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- Vhraz'akanNecromancia
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Data de inscrição : 21/09/2020
[CL] Póstumo
Seg Set 21, 2020 9:49 pm
SUMÁRIO
OBJETIVOS PRINCIPAIS
Entender sua condição atual de morto-vivo;Entender as próprias capacidades e limitações físicas;- Estudar a necromancia e suas possibilidades.
OBJETIVOS SECUNDÁRIOS
- Estudar sobre espíritos e suas variações;
Encontrar um grimório não-primal;Iniciar aprendizado de um idioma não-alureano;Descobrir a existência da Aldeia Netheria.
MISSÕES CONCLUÍDAS
- HELL'S KITCHEN; simples
- AQUILO QUE QUER SER ENCONTRADO; simples
RECOMPENSAS
- 75 XP — 20 de Ouro — 1 Baú Básico (Equipamento lvl 1)
- 50 XP — 1 Baú Básico (Poção de Vida)
CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS
- Conhecimento básico sobre a raça Lich;
- Conhecimento sobre a existência dos Portões da Morte;
- Conhecimento superficial sobre A Cadência para o Leste;
- Conhecimento básico sobre a história da Aldeia Netheria;
- Conhecimento superficial sobre a Garganta do Desespero;
- Conhecimento superficial sobre as Criptas Profanas;
- Conhecimento sobre o Olho Lúgubre fazer parte do Conceptáculo;
- Conhecimento superficial sobre a oculariência e seu funcionamento;
- Conhecimento básico a respeito dos Faunos Cinzentos e suas afinidades manariais.
- Vhraz'akanNecromancia
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Data de inscrição : 21/09/2020
Re: [CL] Póstumo
Sáb Set 26, 2020 10:47 pm
O espelho refletia cada vez menos uma face que ele podia chamar de sua. Os tons fúnebres do rosto, a ausência de cor nos olhos, os dentes cinzentos... tudo compunha uma imagem que Vhraz'akan repudiava. Sempre que tentava buscar traços de seu antigo eu no objeto reflexivo, apenas sentia o gosto da fúria dominando seu paladar e o deixando mais irritado a cada segundo. No ápice da raiva, quando percebeu já estava socando o vidro, rachando-o e fazendo com que seus pedaços caíssem ao chão.
— EPA! Vai ter que me pagar outro! — a velha que tanto odiava protestou atrás.
Sua voz soava aos ouvidos do morto-vivo como uma refeição indigesta, e em seu estado atual, ele não evitaria vomitar toda sua indignação nela.
— Pagar? Depois do que você fez comigo? Eu devia... Eu devia quebrar esse espelho usando sua CABEÇA! DESGRAÇADA!
— BAHAHAHAHAHA! — a detestável risada rouca cortava todo o silêncio do ambiente subterrâneo, e fez com que Vhraz'akan cerrasse os punhos, furioso.
Então, pela primeira vez após semanas, ele sentiu sua mana manifestar-se.
A mão direita foi tomada por um repentino formigamento e, com base em sua experiência da vida anterior, soube de átimo que se tratava de magia sendo canalizada. Decidido a destruir aquela que ousou transformá-lo naquilo, levantou o braço e abriu a palma, mirando-a diretamente na direção da decrépita mulher para acertá-la com seu raio de energia. Ela, por vez, segurou com mais força o bastão que usava para misturar suas poções, atenta, mas com semblante desafiador.
— Faça. — ordenou, abrindo a boca num sorriso débil.
O poder foi liberado, mas para a surpresa e decepção de Vhraz'akan, não tratava-se daquele projétil que estava tão acostumado a disparar. O que manifestou-se provinda de sua mão era uma aura esverdeada, fria, que transpassava ao ambiente todo o estado em que seu corpo se encontrava. Ela irradiava morte, e apenas isso.
— BAHAHAHA! Que baita necromante!
O ressuscitado sequer conseguiu responder algo. Por um lado, o evento somente concretizava e evidenciava sua condição, mas por outro... pensando como o mago que um dia fora, aquilo significava que em apenas três semanas e mesmo sem real intenção, ele conseguira reproduzir magia não-primal.
Foi assim que ele entendeu: se almejava voltar a ser o que era antes, precisaria lutar com as armas que tinha. Ele sabia por alto que a necromancia era poderosa e apesar das risadas da mulher, jurou ver por um segundo o mais puro medo em seus olhos. Era hora de aceitar sua nova existência, mas para isso, precisava entendê-la.
— Conte-me o que sou.
— Você é um ingrato! HAHAHA!
— BASTA! Já ouvi o suficiente das suas piadas ridículas! — sentia a fúria fluir novamente por seu corpo.
Ela pareceu o levar a sério, mas ainda se demonstrava relutante em dar-lhe qualquer mísera informação. Pensou por alguns segundos, direcionou os olhos ao seu caldeirão mais atrás, e sorriu assim que uma ideia lhe ocorreu. Virou-se, indo até o largo recipiente e passou a mexer a mistura líquida no interior com seu bastão, aparentando estar agora bastante empolgada.
— Vamos fazer um acordo então. Se pegar pra mim o ingrediente que está faltando pra poção, eu te conto o que quer saber.
— Você promete? — questionou em tom ameaçador.
— Sim! Ou não me chamo Baba Yaga, HAHAHA!
— EPA! Vai ter que me pagar outro! — a velha que tanto odiava protestou atrás.
Sua voz soava aos ouvidos do morto-vivo como uma refeição indigesta, e em seu estado atual, ele não evitaria vomitar toda sua indignação nela.
— Pagar? Depois do que você fez comigo? Eu devia... Eu devia quebrar esse espelho usando sua CABEÇA! DESGRAÇADA!
— BAHAHAHAHAHA! — a detestável risada rouca cortava todo o silêncio do ambiente subterrâneo, e fez com que Vhraz'akan cerrasse os punhos, furioso.
Então, pela primeira vez após semanas, ele sentiu sua mana manifestar-se.
A mão direita foi tomada por um repentino formigamento e, com base em sua experiência da vida anterior, soube de átimo que se tratava de magia sendo canalizada. Decidido a destruir aquela que ousou transformá-lo naquilo, levantou o braço e abriu a palma, mirando-a diretamente na direção da decrépita mulher para acertá-la com seu raio de energia. Ela, por vez, segurou com mais força o bastão que usava para misturar suas poções, atenta, mas com semblante desafiador.
— Faça. — ordenou, abrindo a boca num sorriso débil.
O poder foi liberado, mas para a surpresa e decepção de Vhraz'akan, não tratava-se daquele projétil que estava tão acostumado a disparar. O que manifestou-se provinda de sua mão era uma aura esverdeada, fria, que transpassava ao ambiente todo o estado em que seu corpo se encontrava. Ela irradiava morte, e apenas isso.
— BAHAHAHA! Que baita necromante!
O ressuscitado sequer conseguiu responder algo. Por um lado, o evento somente concretizava e evidenciava sua condição, mas por outro... pensando como o mago que um dia fora, aquilo significava que em apenas três semanas e mesmo sem real intenção, ele conseguira reproduzir magia não-primal.
Foi assim que ele entendeu: se almejava voltar a ser o que era antes, precisaria lutar com as armas que tinha. Ele sabia por alto que a necromancia era poderosa e apesar das risadas da mulher, jurou ver por um segundo o mais puro medo em seus olhos. Era hora de aceitar sua nova existência, mas para isso, precisava entendê-la.
— Conte-me o que sou.
— Você é um ingrato! HAHAHA!
— BASTA! Já ouvi o suficiente das suas piadas ridículas! — sentia a fúria fluir novamente por seu corpo.
Ela pareceu o levar a sério, mas ainda se demonstrava relutante em dar-lhe qualquer mísera informação. Pensou por alguns segundos, direcionou os olhos ao seu caldeirão mais atrás, e sorriu assim que uma ideia lhe ocorreu. Virou-se, indo até o largo recipiente e passou a mexer a mistura líquida no interior com seu bastão, aparentando estar agora bastante empolgada.
