Ordem de Alurea
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
Últimos assuntos
[Sorteios] Maquinações Áridas Contra o TempoQua Dez 14, 2022 1:29 amᚠᚢᚦᚨᚱᚲᚷᚹᚺᚾᛁᛃ
[CL] Seis Faunos e Um LichQua Jul 20, 2022 10:10 pmchansudesu
EQUIPAMENTOS E ITENS - ReworkTer Dez 22, 2020 12:02 pmWonder
[CO] Maquinações Áridas Contra o TempoTer Dez 22, 2020 11:29 amLeoster
[CL] Livro IQua Dez 16, 2020 10:13 pmSeremine
[HB] Pheredea SeremineQua Dez 16, 2020 8:06 pmSeremine
[CL] 01. A Palavra da OrdemQua Dez 16, 2020 1:12 pmEmme
[SORTEIOS] LeosterTer Dez 15, 2020 5:26 pmᚠᚢᚦᚨᚱᚲᚷᚹᚺᚾᛁᛃ
[SORTEIOS] Uriel Ciriva LindionTer Dez 15, 2020 5:13 pmᚠᚢᚦᚨᚱᚲᚷᚹᚺᚾᛁᛃ

Ir para baixo
chansudesu
chansudesu
Admin
Mensagens : 208
Data de inscrição : 25/08/2020
https://alurearpg.forumeiros.com

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Seg Set 28, 2020 11:29 am
Relembrando a primeira mensagem :

Main Post a ser Editado.

@Emme @Leoster @Katiwk @Tzo Bakshi

Leoster gosta desta mensagem


Leoster
Leoster
Elemental
Elemental
Mensagens : 39
Data de inscrição : 25/08/2020
Idade : 30
https://alurearpg.forumeiros.com/t20-hb-habilidades-do-leoster#2

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Dom Out 11, 2020 10:16 pm
Meu coração disparou enquanto observava às cenas sangrentas e absurdas através da janela. Será que estávamos lidando com algum tipo de magia profana e desconhecida? Se fosse o caso, precisaríamos evacuar logo os demais Tjatis.

Uma voz sobressaiu-se às minhas costas. Em um primeiro instante, assustei-me com a surpresa, mas logo reconheci como a voz de Nerphet. Os Hemus deviam estar sendo reunidos no salão. Foi só quando virei-me que suas palavras passaram a começar a fazer algum sentido, trazendo à tona o gosto de meu jantar, bem como um incômodo enjoo. Eu havia sido envenenado, bem como provavelmente todos os demais Tjatis.

Voltei a aproximar-me da janela, apoiando-me com uma pata na parede enquanto segurava minha barriga com a outra pata, sentindo meu estômago revirar-se pela náusea. - Como sempre muito prestativa, Nerphet. - disse, meus pensamentos tentando buscar por uma solução.

Comecei, então, a forçar contrações que iniciavam no meu estômago e seguiam por todo meu esôfago, como se tentasse expelir uma massiva bola de pelos. O que quer que houvesse em meu jantar, já estava em minha corrente sanguínea, mas talvez, se eu conseguisse regurgitar o restante, fosse capaz de reduzir os efeitos esperados.

- Fora por essa razão que tentara fazer com que eu comesse uma porção extra neste jantar, Nerphet? - tentava ganhar tempo - Muito esperta, muito esperta. Apenas me pergunto: por que isso tudo? Mas não se preocupe, logo logo os guardas Chacriux chegarão, junto de... - meu coração voltou a bater acelerado. Meus olhos arregalaram-se da compreensão que aquele pensamento me trazia.

Nerphet cuidara de mim e de minha família mesmo antes de eu sequer ser cogitado a nascer. Se havia algum criado naquele palácio em quem eu acreditaria que podia confiar, essa era ela. Se mesmo ela me traíra, como o fazia parecer de seus atos, não havia mais sequer um Hemu em quem pudesse confiar, salvo talvez Mekhun. Se os Chacriux chegassem logo, providenciariam minha segurança. No entanto, caso os primeiros a chegar fossem os demais servos...

Juntei o que ainda restava de minhas forças em minhas quatro patas. Eu precisava sair logo dali. Tentaria, então, saltar contra Nerphet, ignorando a imagem distorcida pela qual ela me aparecia e focando-me no fato de que ela já era uma senhora idosa, para tentar empurrá-la com meu impulso e derrubá-la no chão, cravando minhas unhas em sua carne para ajudar a desequilibrá-la e concluir meu intento. Em seguida, lhe desferiria um arranhão bem dado na face e partiria correndo em direção aos aposentos dos demais Tjatis, onde eu poderia encontrar os Chacriux que os escoltaram e avisar sobre a possível presença de uma substância estranha no jantar.

considerações:

Tzo gosta desta mensagem

chansudesu
chansudesu
Admin
Mensagens : 208
Data de inscrição : 25/08/2020
https://alurearpg.forumeiros.com

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Seg Out 12, 2020 1:05 am
[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 1



[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Image


O nomeado como Máscara da Maldição sabia como portar-se em combate. Por mais que todos aqueles infortúnios continuassem a torturá-lo a cada segundo que se passava, ele ainda tinha sanidade o suficiente para saber exatamente como agir — principalmente com Alhmet, o falcão rubro, diante de si com seu tridente em uma postura defensiva. Embora a dupla fosse uma junção perfeita para combate, sabiam que um guarda Chacriux treinado para proteger tjatis nutria de grandes aptidões para confrontos como esse, cruzando as simples fronteiras que limitariam-nos apenas a questões sensoriais.

Dado à sua velocidade, foi o canino quem agiu primeiro.

Levantou aquele cetro envolto numa energia púrpura e seus olhos emitiram a mesma coloração em questão de instantes, que logo foi transmitida ao restante de seu corpo, englobando-o numa fina película ao longo de seus pelos negros como a noite. Franziu o cenho, abriu a bocarra e saltou adiante com a fúria vestida qual tal a Máscara do Urso de Katiwk. Suas patas dianteiras fincaram-se contra os ombros de Alhmet que, tentando desvencilhar-se do ataque, viu que seria impossível abrir as asas para lançá-lo para trás. Portanto, o falcão suportou aquelas unhas profundas cravarem-se em sua pele, impedindo-o de alcançar Katiwk mais atrás.

— Insolente! — Rosnou o canídeo.

Katiwk conseguiu observar bem os músculos de Alhmet se destacando sob as penugens avermelhadas, de alguma forma, também era possível ver como aquela energia púrpura se transferia em direção aos sulcos abertos nos ferimentos explicitados, como o fluxo de um rio segue sua correnteza. Com certa dificuldade, o falcão virou seu pescoço e encontrou o Máscara da Morte seguro atrás de suas costas.

— Agora é o momento.

A audição do aarakroca foi rapidamente tomada por rugidos ferozes de urso, afastando os pios de seu bando e os latidos de Chacriux de uma só vez. Aprofundando-se nos efeitos e fechando os olhos, ele sentiu a adrenalina percorrer todo o seu corpo como se ativasse, pouco a pouco, um circuito adormecido. Em sequência, quando abriu seus olhos, percebeu que o próprio corpo tomava as rédeas da situação, parcialmente deixando de lado sua consciência que, embora assistisse a cena, não era de fato quem encontrava-se cem por cento em domínio das ações realizadas: primeiro com o avanço de suas duas garras contra o pescoço do chacal assim que saltou sobre a cabeça de Alhmet para desferí-lo o ataque.

O canídeo urrou de dor e aquela corrente púrpura de energia pausou por um instante. Alhmet, contudo, não conseguiu mover-se — a orbe em seus olhos de falcão moviam-se da esquerda para a direita, como quem tenta lentamente entender o que acontece ao redor. Diante do oponente estagnado tal qual seu parceiro, Katiwk realizou uma segunda ação contra o chacal, avançando suas garras sobre as patas inferiores, ato que foi bem sucedido a julgar pela feição do adversário que, revirando seus olhos, bateu ambos os punhos contra o chão enquanto uma espécie de coloração parda ainda envolvia suas juntas lentamente.

— Vocês não irão escapar dessa — latiu.

Se Katiwk observasse-o por mais de dois segundos, perceberia a feição de um urso pardo translúcida vagueando sobre as costas do oponente caído. Gradativamente, sua máscara parecia mais pesada a cada segundo que se passava — as visões vorazes insistiam em lacerar seus pensamentos sãos e traziam cada vez mais o instinto do portador daqueles poderes à tona. Com o Chacriux caído de joelhos e Alhmet também sem uma ação a ser realizada, Katiwk esteve perfeitamente bem controlando a situação naquele intervalo de minutos. Embora soubesse que, de si próprio, lentamente cedia liderança conforme os cantos de sua visão tornavam-se cada vez mais enegrecidos, engolfados por trevas que refletiam suas vontades mais profundas.

”Mate-o imediatamente. Use Alhmet como distração. Você quer provar desse sangue canídeo fétido…”

E o Máscara da Maldição sabia que, lentamente, seus instintos falavam mais alto do que sua consciência.

Puro instinto ou não, Katiwk também encontrou na Máscara do Urso uma possibilidade de ir além. Lentamente ponderando sobre a questão de realizar uma invasão sozinho no palácio, aquela mesma entrada de antes aberta apenas para o seu tamanho passava a tornar-se mais do que um singelo detalhe encrustrado ao teto de jade — era uma porta para um mundo inteiro de possibilidades. Para além disso, seus intintos vorazes também lhe instigavam a memória sobre janelas estudadas ao longo de toda a edificação que poderiam servir como entradas menos sigilosas, contudo, considerando todo o caos em que a situação havia se inserido, podiam ser novas maneiras de colocar em prática o seu plano.

Os pios e latidos ao longe? Completamente emudecidos. Fosse por conta da Máscara do Urso ou não, o momento urgia por uma rápida ação.

