forte pressão em meu estômago. Era como se algo fosse empurrado contra minha barriga e dava voltas como se amarrasse minhas entranhas. Abri os olhos e tossi como se tentasse forçar um vômito. Minhas mãos estavam apoiadas no chão e a vista estava turva. Eu sentia tudo girar ao meu redor, aumentando mais ainda minhas náuseas.

Quando percebi que eu não estava sozinho ali, abri minhas asas de forma ameaçadora, apesar que eu tinha ciência que não seria capaz de me defender por enquanto. Além disso, mesmo com a visão ainda se acostumando com o local, vi uma luz caminhar no que parecia ser um portão à frente. Pequenos tremores. Imagens de montanhas. Uivos ecoando em minha mente. Muita coisa estava acontecendo ao mesmo tempo.

Um ser azulado e um tanto excêntrico surgiu. Por alguma razão, sua voz me era familiar. Ele falava sem parar e umas palavras complicadas demais para eu entender. Alinhamento solar. Resiliência. Realidade Rococó. Immortus. PORRA. Mas, apesar de todo o falatório inútil, eu havia entendido o que eu precisava entender: para voltar à minha vida de verdade eu precisava matar algo.

— O que eu preciso saber é: onde encontrar esse tal de Hakuna… Akunosh; e ele morre facilmente? Digo, posso matar descendo o soco nele ou precisa de alguma frescura?

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Dom Nov 29, 2020 9:13 pm

F oi como acordar de um sonho, ou melhor, de um pesadelo. Num certo momento, passei a entender que tudo o que vivenciara repetidas vezes anteriormente nada era além de uma inverdade. Eu não era um hemu de Okhemeq, serviçal dos tjatis. Então... quem eu era? Por mais que a visão da estátua e da vermelhidão na copa das árvores trouxessem-me uma sensação de familiaridade, buscando preencher lacunas vazias agora que todo meu passado enquanto kemetiano não passava de uma espécie de fantasia, algo em meu interior relutava em depositar esperanças em tal sentimento; quase que como um trauma dada a experiência vivida. O agradável aroma entorpecente das folhagens rubras foi a última coisa que senti antes de cair de joelhos no chão, tomado pela dor lancinante em cada parte de mim.

Sem forças nem mesmo para urrar, expressava aquele sofrimento por meio de pequenos grunhidos enquanto estranhas visões do céu apresentavam-se aos meus olhos. Senti-me parcialmente livrado da intensa agonia apenas quando a presença tríplice, ainda mais esmagadora que ela, foi notada pelo o que restava da minha percepção.

— O que... — sequer consegui concluir, tentando colocar-me de pé.

Os três seres apresentaram-se utilizando uma linguagem que eu sabia não conhecer, mas me era completamente compreensível por alguma razão desconhecida. Seus dizeres ecoavam diretamente em minha mente, as vozes com suas características próprias, mas todas denotando a divindade presente nas criaturas das quais provinham. Somente por ouvi-las, ainda que a aura irradiada já fosse o suficiente para tal, eu podia entender tratarem-se de seres extremamente superiores.

E então, de um breve instante para o outro, compreendi que eram Esfinges, assim como compreendi também que eram... O Trimnamon.

Como em uma reação automática, meu corpo curvou-se imediatamente numa reverência, abaixando-me até estar prostrado sobre um joelho diante deles, as mãos descansando no outro que me dava apoio. Enquanto falavam por meio de enigmas, meus pensamentos convergiam para uma nova correnteza de questionamentos e incertezas que eu mal conseguia organizar corretamente, ainda que algumas delas se destacassem. Se o que vivi fora uma espécie de pesadelo em repetição, como a tríplice divina dos kemetianos estava ali, explicando-me coisas através de uma comunicação mental?

Logo palavras específicas que provinham da realidade okhérisa também foram denotadas, deixando-me ainda mais confuso em entender como a experiência que vivi complementava-se a que estava acontecendo agora. Ponderei se podia estar sendo vítima de um novo sonho, mas tudo parecia tão real, ainda mais real que minha fuga ao lado de Salib e dos demais hemus, mais palpável que o penoso embate contra Imset.

Quando deram-me a oportunidade de proferir minhas dúvidas, eu mal era capaz de verbalizar algo dado o choque diante de um ponto específico do que disseram. Eles queriam me preparar para a Provação do Soerguimento? Eu... não conseguia assimilar aquilo. Essa possibilidade ia além de qualquer outra dúvida que se formulara na minha mente até ali. Eu era um mero serviçal momentos atrás, e agora estava frente ao Trimnamon, sendo sua aposta para o centésimo soerguido. Havia alguém capaz de compreender e aceitar isso sem ver-se perdido num turbilhão de pensamentos?

Em meu âmago, sentia como se tudo estivesse prestes a bagunçar-se novamente, minha respiração já começando a tornar-se pesada. Dores físicas e feridas nunca me fizeram tão mal quanto ter meu interior em desarmonia, ao menos enquanto kemetiano. Não, aquilo realmente era algo meu, meus instintos me alertavam. Independente de vidas fantasiosas ou pesadelos nos quais pudesse estar inserido, ainda que não lembrasse de minha real origem, eu precisava ter controle sobre minha respiração e ser capaz de manter meu espírito em... equilíbrio.

Num momento de introspecção, ainda naquela posição de respeito para com as Esfinges, passei a assimilar minhas escolhas e caminhos seguidos nas consecutivas vezes em que abracei o motim no Bastte até morrer pelas mãos do Minotauro. Decisões erradas, eu entendia, mas decisões tomadas com base naquilo que certamente estava impregnado em minha essência. Não havia egoísmo em mim. Eu preocupava-me com Yefret, sentia por Hamut, acreditei todas as vezes em Salib e tentei de alguma forma ajudar Aqhe quando coloquei-me diante de Imset. Dentro de mim, era como se uma conversa com meu próprio eu houvesse se iniciado, acalmando-me e colocando em evidência minha índole, meus deveres e, enfim, meu papel para com os outros.

— Tudo o que vivi existe de fato? Digo, há hemus servindo tjatis? — levantaria minha cabeça, olhando para o Trimnamon. — Caso sim... — colocaria-me então de pé, fitando-os seriamente. — Sou Tzo Bakshi. Eis-me aqui para sua Provação — enfatizaria, convicto de meu propósito naquela circustância.

Se o Ta Netjeru era uma realidade, haver um novo soerguido era realmente tão importante quanto eles diziam, principalmente para serviçais que passavam anos numa vivência escravizada. Eu recordo-me, embora de forma já nublada, como era sofrer uma vida inteira como subalterno dos nobres. Se sua liberdade estava em minhas mãos, se eu era a última esperança para que seu sofrimento tivesse fim, não poderia privar adultos e crianças como Hamut da oportunidade de um descanso paradisíaco, repleto de recompensas por seus árduos e tão injustos dias.



Considerações:

Habilidade Utilizada:




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