— Vamos fazer um acordo então. Se pegar pra mim o ingrediente que está faltando pra poção, eu te conto o que quer saber.
— Você promete? — questionou em tom ameaçador.
— Sim! Ou não me chamo Baba Yaga, HAHAHA!
Lvl 01 (00/100)
HP (100/100)
MANA (175/175)
ST (50/50)
HP (100/100)
MANA (175/175)
ST (50/50)
- Considerações:
- — Um post introdutório para evidenciar a situação base do personagem.
— Gostaria que estes dados fossem utilizados para uma Quest com base neles e no encaminhamento do Post a respeito do ingrediente. Se possível, inserir o dado de Informação dentre as recompensas.
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- Trueness
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Data de inscrição : 03/09/2020
Re: [CL] Póstumo
Sex Out 02, 2020 4:15 pm
Quest: [SIMPLES] Hell's kitchen!
Descrição: Agora Vhraz'akan precisaria acostumar-se com seu novo eu, mas isso não significava que ele iria esquecer completamente de quem fora um dia. O orgulho de ter sido um exímio usuário de magia ainda corria em seu sangue, então ele precisaria entender melhor o que era para conquistar novos conhecimentos e ser tão, tão, tão poderoso quanto antes, ou até mesmo mais. Contudo, Baba Yaga não daria informações ao bel prazer do recém morador de Charissa, tudo tem seu preço e logo ele entenderia que não era algo exclusivo da bruxa velha. Viver em Charissa tem seu preço. Por sorte, o preço de Baba Yaga era simples intestinos animalescos. De qual animal seria? Bem, qualquer um que caminhasse sobre a terra... Mas ela o alerta, a superfície chari não é fácil e encontros não desejados podem acontecer KYAYAYA!
Nota: Criação de uma criatura hostil ou não faz-se necessário, caso seja boa o suficiente, receberá um bônus de XP.
Recompensas: 50 XP (+ bônus) / Baú simples / Ouro a definir
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- Vhraz'akanNecromancia
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Data de inscrição : 21/09/2020
Re: [CL] Póstumo
Sáb Out 03, 2020 8:07 pm
O calabouço onde a velha decrépita morava ficava afastado das áreas mais movimentadas de Charissa. Com isso, encontrar algum animal não deveria ser tão difícil. Na verdade, sai algumas vezes nas últimas semanas para reconhecer o terreno e acostumar-me com a paisagem da Dissidência e lembro-me bem de ter visto alguns pequenos voadores esquisitos nos céus, vermes rastejando pela terra morta e outras criaturas que fariam qualquer um vomitar de tão grotescas que eram.
Pelos arredores do meu novo lar, abaixo das nuvens cinzentas, podia avistar pouco ao longe construções abandonadas há muito, outras ignorando regras da gravidade e flutuando, e também aquelas que não passavam de ruínas esquecidas.
Em Alastrine era comum encontrar roedores se esgueirando em becos e escondendo-se em meio ao lixo na penumbra. Houve uma época inclusive em que um surto dessas pragas atingiu uma das vilas e foi necessária a intervenção até mesmo de alguns soldados da altaguarda para dizimar elas. Era certo que ali em Charissa esses seres desprezíveis deviam se aninhar aos montes por locais moribundos, então era para um deles que eu iria.
Decidi traçar o percurso de maneira lenta e sem grandes esforços dado meu estado atual, notando como meu corpo reagia a cada novo passo. Era estranha a sensação do meu coração não acelerar conforme me locomovia, ou mesmo a de não inspirar o ar pesadamente para dentro das narinas diante do esforço — ainda que leve — físico. Independente das semanas como um morto-vivo, ainda sentia como se houvesse um vazio dentro de mim, como se algo estivesse faltando... mas o que era?
A vida...
Cuspi no chão assim que o pensamento se formulara. Fiz questão de me livrar da melancolia tão logo ela chegou, embora ainda me perguntasse de onde ela vinha. Eu sempre fora um homem prático e nada sentimentalista. Não consigo lembrar de um dia na fase adulta em que a tristeza me fez companhia, sempre estive ocupado estudando e aprimorando minhas habilidades como um exímio arcano. Por que esses pensamentos penosos insistiam em se formar na minha cabeça agora, maldição?!
— Tudo isso é culpa deles — constatei.
Com a mente ocupada por raciocínios, sequer percebi o quão próximo estava de uma das ruínas antes avistadas. Essa em particular parecia um dia ter sido uma casa espaçosa, com dois andares e alguns cômodos, mas agora estava totalmente em pedaços. Dada a ausência de portas, somente os baques surdos dos meus passos anunciavam minha presença.
No interior o estado lastimável era ainda mais visível. Pedaços do teto haviam despencado certamente há anos, teias forravam os cantos de paredes que ainda se mantinham de pé, e todo o resto não se encontrava muito melhor. De qualquer forma, a conservação do lugar pouco me importava. Explorei com cautela o interior dele agora com meu punhal já em mãos, tomando cuidado onde pisava e atento para com a possível aparição de algum roedor nojento.
— Perdido, amigo? Hehe.
Não sei como foi possível, mas senti o interior do meu corpo ficando ainda mais gélido com o susto daquela voz vinda de um ponto cego mais ao lado. Conseguia ver apenas uma silhueta sentada em meio a penumbra, mas por coincidência ou não, logo algumas das nuvens acima de nós se dispersaram, permitindo que o que quer que tenha falado comigo fosse revelado pela luz lunar.
Pelos arredores do meu novo lar, abaixo das nuvens cinzentas, podia avistar pouco ao longe construções abandonadas há muito, outras ignorando regras da gravidade e flutuando, e também aquelas que não passavam de ruínas esquecidas.
Em Alastrine era comum encontrar roedores se esgueirando em becos e escondendo-se em meio ao lixo na penumbra. Houve uma época inclusive em que um surto dessas pragas atingiu uma das vilas e foi necessária a intervenção até mesmo de alguns soldados da altaguarda para dizimar elas. Era certo que ali em Charissa esses seres desprezíveis deviam se aninhar aos montes por locais moribundos, então era para um deles que eu iria.
Decidi traçar o percurso de maneira lenta e sem grandes esforços dado meu estado atual, notando como meu corpo reagia a cada novo passo. Era estranha a sensação do meu coração não acelerar conforme me locomovia, ou mesmo a de não inspirar o ar pesadamente para dentro das narinas diante do esforço — ainda que leve — físico. Independente das semanas como um morto-vivo, ainda sentia como se houvesse um vazio dentro de mim, como se algo estivesse faltando... mas o que era?
A vida...
Cuspi no chão assim que o pensamento se formulara. Fiz questão de me livrar da melancolia tão logo ela chegou, embora ainda me perguntasse de onde ela vinha. Eu sempre fora um homem prático e nada sentimentalista. Não consigo lembrar de um dia na fase adulta em que a tristeza me fez companhia, sempre estive ocupado estudando e aprimorando minhas habilidades como um exímio arcano. Por que esses pensamentos penosos insistiam em se formar na minha cabeça agora, maldição?!
— Tudo isso é culpa deles — constatei.
Com a mente ocupada por raciocínios, sequer percebi o quão próximo estava de uma das ruínas antes avistadas. Essa em particular parecia um dia ter sido uma casa espaçosa, com dois andares e alguns cômodos, mas agora estava totalmente em pedaços. Dada a ausência de portas, somente os baques surdos dos meus passos anunciavam minha presença.
No interior o estado lastimável era ainda mais visível. Pedaços do teto haviam despencado certamente há anos, teias forravam os cantos de paredes que ainda se mantinham de pé, e todo o resto não se encontrava muito melhor. De qualquer forma, a conservação do lugar pouco me importava. Explorei com cautela o interior dele agora com meu punhal já em mãos, tomando cuidado onde pisava e atento para com a possível aparição de algum roedor nojento.