(?) CHACRIUX
HP (282/350)

Atordoado 1 Ação

ALHMET
Alhmet (365/400)

Atordoado 1 Ação

KATIWK
HP (250/250)
MANA (110/150)
ST (200/200)

Fúria do Urso: 2 Turnos



[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Image

O gato sentia o gosto amargo daquele tempero especial de Nerphet agir conforme seu estômago demonstrava lentamente ser envolto em chamas, como se uma fornalha ganhasse espaço em seu interior, deixando-o arder em brasas lentamente. Raciocinando numa fração de minutos e chegando à conclusão do que poderia salvar seu pelo, o felino forçou o regurgitação dos últimos alimentos ingeridos e conseguiu, com certa relutância, colocá-los para fora envoltos por uma bola inteira de pelos. Espinhas de carpa, escamas e os filés alvos de carne ganharam o chão de basalto do salão junto com parte de seu suco gástrico. Adiante, a estranha tabaxi castanha deu alguns passos para trás, como quem teme o que está por vir.

— N-Não sei do que está falando, Senhor Leos— — as garras do felino beijaram sua face com muita facilidade.

Embora estivesse ainda sob os efeitos daquilo que deixava suas percepções da realidade alteradas, Leoster conseguiu reunir forças o suficiente para dar uma dupla de arranhões contra a face daquela figura que supostamente deveria ser a idosa cozinheira. Antes de retirar-se de cima, ainda sentiu algumas pancadas — não exteriores, exatamente, mas sim interiores — como se a ação do vômito ainda tivesse continuações: sentiu o gosto ácido do sumo intestinal assim que atingiu sua cavidade bucal, sendo expelido sem aviso algum entre seus dentes, espirrando pelas narinas e acidificando toda a região. Uma sensação azeda deu-se pelo seu paladar, um cheiro nauseante pelo olfato e ardente quanto ao tato.

De repente, sua respiração já não mais parecia a mesma.

— Que gato burro — a velha riu entredentes conforme levava mais um arranhão. — Como estão no topo até hoje ainda é um mistério — contudo, sua figura agora era apenas um borrão para Leoster que, de longe, já buscava uma saída do salão.

O felino, apesar das distrações visuais e olfativas, sabia muito bem qual caminho era o certo para o aposento de seus parentes dentro do palácio Bastte. Suas patinhas dianteiras abriram a porta de maçanetas perfeitamente arquitetadas para o seu tamanho — a passagem de arco deu origem a algo semelhante a um portal, como se o tabaxi tivesse cruzado para outra dimensão. De repente, o chão distorcia-se trazendo imagens de um terreno em meio à mata e areia. Seguiu em passos apressados antes de esbarrar num pilar, ou melhor dizendo, numa árvore enorme e com folhas esverdeadas espalmadas, com frutos amarronzados em seu cume. Desviou-se da distração dando alguns passos para trás, seguindo adiante e chocando-se com o que via.

Ao longe, onde deveriam estar portas, apenas um horizonte azul-celeste. O encontro perfeito do céu tomado de nuvens com o nível da água trazia lembranças de uma terra que jamais explorara — completamente fora da sua realidade enquanto tjati em Okhemeq. De repente, conforme as ondas iam e vinham sobre o solo que havia tornado-se completamente arenoso, um latido o retirou de suas perdições, trazendo-o para a realidade — um teto firme de basalto, um chão lustrado capaz de refletir sua própria imagem e pilares encrustrados com jades e esmeraldas. Ao seu lado, com uma diferença discrepante em tamanho e corpulência, um guarda chacriux trazia uma feição desesperadora no olhar.

Suas mãos tremiam.

— S-Senhor Leoster… é melhor que se retire o quanto antes do palácio, os hemus… eles… — o chacal parecia completamente arrebatado.

Onde anteriormente havia o horizonte tomado pelo azul do encontro de uma infinidade de água com o céus, agora uma sequência de portas encontravam-se escancaradas — a visão de seus semelhantes completamente dilacerados atingiu-o como algo ainda pior do que o primeiro daqueles efeitos alucinógenos. O sangue de tibaxis cruelmente assassinados escorria lentamente sobre o corredor, formando poças generosas de sangue que destoavam totalmente daquela bela paisagem que antes havia encontrado. O chacriux ao seu lado tentava falar mais, contudo, suas sentenças foram lentamente sendo transformadas em latidos desconexos, até que por fim se tornasse uma pedra em formato de cachorro.

As ondas de água voltaram a chocar-se contra a areia do solo. Algumas rochas diferenciadas foram trazidas — de tamanhos irregulares e estruturas espirais, de maneira gradativa o seu interior ia se tornando maior.

Uma brisa refrescante ecoou pelo local. O sangue? Havia transformado-se em água.

A sensação de mais tabaxis reunidos em pequenos casebres veio à tona, apagando a realidade que havia vislumbrado momentos atrás. Não obstante, aqueles mesmos ventos que carregavam o som do mar fizeram com que a voz do chacriux ecoasse do interior daquelas pequenas e engraçadas rochas.

— Você precisa… sair… — sua voz não parecia estabilizada. Era como se a correnteza fosse capaz de levá-la para longe. — O defenderei… vida. Antes de… você… tem que…

Frescor. Risadinhas. Miadinhos ao longe. O som da água chocando-se contra areias e pedras. O farfalhar daquelas folhas no cume das árvores nunca antes vistas.

— Onde ela está?

LEOSTER
HP (109/125)
MANA (200/200)
ST (95/100)




[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Image

— E você acha que isso vai ajudar no que exatamente? — Aqhe, o mais velho, resmungou.

Yefret pouco pareceu se importar. Apenas continuou a manter a criança por perto que, de certa forma, dava pequenos passos como quem busca por distância. Tzo jogou a parte de cima de sua vestimenta contra o alçapão uma vez aberto por Salib. Dali, nada além da própria luz da lua adentrou — o silêncio seguia sendo uma lei máxima conforme esperavam por algum resultado — mas nada era avistado. Nem mesmo um avanço de chacriux ou sinal de aarakroca, provavelmente estavam afastados demais do núcleo de tudo o que acontecia, a um passo de liberdade, de acordo com as palavras de seu irmão tomado pela emoção da fuga.

— Vamos — Salib foi o primeiro a subir as escadas.

— Vá na frente, Yefret, eu a ajudo — Aqhe se pronunciou.

Mas a mulher negou assentindo com a cabeça, comentando que era apta a fazê-lo sozinha.

Assim, Tzo e Aqhe subiram.

A vista panorâmica dos portões luxuosos da zona residencial tjati do tabaxis ergueu-se ao redor. À certa distância, os conjuntos de palácios edificados em conjuntos de pedras nobres estavam em polvorosa — suas janelas explicitavam que salões ainda de noite encontravam-se acesos pela ação de velas, alguns sons de lâminas, pios e latidos podiam ser ouvidos de longe agora que não encontravam-se mais nos níveis inferiores. Mais próximo do que já pensaram estar num contexto como tal, encontrava-se o imponente portão com uma chamativa esmeralda em seu centro, alvo do olhar de Salib desde o início.

— Yefret, Hamut? — Aqhe, ao lado dos irmãos, indagou.

O braço restante de Yefret foi jogado à superfície num esguicho de sangue. A escuridão que vinha de dentro do alçapão mal deixava ver, mas ali encontrava-se o corpo da mulher estatelado no solo amadeirado, agonizando de dor enquanto tinha um lasco ensanguentado no lugar de onde havia seu único membro superior sobrevivente. Lentamente, uma poça escarlate formava-se abaixo, conforme a criança observava aqueles que haviam saído com um olhar completamente diferenciado — embora o capuz encobrisse parte de sua feição, era possível noticiar um semblante sombrio e tomado pela pura frieza completamente incomum em alguém para a idade.

A dualidade da inocência e da mortalidade falavam alto agora. Tzo reconheceu algo ali.

— Eu quero o Ta Netjeru mais do que tudo — nem uma lágrima descia. — Lá eu vou encontrar mamãe… papai… vamos ser livres

Aqhe ainda estava estagnado. Salib, por outro lado, sequer acreditava no que via.

— Você matou Yefret… — murmurou o irmão de Tzo.

— Eu vou te matar! — Gritou Aqhe fazendo menção de descer o alçapão novamente.

A criança pouco se importou.

— Eu passei tudo aos tabaxis, desculpa, desculpa — embora as palavras tivessem peso emocional, isso pouco pesava em seu semblante — eles sabem desse ponto de fuga, estava nos planos… acho que jájá estão vindo — comentou com descaso.

Os portões ainda esperavam mais à frente. Aqhe tomava impulso para descer o alçapão novamente.

Salib trocou olhares com Tzo, apontando para o portão.

O hemu sabia que o destino de Aqhe, Yefret e Hamut não não era um ponto para que Salib colocasse acima de sua tão sonhada fuga. Contudo, chegava enfim o momento de refazer os planos ou seguir como havia sido estruturado.

TZO BAKSHI
HP (250/250)
MANA (150/150)
ST (150/150)




[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Image

Uma decisão ousada.

De toda forma, a reza da noite havia tomado rumos completamente distintos do imaginado. Em sua parede, em meio aos estudos de simbologias estranhas que iam além dos hieróglifos okhérisos, a jovem praticante da arte rúnica conseguiu, seja por meio de delírios de lembranças que não lhe pertenciam ou detalhes que antes não havia percebido, cruzar uma linha que, de certa forma, sabia de sua importância. De repente, foi como se todo o casebre de barro e areia ribombasse assim que o verdadeiro significado daquele sinal veio em sua mente como um ébrio leva um banho de água fria despertando para a realidade.

Ankh.