— Perdido, amigo? Hehe.
Não sei como foi possível, mas senti o interior do meu corpo ficando ainda mais gélido com o susto daquela voz vinda de um ponto cego mais ao lado. Conseguia ver apenas uma silhueta sentada em meio a penumbra, mas por coincidência ou não, logo algumas das nuvens acima de nós se dispersaram, permitindo que o que quer que tenha falado comigo fosse revelado pela luz lunar.
Lvl 01 (00/100)
HP (100/100)
MANA (175/175)
ST (35/50)
HP (100/100)
MANA (175/175)
ST (35/50)
- Missão:
- Quest: [SIMPLES] Hell's kitchen!
Descrição: Agora Vhraz'akan precisaria acostumar-se com seu novo eu, mas isso não significava que ele iria esquecer completamente de quem fora um dia. O orgulho de ter sido um exímio usuário de magia ainda corria em seu sangue, então ele precisaria entender melhor o que era para conquistar novos conhecimentos e ser tão, tão, tão poderoso quanto antes, ou até mesmo mais. Contudo, Baba Yaga não daria informações ao bel prazer do recém morador de Charissa, tudo tem seu preço e logo ele entenderia que não era algo exclusivo da bruxa velha. Viver em Charissa tem seu preço. Por sorte, o preço de Baba Yaga era simples intestinos animalescos. De qual animal seria? Bem, qualquer um que caminhasse sobre a terra... Mas ela o alerta, a superfície chari não é fácil e encontros não desejados podem acontecer KYAYAYA!
Nota: Criação de uma criatura hostil ou não faz-se necessário, caso seja boa o suficiente, receberá um bônus de XP.
Recompensas: 50 XP (+ bônus) / Baú simples / Ouro a definir
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- Vhraz'akanNecromancia
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Re: [CL] Póstumo
Sáb Out 03, 2020 8:16 pm
E u não esperava por algo assim, fosse por sua aparência ou pelo fato dele estar sorrindo para mim como se fossemos conhecidos. Envolvi o cabo do punhal com um pouco mais de força, me preparando para estripá-lo caso fosse necessário. Notei que ele ostentava algo luminescente em sua mão; seria uma arma?
— Opa! C-calma aí parceiro, não to trás de confusão não! É só uma poçãozinha!
— O que você é?
— Sou só um Fauno! Me chamo Braqwees! Sou inofensivo!
Ele não podia estar dizendo a verdade. Nunca vi um da espécie com meus próprios olhos, mas lembro-me bem de alguns conhecidos na adolescência me contarem sobre algumas criaturas vistas no Desígnio de Echtra. O que um Fauno estaria fazendo em território chari e não numa floresta, e acima de tudo com esse aspecto asqueroso?
— Não gosto de mentiras — elevei a lâmina em sinal de ameaça. — Você não pode ser o que diz.
— Ah, entendi — a tensão nos seus ombros foi embora e ele relaxou, voltando a esboçar o mesmo sorriso amigável de antes. — Você esperava um Yargr florido assoprando uma flauta? Eu odeio música! HAHAHAHAHA!
Cerrei o punho livre, irritado e sem paciência com a situação. Eu detestava risadas debochadas, joguinhos e enganações. Fora a maldita Baba Yaga, ele era a segunda coisa que eu mais odiava nesse momento.
Bem, ao menos até ouvir aqueles ruídos.
Eles começaram baixos, mas foram se intensificando conforme os emissores se aproximavam aos montes pelo escuro corredor à esquerda. Tão logo os primeiros pisaram no salão principal onde estávamos, mais e mais chegavam, incontáveis e agora com a lua iluminando suas presenças e revelando-os:
Para a sorte, eram ratos conforme eu buscava. Para o azar, não pareciam-se em nada com os roedores alastrios que eu conhecia.
— SANTO SÁTIRO! VAMOS MORRER! NÓS VAMOS MORRER!
Toda sua compostura desleixada deu espaço para o terror, e eu conseguia entender o porquê. As ratazanas possuíam presas extras que se projetavam não do interior da boca, mas do queixo e da região abaixo do fucinho. Guinchavam euforicamente e se aproximavam cada vez mais em frenesi, um passando por cima do outro visando chegar até nós mais rápido.
Instintivamente, passei o punhal para a mão canhota, estiquei o braço direito e abri minha palma na direção das criaturas. Canalizei minha mana e assim como fiz anteriormente com Baba Yaga, projetei desta vez conscientemente a aura necrótica contra eles.
De átimo as pequenas feras frearam seus movimentos. Foi como se por um breve instante, elas percebessem diante de quem estavam e decidissem recuar, trêmulas e receosas. Contudo, não foram embora. Enquanto eu emanava aquela essência fria em tons esverdeados, elas mantinham distância, mas eu sabia que na menor oscilação da aura avançariam e comeriam cada pedaço de nós.
Porém, era eu quem precisava de um pedaço deles.
Caminhei na direção da ninhada intensificando a magia, obrigando a maioria a recuar de volta para o corredor de onde vieram. Sobraram alguns poucos que na euforia se encurralaram na parede ao lado, agora trêmulos e nada corajosos.
— O q-que você ta fazendo, cara?! V-vamos sair daqui! Eles tem um-uma rainha, vão levar a gente pra ela! — a voz do Fauno soava aguda.
— Cale a boca.
Cheguei próximo de um roedor específico e sem maiores espetáculos enfiei meu punhal em sua cabeça. O frágil osso da criatura rachou com a incisão da lâmina e seu corpo parou de debater, já sem resquícios de vida. Peguei-o pelo rabo, ainda que achasse nojento tocar naquele corpo repugnante, e o coloquei dentro de um dos bolsos. Do escuro corredor, eu ainda podia ouvir guinchos dos demais ansiosos em investir novamente.
— Isso! Continua com esse negócio aí pra espantar eles e vamos embora! — falava agora em tom esperançoso.
— Não pense que vou desperdiçar mana com você. Está por conta própria — comuniquei, virando-lhe às costas.
— ESPERA! Eu tenho o-ouro, olha!
Tirou das calças algumas moedas, ofertando-as para mim. Podia ver a súplica nos seus olhos, como se eles falassem diretamente com os meus clamando por ajuda. Estendi a palma recebendo os valores, os guardei num bolso diferente daquele em que o rato inerte jazia e em seguida enfiei meu punhal no estômago do Fauno.
Ele cuspiu sangue, segurou-me nos ombros quando perdeu a força nas pernas, mas logo me desvencilhei dele com um empurrão. Livre de qualquer culpa, virei-me e me encaminhei finalmente para a saída. Os roedores, uma vez que minha aura se afastava, avançavam sedentos pela refeição que eu havia deixado para mantê-los ocupados enquanto eu partia.
— NÃO! NÃAAA-AO! — gritava enquanto as criaturas cravavam as presas por toda sua carne. — LICH MALDITOOO!
Lich?
Independente do que aquilo significasse, foi a última coisa que o ouvi dizer.
— Opa! C-calma aí parceiro, não to trás de confusão não! É só uma poçãozinha!
— O que você é?
— Sou só um Fauno! Me chamo Braqwees! Sou inofensivo!
Ele não podia estar dizendo a verdade. Nunca vi um da espécie com meus próprios olhos, mas lembro-me bem de alguns conhecidos na adolescência me contarem sobre algumas criaturas vistas no Desígnio de Echtra. O que um Fauno estaria fazendo em território chari e não numa floresta, e acima de tudo com esse aspecto asqueroso?
— Não gosto de mentiras — elevei a lâmina em sinal de ameaça. — Você não pode ser o que diz.
— Ah, entendi — a tensão nos seus ombros foi embora e ele relaxou, voltando a esboçar o mesmo sorriso amigável de antes. — Você esperava um Yargr florido assoprando uma flauta? Eu odeio música! HAHAHAHAHA!