A mulher conseguia sentir a temperatura descer de maneira abrupta. Os ventos frios do lado externo, que nunca a haviam incomodado tanto quanto a noite atual, invadiram as janelas abertas e arrombaram a porta decadente de madeira apenas para balançar suas madeixas escuras. Uma rachadura fez-se naquela mesma parede composta por escrituras e simbologias num vermelho amarronzado, maculando seus estudos e trazendo à tona uma preocupação do desconhecido. Outrossim, era como se seus ossos não tivessem qualquer cobertura de pele ou carne — expostos aos ventos álgidos e cruéis que agiam como garras arranhando todo o seu corpo, trazendo tormentas caóticas e sensações que tiravam-lhe completamente a concentração.

O que quer que fosse, Uriel sabia que havia cruzado limites que não iam além apenas de sua compreensão, mas também de sua força.

”Corra, humana.”

Um estrondo fez com que todo o seu casebre desabasse assim que decidiu sair na rua em busca de respostas. A casa ruiu em estilhaços de madeira, barro e argila que compunham agora apenas um monte disforme, soterrando memórias que faziam parte de toda sua jornada vitoriosa libertando-se do passado enquanto hemu e, para além disso, grande parte dos seus estudos em cima dos pouquíssimos conhecimentos rúnicos tão mal falados pelos medjais e os hieróglifos que, durante anos, havia tentado desvendar. Um frio percorreu sua espinha assim que teve a vaga sensação que, no meio do momento de adrenalina, algo a havia chamado. Dessa vez, uma voz — feminina, calma, apesar de transpassar toda a urgência necessária daquela ação.

De toda maneira, seu coração continuava acelerado. A adrenalina em seu corpo mantinha-se em níveis elevados e sabia que não era simplesmente pelo fato de sua casa ter sido destroçada em questão de segundos.

Assim, como se a noite ainda reservasse seus trunfos, a mulher sentiu toda a coloração de seu corpo esvair-se junto do suor num espanto assim que presenciou algo inexplicável acontecer. Prendeu a respiração. O ar tornou-se fétido — como se as brisas refrescantes da Kemet durante a noite fossem corrompidas por aquilo —, seu olfato trouxe-lhe a vaga sensação de estar rodeada pela morte apenas pela breve ação de inalar o oxigênio e senti-lo pesar em seu interior conforme toda a atmosfera ajoelhava-se como quem suplica pela própria vida diante do fenômeno ocorrido. Conforme os segundos passavam, a imagem de sua casa destroçada era ocupada por uma figura que surgia dos escombros, como se juntada pedaço por pedaço de carne, lasco por lasco, com uma iluminação dourada meio fosca.

No mínimo, dois metros e meio. Não. Talvez um pouco mais.

O último detalhe a ser montado naquela figura? A cabeça de escaravelho. Uma vez erguido, esticou seus três pares de patinhas e a boca no nível inferior abriu-se lateralmente, soltando um grunhido que exalou ainda mais daquele hálito fétido que a mulher já havia inalado.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Maxresdefault

”Você sabe onde me encontrar. Lembre-se.”

Uriel descongelou apenas após a assombrosa cena. Junto das palavras que ecoaram como um filete de esperança em sua mente, uma imagem perpassou rapidamente seu consciente — interceptando os medos por um único instante para trazê-la a visão de uma pirâmide ancestral dentro das instalações da Kemet. Embora fosse respeitada por todos e sua entrada completamente restrita, a humana sentiu que era lá que encontraria não apenas segurança contra a criatura, mas também parte das respostas que buscava naquela noite de terrores.

O escaravelho preparou-se para o ataque. Na mão direita, levantou uma espécie de lâmina minguante que, uma vez cravada no solo, parecia ser capaz de mexer com o próprio terreno. Lentamente, o solo debaixo dos pés da medjai tornou-se úmido — a areia formando um leve redemoinho, um fenômeno movediço que tinha início conforme a criatura aproximava-se em passos vagarosos.

Ninguém na vizinhança sequer parecia ouvir o que acontecia — o suficiente para trazer uma sensação de desolação à Uriel que, diante do desafio enfrentado, sabia que tinha de agarrar-se àquele filete de esperança com todas as suas energias.

URIEL
HP (312/312)
MANA (50/50)
ST (175/175)





Leoster, Katiwk e Tzo gostam desta mensagem

Tzo
Tzo
Etéreo
Etéreo
Mensagens : 46
Data de inscrição : 25/08/2020

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Qui Out 15, 2020 9:43 pm

F iquei estagnado por alguns segundos. O vislumbre do braço de Yefret sendo projetado para fora em meio a esguichos de sangue... não havia como qualquer um de nós esperar por algo assim. Como poderíamos ter previsto que Hamut, uma criança, seria o traídor do plano e além disso, mataria um de nós?

— Aqhe, não — estiquei o braço em frente ao seu peito na primeira menção de descer pelo alçapão.

Hamut, ainda no subterrâneo, despejou sobre nós seus motivos e também semblantes inexpressivos que trouxeram calafrios à minha espinha. Independente de suas palavras e razões, não parecia guardar nenhum remorso ou qualquer outro sentimento no peito. Eu soube instantaneamente que ele mataria todos nós caso nos aproximássemos, dada sua indiferença, estranha mudança de personalidade e principalmente, o repentino ataque anterior.

Dos palácios, ecoavam uivos, pios, o tilintar de armas se chocando e demais sinais que evidenciavam um embate sendo travado. Talvez por isso ainda não houvesse nenhum Chacriux ou Medjai ali para nos interceptar, mas não podíamos baixar a guarda. Salib olhou-me com certa urgência nos olhos, também parecendo constatar que nosso tempo estava se esgotando, e indicou os luxuosos portões mais atrás. Através de suas órbitas, fosse por todos os anos de convivência ou não, conseguia entender claramente seus pensamentos.

Para qualquer um, deixar que Hamut se ocupasse com o descontrolado Aqhe enquanto fugíamos seria o mais sensato. Isso nos livraria de um suposto peso morto e também nos faria ganhar alguns instantes caso o garoto - ou o que quer que ele fosse agora - decidisse nos atacar. Isso era de longe o mais lógico a se fazer.

Quando o velho hemu tentou projetar-se novamente para o alçapão, meu corpo vibrou, tomado por reflexos e ações instintivas. Quase que no estado de expectador, entendi que meus princípios me fariam aplicar um golpe com a lateral da mão na nuca do agitado homem, deixando-o inconsciente, para que Salib então carregasse seu pouco peso nos braços em direção aos portões.

Toda minha existência parecia estar condicionada a não agir de modo egoísta e deixar um dos meus para trás. Podia sentir claro como o dia em meu âmago: é o correto a se fazer. Era uma sensação estranha por não entender sua origem, mas a mesma se encaixava tão bem em mim quanto aquela arma improvisada em minhas mãos, e assim sendo, abracei-a mais uma vez, dando ouvido aos meus inusitados instintos.

Cauteloso, porém com urgência, seguiria meu irmão até nossa passagem para a tão sonhada liberdade. O cabo de maderia, que parecia estar melhor disposto entre meus dedos a cada minuto, seria usado para defesa contra qualquer possível investida repentina conforme tentássemos nos afastar de Hamut.

Falta pouco... Vamos conseguir...





chansudesu, Leoster e Emme gostam desta mensagem

Leoster
Leoster
Elemental
Elemental
Mensagens : 39
Data de inscrição : 25/08/2020
Idade : 30
https://alurearpg.forumeiros.com/t20-hb-habilidades-do-leoster#2

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Sáb Out 17, 2020 9:27 pm
Corri com todas minhas forças. Precisava alertar os demais. Precisava encontrar os guardas. Precisava protegê-los. Contudo, quanto mais corria, maior era a sensação de peso e lentidão, como se o próprio ar fosse tornando-se espesso, gelatinoso, mais e mais a cada instante. A primeira coisa que notei foi o som do mar, das ondas dobrando-se umas sobre as outras, e depois empurrando e puxando a areia, que surgia sob meus pés. Fora o latido quem me sacudira, retornando-me à lucidez.

Sua aparência trêmula me arrebatou antes mesmo de seus dizeres. Nunca antes eu vira um Chacriux, seres tão fortes, corajosos e destemidos, tremer daquela forma. Mas nada em toda minha vida me chocara mais do que a visão que tive ao espiar por sobre seu ombro. Sangue espalhava-se pelos corredores, empoçando o chão, manchando as paredes e até mesmo salpicando o teto. Membros e corpos distorcidos de Tabaxis jaziam para todos os lados. Olhei para minhas próprias patas, molhadas, e pude ver a substância vermelha escorrendo.

Olhei para o guarda. Ele falava comigo, ou ao menos tentava, pois som algum saía de sua boca. Alias, não parecia haver mais nenhum som em lugar algum, salvo o distante barulho do mar, que aproximava-se cada vez mais. A visão à minha frente foi derretendo, transformando-se aos poucos, seduzindo-me com uma paisagem paradisíaca.

Ao longe, pude ouvir o balbuciar alegre de meus irmãos e irmãs rindo e brincando felizes. Vivos. Meu corpo pareceu descongelar aos poucos. Havia esperança. Era tudo um sonho, todos estavam felizes ali. Aquela era a realidade. Mas o vento que trazia o som das ondas também trouxera consigo o arauto da verdade. Abafado pelo barulho do mar, agora agitado, ouvi ao longe a voz do Chacriux que estivera comigo, antes de transformar-se em uma rocha. Aquele paraíso não era real. Aquela paz e felicidade era apenas uma ilusão, uma forma de ludibriar-me e desviar-me de meu caminho. Uma fuga para minha dor, sim, mas uma desonra para a memória de meus semelhantes.


Pude sentir o choque que me petrificara transformando-se em fúria silenciosa, enquanto todos os músculos de meu corpo pareciam contrair-se. "Onde ela está?", sim, sim, ele estava certo. Ela estava comigo, como era seu lugar. E eu também estava com ela, pois este era meu lugar, como seu guardião. Saquei a escovinha de ouro, herança de meus antepassados, símbolo divino de meu poder, autoridade, adoração e devoção. Aarakrocas imundos. Hemus imundos. Todos arderão no inferno de minha ira. Já não me importava mais minha própria segurança ou meu futuro incerto. Meu próprio sangue já havia sido derramado e espalhado pelos corredores de minha casa. Minha própria carne já havia sido rasgada e dilacerada, exposta como uma exibição de horrores. Se aquele era o destino de meu povo, que assim fosse. No entanto, o destino de meus inimigos seria ainda pior, e isso eu iria garantir.

Passei a canalizar minha magia, usando minha ira como combustível. Senti meu poder arder em minhas veias como se meu sangue transformasse-se em labaredas ardentes, queimando sob minha pele. Ergui orgulhosamente minha escovinha, enquanto dava início à entonação de minha prece. - Ó, grande senhor das chamas, responda ao meu chamado. Grande sol primordial, faça arder o fogo divino através deste servo que vos roga. Traga a punição dos céus aos infiéis e aos hereges que derramam sangue sagrado neste templo. Dê início à destruição, mãe da criação. - enquanto recitava, podia sentir minha mana pulsar e vibrar cada vez mais intensamente enquanto fluía por meu corpo, impulsionada pela minha ira. Sentia o ar à minha volta estático, como se faíscas de energia fossem liberadas pela concentração de minha magia. Na ponta de minha escovinha, uma esfera brilhante de chamas se formava, cada vez mais quente e intensa, como um minúsculo sol - Eu, Grande Leoster, Tjati e senhor deste templo, trago a punição através do fogo divino àqueles que se põe ao meu caminho e ousam profanar este solo sagrado. Pela autoridade conferida a mim, eu os sentencio.

Desceria meu braço que até então mantinha a escovinha erguida, fazendo a esfera de chamas pairar ardente à frente de meus olhos por um instante, e então levaria-a para dentro de minha boca, onde ela some momentaneamente. Caso houvesse conseguido me livrar da alucinação e estivesse retornado à realidade, lançaria as diversas labaredas de minhas Lambidinhas Flamejantes contra quaisquer inimigos que estivessem à vista, ou apenas absorveria a magia, encerrando sua conjuração.

Caso ainda estivesse sob efeito das alucinações, em um cenário irreal, lançaria as múltiplas labaredas para todos os lados, com intenção de fazer arder em chamas todo o local para dar início a um incêndio que engoliria a tudo e a todos, evitando a estátua de cachorro à minha frente que eu sabia se tratar do Chacriux que jurara sua vida em minha defesa. Se assim era o desejo dos deuses, seria eu o arauto da destruição. Se eu seria lembrado como o último de minha nobre linhagem, também o seria como aquele que consumiu seus inimigos em chamas tão ardentes quanto as da estrela que trazia o dia.


[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 KfRxFHU
Lambidinha Flamejante:

considerações:


chansudesu, Emme e Tzo gostam desta mensagem

Emme
Emme
Arcano
Arcano
Mensagens : 49
Data de inscrição : 25/08/2020

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Seg Out 19, 2020 8:44 pm

P arecia que minha mente estava trabalhando em parceria com o destino. Assim que tomei as ruas da área em que vivo, minha moradia desmoronava e um estrondo imenso preencheu meus ouvidos. O que porra estava acontecendo? O demoronamento levantou muita poeira, visto que o barraco era todo feito de algo parecido com barro, e uma sombra estranha surgiu à minha frente. Apertei o escudo em meu braço.

A criatura tinha uma pele escura e lembrava um inseto, obviamente por conta de sua cabea ter a forma de um escaravelho, mas parecia bem mais ameaçador que um simples besouro. Eu fitei a forma estranha e meu estômago embrulhou, minhas pernas congelaram e uma mistura de medo e nojo percorreu meu corpo como o abraço de uma grande serpente reticulada. Eu me sentia sufocada só em olhar aquela criatura hedionda. Contudo, mais uma vez minha mente indicou-me uma saída.

Com certeza o vislumbre que tive, decorrente de alguma influência externa, guiava-me para uma antiga pirâmida da Kemet. Claro que humanos não eram bem vindos em locais como aqueles, tidos como especiais para os bestiais kemetianos, então talvez fosse um problema conseguir entrar lá. Entretanto, minha mente não me deixava esquecer que lá eu encontraria a resposta e, quando uma voz estranha, mas familiar, invadiu minha cabeça, eu tive a certeza do meu próximo destino.

A criatura apertou bem seu cajado e, conforma se aproximava de mim, notei que o chão de terra batica parecia transformar-se em água e que, caso eu não saísse dali, seria engolida pelo escaravleho. Reunindo forças, empunhei meu escudo e o direcionei para a esquerda, sentindo um fluxo de energia percorrer-me o corpo e rapidamente já estava reposicionada e tratei de correr. Por mais que não fosse a mais ágil, eu aguentaria correr por longas distâncias. O problema era, eu não conhecia nada sobre aquela criatura, então o que esperar?

Aproveitei do meu conhecimento do terreno, visto que eu morava ali por aquela área e sabia dos diversos becos e vielas formados pelo aglomerado desorganizado de moradias. Arrombei a porta de um casebre aleatório e segui para os fundos, mas não fui diretamente para a rua de trás, pulei a janela de um dos quartos que dava para a casa ao lado e segui até um pátio em U de um dos muitos cortiços da região. Eu precisava driblar aquela criatura. Caso ela se aproximasse novamente, eu utilizaria meu próximo avanço para escapar do golpe e continuaria mudando constantemente minha direção, talvez assim eu tivesse alguma chance.

Not today, beast. Not today!





chansudesu, Leoster e Tzo gostam desta mensagem

chansudesu
chansudesu
Admin
Mensagens : 208
Data de inscrição : 25/08/2020
https://alurearpg.forumeiros.com

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Qui Out 22, 2020 12:08 am
[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 1



[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Image


Leoster encontrou forças para tomar uma ação mesmo no estado em que encontrava-se.

Sua mana fluiu pelo corpo de átimo assim que colocou suas mãos na escovinha. De repente, a imagem do Chacriux ao lado acendeu num brilho revigorante, como se suas dúvidas fossem sanadas — qual melhor lugar para ela estar além de na posse de seu dono, afinal? A partir do momento em que a fibra de madeira que compunha o equipamento ganhou o sentido do tato do felino, suas cerdas pareceram ganhar vida e chicotear o próprio ar, efeito do que havia ingerido ou não, o mais interessante não limitava-se a esse simples detalhe. Tentou engolir oxigênio em longas golfadas de ar assim que sentiu seu fôlego escapar-lhe como se deslizasse pelos seus olhos, nariz e boca — o que acontecia ia além de apenas um vislumbre litorâneo ao redor.

A realidade sucumbiu.

Sua mão pútrida manejou a escovinha como quem tenta equilibrá-la entre dedos remendados, o corredor ensanguentado deu espaço a um salão de ouro reluzente com uma gama de decorações que agora sequer faziam sentido para Leoster. Lembrou-se vagamente de uma vida pacata, sem preocupações, sem nobrezas, sem Chacriux e muito menos invasões em um palácio que sequer o pertencia. Nesse mesmo instante, um choque percorreu todo o seu corpo, liberando sensações jamais sentidas — uma convergência de memórias e lembranças que sequer faziam parte de seu ser. Sua perspectiva de mundo passou a ser como a de uma ave que sobrevoava Okhemeq, lentamente afastando-se da kemet e deixando-a numa escala cada vez menor em questão de tamanho, observando-a de cima, deixando-a como se sua alma flutuasse para um lugar distante.

Compreendeu por uma fração de segundo a motivação daquela invasão. Compreendeu também o porquê da pergunta do Chacriux. Por fim, esqueceu-se de tudo e voltou à realidade que lutava para não ser fragmentada em três diferentes. Confuso, amedrontado, irritado e sentindo como se tivesse que engolir todo aquele desaforo ao seu redor e o sangue de seus iguais.

Foi assim durante toda a canalização daquele incêndio oriundo de seu primal em chamas. Assim que ingeriu o fogo como parte da realização daquela magia, sentiu seu interior desfigurar-se completamente — uma dor lancinante, como se não conseguisse suportar a própria magia. Entendeu naquele ato que deveria agir rapidamente já que a cautela havia ido por água abaixo, portanto, estudou a patinha perfeitamente comum empunhando a escovinha antes de abrir sua boca e disparar diversas partes daquelas labaredas que, ao tocarem a estrutura do corredor, alastravam-se pela arquitetura de basalto, transformando o excesso de amarelo lentamente num cinza que escurecia progressivamente.

O fogo alastrou-se com muita facilidade. O calor tornou-se insuportável. O Chacriux ao seu lado, agora já não mais limitado a um rochedo, tentava lidar da melhor forma com o seu pelo incinerado, uma ação em vão já que seus olhos também haviam sido atingidos. Embora as chamas não fossem potentes em si, sua forma de utilização havia sido crucial para ruir todo o acabamento ao redor — a fragilidade presente naquele material explicitou-se assim que o próprio solo abaixo de seus pés ruiu em cinzas, mostrando o andar abaixo.

Em Okhemeq, palácios são construídos para serem belos e admirados. Não para batalhas.

Ao longe, no final do corredor incendiado, alguns hemus surgiam. Em suas mãos: armas dos próprios tabaxis, provavelmente utilizadas no meio de toda a chacina. Embora tenha concentrado algumas lambidinhas extras para atingí-los à distância estabelecida, percebeu que nutria de uma inquietação que havia ignorado desde então — embora fosse o utilitário da magia, isso não o tornava imune ao fogo que, devido às proporções tomadas, também havia ganho seus pés naquele paladar ígneo que apenas consumia cada vez mais. Outrossim, o chacriux, que poderia servir como uma boa defesa contra os hemus ao longe que cobriam os rostos afim de não inalar a fumaça, mal aguentava as chamas no ambiente fechado, já tendo respirado grande parte do fumo, além de seu rosto encontrar-se em uma situação crítica.