Cerrei o punho livre, irritado e sem paciência com a situação. Eu detestava risadas debochadas, joguinhos e enganações. Fora a maldita Baba Yaga, ele era a segunda coisa que eu mais odiava nesse momento.
Bem, ao menos até ouvir aqueles ruídos.
Eles começaram baixos, mas foram se intensificando conforme os emissores se aproximavam aos montes pelo escuro corredor à esquerda. Tão logo os primeiros pisaram no salão principal onde estávamos, mais e mais chegavam, incontáveis e agora com a lua iluminando suas presenças e revelando-os:
Para a sorte, eram ratos conforme eu buscava. Para o azar, não pareciam-se em nada com os roedores alastrios que eu conhecia.
— SANTO SÁTIRO! VAMOS MORRER! NÓS VAMOS MORRER!
Toda sua compostura desleixada deu espaço para o terror, e eu conseguia entender o porquê. As ratazanas possuíam presas extras que se projetavam não do interior da boca, mas do queixo e da região abaixo do fucinho. Guinchavam euforicamente e se aproximavam cada vez mais em frenesi, um passando por cima do outro visando chegar até nós mais rápido.
Instintivamente, passei o punhal para a mão canhota, estiquei o braço direito e abri minha palma na direção das criaturas. Canalizei minha mana e assim como fiz anteriormente com Baba Yaga, projetei desta vez conscientemente a aura necrótica contra eles.
De átimo as pequenas feras frearam seus movimentos. Foi como se por um breve instante, elas percebessem diante de quem estavam e decidissem recuar, trêmulas e receosas. Contudo, não foram embora. Enquanto eu emanava aquela essência fria em tons esverdeados, elas mantinham distância, mas eu sabia que na menor oscilação da aura avançariam e comeriam cada pedaço de nós.
Porém, era eu quem precisava de um pedaço deles.
Caminhei na direção da ninhada intensificando a magia, obrigando a maioria a recuar de volta para o corredor de onde vieram. Sobraram alguns poucos que na euforia se encurralaram na parede ao lado, agora trêmulos e nada corajosos.
— O q-que você ta fazendo, cara?! V-vamos sair daqui! Eles tem um-uma rainha, vão levar a gente pra ela! — a voz do Fauno soava aguda.
— Cale a boca.
Cheguei próximo de um roedor específico e sem maiores espetáculos enfiei meu punhal em sua cabeça. O frágil osso da criatura rachou com a incisão da lâmina e seu corpo parou de debater, já sem resquícios de vida. Peguei-o pelo rabo, ainda que achasse nojento tocar naquele corpo repugnante, e o coloquei dentro de um dos bolsos. Do escuro corredor, eu ainda podia ouvir guinchos dos demais ansiosos em investir novamente.
— Isso! Continua com esse negócio aí pra espantar eles e vamos embora! — falava agora em tom esperançoso.
— Não pense que vou desperdiçar mana com você. Está por conta própria — comuniquei, virando-lhe às costas.
— ESPERA! Eu tenho o-ouro, olha!
Tirou das calças algumas moedas, ofertando-as para mim. Podia ver a súplica nos seus olhos, como se eles falassem diretamente com os meus clamando por ajuda. Estendi a palma recebendo os valores, os guardei num bolso diferente daquele em que o rato inerte jazia e em seguida enfiei meu punhal no estômago do Fauno.
Ele cuspiu sangue, segurou-me nos ombros quando perdeu a força nas pernas, mas logo me desvencilhei dele com um empurrão. Livre de qualquer culpa, virei-me e me encaminhei finalmente para a saída. Os roedores, uma vez que minha aura se afastava, avançavam sedentos pela refeição que eu havia deixado para mantê-los ocupados enquanto eu partia.
— NÃO! NÃAAA-AO! — gritava enquanto as criaturas cravavam as presas por toda sua carne. — LICH MALDITOOO!
Lich?
Independente do que aquilo significasse, foi a última coisa que o ouvi dizer.
Lvl 01 (00/100)
HP (100/100)
MANA (135/175)
ST (35/50)
HP (100/100)
MANA (135/175)
ST (35/50)
- Habilidade utilizada:
νεκρωτική αύρα
(aura necrótica)
Nível: 1
Custo: 15 de Mana
Dano Base: —
Descrição: Canaliza sua mana necrótica e a libera por meio de uma aura gélida, transpassando toda sua essência cadavérica ao alvo. É comum ser usada como forma de anunciar sua presença ou mesmo intimidar os que forem afetados por ela, estando o poderio da habilidade diretamente ligado ao nível de força do próprio necromante.
Nota Interpretativa: Seres considerados fracos, como pequenos animais ou espíritos menores, são facilmente afugentados após a sentirem.
Efeitos: Causa um status Fear no alvo, deixando-o paralisado e hesitante em executar a próxima ação.
- Considerações:
- Quest finalizada;
- O Fauno foi apenas um NPC, sendo as Ratazanas Chari a criatura a ser criada;
- Tomei a liberdade de narrá-lo pegando as moedas do Fauno visando incrementar a sequência dos acontecimentos, com base na recompensa em ouro.
- Descontei 40 de mana por considerar que ele usou a habilidade continuamente num primeiro momento, e após atacar o fauno supostamente tenha precisado usá-la novamente para sair em segurança dali;
- Ele saiu com a ratazana morta em um dos bolsos, pretendendo estripá-la posteriomente para Baba Yaga.
- Quest finalizada;
- Missão:
- Quest: [SIMPLES] Hell's kitchen!
Descrição: Agora Vhraz'akan precisaria acostumar-se com seu novo eu, mas isso não significava que ele iria esquecer completamente de quem fora um dia. O orgulho de ter sido um exímio usuário de magia ainda corria em seu sangue, então ele precisaria entender melhor o que era para conquistar novos conhecimentos e ser tão, tão, tão poderoso quanto antes, ou até mesmo mais. Contudo, Baba Yaga não daria informações ao bel prazer do recém morador de Charissa, tudo tem seu preço e logo ele entenderia que não era algo exclusivo da bruxa velha. Viver em Charissa tem seu preço. Por sorte, o preço de Baba Yaga era simples intestinos animalescos. De qual animal seria? Bem, qualquer um que caminhasse sobre a terra... Mas ela o alerta, a superfície chari não é fácil e encontros não desejados podem acontecer KYAYAYA!
Nota: Criação de uma criatura hostil ou não faz-se necessário, caso seja boa o suficiente, receberá um bônus de XP.
Recompensas: 50 XP (+ bônus) / Baú simples / Ouro a definir
- Ratazanas Chari:
- Os ratos em chari sofreram muitas mutações devido a grande quantidade de magia não-primal praticada nessas terras. Como frutos de radiação mágica, perderam seus pelos e as deformações ao longo do seu corpo são nítidas. Outro ponto foi que desenvolveram presas extras que servem para perfurar a carne daqueles que atacam e arrancar pedaços da mesma. É incomum vê-los andando em locais frequentados ou mesmo por ruas. Costumam se abrigar no interior de ruínas, castelos abandonados, construções esquecidas pelo tempo e demais locais escuros e inóspitos.
Para além dessas peculiaridades e diferenciações de roedores comuns como os alastrios, servem diretamente à uma rainha. Ela sempre é maior, possui quatro pares de patas e dificilmente deixa seu local de repouso. Os machos levam até ela alimento para que se torne forte e resistente o suficiente para gerar e dar a luz a uma nova ninhada. Além disso, é capaz de regurgitar uma gosma proveniente dos restos de comida e ácidos digestivos em seu estômago, muito nociva a qualquer um, seja pela capacidade corrosiva, seja pelas doenças e bactérias nela presentes.
Caso não sejam controlados, é possível que se tornem uma praga preocupante devido ao número, sendo a quantidade o maior perigo que oferecem, visto que ao menos os machos não possuem qualquer fonte de dano fora a mordida.
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- Trueness
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Re: [CL] Póstumo
Sáb Out 03, 2020 8:53 pm
Avaliação escreveu:
- Quest finalizada;
- Recompensas: 50 XP (+15 XP monstro em rota +10 XP bônus ) / Baú simples / 20 ouro;
- A criatura criada deve ser enviada para @chansudesu a fim de anexá-la ao bestiário;
- Considerações: Como sempre, uma ótima narração, coesa e emocionante. Você consegue prender o leitor facilmente com toda essa ambientação que você cria, deixando todos vidrados nos acontecimentos e nos faz querer acompanhar todo o desenrolar de sua trama. Obrigado pelo empenho <3
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Re: [CL] Póstumo
Dom Out 04, 2020 2:08 am
A assim que alcancei a entrada daquelas ruínas onde estava morando temporariamente, senti uma forte indisposição física. Era como se todo meu corpo estivesse cansado, com dificuldades de realizar qualquer outro esforço após a caminhada de retorno. A sensação dessa exaustão era muito diferente da que sentia quando em vida, se assemelhava a uma máquina que ia perdendo seu combustível e aos poucos dava sinais de que não conseguiria prosseguir funcionando por muito mais tempo. Era isso que havia me tornado?
Desci as escadas maltratadas com cuidado, sentindo náuseas e começando a enxergar pontos pretos diante dos olhos. Baba Yaga avistou-me quando cheguei aos últimos degraus e moveu aquele corpo magrelo e decrépito até mim, aparentando preocupação.
— Eita! Não aguentou direito ir daqui ali?!
— Me solta! — afastei suas mãos e caminhei com dificuldade até o salão onde as poções eram preparadas, ela seguindo-me de perto.
Fui até o balcão de apoio, onde ela costumava depositar os itens e utensílios que usaria em suas misturas, e retirei do bolso aquela repugnante ratazana morta. Deitei seu corpo inerte de barriga para cima e cravei meu punhal na mesma, abrindo-a para a medida em que algumas entranhas já saiam pra fora.
— Está aí o seu maldito ingrediente — sentei numa das cadeiras para recuperar as forças perdidas e então apontei a lâmina em minhas mãos para ela. — Conte tudo agora, ou você vai ficar muito pior que esse rato.
— BAHAHAHAHA! Bem humorado como sempre! — lancei um olhar fulminante para ela, fazendo com que parasse de rir. — Tá bom, tá bom... trato é trato.
Ela enfiou a mão no abdômen aberto do roedor e removeu suas vísceras repletas de sangue coagulando. Depositou-as então dentro da caldeira e passou a mexer o líquido no interior com seu bastão. O aroma da poção era horrível, mas ela parecia muito feliz com os resultados que via diante dos seus olhos. Velha nojenta, pensei.
— Você é um lich, meu querido. Um morto-vivo, nem aqui, nem lá, no meio. HAHAHA!
Então aquele Fauno me chamara disso não por ofensa, e sim por eu ser considerado aquilo.
— Há outros como eu por aí?
— Turrão igual você assim, não tem não! BAHAHA! Mas lich tem aos montes! Só que cada um é diferente.
— Eles foram ressuscitados da mesma forma que eu?
Ela acenou pedindo um minuto, foi até o armário onde estocava suas experiências e trouxe um frasco consigo. Colocou-o sobre a madeira do balcão, admirando-o. O conteúdo era verde luminescente, e descansava naquele recipiente com a tampa em formato de crânio.
— Essa aqui é uma das minhas obras-primas, a poção do morto-vivo! Foi com ela que te trouxe de volta — abaixou o dorso, repousando seus olhos fascinados sobre o objeto. — Tá cheia de umas coisinhas legais, inclusive sangue de necromante. HIHIHI!
Então foi por isso que minha mana acabou sendo modificada? Era aquele líquido o responsável por interromper o processo da minha morte e fazer com que eu me tornasse um cadáver andante? Tive que me segurar pra não levantar e fazer aquele frasco descer à força pela garganta da velha.
— Enfim, a maioria dos lich poderosos procuraram meios de se tornarem o que são. Os fraquinhos assim igual você que geralmente foram transformados por algo ou alguém mesmo. HAHA!
— Espera, eles se tornaram mortos-vivos por conta própria? Quem iria querer ficar desse jeito?! — eu não conseguia entender aquilo.
— Realmente, seria uma lástima! BAHAHAHA! E tem uns em estado bem pior que o seu, mas pra eles é vantajoso: imagine poder não sentir os meses passando, ter quanto tempo quisesse pra aprender novas magias, novos rituais ou o que quer que seja. Eu mesma tento fazer uma poção de rejuvenescimento há anos! BAHAHAHA!
Não havia pensado dessa forma até então. Ela não devia estar falando baboseiras, pois tudo fazia sentido. Como o mago que fui, entendia a frustração de ter apenas uma vida pra descobrir coisas que estavam ocultas há décadas. Independente de quantos dias ainda tivesse disponíveis no seu cronômetro vital, você não seria capaz de entender tudo, de saber tudo. Uma existência como a minha, ignorando as condições corporais, podia ser vista como uma bênção para muitos arcanos ou outros que anseiam por grandes poderes.
— Então eu sou imortal? — questionei, imaginando possibilidades.
— Olha, morrer de causas naturais você não vai! HAHAHAHA! Nem de gripe, ou coisa assim. Eu só não tentaria esgotar a mana pra ver o que acontece, e também acho que ter membros decepados não seja uma boa ideia. BAHAHAHA!
— O que mais você sabe? — tentei ignorar aquelas irritantes risadas exageradas, focando em tirar dela o máximo que pudesse.
— Mais que isso, só se eu mesma fosse um lich. HIHIHI! Mas... — ela esboçou um semblante pensativo, avaliando se deveria ou não me contar do que se lembrou. Um aceno com o punhal foi o suficiente pra fazê-la decidir. — Tem um lugar, Aldeia Netheria o nome, fica ao sudeste de Charissa. Lá tem morto-vivo aos montes! Só que, se quer a opinião de uma amiga, é melhor você ficar bem mais forte antes de ir lá. HIHIHI, sem brincadeiras!
Ela tornou a misturar sua poção no caldeirão e assim que seus olhos, tanto o bom quanto o cego, brilharam com o que via, eu soube que ela não falaria mais nada. Pelo menos essa velha moribunda cumpriu com sua palavra e acabou falando bem mais do que eu esperava.
Como me sentia melhor fisicamente após repousar por aqueles minutos na cadeira, levantei-me e fui até o armário onde ela guardava suas poções. Aproveitei de sua distração com o caldeirão pra vasculhar o interior da mobília, achando ali um frasco que se parecia muito com um que ela me dera dias atrás; certamente era uma poção de mana, dadas as semelhanças de coloração.
Fui até o cômodo designado como meus aposentos e abri meu livreto de anotações. Passei a escrever com a pena uma série de informações nele, fazendo ligações, notas e estabelecendo caminhos para traçar em seguida. Me conhecendo, sabia que ficaria horas imerso naquele processo de estudos, o que seria bom para recuperar as energias físicas gastas anteriormente.
Desci as escadas maltratadas com cuidado, sentindo náuseas e começando a enxergar pontos pretos diante dos olhos. Baba Yaga avistou-me quando cheguei aos últimos degraus e moveu aquele corpo magrelo e decrépito até mim, aparentando preocupação.
— Eita! Não aguentou direito ir daqui ali?!
— Me solta! — afastei suas mãos e caminhei com dificuldade até o salão onde as poções eram preparadas, ela seguindo-me de perto.
Fui até o balcão de apoio, onde ela costumava depositar os itens e utensílios que usaria em suas misturas, e retirei do bolso aquela repugnante ratazana morta. Deitei seu corpo inerte de barriga para cima e cravei meu punhal na mesma, abrindo-a para a medida em que algumas entranhas já saiam pra fora.