— F-Fuja…

O teto ruiu com as chamas. Antes de uma parcela daquela estrutura soltar-se em queda livre, Leoster mergulhou num mar de lembranças.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Leoster

Lembrou de sua vida enquanto único tabaxi medjai, e também de quando tratava-se de um kenbet servindo a kemet com diversas e indubitáveis leis na ponta de sua escovinha que faziam-no sentir-se importante e superior aos demais. De alguma forma, tudo era muito similar, ainda que não dialogassem face à sua própria conjuntura. Aqueles nomes ressoaram em seu consciente conforme a face de Mekhun surgia como uma das lembranças que sempre levavam-no ao mesmo fim da linha. Nada mais poderia ser feito. A premonição teve seu fim assim que sentiu cada osso de seu corpo ser transformado em pó com o grande pedregulho que caiu sobre toda sua magnificência em questão de segundos uma vez que, devido aos efeitos alucinógenos, pouco conseguiu movimentar-se para sair da situação.

Tudo tornou-se escuro. E então, não sentiu mais nada.

LEOSTER
HP (00/125)
MANA (00/00)
ST (00/100)




[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Image

Para alguns, agir por impulso é um marco de fraqueza de seu consciente e uma janela aberta para ações inaceitáveis que, por uma fração de segundos, fazem muito sentido a uma cabeça instável e pouco preocupada com consequências. Independente da reflexão, para Aqhe, naquele instante, transformou-se num rápido salva-vidas — sentiu todo o seu corpo retesar rapidamente conforme seus membros amoleciam com a despedida dos sentidos que mantinham-o acordado. O braço de Salib buscou o abdome do idoso antes que seu corpo caísse para o alçapão.

Como um pescador puxa a corda trazendo algo inesperado em sua isca, Hamut acompanhou o movimento.

Seu braço esticou-se tão rapidamente que mais parecia o bote de uma serpente. Suas unhas eram como navalhas no ar, brilhando com certo aspecto metálico antes de atingir a portinhola amadeirada e desfazê-la em frangalhos. A criança saltou do subterrâneo como um inseto a ganhar asas, rodopiando todo o seu corpo com uma destreza invejável, seus olhos resplandecendo um lume amedrontador junto ao reflexo opálico da lua. Tzo contou os segundos mentalmente como se tudo se tornasse em câmera lenta.

Hamut agia como um assassino nato.

Embora não fosse tão rápido quanto, o hemu que visava liberdade empunhou seu bastão de madeira contra o jovem impúbere a tempo de apenas afastá-lo de Aqhe carregado nas costas de Salib que por pouco também não tornou-se uma vítima. Embora a superfície amadeirada tenha servido para afastá-lo, um lanho ganhou notoriedade no rosto do idoso, como se sempre tivesse estado ali e, somente agora, saísse de um véu de invisibilidade tamanha a sutileza do golpe desferido. Tzo sentiu um sabor ácido em sua boca ao ranger os dentes e perceber que, se talvez não fosse seu preparo para um contra-ataque, um golpe no pescoço teria feito o homem sangrar até a morte.

O choque do bastão amadeirado contra as mãos espalmadas de Hamut ecoou num som que trouxe ao homem um estranho sentimento de familiaridade. Naquele ato, o capuz que encobria parte do rosto do jovem deslizou para trás, expondo seu rosto semi comprometido pelo que evidenciava a ação de algum derretimento de sua pele. Sua boca mantinha-se numa linha fina de inexpressividade e os olhos, embora passassem frieza contrastando com os traços infantis e inocentes, traziam a Tzo uma imagem distorcida sua de quando criança com seu irmão deixando as areias desheretianas.

Não… naqueles olhos ele via um reino de muralhas esbranquiçadas, tão majestoso e enorme que tornava-se pequeno às possibilidades que a vida havia lhe dado. Uma sentença. Uma separação. Mais de uma década esperando um resultado que, no fim das contas, trouxe-lhe uma segunda decepção. Acólitos rogando orações e mantras que diziam muito para o interior, mas pouco dialogavam com o mundo externo uma vez que preocupações e inobservações faziam-se cada vez mais presentes com os conflitos que aproximavam-se. Um chamado de mestres, um rosto tristonho talhado numa máscara dourada…

Um baque.

Salib o deixara. As memórias pouco dialogaram entre si, trazendo apenas a sensação de desolamento.

Naquele confronto direto com Hamut, olhar para trás talvez tenha sido um golpe ainda mais afiado do que as unhas da criança que, a propósito, aproveitavam-se da distração para abrir profundos sulcos ao longo de seus braços como uma fera tenta soltar-se de seu predador.

Sentindo a dor do ataque sofrido, ele observou Salib tremendo dos pés à cabeça ao deixar Aqhe cair no chão, liberando-o do peso do idoso conforme seguia rumo aos portões mais ao longe sozinho. Seus olhos traziam um misto de arrependimento, desespero e, principalmente, medo. Os olhares dos irmãos encontraram-se trazendo toda a dualidade da redenção e do abandono novamente. Em sequência, dirigindo sua atenção de volta à batalha que acontecia naquela fração de tempo, ambos recuaram assim que escutaram um estrondo ao longe, vindo do próprio palácio. O sangue pingou de seus novos ferimentos, tingindo a areia de vermelho. A noite, amante da iluminação das estrelas, ganhou novo interesse amoroso com os lábios das chamas que sutilmente beijavam seu céu enegrecido, originando um novo foco grandioso de luz e, ao mesmo tempo, expandindo uma onda de calor que espantou o frio que anteriormente reinava supremo.

O palácio Bastte estava em chamas, deteriorando-se.

O rosto de Hamut finalmente demonstrou uma emoção além da frieza e desamparo: o desespero. Agora, todos assolados pela mesma feição de espanto, observaram uma grande parte do Bastte desfazer-se em escombros que caíam para o seu interior, como se a própria edificação decidisse engolir-se em meio às chamas, desfazendo-se em generosos pedaços de ouro, jade derretido e basalto endurecido. A criança ponderou seus movimentos, observando as unhas sujas de sangue e ajoelhou diante da visão.

Pios e latidos que fomentavam uma sinfonia de guerra calaram-se.

Outrossim, logo atrás, os portões abriram-se de vez num rangido estrondoso. Salib caiu no chão, recuando para a direção de um Aqhe desmaiado e com o rosto ensanguentado, totalmente empalidecido como quem vê a própria morte. Tzo vislumbrou a figura impiedosa de um minotauro aproximando-se em passos vagarosos, cruzando o portão com a imagem de uma Okhemeq atrás completamente acordada — tjatis e hemus concentravam-se na entrada, tentando ver um por cima dos outros o que de fato ocorria. Os medjais aproximavam-se com suas lanças e escudos de sílex bem equipados, figuras animalescas que compunham uma gama daqueles que representavam superioridade aos humanos.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Tzo

— Vocês pedem para morrer — a voz do guarda Medjai ecoou de maneira rouca.

Reconheceu-o como Imset, um renomado e respeitado guarda da kemet devido ao fato de ser um dos preferidos ao Soerguimento antes daquele que havia morrido. O aro dourado tiniu contra a quitina de seu chifre conforme dava mais passos adentrando o perímetro nobre das residências dos tjatis tabaxis, o olhar perdeu-se um pouco no horizonte mergulhado em chamas enquanto Salib dava ré ainda caído para aproximar-se cada vez mais de Tzo, deixando Aqhe caído adiante.

Salib encarou Tzo como se buscasse um pedido de perdão.

Então, encontrou em seu medo mais uma oportunidade. Como de costume.

— Grande Imset, esses hemus, eles… — Salib recuperou a fala com receio — são traidores. Eu estava a caminho de avisar aos medjais do ocorrido, mas tudo foi tão rápido… por favor, eu não tenho nada a ver com isso — o homem de barba crespa encontrou forças para levantar-se e correr para manter-se ajoelhado diante da figura trotante que observou-o de cima com pesar no olhar.

O minotauro ergueu um machado das costas de maneira ágil, sua lâmina tornou-se ígnea antes de descer sobre o pescoço de Salib e sentenciá-lo à morte diante de Tzo.

Lá fora, os hemus entraram em caos, subindo pelos seus tjatis que carregavam-nos em correntes, tentando fugir dos medjais que viraram-se contra a multidão. O desespero espalhou-se como fogo no palheiro, pulando de um a um de maneira rápida — enquanto alguns tentavam se defender e esconder, outros exteriorizavam vontades que durante muito tempo haviam sido contidas pelas leis propostas pelos kenbets de respeito à vida alheia. Lanças empalavam hemus que, com seus grilhões, enforcavam os nobres que pouco conseguiam manterem-se de pé.

Tzo Bakshi viu a cabeça de seu irmão rolar pela areia lambida por labaredas como se fizesse parte do deserto. Imset agora aproximava-se do idoso caído trotando com seu machado em mãos. O luto parecia um peso em seus ombros tal como Aqhe anteriormente representava ao seu irmão, contudo, algo diante de seus olhos o dizia que aquilo, apesar de tudo, tratava-se de uma oportunidade.

A multidão continuava guerreando entre si. Ao longe, Bastte transformava-se num fogaréu movido pela gula de sucumbir tudo ao redor. Hamut continuava desacreditado logo atrás.