— Está aí o seu maldito ingrediente — sentei numa das cadeiras para recuperar as forças perdidas e então apontei a lâmina em minhas mãos para ela. — Conte tudo agora, ou você vai ficar muito pior que esse rato.
— BAHAHAHAHA! Bem humorado como sempre! — lancei um olhar fulminante para ela, fazendo com que parasse de rir. — Tá bom, tá bom... trato é trato.
Ela enfiou a mão no abdômen aberto do roedor e removeu suas vísceras repletas de sangue coagulando. Depositou-as então dentro da caldeira e passou a mexer o líquido no interior com seu bastão. O aroma da poção era horrível, mas ela parecia muito feliz com os resultados que via diante dos seus olhos. Velha nojenta, pensei.
— Você é um lich, meu querido. Um morto-vivo, nem aqui, nem lá, no meio. HAHAHA!
Então aquele Fauno me chamara disso não por ofensa, e sim por eu ser considerado aquilo.
— Há outros como eu por aí?
— Turrão igual você assim, não tem não! BAHAHA! Mas lich tem aos montes! Só que cada um é diferente.
— Eles foram ressuscitados da mesma forma que eu?
Ela acenou pedindo um minuto, foi até o armário onde estocava suas experiências e trouxe um frasco consigo. Colocou-o sobre a madeira do balcão, admirando-o. O conteúdo era verde luminescente, e descansava naquele recipiente com a tampa em formato de crânio.
— Essa aqui é uma das minhas obras-primas, a poção do morto-vivo! Foi com ela que te trouxe de volta — abaixou o dorso, repousando seus olhos fascinados sobre o objeto. — Tá cheia de umas coisinhas legais, inclusive sangue de necromante. HIHIHI!
Então foi por isso que minha mana acabou sendo modificada? Era aquele líquido o responsável por interromper o processo da minha morte e fazer com que eu me tornasse um cadáver andante? Tive que me segurar pra não levantar e fazer aquele frasco descer à força pela garganta da velha.
— Enfim, a maioria dos lich poderosos procuraram meios de se tornarem o que são. Os fraquinhos assim igual você que geralmente foram transformados por algo ou alguém mesmo. HAHA!
— Espera, eles se tornaram mortos-vivos por conta própria? Quem iria querer ficar desse jeito?! — eu não conseguia entender aquilo.
— Realmente, seria uma lástima! BAHAHAHA! E tem uns em estado bem pior que o seu, mas pra eles é vantajoso: imagine poder não sentir os meses passando, ter quanto tempo quisesse pra aprender novas magias, novos rituais ou o que quer que seja. Eu mesma tento fazer uma poção de rejuvenescimento há anos! BAHAHAHA!
Não havia pensado dessa forma até então. Ela não devia estar falando baboseiras, pois tudo fazia sentido. Como o mago que fui, entendia a frustração de ter apenas uma vida pra descobrir coisas que estavam ocultas há décadas. Independente de quantos dias ainda tivesse disponíveis no seu cronômetro vital, você não seria capaz de entender tudo, de saber tudo. Uma existência como a minha, ignorando as condições corporais, podia ser vista como uma bênção para muitos arcanos ou outros que anseiam por grandes poderes.
— Então eu sou imortal? — questionei, imaginando possibilidades.
— Olha, morrer de causas naturais você não vai! HAHAHAHA! Nem de gripe, ou coisa assim. Eu só não tentaria esgotar a mana pra ver o que acontece, e também acho que ter membros decepados não seja uma boa ideia. BAHAHAHA!
— O que mais você sabe? — tentei ignorar aquelas irritantes risadas exageradas, focando em tirar dela o máximo que pudesse.
— Mais que isso, só se eu mesma fosse um lich. HIHIHI! Mas... — ela esboçou um semblante pensativo, avaliando se deveria ou não me contar do que se lembrou. Um aceno com o punhal foi o suficiente pra fazê-la decidir. — Tem um lugar, Aldeia Netheria o nome, fica ao sudeste de Charissa. Lá tem morto-vivo aos montes! Só que, se quer a opinião de uma amiga, é melhor você ficar bem mais forte antes de ir lá. HIHIHI, sem brincadeiras!
Ela tornou a misturar sua poção no caldeirão e assim que seus olhos, tanto o bom quanto o cego, brilharam com o que via, eu soube que ela não falaria mais nada. Pelo menos essa velha moribunda cumpriu com sua palavra e acabou falando bem mais do que eu esperava.
Como me sentia melhor fisicamente após repousar por aqueles minutos na cadeira, levantei-me e fui até o armário onde ela guardava suas poções. Aproveitei de sua distração com o caldeirão pra vasculhar o interior da mobília, achando ali um frasco que se parecia muito com um que ela me dera dias atrás; certamente era uma poção de mana, dadas as semelhanças de coloração.
Fui até o cômodo designado como meus aposentos e abri meu livreto de anotações. Passei a escrever com a pena uma série de informações nele, fazendo ligações, notas e estabelecendo caminhos para traçar em seguida. Me conhecendo, sabia que ficaria horas imerso naquele processo de estudos, o que seria bom para recuperar as energias físicas gastas anteriormente.
Lvl 01 (75/100)
HP (100/100)
MANA (150/175)
ST (15/50)
HP (100/100)
MANA (150/175)
ST (15/50)
- Considerações:
- Peço que seja avaliada a interação com a NPC para ganho de XP.
- Foram utilizados os dados deste SORTEIO para o Post;
- O dado de Informação usei para que ele soubesse da existência da Aldeia Netheria;
- Poção de Mana foi roubada do ármario de poções da Baba Yaga;
- Considerei o Coringa como Informação para que ele soubesse mais de sua situação enquanto lich, bem como demais pontos a respeito. Peço que seja avaliada a possibilidade de obtenção de conhecimento sobre a raça. Tenho planos de ir até Netheria futuramente para saber ainda mais sobre os lich, então será um ponto a ser desenvolvido com o rolar do RP.
- Peço que seja avaliada a interação com a NPC para ganho de XP.
- Pendências:
- Equipamento (1) ganho neste SORTEIO.
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Avaliação
Dom Out 04, 2020 7:38 pm
+25 xp por Interação Prolongada com desenvolvimento de RP1
+10 xp bônus por Interação Comum com desenvolvimento de RP2
+Conhecimento básico sobre a Raça Lich.
Nota1: Considerei prolongada a interação com Baba Yaga considerando o início de campanha que culminou em uma quest e infos úteis para o personagem.
Nota2: Considerei uma interação comum, com o fauno durante a quest. Uma vez que a quest não pedia tal interação, e, através dela você mostrou nuances da personalidade do personagem.
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Re: [CL] Póstumo
Dom Out 11, 2020 7:59 pm
H oras haviam se passado quando finalmente dei por concluído o processo de estudos no qual fiquei imerso. Tracei alguns planos e alinhei meus próximos passos, sendo o primeiro deles visitar a cidadela principal. Precisava entender e conhecer onde se localizavam as bibliotecas, tavernas, pontos para obtenção de itens específicos e demais locais necessários para a ascensão de alguém como eu, que busca o conhecimento e poder.
— Vai pra onde? — Yaga questionou ao me ver rumando até as escadas.
— Não te devo satisfações, velha intrometida.
— BAHAHAHA! Tomara que morra também! — ela percebeu a piada implícita que havia feito e tapou a boca, debochando. — Ops, desculpa! HIHIHI!
Maldita.
Ignorei os comentários desaforados daquela moribunda petulante e deixei-a para trás, bem como as ruínas decrépitas que ela chamava de lar. Dali até a cidadela principal, segundo o que ela havia me dito dias atrás, seria necessário cerca de quase meia hora caminhando; coisa que em meu estado atual tratava-se de um esforço enorme.
De qualquer forma, aproveitaria do infortúnio para fazer novas observações a respeito dos meus limites físicos. Teria aquela exaustão anterior me assolado devido a falta de prática? Ou simplesmente aquele era o máximo que meu corpo conseguia alcançar uma vez não estando com todas suas funções originais ativas? Os passos que agora dava em direção a área central de Charissa serviriam para compor as respostas que eu precisava.
Conforme a distância ia diminuindo, meus olhos dançavam pela cavidade ocular de um lado ao outro, percebendo o caótico e confuso cenário ao redor. Coisas muito além da minha compreensão aconteciam a todo momento e sabia que era melhor ignorá-las por hora, focando-me no caminho em frente. Quais explicações eu poderia dar afinal para casebres flutuantes que simplesmente desapareciam numa segunda olhada, ou mesmo para criaturas com membros extras que cortavam os céus num voo irregular ao longe? O que concluí muito cedo durante minha caminhada era que, em território chari, você apenas deveria seguir sem questionamentos o fluxo que a própria dissidência ditava para você.
O problema era que esse percurso traçado por forças maiores acabou fazendo-me dar de cara com o que eu chamaria de um grande e corpulento imprevisto. Não que eu sentisse medo ou algo assim, eu sabia como me impor ou caso fosse necessário, utilizar meus próprios meios dentro de um embate, mas confesso que a visão daquele par de chifres negros foi uma surpresa um tanto indigesta.
Diferente do fauno que sentiu o gosto metálico do meu punhal, esse era robusto e precisou se abaixar do alto de seus quase dois metros para sair de dentro da taverna logo adiante. Posicionado lateralmente, ele cravou seus olhos escuros em mim, em minhas vestes e então franziu o cenho.
— Você... — foi a única coisa que disse antes de levantar seu machado e trotar em minha direção.
Senti o fluxo de mana em meu interior acelerar, tal como a adrenalina flui pelas veias num momento de perigo como esse, e aproveitei-me disso para canalizar minha magia rapidamente. Estiquei meu braço destro e com a palma aberta, irradiei a gélida aura que salvou-me horas antes do ataque dos ratos naquelas ruínas.
Diante da minha presença e poder impostos diretamente nela, o fauno retesou suas patas e freou seu avanço, fosse pelo fator surpresa ou por puro receio. Por falta de experiência, cometi o erro de achar que isso seria o suficiente para mantê-lo afastado. Bradou como quem clamava por sangue, as veias saltadas nas têmporas e nos braços, e assim continuou com sua brutal investida, rompendo qualquer limitação que minha aura impunha sobre ele.
Foi tudo muito rápido.
Senti meu corpo leve como se pudesse voar, e só então percebi que estava sendo projetado a metros de distância devido ao impacto da ombrada que ele me desferiu. Caí sobre a terra lamacenta, completamente sujo e dolorido, mas além disso, furioso.
Minhas vestes estavam tingidas pelo barro e minha dignidade completamente esmagada agora que os monstros beberrões na taverna saíam para averiguar o que acontecia. Diante da cena, alguns começavam a rir euforicamente e trocar moedas de ouro por entre patas e garras, iniciando as apostas.
Precisei recobrar os sentidos e concentrar-me a tempo de rolar para o lado e evitar o golpe estrondoso do fauno que já havia suprido a distância entre nós. O silvo da lâmina cortando o ar antes de ser cravada na terra trouxe-me lembranças; era o mesmo som da espada daquele altoguarda que me matou em Echtra.
— De novo não.
O ruído da sinfonia metálica foi o suficiente para que algo dentro de mim despertasse.
Enquanto o híbrido removia sua arma do chão, aproveitei da proximidade para erguer minha mão e emanar até ela toda minha vontade de matá-lo. Diferente do episódio com Baba Yaga, onde eu acabei apenas irradiando a aura necrótica, dessa vez minha fúria e necessidade de sobrevivência mesclaram-se e resultaram num projétil de fato nocivo.
O disparo não era exatamente algo que o faria ser impulsionado para longe, mas foi o suficiente para afastá-lo alguns passos após o choque contra seu peito. Usei destes instantes para me levantar e vestir o capuz que havia deixado minha cabeça, bem como ajustar o restante do casaco. Os expectadores passaram a bradar incentivos e levantar brindes agora que a cena transformara-se num combate mais equilibrado. Novas moedas foram adicionadas às apostas.
— Como ousa... — disparei novamente aquela essência contra ele, fazendo-o recuar mais um pouco a medida que eu agora avançava. — Você vai pagar por isso! — um novo ataque, e então percebi algo curioso acontecer.
Os pelos que cobriam seu peito caíram e no lugar da pele cinza, uma mancha escura tomou forma naquele mesmo ponto onde meus disparos necróticos o atingiram. Ele levou a mão até a caixa torácica, bufou pelo o que eu acreditei ser dor, mas não tardou nada em retomar o fôlego. Só então notei que, no ápice da sequência de ataques visando recuperar minha moral com os que assistiam, acabei aproximando-me demais dele.
Seu machado começou a ser brandido em cortes horizontais não dando-me espaço para nada além de esquivas. Embora não respirasse, eu podia sentir o cheiro do aço em todas as vezes que a lâmina passou rente ao meu rosto, tão afiada que parecia partir o ar em dois por alguns instantes.
— Se afaste! — desviei de um golpe, armando-me com meu punhal. — Maldito! — evitei outro, tentando lhe furar em seguida sem sucesso.
E foi assim que, em meio àquela dança má intencionada de golpes, as respostas que eu buscava a respeito dos meus limites corporais vieram à tona. Entendi que não era questão de prática ou qualquer outra coisa. Havia agora uma linha a qual meu corpo, não... a qual meu cadáver não conseguiria cruzar independente do quanto eu o treinasse.
Uma fadiga inexplicável - dado meu aparelho respiratório estar inativo - caiu sobre mim de um momento para o outro. Minhas esquivas já estavam mais lentas e neste momento o híbrido mais parecia estar brincando comigo do que de fato me atacando. Os expectadores bêbados riam ainda mais alto, entretidos com o espetáculo. Odiei todos, cada um deles. Como ousavam caçoar de mim?
Irritado e desatento com aquelas criaturas desprezíveis, senti por fim uma forte e inesperada bofetada ser desferida contra meu rosto. Girei no próprio ar devido a potência do impacto, cada gota do meu vigor esvaiu-se, e então tudo ficou escuro.
— Vai pra onde? — Yaga questionou ao me ver rumando até as escadas.
— Não te devo satisfações, velha intrometida.
— BAHAHAHA! Tomara que morra também! — ela percebeu a piada implícita que havia feito e tapou a boca, debochando. — Ops, desculpa! HIHIHI!
Maldita.
Ignorei os comentários desaforados daquela moribunda petulante e deixei-a para trás, bem como as ruínas decrépitas que ela chamava de lar. Dali até a cidadela principal, segundo o que ela havia me dito dias atrás, seria necessário cerca de quase meia hora caminhando; coisa que em meu estado atual tratava-se de um esforço enorme.
De qualquer forma, aproveitaria do infortúnio para fazer novas observações a respeito dos meus limites físicos. Teria aquela exaustão anterior me assolado devido a falta de prática? Ou simplesmente aquele era o máximo que meu corpo conseguia alcançar uma vez não estando com todas suas funções originais ativas? Os passos que agora dava em direção a área central de Charissa serviriam para compor as respostas que eu precisava.
Conforme a distância ia diminuindo, meus olhos dançavam pela cavidade ocular de um lado ao outro, percebendo o caótico e confuso cenário ao redor. Coisas muito além da minha compreensão aconteciam a todo momento e sabia que era melhor ignorá-las por hora, focando-me no caminho em frente. Quais explicações eu poderia dar afinal para casebres flutuantes que simplesmente desapareciam numa segunda olhada, ou mesmo para criaturas com membros extras que cortavam os céus num voo irregular ao longe? O que concluí muito cedo durante minha caminhada era que, em território chari, você apenas deveria seguir sem questionamentos o fluxo que a própria dissidência ditava para você.