TZO BAKSHI
HP (200/250)
MANA (150/150)
ST (120/150)




[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Image

Uma parte do terreno debaixo de seus pés antes da movimentação ruiu em uma espécie de buraco lamacento. Recuperando seu fôlego após a investida dada, Uriel buscou por vielas que livrassem-na daquele pesadelo conforme a figura cadavérica com cabeça de escaravelho mais atrás destruía tudo em seu caminho. No percurso, entrou por uma tenda de argila, acordando seus moradores que pouco tempo tiveram antes de perceber que o perseguidor da mulher vinha mais atrás — a monstruosidade brincou uma segunda vez com sua lâmina minguante, dessa vez modificando o terreno diante de Uriel.

Uma parede terrosa começou a surgir do próprio solo, erguendo-se como um bloqueio lentamente. No meio de sua corrida, conseguiu utilizá-la como pedestal devido ao nível ainda baixo e, logo em sequência, percebeu que outra já brotava do terreno da kemet num misto de areia com barro. Logo atrás, a cabana de argila ruiu para a passagem do escaravelho que tentava obstruir o caminho da mulher entre as vielas com aquelas muralhas pétreas. Por sorte, devido à sua habilidade que a impulsionava para frente, conseguiu usar daqueles óbices como se fossem degraus — subindo-os e ganhando altitude até atingir o telhado turrulento de um casebre.

Saltou para o próximo assim que percebeu a terra que antes pisava levantar de supetão como mãos que tentavam agarrá-la pelos tornozelos.

Com o fator de tamanho, conseguiu encontrar os caminhos e atalhos perfeitos para se livrar dali. Utilizando o conhecimento do lugar em que havia crescido, conseguiu uma discrepância aliviadora entre si e o monstro que, logo atrás, tinha que lidar com os barracos de argila que tornavam-se como os obstáculos que tentava erguer do solo afim de parar a travessia da humana.

Por algum motivo, Uriel percebeu que o conjunto residencial estava extremamente mórbido, mais do que o comum. De alguma forma, não encontrou dificuldades com seu fôlego, visto que conseguia aguentar longas corridas — seja pelos treinos realizados ou pura capacidade biológica — conseguiu chegar numa área mais movimentada da Kemet assim que observou casebres erguidos em xisto e basalto no lugar de terra e argila. Seu fôlego retornou por um momento antes de perceber que, por ali, a agitação encontrava-se em seu ápice. Os cidadãos ferais de Okhemeq corriam entre si, esbarrando e caindo no chão conforme os humanos gritavam cantos de liberdade, quebrando seus grilhões e atacando-os com ferramentas de todos os tipos.

— Você planejou isso junto deles, não? Traidora desgraçada… — um kenku medjai aproximou-se da mulher.

Contudo, o espaço entre ambos foi interrompido assim que a areia levantou-se do solo numa coluna enorme. O medjai deu alguns passos para trás quando percebeu a montanha arenosa ganhar cor e forma — braços enormes e pútridos, com uma foice minguante, pequenos besouros caminhavam ao longo de seu corpo e, acima de tudo isso, a cabeça de escaravelho trazia um verdadeiro temor à tona. O kenku não conseguiu formar qualquer palavra que saísse de seu bico e colocou-se a correr.

Alguns humanos ao redor pararam e observaram a monstruosidade que continuava a focar apenas Uriel. Os medjais ao redor ergueram seus escudos e recuaram com medo do que aquilo significava.

— Pelas areias sagradas, o que significa isso?! — Um dos hemus gritou.

A mulher encontrou na multidão atraída pela figura do escaravelho mais uma distração para seguir ao seu verdadeiro destino. Ignorou fileiras de outros medjais que tentavam livrar-se de areias movediças e seguiu com impulsos para a pirâmide que tanto desejava. Ao longe, quando vislumbrou seu pico, sentiu uma espécie de conforto que logo desfez-se assim que uma muralha arenosa surgiu à sua frente — respirou profundamente, ganhando fôlego e refazendo o caminho. Para a humana, era como se toda aquela correria não tivesse fim — quase como se o caminho entre si e o lugar em que precisava chegar se alongasse cada vez mais.


[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Uriel

A escadaria dava-se por um caminho serpentino, difícil de se subir. O suor escorria pelos seus fios negros, a armadura de linho completamente encharcada quase podia deslizar pelo seu corpo totalmente exausto. Seus pés doíam. O fôlego lhe faltava. Numa olhadela à kemet ao redor, tudo encontrava-se em pleno pânico — os hemus continuavam a guerrear e lutar pela liberdade enquanto atrocidades eram cometidas pelos medjais tentando controlá-los. Enquanto isso, o escaravelho continuava a caçá-la em todos os lugares que seguia. Sentiu algo fisgar em seu pé e notou que algo a havia ferido por debaixo das botas de couro — provavelmente alguma artimanha de seu predador insetóide.

A pirâmide que erguia-se com uma imagem alegórica diante de si estava silenciosa como de costume. Um templo muito respeitado pelos demais kemetianos, sendo utilizado pela maioria dos kenbets quando reuniões aconteciam envolvendo a morte de alguém. Muitos entes queridos pelos cidadões de Okhemeq acabavam sendo velados no lugar conhecido como Necrópole, para que, quando seguirem ao Ta Netjeru, eles levantem-se honrando suas vidas e caminhem com os cem Soerguidos para a eternidade de paz paradisíaca.

Não havia nenhuma segurança ou qualquer tipo de guarda medjai aquela noite nas portas da necrópole. A pirâmide passou toda sua enormidade pela estrutura milimetricamente pensada — blocos de arenito tão perfeitamente cortados que chegariam a levantar dúvida sobre a tecnologia nas mãos dos kemetianos para construí-la, uma arquitetura perfeita do início ao fim — sua base alargada contemplava diversos hieróglifos que pouco poderiam ser vistos por Uriel no momento. Mas um em específico, logo acima dos portões de entrada, chamou a atenção da medjai. Em seu interior, algo acendeu-se como uma chama, ativando sua intuição a respeito do caminho que havia realizado até então; embora fosse algo instintivo, tudo parecia ser completamente diferente do que já havia vivido, embora a estranheza lhe passasse certo conforto e certeza de que seguia o caminho correto.

O Ankh dourado acima dos portões brilhou auxiliando a iluminar aquela noite caótica juntamente das tochas.

As portas abriram-se num rangido imenso, trazendo ventos frios e mórbidos responsáveis por arrepiar a mulher dos pés à cabeça. Um corredor escuro e alto seguia-se adiante com paredes marcadas pelos mais variados hieróglifos. Na entrada, havia um lasco de madeira a ser utilizado como tocha que poderia ser acendido em um dos archotes do lado exterior. Contudo, antes que pudesse tomar qualquer decisão, uma nuvem de areia aproximou-se como num tufão, embaçando sua vista e fazendo-a recuar alguns passos por precaução. A imagem do escaravelho foi construindo-se pedaço por pedaço como a própria arquitetura da pirâmide erguida em arenito.

— Krrrrrkrr — o som foi emitido de sua boca conforme areias moldavam em sua mão livre um cetro, totalizando um par de armas ao lado da foice.

A criatura bloqueou a passagem para a necrópole, erguendo seu cajado recém moldado e, junto dele, criando um grupo de estacas a partir do próprio arenito da pirâmide. Os espinhos totalizavam em cinco, possuindo uma espessura consideravel, bem como largura. Os espetos terrosos foram suspenso nos ar, como se esperassem apenas uma ordem para que chovessem sobre uma Uriel que recuperava seu fôlego. Algumas escrituras em hieróglifos na base da pirâmide acenderam-se num roxo fosco conforme as ações da monstruosidades eram realizadas — um detalhe minucioso e pouco preciso diante do perigo que enfrentava.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Uriel-2

URIEL
HP (300/312)
MANA (50/50)
ST (95/175)


Spoiler:




Emme e Tzo gostam desta mensagem

Tzo
Tzo
Etéreo
Etéreo
Mensagens : 46
Data de inscrição : 25/08/2020

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Dom Out 25, 2020 11:21 pm

O amargo em minha boca era algo que nunca sentira de forma tão intensa até então, muito embora tivesse a impressão de que aquela cena, aquela traição de Salib não fosse algo assim tão novo em nossa história. Ponderei se tais sentimentos provinham do mesmo local do qual diversos outros estranhos pensamentos vez ou outra surgiam, mas independente do motivo, não podia deixar-me levar por eles agora.

Enquanto os olhos já sem luz na cabeça do meu irmão me fitavam, senti um forte pesar no meu interior. Era como se algo simplesmente ruísse, pendesse, se desestabilizasse. Os ferimentos causados por Hamut, embora ardessem, não eram de longe pior do que ver toda sua esperança ser levada pelos ventos tal como os grãos de areia do deserto são varridos pela mais leve brisa.

Eu quase ajoelhei, sentindo todo o meu corpo pesar diante de uma vontade imensa de desistência, mas então vislumbrei Imset se aproximando do velho Aqhe. Olhando ao redor, vi diversos dos demais hemus sendo assassinados durante suas tentativas de escape, ou mesmo de vingança contra tudo o que sofreram nesse regime de escravidão por tantos anos.

Eles precisam de você, ouvi uma voz semelhante a minha formular-se em minha cabeça.

Mas como faria? Como eu, no estado em que me encontrava fitando o corpo inerte de Salib, faria para reunir forças e reagir?

Respire, meu próprio eu falou novamente.

Deixei que meu corpo atendesse aos instintos que até então me guiaram até aqui. Eu ainda sentia a perda do meu irmão, sentia dores nos braços pelos sulcos causados por Hamut e tristeza pelo estado de Aqhe, mas no momento em que inspirei e exalei o ar profundamente, tudo tornou-se mais claro, mais... equilibrado. O bastão de madeira improvisado encaixou-se perfeitamente entre meus dedos, sendo agora reforçado pela mana que fluía das minhas palmas.

Quase que no papel de expectador, sendo levado adiante pelos mais inusitados instintos corporais, me colocaria em frente ao idoso desprotegido e tentaria bloquear qualquer ataque que o Medjai desferisse com um giro do bastão improvisado. Embora nunca tenha de fato realizado aquela rotação, entendia o modo correto de a fazer, assim como compreendia que após defender Aqhe, o próximo passo seria arremessar aquele cabo imbuído de mana diretamente contra Imset, mirando em qualquer ponto que julgasse o mais propício para ser atacado.

— Hamut — chamaria o garoto, que estava estagnado mais atrás. — Você entende que eles matarão cada um de nós, inclusive você, não é? — eu notara o quão inexpressivas e ausentes de sentimentos suas feições haviam se tornado, mas se ele fora abalado pela visão do Bastte desmoronando, imaginei que ainda pudesse restar algo dentro dele. — Se o Ta Netjeru existe, se há alguma chance de você reencontrar seus pais, eu acredito que seja fazendo de tudo para defender seus iguais, defender os hemus que sofreram tanto quanto eles. Tanto quanto nós!

Hamut ainda era um mistério e eu sequer imaginava como ele era capaz de movimentar-se daquela forma ou utilizar as capacidades que demonstrou me atacando, porém eu precisava tentar alcançar seu interior, alcançar o seu espírito. Contudo, independente de sua reação, eu sabia, não... meu corpo sabia que manter-se de costas para ele não era uma boa ideia. Sendo assim, durante aquele arremesso do bastão contra o Minotauro, trabalharia numa angulação que me desse visão lateral do rapaz.

As armas...

Foi como um alerta. Não específico, mas entendido de átimo. Por mais que eu tenha conseguido inesperadamente imbuir o cabo de madeira com a minha própria mana, ele ainda era um utensílio frágil. Meus olhos então se atentaram ao perímetro visando qualquer lança que algum dos guardas pudesse ter perdido no meio de toda a agitação. Talvez assim, tivesse uma real chance no confronto contra o imponente Imset.

Habilidade Utilizada:

Considerações:




chansudesu, Emme e Morgana gostam desta mensagem

Emme
Emme
Arcano
Arcano
Mensagens : 49
Data de inscrição : 25/08/2020

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Seg Out 26, 2020 3:16 pm

E u finalmente pude sentir o alívio preencher meu coração assim que cheguei ao topo da escadaria que dava para a tal pirâmide. Eu sentia que aquele era o local indicado, não havia outro lugar no qual eu pudesse encontrar ajuda para a situação que eu estava vivendo. Mas por que mesmo? Que ajuda era essa? As portas se abriram e uma angústia percorreu-me a espinha.

O medo dominou meus pensamentos quando lembrei de cada instante da árdua corrida da zona residencial até o templo. Ser chamada de traidora por um companheiro medjai não fora a pior coisa, até por que eu me sentia como tal. Algo em mim tinha ânsia só de relembrar seus rostos aterrorizados por uma criatura tão bestial quanto eles. Além disso, eu não parei para lutar ao lado dos meus irmãos de farda por necessidade pessoal de atingir esse objetivo, encontrar respostas para as constantes visões que tive no decorrer da vida, respostas para esse sentimento estranho de estar deslocada, mesmo tendo vivido aqui toda minha vida. Seria isso um desejo de liberdade? Um desconforto no pé chamou-me a atenção.

Mas que porra...

Retirei as botas para verificar o incômodo antes de adentrar a necrópole e foi então, por um descuido, o escaravelho materializou-se em questão de segundos à minha frente. Ameaçador, ele guinchou e uma foice surgiu em sua mão livre. Ele estava pronto para atacar. Com um movimento rápido do cajado em fomato lunar, pedras pontudas formaram-se ao redor da criatura. Um ataque mágico e mortal. Firmei o escudo em meu braço esquerdo, pronta para o que viesse, mas eu não podia enfrentar a criatura. Colossal, com certeza o triplo do meu tamanho, o escaravelho bloqueava a porta que seria meu destino. Como passar por ele?

O QUE VOCÊ QUER DE MIM? — gritei em desespero — HEIN? DIZ! O QUE CARALHOS VOCÊ QUER DE MIM?

Em posição defensiva, minha mão livre brilhou com a concentração de mana e, quase que instintivamente, desenhei uma runa no ar. Encantar a runa parecia tão natural, mas ainda era estranho para mim. De onde vinha essa conhecimento? "Thurisaz..." ecoava em minha mente. O que era aquilo? Uma barreira protetora de tom azulado formou-se ao meu redor, revelando assim o propósito da runa. Eu não era a guerreira mais ágil, então certamente o escaravelho atacaria primeiro. Aproveitaria a barreira para receber o dano e, depois, avançar sobre o inimigo. Claro que avançar o inimigo de frente e com apenas um escudo de silex era decretar a própria morte, mas meus anos de treinamento militar não eram por acaso. Aproveitaria para me reposicionar e evadir com meu avanço de escudo. O intuito é cruzar a porta.

Habilidade 1:
Habilidade 2:
Considerações:




chansudesu e Morgana gostam desta mensagem

chansudesu
chansudesu
Admin
Mensagens : 208
Data de inscrição : 25/08/2020
https://alurearpg.forumeiros.com

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Seg Nov 02, 2020 6:00 pm
[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 1



[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Image


Existia uma ponta de acalento naquelas palavras passadas a um Hamut completamente destroçado pela vista do Bastte transformando-se em cinzas. Seus olhos acompanhavam cada centelha daquele fogaréu esvair-se pelo ar como se algo em seu interior também estivesse em chamas — as mãos trêmulas buscavam encontrar algum suporte nos joelhos dobrados, mas não havia nada que pudesse fazer para si mesmo. Contudo, isso não era nada em comparação ao verdadeiro peso sentido anteriormente.

Tzo havia lançado-se em defesa a Aqhe.

O seu bastão rodopiou em mãos e chocou-se contra o machado ígneo do minotauro. O contato efervescente foi o suficiente para que a madeira lentamente se derretesse, sem contar na força imposta na movimentação por parte do inimigo responsável por fazer todo o corpo do hemu retesar com o ataque, sentindo seus pés sendo arrastados para trás na areia deixando um rastro em direção oposta. Imset pareceu divertir-se com o momento, como se encontrasse alguma espécie de entretenimento ali — assim que o bastão esmigalhou-se em farpas tomadas pelas chamas, Bakshi percebeu que sua mana não era o suficiente afim de fortificar a defesa.

A extremidade restante do cabo amadeirado sobrou e foi utilizada como um arremesso assim que afastaram-se, contudo, a lâmina ígnea do minotauro partiu-lhe em mais alguns pedaços remanescentes, não deixando quaisquer lembranças do item que agora unia-se às demais labaredas encontradas nos lençóis arenosos do solo.

— Corajoso, mas fraco. A coragem irá levá-lo apenas ao fracasso por aqui, humano petulante — ergueu o machado e Tzo percebeu uma convergência de mana formando-se ao redor do item. — Corra. Corra com todas as suas forças até que esteja cansado o bastante para ser partido em dois. — Vociferou.

O hemu buscou qualquer tipo de equipamento no solo advindo da revolta que acontecia nos portões da zona nobre, mas não encontrou muito do que poderia ser útil além de uma lança inteira de sílex que tinha um acabamento ainda estranho em suas mãos. Imset abaixou sua arma contra o solo e uma espécie de fileira ígnea teve início daquele ponto ao longo da areia, erguendo-se como uma muralha de labaredas adiante, lambendo o ar e por pouco não comprometendo uma parte do corpo de Tzo junto. O homem percebeu que aquilo tratava-se mais de uma limitação do campo de batalha em si do que um movimento para atingí-lo. Seu acesso à direita estava bloqueado, sendo separado de Aqhe e do corpo de Salib.

— Vocês precisam aprender o lugar em que pertencem: no limbo da morte — dessa vez, foram seus chifres que tornaram-se ígneos, exalando uma fumaça devido à alta temperatura que mesclou-se com o ar.

Um vulto cruzou o caminho entre Tzo e o minotauro, passando por cima da cabeça do hemu e rodopiando no ar com movimentos mais do que ágeis. O som de lâminas veio em sequência conforme lanhos surgiam na pele enrigecida do oponente que pouco entendia a respeito — filetes de sangue romperam o pelo de seus joelhos da mesma forma que a região entre o braço e o antebraço também tornava-se vulnerável. Hemut só parou assim que estava em altitude o suficiente para conseguir colocar suas mãos no pescoço da criatura, mas foi aparado pelo machado de prontidão e rebatido para longe como um inseto em uma só cabeçada.

O impúbere gemeu de dor e manteve-se de pé antes mesmo de alcançar o solo tal como um felino o faria.

— O Ta Netjeru… as profecias dizem que nós temos nosso papel nele. — O sangue escorria pelos seus lábios feridos. — Se você vai contra essa vontade, vai contra tudo o que acreditei até aqui — ainda estava trêmulo, como se um choque de realidade lutasse em seu consciente para atentá-lo do que acontecia ao redor. — Tudo o que fiz foi uma mentira?

O minotauro bufou.

— O último Soerguido está morto. O que resta de esperança pra você? A sua fé não vai levá-lo a lugar algum — brincou.

A distração levantava uma nova oportunidade de ação por parte de Tzo. A fileira de chamas ao seu lado continuava deixando o caminho para o corpo de Salib e Aqhe intransponível. Ao longe, mais atrás, o que restava do Bastte continuava a ruir conforme chacriux pareciam tomar grande extensão da cena e traziam corpos queimados de aarakrocas. Atrás do medjai que enfrentavam, os portões continuavam um completo caos, embora grande parte dos hemus já tivesse sido contida com as chegadas dos guardas para que pudessem lidar com eles independente dos meios.