O problema era que esse percurso traçado por forças maiores acabou fazendo-me dar de cara com o que eu chamaria de um grande e corpulento imprevisto. Não que eu sentisse medo ou algo assim, eu sabia como me impor ou caso fosse necessário, utilizar meus próprios meios dentro de um embate, mas confesso que a visão daquele par de chifres negros foi uma surpresa um tanto indigesta.
Diferente do fauno que sentiu o gosto metálico do meu punhal, esse era robusto e precisou se abaixar do alto de seus quase dois metros para sair de dentro da taverna logo adiante. Posicionado lateralmente, ele cravou seus olhos escuros em mim, em minhas vestes e então franziu o cenho.
— Você... — foi a única coisa que disse antes de levantar seu machado e trotar em minha direção.
Senti o fluxo de mana em meu interior acelerar, tal como a adrenalina flui pelas veias num momento de perigo como esse, e aproveitei-me disso para canalizar minha magia rapidamente. Estiquei meu braço destro e com a palma aberta, irradiei a gélida aura que salvou-me horas antes do ataque dos ratos naquelas ruínas.
Diante da minha presença e poder impostos diretamente nela, o fauno retesou suas patas e freou seu avanço, fosse pelo fator surpresa ou por puro receio. Por falta de experiência, cometi o erro de achar que isso seria o suficiente para mantê-lo afastado. Bradou como quem clamava por sangue, as veias saltadas nas têmporas e nos braços, e assim continuou com sua brutal investida, rompendo qualquer limitação que minha aura impunha sobre ele.
Foi tudo muito rápido.
Senti meu corpo leve como se pudesse voar, e só então percebi que estava sendo projetado a metros de distância devido ao impacto da ombrada que ele me desferiu. Caí sobre a terra lamacenta, completamente sujo e dolorido, mas além disso, furioso.
Minhas vestes estavam tingidas pelo barro e minha dignidade completamente esmagada agora que os monstros beberrões na taverna saíam para averiguar o que acontecia. Diante da cena, alguns começavam a rir euforicamente e trocar moedas de ouro por entre patas e garras, iniciando as apostas.
Precisei recobrar os sentidos e concentrar-me a tempo de rolar para o lado e evitar o golpe estrondoso do fauno que já havia suprido a distância entre nós. O silvo da lâmina cortando o ar antes de ser cravada na terra trouxe-me lembranças; era o mesmo som da espada daquele altoguarda que me matou em Echtra.
— De novo não.
O ruído da sinfonia metálica foi o suficiente para que algo dentro de mim despertasse.
Enquanto o híbrido removia sua arma do chão, aproveitei da proximidade para erguer minha mão e emanar até ela toda minha vontade de matá-lo. Diferente do episódio com Baba Yaga, onde eu acabei apenas irradiando a aura necrótica, dessa vez minha fúria e necessidade de sobrevivência mesclaram-se e resultaram num projétil de fato nocivo.
O disparo não era exatamente algo que o faria ser impulsionado para longe, mas foi o suficiente para afastá-lo alguns passos após o choque contra seu peito. Usei destes instantes para me levantar e vestir o capuz que havia deixado minha cabeça, bem como ajustar o restante do casaco. Os expectadores passaram a bradar incentivos e levantar brindes agora que a cena transformara-se num combate mais equilibrado. Novas moedas foram adicionadas às apostas.
— Como ousa... — disparei novamente aquela essência contra ele, fazendo-o recuar mais um pouco a medida que eu agora avançava. — Você vai pagar por isso! — um novo ataque, e então percebi algo curioso acontecer.
Os pelos que cobriam seu peito caíram e no lugar da pele cinza, uma mancha escura tomou forma naquele mesmo ponto onde meus disparos necróticos o atingiram. Ele levou a mão até a caixa torácica, bufou pelo o que eu acreditei ser dor, mas não tardou nada em retomar o fôlego. Só então notei que, no ápice da sequência de ataques visando recuperar minha moral com os que assistiam, acabei aproximando-me demais dele.
Seu machado começou a ser brandido em cortes horizontais não dando-me espaço para nada além de esquivas. Embora não respirasse, eu podia sentir o cheiro do aço em todas as vezes que a lâmina passou rente ao meu rosto, tão afiada que parecia partir o ar em dois por alguns instantes.
— Se afaste! — desviei de um golpe, armando-me com meu punhal. — Maldito! — evitei outro, tentando lhe furar em seguida sem sucesso.
E foi assim que, em meio àquela dança má intencionada de golpes, as respostas que eu buscava a respeito dos meus limites corporais vieram à tona. Entendi que não era questão de prática ou qualquer outra coisa. Havia agora uma linha a qual meu corpo, não... a qual meu cadáver não conseguiria cruzar independente do quanto eu o treinasse.
Uma fadiga inexplicável - dado meu aparelho respiratório estar inativo - caiu sobre mim de um momento para o outro. Minhas esquivas já estavam mais lentas e neste momento o híbrido mais parecia estar brincando comigo do que de fato me atacando. Os expectadores bêbados riam ainda mais alto, entretidos com o espetáculo. Odiei todos, cada um deles. Como ousavam caçoar de mim?
Irritado e desatento com aquelas criaturas desprezíveis, senti por fim uma forte e inesperada bofetada ser desferida contra meu rosto. Girei no próprio ar devido a potência do impacto, cada gota do meu vigor esvaiu-se, e então tudo ficou escuro.
Lvl 02 (10/200)
HP (20/100)
MANA (85/175)
ST (00/50)
HP (20/100)
MANA (85/175)
ST (00/50)
- Habilidades:
νεκρωτική αύρα
(aura necrótica)
Nível: 1
Custo: 15 de Mana
Dano Base: —
Descrição: Canaliza sua mana necrótica e a libera por meio de uma aura gélida, transpassando toda sua essência cadavérica ao alvo. É comum ser usada como forma de anunciar sua presença ou mesmo intimidar os que forem afetados por ela, estando o poderio da habilidade diretamente ligado ao nível de força do próprio necromante.
Nota Interpretativa: Seres considerados fracos, como pequenos animais ou espíritos menores, são facilmente afugentados após a sentirem.
Efeitos: Causa um status Fear no alvo, deixando-o paralisado e hesitante em executar a próxima ação.
σκοτεινή ουσία
(essência nefasta)
Nível: 1
Custo: 25 [Mana]
Dano Base: 15
Descrição: Diferente da aura necrótica, nesta habilidade a mana necromante e essência cadavérica são projetados como um ataque direto ao oponente visando lhe causar dano. Quando o alvo é acertado pelo disparo nefasto pela terceira vez, o status Necrose lhe é atribuído.
Necrose: Por 2 turnos o alvo sofre perda de 3% do HP Total, sendo essa condição intensificada em 2% para cada novo contato com magia necromântica dentro da duração do status.
Nota: Quaisquer poções ou habilidades que recuperem Vida acabam por consequência também curando a necrose do usuário.
Efeitos: Necrose. Perda de HP.
- Considerações:
- 1x Aura Necrótica = -15 Mana
- 3x Essência Nefasta = - 75 Mana
- Fiz introdução/descoberta da segunda skill;
- Utilizei o dado Monstro deste SORTEIO para o Post;
- Seguirei após a avaliação do confronto com o desenrolar e maiores explicações;
- Há um motivo para estes Faunos estarem em Charissa, então não estranhem a princípio. Informações adicionais sobre eles estarão no Bestiário e nos próximos posts.
- 1x Aura Necrótica = -15 Mana
- Pendências:
- Gostaria de ver a possibilidade de rolar dados mesmo com essas pendências (provenientes de baú), pois consigo enquadrá-las no próximo post, porém ele será repleto de informações/acontecimentos, então gostaria de o fazer com dados de Informação que espero tirar no próximo sorteio, com ou sem reroll.
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