IMSET
HP (460/480)

TZO BAKSHI
HP (210/250)
MANA (120/150)
ST (80/150)


HAMUT
HP (110/150)




[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Image

A runa foi convocada.

A sua mana fluiu por todo o corpo antes de materializar-se ao redor como num domo translúcido de coloração azul. As estacas de puro arenito desceram tal qual uma garoa mortífera sobre a mulher. O impacto dos ataques fora bloqueado e, enquanto isso, teve tempo para raciocinar melhor e pensar a respeito de sua própria ação. Com os largos espetos terrosos sendo reduzidos a poeira que erguia uma espécie de nuvem empoeirada, Uriel percebeu que havia uma maneira de adentrar na necrópole caso seguisse uma linha sensível de raciocínio naquele momento.

O escaravelho gritou mais uma vez. As defesas de Uriel já se abaixavam quando o campo de força manarial conteve o último ataque, repelindo-o antes que pudesse atingir as costas da medjai.

Ela empunhou seu escudo e, concentrando-se no que de fato era importante, seguiu em direção ao seu destino. A estrutura de sílex da sua defesa servia como a linha de frente em seu avanço por debaixo das pernas do escaravelho que, percebendo a aproximação, movimentou a mão que empunhava a foice em direção à Uriel. O fedor de pura putrefação fez com que suas narinas implorassem por misericórdia conforme aquela lâmina curvada aproximava-se cada vez mais pelo flanco esquerdo. A entrada estava tão próxima, se esticasse os braços já poderia sentir a escuridão provinda daquele interior misterioso contemplar-lhe com a segurança que tanto buscava, mas tudo o que encontrou naquele instante foi a dor lancinante.

Uriel quase que projetou-se para a interior da necrópole, o escudo rodopiando pelo chão adiante e parando em meio à escuridão do lugar, o som do sílex chocando-se contra o solo de arenito ecoou por todo o estreito corredor. Lá fora, o escaravelho grunhia e tentava de todas as formas adentrar no lugar, mas seu tamanho não o permitia alcançar a mulher. Por conta disso, tentou projetar apenas sua mão repleta de nervos e ossos pela entrada, mas Uriel já estava distante da entrada. A movimentação do perseguidor fez com que os portões outrora abertos fossem lentamente fechados, fazendo toda a estrutura da necrópole ranger junto.

Os portões fecharam-se contra o braço do escaravelho, separando-o do restante do corpo antes de transformar-se em pura areia.

O sangue escorreu pelo linho da armadura junto da dor que Uriel sentia. A lâmina do escaravelho havia chocado-se contra o seu corpo antes de adentrar a necrópole. Um único archote aceso no decorrer daquele corredor iluminou o ferimento para a mulher que, diante de tanto sangue, percebeu que era apenas uma questão de tempo até que o sangramento e a fadiga levassem-na a condições ainda piores. Seus passos, contudo, guiaram-na pelo caminho como se algo maior do que as necessidades do momento dialogassem com as codernações motoras fisiológicas. Sua respiração estava pesada. O arenito acima de sua cabeça exercia uma pressão como se pudesse a qualquer instante desmaiar.

As paredes possuíam hieróglifos. Contavam histórias que Uriel conseguia ler em certa parte.

Foi assim, lendo os hieróglifos e interpretando-os, que seguiu o caminho adiante para o que tanto a aguardava.

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Aeaeae

O salão encontrava-se iluminado por archotes em pontos específicos. De alguma maneira, aquela visão trouxe-lhe lembranças que invadiram seu consciente de maneira agressiva. A sensação de perigo iminente fez com que suas pernas hesitassem seguir adiante, embora os instintos guiassem-lhe para o que clamava mais do que aquela dor em mantê-la inerte. Todos os seus sentidos jaziam aflorados pela pura adrenalina estruturada por intermédio da situação enfrentada. Agora o escudo já encontrava-se pesado acoplado ao braço, como se sequer fizesse sentido mantê-lo dessa forma.

Sarcófagos ao redor chamavam-lhe atenção.

Os hieróglifos giravam em sua cabeça, um efeito colateral de toda a fadiga enfrentada — lê-los ainda era uma opção, mas parecia ser algo ainda mais distante de suas capacidades por agora. Daqueles caixões, havia um que simplesmente não contemplava o lugar. Algo em sua cabeça alertava-lhe da existência de uma espécie de jarro pequeno, feito de argila e ouro que não constava ali dessa vez. Algumas lacunas vazias traziam-lhe uma sensação desconfortante, como se não fosse a primeira vez em que desbravava o interior da necrópole. Talvez houvesse algum detalhe importante em toda aquela arquitetura para trazê-la a parte do quebra cabeça que faltava?

— S-SAIA! — Um chiado aterrorizante ecoou advindo de um dos corredores que davam ao saguão.

Não havia tempo para erros. O seu ferimento trazia-lhe o desconforto. Nos hieróglifos, por mais que insistisse, nada fazia sentido.

O jarro simplesmente estava fora de posição, tal como os detalhes que haviam sido deslocados responsáveis por trazê-la o estranhamento que enfrentou o dia inteiro. Mas talvez houvesse algo que permanecia como antes… se é que existia algo anterior a isso.

URIEL
HP (275/312)
MANA (35/50)
ST (65/175)


Recompensas pelo Atraso:




Tzo
Tzo
Etéreo
Etéreo
Mensagens : 46
Data de inscrição : 25/08/2020

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Ter Nov 03, 2020 9:43 pm

E u logo entendi que não teria quaisquer chances caso utilizasse apenas de meios convencionais. Sua força, resistência corporal e até mesmo aquele machado, compunham um adversário verdadeiramente difícil de lidar. Ainda assim, a presença de Hamut ao meu lado parecia trazer à tona memórias musculares e instintos que até então não haviam se aflorado tão intensamente em mim. Outra coisa que também se destacava em meu interior como uma pequena chama que ganha intensidade, eram pensamentos a respeito da situação.

Imset era um guerreiro formidável com suas notáveis capacidades fisiológicas que em muito superavam as nossas, contudo isso certamente acabava por ser uma lâmina de dois gumes como para qualquer outro. Dificilmente alguém tão robusto e musculoso teria uma mobilidade veloz como a do misterioso garoto, ou uma destreza física no mínimo aceitável como a minha.

Aja em equipe, meu próprio subconsciente me alertava.

Isso nem de longe era um fator determinante para nossa possível vitória, mas apostar no que nos destacávamos seria nossa melhor chance, eu sentia de alguma maneira. Essas linhas de raciocínio iam muito além de quaisquer capacidades de análises inteligentes, coisas que eram ausentes em mim, mas sim provindas daquele mesmo instinto corporal que me guiara até aqui. Era como se meu corpo, num canto profundo, no âmago, soubesse o modo correto de agir, cabendo unicamente a minha consciência decodificar e assimilar essas mensagens de conhecimento... marcial?

— Hamut, precisamos de foco agora mais do que nunca — falaria com ele, os olhos atentos no Minotauro em caso de sermos atacados. — Temos que agir em conjunto. Você consegue distraí-lo melhor do que eu, então faça isso. Ataque pelo alto e se afaste. Busque cansá-lo — eu entendia que o garoto tinha exímias habilidades de combate, mas ele precisava ser guiado. — Eu irei tentar algo, e se der certo, iremos focar então em atingir suas articulações e tendões.

O que formulou-se nitidamente em minha mente era aproveitar da companhia de Hamut para exercermos um real trabalho em conjunto visando derrubar Imset. De alguma forma, essa sensação de aliar-me com alguém em prol de lidar com um oponente maior não me era estranha, o que tornava o cenário um pouco menos arrebatador ao meu ver. Eu podia sim acabar morto, mas minha convicção falava mais alto que possíveis receios.

Com essas certezas incertas estabelecidas no interior, sentia minha respiração recuperando aos poucos o ritmo natural, o mesmo que sempre me poupara de desgastes maiores em meus árduos dias como hemu. Lembrei-me do meu corpo sempre pedindo por algo a mais, uma tarefa mais pesada, mais difícil, para que ele se colocasse à prova, e ali estava o que ele sempre almejou. Uma real provação, a mais desafiadora delas. Precisava superá-la a qualquer custo, não havia outro caminho.

— Vamos — disse em baixo tom com surpreendente tranquilidade, dado os últimos acontecimentos.

Tão logo Hamut se adiantasse para cima do medjai, eu também o faria, porém ganhando distância daquela lacuna de fogo à minha direita, visando não ser preso entre duas paredes de fogo caso Imset descesse seu machado novamente. Se ele queria limitar o terreno, eu dificultaria seu trabalho. Diante da mais visível brecha possível, assim que o garoto o distraísse e se afastasse, eu levaria minha mão livre até a areia e lançaria um punhado dos grãos contra os olhos do Minotauro.

Na sequência, contaria com minha própria força corporal para desferir um único soco em sua possivelmente desprotegida região torácica. Eu entendia que sua resistência física era consideravelmente alta, mas um golpe focalizado daquela forma na área estomacal num momento de distração... precisava dar certo.

Foco...

Minha guarda se armaria, pronto para desviar de possíveis ataques desorientados ou mesmo intencionados que Imset buscasse desferir diante do curto espaço entre nós, este que logo eu aumentaria com dois ou três passos. Nessa distância, a lança de sílex agora imbuída com mana, ainda que estranha aos meus dedos, poderia ser manuseada para desferir no mínimo golpes contra seus braços, focalizados nas regiões já atingidas por Hamut anteriormente. Se meus instintos julgassem cabível, cravaria a lâmina pétrea da arma em um ponto que eu entendesse como vital, reforçando a fortificação manarial se necessário.

Habilidade Utilizada:

Considerações:




Emme gosta desta mensagem

Conteúdo patrocinado

[CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo - Página 2 Empty Re: [CO] Maquinações Áridas Contra o Tempo

Ir para o topo
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos