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Zaraht Al'dam
Zaraht Al'dam
Hemomancia
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Seg Ago 31, 2020 3:38 pm
Relembrando a primeira mensagem :

01.
Recompensas
"Não há tesouro mais valioso do que aquele que corre em nossas veias."
Recompensa 1
10 de Ouro - Link
Recompensa 2
50 de Xp | 15 de Xp | 30 de Ouro | 1 Baú Simples - Link
Recompensa 3
15 de Xp - Link
Recompensa 4
50 de Xp | 25 de Ouro | 1 Baú Básico - Link
Recompensa 5
30 de Xp - Link
Recompensa 6
100 de Xp | 80 de Ouro | 1 Baú Mediano - Link
Recompensa 7
30 de Xp - Link
Recompensa 8
50 de Xp | 35 de Ouro | 1 Baú Básico - Link
02.
Cenário
Dissidência de Charissa
Zaraht fez seu caminho até Charissa, sob pretexto de encontrar e aprender mais com os hemomantes. Seguindo as pistas que recolheu no sangue de suas vítimas, o hematócio fez uma longa jornada desde o Placídio de Sangue, até aqui. E mesmo assim, isso não o preparou para o encontro com os Licantropos. Foi como um rio, correndo seu curso naturalmente e de repente, desaguando em um oceano. Zaraht sentiu que o sangue o levou até lá. Sentiu no sangue de cada um dos lobos, javalis e até ratos licantropos, todo o poder e toda a história que havia por traz do cenário mirabolante e sombrio de Charissa. Zaraht sentiu que ali ele aprenderia muito sobre suas próprias capacidades e mais, até sobre a existência dos hemomantes.
03.
Npc's
Personagens secundários de determinada importância na trama.
  • Vox TempestaLíder dos Licantropos Lobos
    Vox apresentou-se como o líder da guilda dos licantropos lobos. Um homem de poucas palavras, carrega até mesmo em seu semblante a postura de um líder. Seu manto em pele de lobo esbranquiçada é quase a sua marca registrada, já que ninguém o vê transformado de fato já faz alguns anos. Sabe-se que ele nutre uma grande rivalidade com as outras guildas, principalmente com os ratos. Tem uma história de romance proibido envolvendo uma hemomante.

  • Dens PutridusLíder dos Licantropos Ratos
    Dens revelou-se o líder dos licantropos ratos. Ele se abriga no que chama de reino subterrâneo, um grande espaço abaixo do solo do cemitério, às margens do subúrbio de Charissa. Lá, o rei se esconde com os demais ratos de sua guilda, todos carregando incontáveis deformidades em sua aparência física. O próprio Dens carrega incontáveis pústulas ácidas em seu corpo, fruto de experiências bizarras que ele vem fazendo no próprio sangue há muito tempo. Seu controle de veneno é excepcional.

  • SheridanIntegrante da Guilda dos Lobos
    Sheridan tornou-se um companheiro para Zaraht desde o primeiro encontro dos dois. Foi graças ao sangue de Sheridan que o hematócio envolveu-se profundamente na realidade dos licantropos e conheceu a rivalidade entre eles. Sheridan é um lobo jovem, tem grande poder adormecido em sua transformação, coisa que Zaraht já visualizou em seu sangue mais de uma vez. Sheridan ainda não sabe, mas carrega em seu sangue o poder da descendência original da maldição. No mais, o lobo jovem não passa de um homem atraente, cabelos castanhos e olhos violeta.

  • A Madame HemomanteFigura Misteriosa
    Criatura misteriosa que apresentou-se mais de uma vez para Zaraht através do sangue dos licantropos. Pouco se sabe a respeito dessa figura, exceto pela sua ligação íntima para com os Licantropos, e também uma possível associação dela para com os temíveis hemomantes de Charissa.
04.
Quests
Quests e Sidequests
  • Quest Simples (Concluída)
    Nas suas Hemácias... eu vejo...

    Descrição: Como pode ser explicado? Era como uma tecelã experiente adicionando mais um novelo de lã em meio ao seu tricô realizado com maestria. Enquanto as antigas memórias ainda reconheciam Charissa pela perspectiva do hemomante, novos fios de lembranças eram adicionados com sutileza nas mãos de um verdadeiro mestre da costura — escarlates, vermelhos como o sangue daquele que havia sido recém beijado. Em meio à conexão dos fatos, Zaraht viu por além dos prazeres, além das confusões... ele mergulhou instintivamente sobre as preocupações latentes daquele licantropo, que não eram poucas. Pelo que teve acesso — ainda sendo pouco — ele pôde entender algo como guerras entre distintas guildas: ratos e lobos. De onde a coincidência nascia? Do ponto em que eles precisavam de alguém para tirar informações de um dos rivais capturados, já que não conseguiram por meio da tortura. Uma oportunidade de ouro, visto que os demais licantropos lupinos invadiram as percepções do dono de cabelos prateados como um cardápio: tantas memórias, tanto sangue, tantas... memórias irrestritas...
    Recompensas: 50 de XP — Baú Básico — Ouro a ser definido na conclusão.
  • Quest Simples (Concluída)
    Chances de Subir de Dificuldade
    Furos na Teia

    Descrição: Após a derrota do homem-javali, Zaraht percebeu que haviam detalhes faltando em meio à sua teia tecida com tanta delicadeza baseando-se nas últimas fontes obtidas — Sheridan e o rato assassinado — minuciosas informações ausentes que, de alguma forma, deixara-o a mercê da sorte no momento do encontro com o homem-suíno. Nas memórias do roedor torturado, contudo, era possível ver algumas ramificações de contatos que perdiam-se em um emaranhado de outros rostos e nomes, um deles em específico voltava-se de maneira interna para a guilda dos ratos: uma preocupação latente, como a que o licantropo lupino carregava dias atrás, mas de maneira diferente... um tratado, uma aliança bolada com um objetivo em comum não apenas para os roedores e suínos, mas também uma terceira guilda que, então era a origem de tudo. A verdadeira rival dos canídeos que, movendo peças do tabuleiro em movimentos sutis, fazia com que os lobisomens se desgastassem lidando com outras tribos até o momento certo chegar: uma brecha.
    Recompensas: 50 de XP — Baú Básico  — Ouro a ser definido na conclusão — Conhecimento Avançado sobre licantropos chari, suas guildas, tratados e rivalidades.
  • Quest Média (Concluída)
    Maior do Que Todos Nós

    Descrição: O chamado de Vox age para fazer com que Zaraht se posicione ao lado de sua tribo no momento. Com uma torrente infindável de informações históricas e extremamente preciosas, é como se o líder lupino tivesse imbuído sua própria vontade e saberes como uma espécie de pagamento adiantado para o hemomante que, dada a situação atual, talvez não veja um recuo como a melhor maneira de sair da situação. Sem muitas optativas, o pedido é que, durante a próxima Lua Cheia, Zaraht consiga alguma maneira de intermediar aquelas verdades obtidas e fazê-las agirem como um argumento preciso de que, em meio a esse tabuleiro, licans de todas as raças são apenas mais peças no xadrez entre hematófagos extremamente experientes e ancestrais. Quem deve ser convencido? A guilda dos homem-ratos, uma vez que, tendo sucesso nesse ato, os suínos também se verão dobrados ao mesmo caminho.
    Recompensas: 100 de XP — Baú Médio  — Ouro a ser definido na conclusão — Conhecimentos Aprofundados.
  • Quest Simples (Concluída)
    Traição do Próprio Sangue

    Descrição: É evidente que licantropos em geral são extremamente fiéis para com seus líderes e demais companheiros, respeitando o que se tem por hierarquia e hombridade dentro do seu próprio nicho. Contudo, para toda regra, sempre há uma exceção. Dada a urgência da situação, independente do possível estado debilitado de Zarath, Vox traz até ele um dos licantropos de sua alcateia para um interrogatório. O Hematócio se pergunta o porquê ser necessária sua intervenção, mas assim que seus olhos caem sobre o prisioneiro, tem seus possíveis questionamentos enfim respondidos. Quem quer que estivesse tendo encontros às escondidas com o lobo, deixou-lhe com os dedos decepados e a língua dilacerada, garantindo que o mesmo não confessasse detalhes a respeito de suas conversas e segredos. Cabe a Zarath utilizar suas habilidades pessoais para extrair informações do traidor e descobrir o que ele esconde fluindo por entre suas veias.
    Recompensas: 50 de XP — Baú Básico  — Ouro a ser definido na conclusão.
F I C H A

 

chansudesu
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Sex Set 04, 2020 11:25 pm
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Zaraht Al'dam
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Hemomancia
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Qui Set 10, 2020 9:02 pm

N oites se passaram, uma seguida da outra, desdobrando acontecimentos que precediam a tão aguardada próxima Lua Cheia. Em noite alguma Zaraht teve a benção da tranquilidade. Sheridan e até mesmo outros licantropos estavam sempre atrás dele, seja o primeiro para lhe perturbar com seus anseios da juventude; seja os demais licantropos tentando intimidá-lo pela responsabilidade que lhe foi atribuída na missão. E em nenhum momento o hemomante hesitou.

Não por questão de honra, nem por futilidades morais das quais um hematócio não faz a menor questão. Mas sim pelo seu desejo. As visões que obteve no fluxo sanguíneo de Vox Tempestas que apresentaram-lhe uma mina de ouro em conhecimento. Zaraht viu tanta coisa sobre o passado de Charissa, vislumbrou tantas habilidades que sequer era capaz de compreender. Poderes que, ao seus olhos leigos, pareciam capaz de moldar até mesmo a realidade em que vive. Tudo isso despertou no hematócio a sua ambição. Ele queria entender onde foi parar todo esse poder, e quem era o responsável por administrá-lo e ensiná-lo nos dias de hoje.

Suas pistas até então o levaram até um outro grupo de hemomantes. Toda informação reunida configurava a ideia de uma aristocracia, uma espécie de organização entre seres que comandavam as peças por traz das cortinas. Portanto, o único jeito de alcançá-los agora, era seguir com a missão que lhe foi atribuída e assim reunir os licantropos uma vez mais. Aquele era o único jeito de forçar um embate entre eles e então garantir uma aproximação segura de Zaraht para com os outros hemomantes.

As ruínas mais uma vez ficaram para traz. Sheridan ficou para traz. Noites seguidas uma da outra, recheadas de tormenta e intimidação, também ficaram para traz. E por fim o silêncio. O luar em sua totalidade finalmente preencheu os corações daqueles que tanto ansiavam. Charissa mais parecia se transformar numa cidadela rodeada de animais grotescos e selvageria. Por todo canto, uivos e gemidos presenteavam aos seus espectadores com prazer e mistério. Para muitos naquela cidadela, todo aquele show de selvageria não era novidade. Mas para Zaraht era um deleite.

Seus passos, vagarosos, guiaram-no com cautela até o caminho que, outrora, descobriu em suas buscas por informação. O início do percurso era permeado por um odor extremamente forte e muitas vezes evitado pela maioria da população. Aquele era o caminho do rejeito. O lado sudeste de Charissa, região majoritariamente escolhida para conter os dejetos de toda a cidadela e também para sediar os cemitérios. Não demorou para que o hemomante pusesse os pés ensanguentados em solo profano. Diferente do que se espera para um lugar onde os mortos descansam, Zaraht pode notar que o caminho que o guiou até o cemitério era cercado por ribanceiras mágicas que construíam, automaticamente e magicamente, represas ou as vezes muralhas, tudo para conter o que quer que seja que tivesse lá dentro. Por baixo do solo, acompanhando as construções mágicas e mirabolantes, seguiam córregos. Não era água. Eram córregos inteiros de lixo, merda e até mesmo cadáveres e sangue. O cheiro que subia só não era pior do que o aroma já predominante na área.

Todos os córregos, independente do tamanho, conseguiam se adequar magicamente aos espaços cedidos e construídos em simultâneo às muralhas e ribanceiras. Tudo acompanhava um ritmo fixo e estranhamente perfeito. E tudo era despejado naquele ponto adiante, além dos cemitérios. Subterrâneo. Coisa que faria qualquer um questionar se valeria mesmo a pena mergulhar no meio de tanta podridão. Bom, para o hemomante, aquela era sua única opção. Guiar seus passos vagarosos até o córrego mais próximo e deixar-se levar pela correnteza, mergulhando no incerto. Assim ele o fez.

Os córregos passaram por lugares demais para que a mente pudesse acompanhar. Incrível como havia tanto fluxo mágico por aquelas terras, mas para um hematócio como Zaraht ou mesmo qualquer outro usuário de mágia não-primal, mergulhar no subterrâneo daquele lugar era como olhar o pós-vida. O que acontece com a mana de um ser, depois que o corpo e a matéria que o vestiam se decompõe. Sangue e líquidos putrefados escorriam solo a dentro, carregando consigo propriedades mágicas tão poderosas quanto haviam em vida. Transformam todo o ambiente ao seu redor, pouco a pouco,  acumulando toda aquela magia e devolvendo-a ao solo em transformação e deformidade. Não é a toa que Charissa tem tantos acesso mirabolantes e tanta magia envolvida nas estruturas. Havia muito sangue e mana pós-vida naquele solo. Mas além disso, havia também o Reino dos Ratos.

[CL] Ferver - Página 2 Reino-dos-ratos

— Acredito que um convite seja desnecessário a esta altura, estou certo? — Zaraht, já diante de incontáveis sentinelas licantropos, fez sua apresentação em meias palavras.

Os ratos não gostaram nada. Mas também não ficaram surpresos.

— Se juntou com os cachorros e agora foi enxotado? — Um dos ratos rebateu logo de cara, franzindo o cenho e os bigodes.

— Mergulhar no lixo foi extremamente desagradável. Beber o seu sangue talvez compense... — os olhos do hematócio vibraram num amarelo-âmbar que, na infinidade escura do subterrâneo chamava atenção com facilidade. E se o objetivo era chamar atenção, conseguiu, pois os dois primeiros ratos sentinelas recuaram mais do que rápido; foi num piscar de olhos. Eles eram velozes. Correram rapidinho e logo passaram a informação através de cochichos que ecoaram na escuridão. Murmurinhos, barulhos de rato, grunhidos e ranger de dentes; era de enlouquecer qualquer um. Levando em consideração que, depois do auxílio de Zaraht, os lobos mataram uma boa parte dos ratos rivais; ver como eles cresceram em número, em tão pouco tempo, era surpreendente.

— Peço desculpas pelos meus colegas, senhor..? — uma voz logo rompeu o ciclo de barulho infinito, chamando atenção do hematócio para traz.

—Zaraht. Me chamo Zaraht Al'dam. — ao passo que respondeu, notou estar lidando com um rato esbelto e de grande estatura. O bicho tinha porte, muito diferente da maioria dos outros sentinelas que ficavam espreitando de longe, cochichando e praguejando baixinho.

— Zaraht! Está certo. Eu sou Chazz, e vou escoltá-lo até a presença do nosso líder, se assim desejar. — o grande rato deu dois passos além da escuridão, deixando com que a luz bruxuleante dos gases mágicos do subsolo iluminasse o seu rosto maltratado. Era metade rato e a outra metade, por mais que disfarçada atrás de um grande tapa-olho, revelava vestígios de uma deformação. Fruto de alguma experiência, queimação mágica ou semelhante. Chazz prestou uma meia reverência, pedindo licença e então tomando a frente do caminho que logo adiante os levaria até outro segmento do reino subterrâneo.

Motivado pela curiosidade, ou talvez até encantado pela estranha adaptação de comportamento naquele rato anfitrião, Zaraht deixou-se guiar subsolo a dentro, avançando entre os segmentos do reino até chegar no que deveria ser o salão principal. Lá, tal como no restante de Charissa, havia muita magia imbuída na estrutura ainda que de maneira sutil. Os gases que iluminavam preguiçosamente o local, traziam consigo características mágicas que, uma vez inalados, forçavam as pessoas a enxergarem por um véu de beleza e encanto. Ainda que o hematócio não fizesse a menor ideia disso, então numa primeira impressão, o grande salão mais parecia o salão de um rei alastrio.

— Anuncio, com permissão de sua alteza, Zaraht Al'dam! — o rato anfitrião intermediou as apresentações, colocando-se ao centro do grande salão — Sua alteza, rei dos licantropos do subsolo, Dens Putridus! — ao passo que com a mão direita, reverenciou o líder rato uma vez mais antes de deixar o salão.

[CL] Ferver - Página 2 Dens-putridus

— Hihihihih, o hematóxio rexolveu mudar de lado? — a voz esganiçada do rei rato ganhou destaque no grande salão — O que te fez mudar de ideia, bicho de xangue?! — seu grito, no entanto, foi imponente.

E então o silêncio.

— Sangue — o hematócio respondeu de maneira tão simplória que até mesmo a legião de ratos nos andares superiores do grande salão ficaram sem entender. Olharam uns aos outros e ficaram esperando outra resposta, afinal ninguém ali deu sangue a ele. E ninguém ali fazia ideia das capacidades do hematócio com o pouco sangue de rato que ele já provou antes.

— Xangue? Hihihihihi, voxê deveria xaber que o xangue de licantropo rei é venenozxo pra voxê! O xangue do Vox já teria te matado, hihihihi — Putridus cuspiu as palavras junto de escárnio e deboche.

— Mas eu não morri. Pelo contrário, vi você, Vox, e todos que lutaram na guerra de Charissa. — mas Zaraht não recuou, manteve o tom seco e objetivo ao passo que caminhou na direção do rei, já passando metade do salão — Se bem que... aquele não era mesmo você, estou certo? — mas antes que pudesse se aproximar mais, o rei levantou de seu trono e o interrompeu com um rosnado.

— Inxolente! — bateu seu cajado no chão, incentivando todos os ratos que ficaram eufóricos esperando a hora do ataque — Noxxo xangue pode não ter te matado, mas eu conhexo um jeito de acabar com voxê e fazer voxê pagar pela ouxzadia! — e aos olhos de qualquer um ficou claro que o brilho fosco na ponta do cajado do rei significava a ativação de alguma coisa.

Foi quando de repente aquela visão encantada do reino Alastrio foi substituída pela verdade tenebrosa e fria. O grande salão não passava de uma região plana do subsolo, com córregos imensos e mirabolantes. Todo tipo de coisa era consumida por aqueles córregos que, por alguma razão, liberavam substâncias mágicas que acabavam sendo conduzidas através de magia por traz daquele odor. A fumaça tóxica se dispersava no ambiente, brilhando num tom estranho e chamativo. Zaraht sentiu seu corpo pesar, enfraquecido. Seu cajado de sangue mais parecia começar a amolecer e não mais lhe garantia estabilidade de pé. Assim como o próprio controle do corpo parecia lhe enfraquecer, não por estímulo de qualquer ilusão, mas por envenenamento.

— V-Você sabe q..que é verdade... mas você sabe toda a verdade?! — as forças do hemomante esvaíam-se com rapidez, mas as palavras foram escolhidas de maneira certeira.

O balanço preguiçoso da fumaça tóxica então parou, dissipando-se num movimento do cajado verde fosco.

— Os aristotacratas, estão usando vocês — a fadiga deu lugar a uma brisa de ar fresco, acompanhada do silêncio do rei rato que se empertigou atento ao que ouviu — Eles estão enfraquecendo o sangue de vocês desde a guerra contra Alastrine. Tudo pra conseguir controle absoluto. O segredo está no sangue dos líderes licantropos, e eles querem reproduzir isso. Eles querem controlar a maldição. — mas o discurso foi fatal.

Considerações

  • 1 - Basicamente estou tentando construir um background onde a Aristocracia planeja, desde a guerra da Cadência do Leste, enfraquecer o sangue licantropo pra se apoderar da maldição original(que está no sangue dos líderes licantropos), mas que justamente pelo poder que eles tem; o sangue tem caracteristicas supressivas, e isso enfraquece as capacidades dos hemomantes em descobrir esses segredos. Como aconteceu com o Zaraht, quando ele bebeu o sangue do Vox.

  • 2 - O segredo está no sangue dos reis. E essa verdade é o que o Zaraht vai tentar usar pra unificar eles, convencendo-os de que a maldição original que os fortalece só vai ser útil se eles protegerem os segredos dela. Só que, com esse monte de guerras e derramamento de sangue a toa, a reprodução da maldição tá fazendo novos licantropos fracos. Sheridan é um exemplo raro de um licantropo original. O Chazz, rato deformado, é exemplo de um licantropo de sangue fraco. E assim por diante. É isso que ele ta tentando argumentar com o Rei Rato.

  • 3 - Gostaria que na narração a senhora desse um jeito de desenvolver esse lance de "não era o verdadeiro rei rato na guerra da Cadência". O Vox sabe que não era ele, e eles tem uma rixa que vou desenvolver em cima disso, mas basicamente queria deixar esse spoiler pq esse é o ponto fraco da briga entre os dois. Putridus foi covarde e não participou da guerra de verdade.


Missão:

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HP (155/155)

MANA (175/175)

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Qui Set 10, 2020 11:56 pm
[CL] Ferver - Página 2 Rat


Gases ganhavam o ambiente facilmente enquanto bruxuleavam em espectros fracos de um verde tóxico unidos a uma oliva musgo decadente. Como se amantes bailando de maneira ritmica debaixo da luz da lua, aquelas substâncias nocivas juntavam-se em forma gasosa a fim de compor o ar daquele lugar pútrido, acompanhados pela luz emitida do cajado remendado de Dens Putridus que, inclusive, mantinha-se com suas costas avantajadas debaixo de um lenço repleto de rasgos encostados ao trono de lixo retorcido em que assentava-se. Conforme as palavras de Zaraht eram emitidas, mais o roedor parecia estar prestes a atingir o ápice de sua cólera: seu humor era denotado pelas bolhas ao longo de todo o corpo, pustulas de tamanhos pequenos a medianos completamente recheadas por um líquido amarelado, inflamadas e prontas para eclodir.

O silêncio perdurou por longos minutos após as palavras do hemomante ganharem a atmosfera local.

— Esse é o xeu xegredo? — O rato sustentou as palavras com escárnio na sua voz esganiçada. A sobrancelha decrépita de apenas um trio de fios castanhos arqueou-se antes de soltar mais um fiapo.

Os ratos nos níveis superiores desataram a rir. De maneira muito forçada, aliás, levaram suas mãozinhas às barrigas repletas de pelos e largaram-se pelo chão de ligas metálicas contorcendo-se em mumuros de roedores e gritinhos agudos. De certa forma, Zaraht sentiu seu trunfo dissolver-se naquela névoa venenosa ao redor como se não tivesse surtido nenhum efeito. Chazz, mais atrás, deixou o próprio olho esbugalhado soltar da face pendendo pela córnea antes de controlar a risada e contê-lo novamente no buraco em seu crânio corroído. Era como se o hematócio de repente tivesse virado um grande atrativo para piadas, uma diversão centralizando todos os focos para si naquele mesmo instante.

Dens Putridus observou-o com desprezo com seu dente esquerdo retorcido para cima na diagonal.

— Voxê não xabe é de nada! — o roedor levantou-se num supetão. A raiva de antes parecia dar espaço lentamente ao seu domínio da situação e as pútulas que envolviam o pedaço de seu braço à mostra por debaixo do manto demonstravam estarem mais controladas. — Exixte um motivo pelo qual nóix, ox ratox, envolvemo-nox na guerra poupando eisforçox. É o mexmo motivo pelo qual fomox excolhidox por sermux o que somox, diferente dos cãezinhox.

Mais risadas.

— Voxê sabe o que querem de nóix, sabe o porquê querem, mas não xabe o motivo de nox colocarmox como ponto de destaque no tabuleiro — uma gargalhada fanha veio em seguida, acompanhada de uma tosse que fez algumas pústulas no seu longo rabo de poucos pelos estourarem liberando mais daquele líquido. Acredite: apenas o seu contato com as ligas metalúrgicas do solo fez com que os amalgamas férreos fossem lentamente corroídos, transformando-se numa espécie de fumaça no ato. — Ratox fazem o que de melhor podem fazer numa guerra: aproveitam-se dos restos. E eu, como o rei de nossa espécie, fui ainda alé- cofcof — a tosse liberou gases que uniram-se aos que já perambulavam pelo ambiente.

Ele pigarreou como quem tenta encontrar a própria voz, depois, as pústulas voltaram ao seu normal mais uma vez após terem inflamado.

— Eu deixcobri. Não, não… extão erradox… eu criei — abriu seus braços como numa demonstração de poder.

Os ratos ao longo de toda a estrutura pareciam se curvar diante da imagem que tinham como líder, mantendo suas cabeças abaixadas e prestando atenção em cada palavra proferida pelo rei.

— Os lobox sempre levavam os créditos: eram aquelex preferidox na linha de frente, corpulentox, com faro invejável, garrax que agem como lâminax e dentex que decapitam exércitox inteiros. Noixs? Os ratox? Nojentox, vivendo de sobrax e utilizadox unicamente em espionagem barata. Noix nunca tivemux nosso crédito — Dens Putridus balbuciava a medida em que balançava aquele seu cajado torto junto. — Uma linhagem original é uma linhagem original, e daí? É o que voxes, fissurados por xangue dizem! Mas nóix não…

Ele apontou para Chazz, que aproximou-se meio que cambaleando. O rei apalpou o rosto do seu conselheiro, destacando a parte que havia apenas podridão num misto de pele humana junto ao pelo eriçado de rato. Com um toque, aquele mesmo olho que havia escapado anteriormente deslizou para a mão de Dens Putridus recheada de pústulas. Acreditem ou não: o líder dos roedores acariciou a esfera ocular como quem tece afeto ao próprio filho, orgulhando-se daquilo que encontrava-se diante de si próprio.

Zaraht entendeu que os ratos, como ratos, acolhiam uns aos outros diante da rejeição do olhar externo.

E isso envolvia a questão de sangues enfraquecidos.

Muito além disso: o hematócio entendeu dos perigos de concentrar-se numa perspectiva única da mesma história. Aquilo que havia concluído como verdade partida da verdade de Vox imbuída nas suas lembranças e, para além disso, no próprio sangue. A realidade ramificava-se diante de seus olhos como uma árvore ancestral repleta de galhos que dão em outros galhos, que dão em folhas e frutos de diferentes pesos e tamanhos. Tanta complexidade conferia-lhe incertezas diante de um argumento pautado com base no que havia enxergado pelo líder da guilda dos lobos. Então, no fim das contas, qual era o verdadeiro lado certo em meio a tudo isso? Não, talvez a pergunta a ser realizada seja ainda mais nulificadora tal como o próprio sangue de Tempestas.

Existe um lado certo?

— Então, hematócio inxolente, por qual motivo eu deveria me abalar com o que farão dos nossos xanguex? Elex nox deram conhecimento para superar nossos rivaix, abriram nossox olhox, fortificaram nossa raxa… por qual motivo eu deveria temer o que exxtá por vir? — Como se tivesse se tornado dono das palavras, Dens Putridus afiou sua língua diante do trunfo em suas mãos. O jogo havia virado de forma que a própria visão que tinham dos metade-rato já havia modificado-se com o que fora dito até então.

Mas Al’dam sentia algo em seu interior ser instigado cada vez mais não apenas pelo rato em si, mas pelo ambiente.

Algum detalhe ele havia deixado passar…

Sangue, veneno, ácido, corrosão, pústulas, gases… talvez existisse uma maneira de ingerir o sangue de Dens Putridus e saber de algo que consiga fazer o jogo inverter de maneira rápida a troco do seu bem-estar. Só de pensar passar novamente pelo que passou anteriormente com a abjuração presente no sangue de Vox Tempestas fez os seus fios platinados eriçarem de tamanha repulsa: era uma sensação horrível. Mas talvez… só talvez… Zaraht já estivesse diante do que buscava desde o início. Algo em seu interior o movia para aquele instante, aguçava seus instintos para fazer o que havia nascido para fazer: deleitar-se com a essência da vida.

Percebeu naquele momento que isso envolvia todas as formas de sangue.

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Seg Set 14, 2020 1:01 pm

C ertas emoções flutuavam no fluxo sanguíneo do hematócio como se estivessem à deriva. Por mais que fossem incontáveis experiências de vida absorvidas a cada nova refeição, e junto disso experiência emocional e psicológica, algo em sua raça o limitava no que diz respeito a absorção desse tipo de informação. Para hematócios como ele, a adaptação era o caminho, e portanto através dela é que Zaraht conseguia compreender os efeitos de determinada emoção em seu corpo. No caso, as consequências.

Seu sangue ferveu, estranhamente parecido como quando alguém está com febre. E a febre vem para combater alguma anomalia, resultado de diversas reações no sangue e nas células que estão tentando combater aquele obstáculo. No caso do hematócio, ferveu pois ele estava tentando entender e combater a anomalia venenosa em seu sangue. Não necessariamente proveniente dos gases no ar. Seu veneno era como o medo. Sentiu receio permear suas veias, questionando se deveria mesmo seguir seus instintos mais primitivos e então alimentar-se daquilo que tanto lhe instigava no ambiente; o sangue.

E no meio de tudo isso, Zaraht ainda precisou manter-se atento ao que ouvia de Putridus. Pesou em seus pensamentos a ideia de desafiar outro líder licantropo trazendo consigo não mais do que a perspectiva unilateral dos lobos. No entanto, a decisão não veio acompanhada de arrependimento nem frustração. Estas eram emoções pouco ambientadas em seu fluxo sanguíneo, e que até então não trouxeram muito aprendizado. Daí o hematócio preferiu se manter calado até absorver toda informação possível desde o ambiente até as palavras que ouvia do seu mais novo obstáculo; o rei.

— Você está certo. — compassivo, as palavras do hematócio saíram com leveza em vista do discurso anterior, acompanhando a imposição do rei quanto aos verdadeiros fatos — Sangue fraco não é sinônimo de descarte. Mesmo para um bicho de sangue, como eu. — já a conclusão trouxe um mal estar quanto ao apelido recebido.

Zaraht não concorda em ser associado a um bicho, pois diferente de muitos dos seus, ele está entre os poucos que lutaram para se adaptar e evoluir.

— Foi um erro acreditar que a perspectiva de vocês em relação ao sangue estivesse alinhada com a dos lobos. Ainda que isso não significa que estejam certos. Aliás, nenhum de vocês está. — Zaraht escolheu bem a maneira de se expressar, buscando não desafiar os ratos antes da hora — Fissurados por sangue... se você fosse capaz de compreender, tal como nós, o poder ancestral que o sangue de vocês já carregou, você entenderia. Tal como entende e abraça as deformidades do seu povo, não como fraqueza, mas como potencial. É o que nós, hemomantes, conseguimos ver no seu sangue. E não só no seu, mas também no dos seus pais, e até dos seus antecessores. Nós podemos enxergar um mapa do que o seu sangue já foi, e o que ele veio a se tornar hoje. Sangue nunca foi sinônimo de fraqueza, já o ser que os carrega, sim. — até que as palavras pesassem uma vez mais, acompanhando seu olhar desafiador e macabro.

Zaraht entendeu, instintivamente, que havia algo de encantador demais por traz da magia naqueles gases. Para ele, num primeiro momento, foi difícil entender o motivo e até tentar visualizar com mais clareza. Já agora, diante de Dens Putridus, pode perceber que havia uma ligação até muito íntima entre todo o cenário e a magia, e o próprio rei. Uma ligação através de fluídos. Uma ligação que segundo seus instintos arriscavam em dizer; em sangue. Indiretamente, é claro. Sentiu como se as pústulas fossem aberturas. Os fluídos fossem algum tipo de outro estado, talvez até fermentado, do sangue do rei rato que uma vez em contato com o externo, assumia outra forma como a dos gases venenosos ou a própria capacidade de derreter as coisas em sua forma mais pura. Acompanhou tudo através do tempo, absorvendo informações conforme a conversa seguia. Instintivamente.

Ergueria-se apoiado em seu cajado de sangue, buscando forças para se estabilizar de pé. Somente o suficiente para que com o outro braço livre, realizasse um movimento sutil imbuído em magia. Algo que beira o balançar de seus pulsos ou algo assim. Sua intenção era a de manipular o sangue de Dens Putridus, forçando-o a sair através das próprias pústulas numa tentativa de fazê-las estourar além do seu controle e quem sabe até machucá-lo indiretamente. Claro que seu verdadeiro objetivo era o de trazer o sangue do rei, no seu estado mais puro e não tão ácido quanto o que fora fermentado nas pústulas, até si e alimentar-se deste a despeito dos receios. E é claro que, para um avanço demasiadamente perigoso de qualquer outro rato, haveria a possibilidade de manipular o mesmo sangue fermentado nas pústulas ácidas do rei rato para jogá-los contra qualquer inimigo que se aproxime demais; uma amostra do verdadeiro poder que pode haver no sangue ancestral.

Salteador de Sangue
bleed
Nivel: 2
Custo: 35 de Mana (+ 8 por alvo)
Dano Base: 15 (* Intelecto)
Efeito: Causa sangramento nos inimigos atingidos.
Sangramento: O sangramento causa um dano de 5% do HP TOTAL do alvo por turno | Duração base de 2 turnos
Nota: Inimigos em sangramento tem seus efeitos de cura reduzidos em 25%.
Alcance: 10 metros
Descrição: Aprimorando suas capacidades de manipulação, o usuário agora é capaz de assaltar sangue dos seus inimigos com muito mais violência. Mais de um alvo pode ser alvejado por essa habilidade a um custo significativo de mana extra por alvo. A pressão com que o sangue é extraído dos alvos agora é capaz de causar sangramento. O sangue extraído torna-se maleável, garantindo ao usuário a capacidade de alimentar-se deste ou usá-lo para outros fins. A magia ainda pode ser utilizada com o intuito de estancar sangramento em aliados, seguindo uma fórmula de progressão Intelecto(usuário) x Resistência(alvo), uma vez que quanto maior o Intelecto, mais chances de sucesso no estancamento.

Missão:

Lvl 02 (60/200)

HP (155/155)

MANA (175/175)

ST (200/200)





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Ter Set 15, 2020 1:09 am
[CL] Ferver - Página 2 Rat


Zaraht seguiu seus instintos e viu, claro como o próprio dia, o que de fato deveria fazer. Convergiu mana em suas unhas afiadas conforme à distância estipulada, apontando para as pústulas de Dens Putridus, decidiu sugar o líquido no interior das inflamações como metal é atraído por um ímã. Contudo, algo agiu como se interceptasse essa ação: ao invés de manipular o pus do corpo de seu alvo, o próprio gás ao redor de sua mão pareceu ganhar textura conforme era sugado em sua direção. Daquela forma, ficou claro que o gás intoxicado do lugar era proveniente do próprio sangue do rei rato. Juntando as peças restantes do quebra-cabeça, foi automático não apenas o que deveria fazer, mas também como.

O gás ganhou espessura e, na sequência, adentrou pela lacuna entre suas unhas e onde deveria estar sua pele, como se inalados pelo seu próprio corpo através de poros no organismo. Espasmos perpassaram por todo seu consciente conforme o sangue gasoso de Putridus adentrava em seu interior. O rei rato não teve nenhum ação: apenas estendeu uma mão para que os demais roedores se mantessem longe e não o atacasse. Muito pelo contrário: o suprassumo do reino, para além disso, parecia querer que aquilo ocorresse. Por debaixo de seu bigode falho, um sorriso desenhou-se em lábios finos e rugosos enquanto ostentava aquele par de dentes amarelados, enormes e tortos.

Então, ele percebeu que não era possível ler aquele tipo de sangue.

Ele podia, de certa forma, vivê-lo. Era muito mais concentrado do que qualquer outro sangue já digerido: não agressivo como o de Vox Tempestas, mas tinha ação entorpecente, como se seus sentidos aos poucos fosse largando-o e tirando-o da realidade conforme a leitura das hemácias era levada a um nível acima do vivenciado até então. Muitas vozes irromperam como se surgidas debaixo daquelas ligas metálicas que moldavam o chão — o cheiro pútrido de cadáver do ambiente transformou-se rapidamente no de terra molhada. A transição de cenário foi tão sutil que ele sequer percebeu quando Dens Putridus, diante de seus olhos, era uma figura bem menor e sem qualquer resquício de pustulas ao longo de seu corpo.

— Huhuhu…   — O som da risada do rato foi o gatilho para que todo o ambiente, enfim, se moldasse.

Zaraht sentia muito mais do que em qualquer outra memória vislumbrada. Ele acompanhou Dens Putridus por um corredor-túnel terroso, mas as paredes fundiam-se entre uma terra visivelmente carbonizada e canos já enferrujados pelo tempo. Como se tivesse tornado-se a sombra do roedor, ele conseguia ter uma ampla visão do âmbito conforme seu hospedeiro avançava naquele caminho escuro. De maneira panorâmica, visualizando a parte superior do percurso, ele podia enxergar bolsões d’água devido à umidade pregados em estalactites que, de alguma maneira, refletiam não Dens Putridus percorrendo o caminho, mas sim…

Momentos.

A água nas lembranças de Dens Putridus agia como um espelho de outros momentos vivenciados pelo roedor. Ele enxergou um momento em que, numa formação de aliança, os ratos foram colocados de lado coagidos pelo preconceito alheio — os lupinos, novamente, mostravam-se superiores. Numa gotícula que desfez-se sobre uma poça terrosa mais ao lado, ele viu o exato momento em que, diferentemente dos demais amaldiçoados, os roedores foram tornando-se alvos frágeis de outras raças, tendo que se esconder em subterrâneos tomados pela escuridão e especializando-se em táticas de combate que consistiam na queda de seus oponentes a longo prazo. Ele viu um vulto enorme albino em quatro patas dilacerar toda a família do rei rato em nome de uma paixão desenfreada.

Dali, muitas outras janelas de lembranças foram abertas na superfície aquosa. Ele também assistiu com certa agonia o momento em que Dens Putridus, desesperado, percebia que não mais podia voltar à sua forma humana e viver em sociedade como os demais devido ao trauma causado pelas mortes de todos os seus próximos conhecidos. O hematócio também enxergou quando os suínos conseguiram realizar uma espécie de dominância sobre a guilda enfraquecida dos roedores devido aos traumas vividos pelos ataques sofridos. A situação parecia completamente perdida: não haviam portas, escotilhas ou qualquer tipo de corda para que o rei rato pudesse escalar e sair do verdadeiro poço em que se encontrava.

Tudo estava imerso numa neblina de tormenta e tristeza tão grossa que, mesmo Zaraht tendo sanidade de que eram apenas lembranças, ele conseguia sentir o estado letárgico de Dens Putridus.

O caminho tunelado repleto de memórias findou-se numa inclinação diagonal. O rato saltou num único solavando e, com garras retorcidas, arrancou um tampão que dava, enfim, para a superfície. A luz da lua invadiu o trajeto como se trouxesse a salvação do ar puro do exterior. Quando Dens Putridus subiu, estava diante de um beco numa cidadela de arquitetura gótica: era possível ver sinos de igrejas ao longe, gárgulas em parapeitos rochosos e grandes levas de morcegos sobrevoando todo o lugar. O roedor ajustou-se e olhou para ambos os lados antes de assustar-se com a figura que surgia da própria escuridão na parede daquele caminho sem saída. Os morcegos juntaram-se em uma única figura, bela e mortífera, encarregada de uma feição inexpressiva cravada numa pele tão branca quanto a própria lua.

A irritação vazava por cada veia demarcada em sua pele.

[CL] Ferver - Página 2 Vampire

— Não pensse que foi fácil enviar um hematócio tomando a sua forma em combate na guerra. Elesss perceberão cedo ou tarde — a língua da mulher estalou como um chicote escarlate no ar. Cada centímetro de suas vestes atuava como uma semiótica de sua riqueza: o tecido avermelhado encobria-lhe tão bem como se fosse a veste que utilizasse de seu corpo e não o contrário. — A guerra está acontecendo. Netheria será palco de uma invocação de batalha caso nossas peças continuem em posições erradas. O restante da Aristocracia ainda acha que podemos confiar nos Baluartes ou no poder pútrido dos necromantesss — ela sibilou o “s” final como se saboreasse a palavra com desprezo.

Dens Putridus estremeceu.

— Voxê xabe que sou fiel a voxê, madame… trouxe o que pediu — Dens Putridus deu o próprio braço coberto de pelos castanhos eriçados. No lugar, encontrava-se uma espécie de runa cravejada num ponto de carne emitindo tons púrpuros. Zaraht não precisou juntar mais informações para saber o necessário: aquela era a marca originária da maldição de Dens Putridus.

O homem-rato que não tinha mais nada a perder ofereceu seu corpo à donzela de vermelho.

Ela sorriu, seu rosto tornou-se radiante tão depressa que agora a raiva de antes parecia apenas um delírio.

— Você é o melhor entre todos, de fato… — ela aproximou-se de Dens Putridus como uma serpente rastejando e envolvendo-se em sua vítima. Acariciou seu rosto repleto de pelos com seus dedos pálidos coroados pelas longas unhas escarlates. Observou-o nos olhos e, ali, Zaraht percebeu uma ligação com a mesma voz e essência da que tinha percebido nos meios das lembranças de Vox Tempestas. Mas por qual razão não conseguia descobrir o seu nome? De toda forma, tais interrogações agora tornavam-se apenas distantes infortúnios frente ao que acontecia com o rato.

A mulher mostrou presas afiadas que reluziram ao refletir a luz da lua. Ela fincou ambos os dentes contra a marca no braço do roedor. Era possível ver não apenas o sangue fluir para seu interior, mas também uma espécie de líquido púrpuro escorrendo por seus lábios carmins, algo que Zaraht não conseguia decifrar o que de fato era. A donzela regozijava enquanto alimentava-se daquela fonte: seu corpo inteiro tornava-se ainda mais jovial, a pele já brilhante quase faltava unir-se ao tecido com a textura de seda que passava a ganhar. Os cabelos da moçoila, antes presos no penteado ao topo de sua cabeça, ganharam extensão e saltaram da coroa avermelhada, caindo ao redor de sua face e ocultando a sequência do ato.

Zaraht sentiu a dor de Dens Putridus. Seu braço inteiro deformou-se como se mergulhado em chamas e ele percebeu que foi naquele mesmo instante que o homem rato não mais temia nenhuma intempérie que pudesse vir do exterior, uma vez que seu interior encontrava-se completamente desmoronado.

Ela sorriu, satisfeita. A marca no braço de Dens Putridus parecia enfraquecida.

— Hmnnn… — gemeu — A maldição de vocês realmente é fruto de algo muito maior. Vocês são… infinitos — seus olhos expressavam um tom demoníaco de vermelho, quase como se ela estivesse prestes a engolir todo aquele beco apenas com sua presença extremamente estonteante.

— V-Vossa Alteza, mas e… — ela sinalizou com a unha enorme de seu indicador para que o rato não prosseguisse.

— Princesssa, para você, querido Dens. Vamos… é isso que você quer em troca, sim? — Ela sacou um frasco com um líquido que mudava de cor em seu interior. As borbulhas estouravam em lamentos de sofrimento, Zaraht podia ouvir vidas perdidas em meio ao conteúdo, mas diferentemente do sangue, não o causava nenhum interesse em seu instinto hematófago.

Antes mesmo da sua mão encontrar a do roedor, a pele de seus dedos começou a enrugar antes de descolar-se, demonstrando a carne por baixo que, em sequência, apodreceu até demonstrar o osso de sua falange. Ela sorriu com os efeitos colaterais de um sangue de lican. A Princesa soltou uma risada quando seus cabelos, tão estonteantes, passaram a cair fio por fio.

— Então esse é o poder de um de vocês? Que… — ela caiu em seus próprios joelhos. O lábio lentamente descolava de sua boca, mostrando os dentes expostos por uma abertura em sua bochecha como se tivesse sido perfurada por uma lâmina afiada. Pele e carne eram desintegrados facilmente. — É tanta… tanta dor… esse é o preço do poder verdadeiro?

Ela aproximou-se de Dens Putridus como se buscasse por mais daquilo, mas o rato, com o frasco em mãos, retornou para o bueiro deixando para trás, na superfície, uma princesa escarlate desfazendo-se em gritos e lamúrios de dor e — acredite ou não — prazer.

A entrada do túnel não era a mesma das lembranças. Conforme Dens Putridus corria, Zaraht percebeu que ele não estava apenas correndo do medo daquela deixada para trás, mas cruzando o próprio tempo enquanto suas lembranças eram explanadas nas laterais do beco como se tudo tivesse tornado-se uma grande câmara de memórias.

Ele viu a guerra findar com Alastrine sendo mantida como a vitoriosa. As forças de Netheria retesaram e sofreram com um forte impacto anos depois, a Aristocracia parecia ter perdido os rumos em meio às tropas de licans e os tidos como Baluartes ainda permaneciam como incógnitas. Dens Putridus reuniu-se com os seus próprios, percebendo uma diferença drástica em toda a sua raça: Chazz nasceu do próprio infortúnio da maldição, um ser que para sempre viveria na intersecção de transformação: nunca um humano, mas nunca um rato — um meio termo bizarro e uma clara lembrança para o rei que agora não tinha mais volta.

Mas ele não queria voltar. Nunca precisaria, aliás.

Ele havia conseguido algo que os demais amaldiçoados jamais chegariam perto. Mesmo que isso significasse sacrificar toda a raça ramificada de sua maldição — ele seria maior do que os lupinos e suínos juntos e, mais adianta, maior do que a própria Aristocracia Escarlate. Zaraht sentiu naquelas memórias o ar de pretensão correr pelas veias de Dens Putridus conforme ele, dia por dia, injetava aquele líquido em seu próprio corpo com milhares de agulhas de metal ligadas a cabos que alimentavam-se da sua própria mana que irradiava princípios Bestiais.

O sangue de Dens Putridus, com o passar de cinco anos, não era mais sangue: mas sim uma adaptação daquele próprio líquido acostumado pelo seu organismo e reproduzido do zero, enquanto pequenas inflamações tomavam todo o seu corpo. O rato encontrou na própria dor uma maneira de conseguir desconstruir conceitos impostos pela própria sociedade e apoderar-se deles para criar o seu próprio. Uma espécie de corrupção que ia além de apenas reunir-se nos subterrâneos de Charissa e erguer o seu reinado com roedores que ramificavam-se desde os mais enfraquecidos aos originais da maldição.

Sangue era apenas sangue para Dens Putridus que arriscou tudo para tornar-se maior do que todos.

No dia em que ele finalmente conseguiu adaptar a última gota do líquido ao seu sangue que, em contato com o oxigênio, tornava-se um composto de gases tóxicos, sua mana também mudou para sempre. O primal Bestial foi reduzido a apenas uma simplória lembrança de um passado ainda sem sacríficios para o amaldiçoado que, em posse de sua mais nova aquisição, desenvolveu algo que Vox Tempestas passaria a vida inteira tentando chegar aos pés mantendo a pureza de sua raça.

Ele desenvolveu a Venenomancia.

[CL] Ferver - Página 2 Venomancia

O tempo passou. Mais acontecimentos históricos aconteceram, inclusive na formação de Charissa, mas que para Zaraht pareciam apenas grãos de arroz perto da tonelada de informação obtida. Entre janelas e brechas entre memórias ligadas a emoções fortes, ele sentiu todo o desprezo de Dens Putridus ao perceber que teria de permanecer mais tempo como aliado da Aristocracia caso quisesse realizar seu objetivo. Como se ele próprio conseguisse corroer e envenenar as suas próprias verdades, ele era capaz de esconder segredos da mesma forma que Vox Tempestas o fez ver apenas o que ele queria que visse.

Os ratos tinham seu próprio plano para virar todo o tabuleiro.

Zaraht viu que ele era maior do que qualquer plano dos lupinos que precisava lidar com unificação de ideais para então enfrentarem os verdadeiros inimigos.

Ele enxergou os javalis como apenas peças que caíram no ostracismo: fortes de corpo, mas miúdos de mente. Torres no jogo de xadrez, apenas em linha reta.

O salão de Dens Putridus retornou. Ele estava de volta ao lugar.

— Eu eixcolho quem enveneno, huhuhu… — seus olhos brilhavam num tom fosco esverdeado conforme mais gases eram emitidos pelas pústulas — não vou matá-lo aqui. Voxê prexisa viver, voltar para xeux cãezinhox com o rabo entre ax pernax e dizer que eixtou de acordo com tudo o que quer que tenham planejado para sua vinda até meu reinado. Eu vou me manter por perto… — ele fez sinal para que Chazz se afastasse, fazendo menção de guiar Zaraht para a saída do local. — Manter tão por perto que no momento em que elex perceberem, já eixtarão mortox. E voxê vai observar cada um dos seus cãex de extimação serem apenas uma raça extinta.

Havia nada além de puro rancor e ódio naquelas palavras. Zaraht percebeu que havia entrado numa espécie de jogo de agente-duplo.

— Agora… vá. E quando xe interexar pelo que a Arixtocraxia faz com os da sua raça, irá perceber que nóx, inferiorizados pelox demaix, também temox nossa chanxe de reinar.

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Qui Out 15, 2020 10:19 pm

S eu sangue ferveu.

Se houvesse um pouco mais de humanização em seus conhecimentos, saberia definir aquilo como raiva. Tamanha raiva percorreu suas veias por baixo de toda aquela máscara de transformação humana a que vestia, concomitante ao retorno de seus sentidos e percepção. Zaraht passou os olhos amarelo-âmbar por cada um dos ratos que, ainda agora, seguravam um riso ou outro referente a sua audácia de outrora. Sentiu uma vontade descontrolada de violentá-los. Saltear o sangue de cada um deles e deleitar-se com o desespero. No entanto, a razão falou mais alto. Ou melhor, a evolução.

— Pois bem, Dens Putridus.. — as palavras saíram com dificuldade, forçando aos poucos o fôlego que lhe retomava — Vou me recolher em minha derrota, levando comigo uma lição de perspectiva. — e com isso Zaraht utilizou das poucas forças que tinha para prestar uma meia reverência.

Não havia respeito ali. Não se trata de subordinação, e mesmo que se tratasse, estaria ela referindo-se ao sangue. Pois para o hematócio, o único capaz de fazê-lo curvar-se era o líquido escarlate. Sua fonte essencial de vida, e também o seu verdadeiro mestre.

— O sangue não mente. Menospreze-o, e você cairá por subestimá-lo. Abrace-o, e você transcenderá pelas próprias veias. — foram as últimas palavras do hematócio.

Os risos dos ratos aos poucos foram se tornando ecos do obscuro. Chazz, o queridinho do rei, se encarregou de escoltar Zaraht até uma das muitas saídas do reino subterrâneo. No caminho algumas coisas chamaram atenção do hematócio, ainda mais do que quando ele entrou. Reparou em diversos cadáveres, em diferentes estados de putrefação. Notou como o veneno de Dens Putridus agia na decomposição dos corpos, e por sua vez também afetando-lhe a mana. Algo ali chamou muita atenção na maneira com que os gases venenosos eram capazes de deteriorar até a própria fonte de mana dos cadáveres, consumindo-a aos poucos e gerando uma espécie de véu fosforescente que bruxuleava por quase todos os caminhos do reino subterrâneo. Era aquela a fonte de iluminação do subterrâneo, ainda que profana.

Uma vez fora do subterrâneo, Zaraht viu uma última vez o olho deformado de Chazz pular pra fora da cavidade ocular e quase se perder no chão e no meio de tantos túneis. O licantropo rato foi rápido em apanhá-lo num movimento que lembrou muito um estilo de esgrima. Algo muito, mas muito específico. Zaraht sentiu, nas memórias que corriam em suas veias, algo de familiar naquilo ali. Mas devido à torrente de informações já absorvidas, não deu a devida atenção. Apenas virou-se e deixou para traz aquele encontro com o rei rato também em memórias.

...

O caminho de volta até o refúgio dos licantropos lobos foi acompanhado de lembranças terríveis. Um misto de memória emocional e de dor. Está certo que nas palavras do próprio Dens Putridus; ele escolhia quem envenena. No entanto, mergulhar tão fundo nas memórias de alguém com características tão nocivas em seu sangue foi uma experiência extremamente dolorosa. Mais até do que explorar as características abjurativas no sangue de Vox Tempesta. Aquela foi uma experiência singular. Zaraht nunca provara de algo tão nocivo e ao mesmo tempo.. entorpecente.

Encontrar os lobos novamente ajudou-o a espairecer. Aos poucos o foco descontrolado nas características sanguíneas do rei rato fora substituído por uma mente em funcionamento. Zaraht precisou escolher com cuidado o que iria compartilhar com os lobos, pois uma vez mais em suas lembranças, as palavras do rei rato ecoaram em tom de ameaça aos lobos. Não que aquilo estivesse lhe apresentando o medo. Na verdade, ele estava mais interessado na ligação entre ambas as histórias e no que mais ele poderia absorver de tudo aquilo. Portanto, entregar informação de mais ou de menos poderia colocar em ameaça a sua posição de liberdade entre ambas as tribos.

— Devo admitir que visitar o reino subterrâneo de Dens Putridus se iguala a qualquer experiência com humanos. Terrível tanto quanto. — apesar das palavras descontraídas, o tom do hemomante era sombrio como de costume.

Sua presença chamou atenção dos lobos que aos poucos foram se aglomerando e acompanhando-o de longe até aquele que parecia ser o salão principal das reuniões entre os lobos. Em meio as ruínas do que provavelmente foi um grande castelo um dia, um grande salão com características mágicas em sua estrutura fazia reproduzir cenários dos mais mirabolantes dentro de suas dependências. No entanto, dada a presença de Vox Tempesta, quase sempre o salão reproduzia o cenário de uma tempestade de neve do lado externo, e dentro como se fosse um casarão nas montanhas.

Lá, o líder Licantropo esperava pelas informações que Zaraht foi incumbido. O silêncio do rei lobo disse mais do que qualquer coisa.

— O rato concordou. — o hemomante foi sucinto — Ainda que, eu não vejo isso como uma trégua. Muito provável que ele esteja se subordinando ao plano de vocês pelo simples propósito de ganhar vantagem mais tarde. O sangue dele é diferente de tudo que já provei... — e a escolha de palavras foi ainda mais engenhosa.

Quantos dias se passaram desde quando a tarefa lhe foi passada? Uma semana? O hemomante já não lembrava mais. No entanto, para os lobos, a chegada daquelas informações era tão aguardada que mesmo em meio a palavras tão engenhosas, não houve suspeita da tribo. Vox foi o único que não viu naquilo a oportunidade de nada. O líder lobo sabia mais do que ninguém da personalidade de Dens Putridus. Sabia que nem mesmo um ano seria o suficiente para convencê-lo de nada. Ainda assim, ele engoliu a seco cada palavra. Talvez pelo simples motivo de querer ter no que acreditar? Para Zaraht era impossível saber. Pelo menos não até provar seu sangue novamente, coisa que não estava sem seus planos por hora.

E no que diz respeito ao sangue, não demorou para um dos sentinelas lobos aparecerem na reunião reportando a presença de ratos nos arredores. Eles estavam perdidos, tinham por instinto e treinamento básico atacar e exterminá-los. Mas agora, na situação em que estavam, deveriam mesmo atacar? Pois Vox foi categórico. Ordenou que deixassem-os em paz até que ofereçam perigo. Mesmo contrariado, aquela era a opção mais prudente no momento.

Zaraht então fraquejou mais uma vez, revelando enfim as consequências de uma missão tão conturbada. O hematócio caiu de joelhos, presenteando os lobos com uma visão um tanto parecida com aquela de quando o sangue de Vox percorreu-lhe as veias. Sheridan foi o primeiro a sair de seu posto para vir ajudá-lo, oferecendo-lhe dois vidros de poções; um deles indicado como uma poção de vida, e o outro como uma poção de estamina. Zaraht deu uma grande golada na poção de vida, sentindo o líquido restaurar-lhe as características curativas em seu sangue com bastante rapidez.


  • 1 Poção de Vida Pequena utilizada


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Sex Out 16, 2020 1:03 pm

O encontro com os ratos despertou uma curiosidade que até então pareceu efêmera aos olhos do hematócio. Mesmo quando provara não uma, mas algumas vezes o sangue dos licantropos, Zaraht não sentiu tamanho estímulo por conhecer a fundo a origem daquela maldição, não como sentiu agora. Talvez pelas memórias de Dens Putridus terem-lhe revelado um passado tão repleto de ligações misteriosas por traz das guildas de licantropos.

Agora, uma vez mais na companhia dos lobos, Zaraht não precisou de tanto esforço quanto pensava para despistar qualquer desconfiança que tivessem em cima das suas informações. Sua postura sombria e de poucos amigos ajudava bastante nesse quesito. Ainda que, em se tratando de um lobo em específico, isso parecia perder seus efeitos cada dia mais. Sheridan, o primeiro lobo que acompanhara Zaraht desde a sua chegada à Charissa, demonstrava níveis de confiança que o hematócio jamais pensou estimular em alguém.

Tamanha era a sua proximidade para com o hematócio que, mesmo diante de uma ameaça direta, o lobo não se intimidava. Sheridan ajudou Zaraht desde o seu retorno da missão, entregando-lhe poções para que se recuperasse mais rápido e então pudesse compartilhar o restante do que descobriu no encontro com os ratos. Vox, a todo tempo, na espreita. Ouvidos atentos e uma postura rígida como quem espera por informações relevantes de fato.

— Agora eu entendo a real diferença entre vocês. — agora em seu estado de saúde normal, o hematócio reuniu-se uma vez mais com os lobos, rompendo o silêncio e os murmúrios que inundavam o grande salão de reunião. Todos silenciaram-se e miraram com olhos atentos os passos vagarosos do hematócio ganharem espaço no interior do salão, deixando um rastro de neve molhada em sangue para traz.

— O sangue dos ratos vem sofrendo há muito tempo, definhando, revelando cada vez mais uma natureza de licantropos deformados e incompletos. — desta vez as palavras acompanharam aquele tom sombrio que surpreendeu até mesmo o líder dos lobos. Vox parou de colocar galhos na fogueira principal e lançou um olhar pesaroso sob o hemomante. Ele já sabia disso, mas precisava da opinião de alguém de fora para convencer aos seus de maneira que sua própria imagem não fosse associada a de um ditador. Zaraht serviu perfeitamente. Ou pelo menos, assim o líder lobo pensava.

— No entanto, aqui eu vou deixar as mesmas palavras que marcaram a minha passagem no reino subterrâneo. Tal como um alerta de alguém que conhece o sangue em suas profundezas. — os passos cessaram, e então os olhos vibrantes do hematócio pesaram sob cada um dos lobos ali presentes, incluindo Sheridan — Menospreze o sangue, e você cairá por subestimá-lo. Abrace-o, e você transcenderá pelas próprias veias. — as pausas dramáticas entre cada palavra renderam suspiros da maior parte dos lobos. Vox, por sua vez, engoliu a seco mesmo sem transparecer.

— Siga-me, hematócio. — o líder lobo levantou-se num súbito. Passos firmes guiaram-no até o que parecia um alçapão com grandes escadarias subterrâneas, um pouco mais a fundo no grande salão. Uma vez que o seguisse, o hematócio notaria marcas de garras e uma estranha sensação nociva vinda das bordas do alçapão. Era como uma espécie de encantamento, ainda que ele não soubesse de fato. Estava reagindo apenas por instinto, daquilo que já absorveu em seu sangue.

Nem mesmo Sheridan ou qualquer outro lobo fora convidado para aquela reunião particular. Zaraht precisou descer as escadas acompanhado não mais do que archotes fracos que iluminavam preguiçosamente o interior daquele acesso. As escadas, diferente da impressão de antes, revelavam uma estrutura antiga e amadeirada. Mesmo as paredes que seguravam os archotes, ao fraco brilho da luz, revelavam uma beleza montanhosa e cinzenta.

Ao final do acesso, Zaraht já percebia o quanto sua percepção do local havia sido alterada de acordo com as características mágicas imbuídas naquelas ruínas. Não se tratava de uma ilusão ou algo do tipo, muito pelo contrário; tudo ali era real. O lugar já não era mais só parte de Charissa, era como uma região própria no interior do subterrâneo. Algo que dificilmente parece possível.

A grande porta amadeirada ao fim do acesso revelou uma estrutura mais parecida com um andaime. Construído às beiras da então revelada parede cavernosa, o andaime amadeirado apresentava um ar sombrio muito semelhante ao do próprio Zaraht. Velas mágicas eram dispostas em quase todo o caminho, faiscando na escuridão para acalmar olhares perdidos. Era como se as chamas insistissem em revelar, mesmo que misteriosamente, frações do interior daquela caverna por onde os dois traçavam seu caminho pelas beiradas.

[CL] Ferver - Página 2 Andaime-1

— Aqui é o santuário onde tudo começou. — alegou Vox enquanto seguia na frente através dos andaimes.



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Sex Out 16, 2020 2:17 pm

N aquele novo cenário, Zaraht sentiu instintivamente uma memória muito distante lhe preencher. Em sensações humanas, qualquer um descreveria isso como nostalgia. Uma lembrança de infância? Algo atrelado a memória emocional, um trauma, ou uma experiência muito marcante na lembrança de um ser. É claro que aquela sensação não lhe pertencia de fato, mas sim, ao sangue de alguém que hoje corre em suas veias carregando tais características.

Os olhos amarelo-âmbar do hematócio pousaram com curiosidade sobre toda a estrutura do lugar. Desde às velas mágicas que mais pareciam ter vida própria ao escolher que parte do percurso iriam iluminar, até a própria estrutura da caverna, que mais parecia estar do avesso. E no que diz respeito a isso, o hematócio não demorou a perceber que esse era o real motivo da presença dos andaimes. Não havia de fato nenhuma estrutura no centro. É como se as paredes da caverna circundassem nada mais nada menos do que um profundo abismo de escuridão e nada.

Vox continuou caminhando na frente, revelando em seus passos firmes a certeza de que os andaimes eram a parte mais segura e confiável daquele lugar. As velas tremeluziam em sua presença, algumas revelando até um estranho ar de receio e aflição. Mesmo nos menores detalhes, Zaraht sentia quase que gritante em seus instintos a presença de algo a mais por ali. Ele só não conseguia identificar o quê, nem onde. Isso sem falar nas dores de cabeça e náuseas que ainda circulavam seu sangue desde a experiência com o rei rato. Aquilo o estava torturando, ainda que as poções de vida tenham amenizado.

— Eu não sou um Chari nativo. A terra de onde eu venho era repleta de neve e simplicidade. — o líder lobo então rompeu o silêncio, engatando numa espécie de desabafo sobre sua terra de origem que, por sua vez, desenhou um novo cenário nas ideias do hematócio distraindo-o do longo caminho entre os andaimes.

— Venho de uma tribo de humanos caçadores. Acostumados com magia bestial, nossa tribo incorporava em muito os aspectos das alcateias. Os lobos da neve ensinaram, não só a caçar, mas também a sobreviver em grupo. — em suas palavras ficava bem nítido a simplicidade com que o seu tempo de vida humano foi preenchido — Mas as guerras constantes e o preconceito Alastrio transformou a vida da nossa tribo pra sempre. Tudo por causa do sangue... — uma pausa acompanhou o olhar rancoroso do líder lobo na direção de Zaraht.

Não foi preciso muito esforço para ligar os pontos. O hematócio lembrou-se, instintivamente, do que viu nas memórias de Vox. Associou também com o contexto do passado licantropo nas memórias de Dens Putridus para finalmente entender que, no meio dessa história toda, surgiu um hemomante. E a julgar pela forma com que Vox se apaixonou por alguém que o levou a ruína, esse hemomante poderia ser o fruto de sua paixão, ou quem interferiu diretamente nela. Mas o questionamento ficou em segredo, uma vez que o próprio hematócio sentiu-se ameaçado nesse ponto da história. Então preferiu silenciar-se e continuar a caminhada.

Em mais alguns passos, Vox tornou a falar.

— Ela me trouxe aqui. Ela me salvou. — alegou ele, desta vez demonstrando uma espécie de fraqueza emocional que até então Zaraht não havia reconhecido nele. As vestes peludas do líder lobo então farfalharam com uma brisa estranha e sombria, ao passo que com o braço direito, Vox apresentou o verdadeiro ponto chave daquela reunião. A lua.

[CL] Ferver - Página 2 Andaime-2

O hematócio perdeu completamente a fala e até quase os sentidos. Sentiu seu corpo diminuir como que diante de uma divindade. Seus olhos arregalaram-se por detraz das sombras enquanto vislumbravam os detalhes por traz daquela escultura rochosa gigantesca no centro da caverna. Parecia um rosto, talhado na própria parede, acompanhado de outras figuras bestiais que mais pareciam transfiguradas vivas no cerne da caverna. E tudo isso abaixo do que aparentava ser um teto invisível e mágico. O céu noturno, quase tão colado como o próprio véu do universo, apresentava uma lua avermelhada tão viva como nenhum lugar o mostrou antes. Era como se a própria lua fosse o espírito daquele lugar.

— Que lugar... é esse?! — sua mão direita fez menção de alcançar a lua, num movimento bobo e catatônico, enquanto as palavras saíam. Mas Vox o interrompeu, puxando sua mão para si e apoiando-o em seu ombro. Só então, Zaraht percebeu o quanto seu próprio estado de saúde estava debilitado. Notou as pernas trêmulas e fracas. Aos poucos sua própria capa definhava em sangue, tal como seu cajado-bengala, revelando uma estranha fraqueza em seu controle sanguíneo.

— O que há com você, hematócio? — Vox não compreendia os segredos por trás da raça de Zaraht, então tentou ajudar como pôde, apoiando-o em seu ombro.

— E-Eu..eu não entendo! Eu pensei que o veneno de Dens não estivesse mais em meu sangue.. — murmurou Zaraht, fazendo esforço para enxergar com exatidão a palma da própria mão.

Nesse movimento sutil, o hematócio então percebeu uma estranha neblina acompanhando-o por baixo das vestes. Reconheceu no brilho fosforecente da neblina algo que notou quando ainda deixava o subterrâneo do reino dos ratos. Aquele mesmo véu-venenoso, decompondo aos poucos os cadáveres e o fluxo de mana deles, era em muito parecido com o brilho que agora lhe acompanhava. Aquilo fez com que o hematócio imediatamente fizesse uma busca em seu próprio sangue, identificando ali algo que passou-lhe despercebido desde o seu retorno da missão anterior.

— Saia! Como ousa invadir meu corpo dessa maneira? — bradou Zaraht, rasgando a própria pele com as unhas numa espécie de movimento desesperado impulsionado pela descoberta.

Vox ainda tentou impedir segurando um dos braços de Zaraht, mas isso não foi suficiente para que com alguns arranhões, o hematócio despejasse algumas gordas quantias do próprio sangue sob o chão amadeirado do andaime. E para a medida que algumas gotas caíram no chão, uma estranha fumaça começou a emanar como se o sangue estivesse fervendo, queimando e até derretendo alguns burcos na madeira.

Hihihihihi, então você descobriu?

Uma voz ecoou junto ao barulho do sangue fervendo e esfumaçando. E para a medida que a fumaça foi encorpando, princípios mágicos chamaram atenção do líder lobo que percebeu ali dentro uma presença intrusa. Vox girou seu dorso, puxando Zaraht consigo e num impulso só, tomando distância daquele ponto onde a fumaça tomava uma forma etérea.

Não demorou para que a forma revelasse uma silhueta de um rato. Seus olhos brilhavam misteriosamente por traz da fumaça, que por sua vez inundou aquele andaime em tons esverdeados e nocivos. Foi como se a fumaça tomasse a forma de tentáculos, avançando novamente contra o corpo do hematócio, uma vez que já o parasitava desde o dia de sua visita ao reino subterrâneo. Na mente de Zaraht, aquilo só podia ser um dos espiões de Dens Putridus, acompanhando-o para saber até que parte das verdades descobertas naquele dia, seriam reveladas aos lobos.

— Criatura desprezível. Como ousa profanar o meu sangue dessa maneira? — a esta altura, Zaraht entendeu que estava sendo usado pelo parasita como um hospedeiro. De alguma forma, através do veneno de Dens Putridus, aquela outra criatura conseguiu penetrar suas defesas naturais e parasitá-lo despercebidamente até aqui.

— É um transmorfo. — as palavras secas do líder lobo atravessaram a neblina e atingiram Zaraht de maneira que o seu próprio instinto revelou-lhe os receios por traz de todas as sensações estranhas que sentiu até aqui. As náuseas, as percepções estranhas acerca das velas, tudo. Eram sinais do seu próprio sangue de que havia um outro alguém olhando através dos seus olhos. Mas como expulsá-lo se naquela forma ele fazia parte de si?

— Beba. — Vox estendeu o braço direito na altura do rosto do hematócio, revelando as veias saltadas por cima dos músculos. Os olhos de Zaraht vibraram em êxtase, tanto pela dor do parasita em seu sangue, quanto pela sede de sangue que podia ser a sua única salvação naquele momento. Não um sangue normal, mas sim o sangue de Vox com as características que tinha. Então Zaraht não fez sequer uso de suas habilidades, apenas deixou-se guiar pelo instinto mais primitivo que corre em suas veias, abocanhando o braço de Vox com dentes afiados e vorazes. O sangue transbordou, dançando na língua do hematócio e escorrendo em filetes grossos ao redor da boca. Vox sentiu o próprio sangue ferver com a mordida do hematócio, mas aguentou firme.

Não demorou para que o próprio Zaraht engasgasse em sua sede voraz e precisasse tomar distância, caindo de joelhos. Seu corpo foi tomado por espasmos de dor e prazer ao mesmo tempo. Sentiu como se o sangue estivesse entorpecido. A pressão sanguínea aumentou, se tivesse um coração certamente que estaria acelerado demais. Mas aquilo tudo era fruto da abjuração. Foi como tomar um antídoto e sentí-lo fazendo efeito da pior maneira possível. E então os espasmos reveleram vômito. O vômito revelou uma porção de sangue ácido e esverdeado, e dessa mesma porção de sangue finalmente se revelou o intruso. Um rato juvenil com magia de transformação e, muito provavelmente, princípios da venenomancia. Seria ele um experimento do próprio Dens?

— Uma criança sendo usada dessa maneira é uma vergonha para nós licantropos. — estas foram as últimas palavras que ecoaram no entendimento de Zaraht.

Depois disso o hematócio desmaiou, não sem antes ouvir de fundo os rugidos do que parecia ser uma transformação.

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Sáb Out 17, 2020 11:24 pm

  • + 30 de EXP; (interações)

Quest Simples — Traição do Próprio Sangue

Descrição: É evidente que licantropos em geral são extremamente fiéis para com seus líderes e demais companheiros, respeitando o que se tem por hierarquia e hombridade dentro do seu próprio nicho. Contudo, para toda regra, sempre há uma exceção. Dada a urgência da situação, independente do possível estado debilitado de Zarath, Vox traz até ele um dos licantropos de sua alcateia para um interrogatório. O Hematócio se pergunta o porquê ser necessária sua intervenção, mas assim que seus olhos caem sobre o prisioneiro, tem seus possíveis questionamentos enfim respondidos. Quem quer que estivesse tendo encontros às escondidas com o lobo, deixou-lhe com os dedos decepados e a língua dilacerada, garantindo que o mesmo não confessasse detalhes a respeito de suas conversas e segredos. Cabe a Zarath utilizar suas habilidades pessoais para extrair informações do traidor e descobrir o que ele esconde fluindo por entre suas veias.
Recompensas: 50 de XP — Baú Básico  — Ouro a ser definido na conclusão

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Ter Out 20, 2020 12:47 pm

M ais uma vez, o sangue ferveu. Como se, de uns tempos pra cá, o hematócio estivesse vivendo sob pressão. Era como sentir o peso de emoções desconhecidas e, em sua maioria humanizadas, preenchendo sua corrente sanguínea com nada menos do que invasão de privacidade. Afinal, ele nunca pediu por isso tudo. Ele estava apenas aprendendo. Mas seus sentidos falharam naquela noite de lua vermelha, e a última lembrança que o hematócio guardou além do cenário, foi a de um rugido. Poderoso e estrondoso como um trovão solitário em meio a uma tempestade silenciosa.

...

— E então, como ele está? — a voz transfigurada do próprio trovão ganhou aspectos humanizados, despertando Zaraht de seu sono.

O hematócio sentiu o corpo pesar, ainda que fosse majoritariamente líquido. Sentiu rigidez em seus braços e pernas, um pouco de tontura preencher sua cabeça e um estranho formigamento nos olhos como se tivesse dificuldade até para abri-los. Mas com esforço, conseguiu. Pendeu uma olhadela rápida nas figuras ao seu redor, concluindo que estava cercado dos lobos em forma humana. Piscou algumas vezes, o suficiente para equilibrar os sentidos e enxergar melhor o cenário. Identificou as paredes das ruínas e, por sua vez, o corredor que levava até as masmorras. Lugar onde Zaraht interrogou aquele prisioneiro rato de outrora. Lembranças que percorreram rapidamente sua corrente sanguínea, fortalecendo-o pela memória. Como se ainda houvessem vestígios daquele sangue como fonte de alimento.

Vozes reverberaram ao seu redor, revelando a discussão dos lobos a respeito de um certo invasor. Zaraht identificou a presença de Vox Tempesta em meio aqueles lobos, tal como conseguiu captar um certo clima de tensão na conversa entre eles. A palavra "traidor saltou da boca dos lobos numa sequência de vezes, recheada de frustração e rancor. O hematócio sentiu algo estranho naquilo, como se os seus sentidos estivessem mais aguçados mesmo sem a sua total compreensão. Era como se ele pudesse identificar mais coisas no sangue daquelas criaturas do que era capaz antes. Mas ele ainda estava confuso demais para explicar melhor.

— Levante-se, hematócio! — Vox logo percebeu o despertar de Zaraht, impondo-lhe comandos como lhe era de costume.

Os lobos rapidamente silenciaram, entreolhando-se como que sem saber o que dizer.

— Traga-me sangue e eu resolvo o problema. Seja lá qual for. —  Zaraht foi sucinto. Suas palavras desarmaram até mesmo a imponência do líder lobo, que não esperava menos do seu mais novo espião.

— Não tenha pressa. A tarefa que temos pra você vai suprir suas necessidades. — a resposta do líder lobo veio acompanhada de um sinal para os demais.

Os dois licantropos que acompanhavam a conversa então concordaram com o sinal e aproximaram-se de Zaraht, oferecendo os braços como apoio. O hematócio entendeu ali que seus dias de descanso acabaram, e que provavelmente os lobos o levariam até mais um prisioneiro a ser interrogado. Coisa que, durante todo o caminho, intrigou ao hematócio no que diz respeito as capacidades de interrogatório dos licantropos. Zaraht não conseguia entender como eles tinham tanta dificuldade para tirar informações dos seus prisioneiros ao ponto de recorrer a um hematócio toda vez que fosse preciso.

Todavia, não demorou para que o próprio hemomante tivesse suas dúvidas sanadas quanto a dificuldade naquela tarefa. Licantropo nenhum, de fato, conseguiria tirar tais informações do prisioneiro, afinal, o dito cujo estava sem as mãos e sem a língua. Completamente mutilado. Suas chances de repassar qualquer informação voluntariamente era nula. Mas diante daquela visão, Zaraht sentiu seu próprio fluxo sanguíneo estremecer. De fato ele estava sentindo algo de estranho desde o encontro com Dens Putridus. Não necessariamente referente ao encontro, mas considerando o fato que o hematócio alimentou-se do sangue de dois líderes licantropos com maldições originais, em um curto período de tempo. Algo em seu sangue estava reagindo a isso.. ainda que ele não soubesse explicar.

— E-Eu...eu posso sentir, o gosto.. — as palavras do hematócio deslizaram pelos lábios como sangue em sua boca.

Os lobos que lhe acompanhavam apoiando-o em seu ombro assustaram-se. Rapidamente tomaram distância, deixando Zaraht cair de joelhos frente a cela do lobo prisioneiro. Os dois então fecharam as grades do lado de fora, numa miserável tentativa de proteger-se contra avanços do hematócio, enquanto observavam o que acontecia. Desta vez, por ordens do próprio líder lobo, aqueles dois estavam sentenciados a observar e recolher o máximo de informação possível desde o primeiro momento que Zaraht provar o sangue do prisioneiro. Vox estava aprendendo uma lição de confiança com tudo aquilo, hmm?

— Eles chamam você de traidor, sabia? — os passos cambaleantes do hematócio romperam o silêncio dentro da cela, fazendo com que o prisioneiro mutilado começasse a reagir — Mas eu posso salvá-lo, criança.. — mas aqueles passos eram o de menos. O tom sombrio e o olhar ameaçador de Zaraht é que despertaram alguma coisa no prisioneiro que o fez grunhir. Os olhos do licantropo mudaram de coloração, e uma transformação voluntária aconteceu, numa tentativa inútil de resistir ao medo, ou de ao menos amedrontar o hematócio que lentamente se aproximava dele em tom de ameaça.

Os cabelos pálidos do hematócio então penderam sob o rosto, escondendo nas sombras qualquer traço ou feição que ele tinha, ainda que mesmo no escuro seria possível compreender um sorriso maquiavélico por traz das sombras. Aquele mesmo olhar amarelo-âmbar aproximou-se como que num súbito, ganhando espaço e estimulando terror aos olhos do prisioneiro, que mutilou-se ainda mais numa tentativa desesperada de escapar. Enquanto que, do lado de fora da cela, os outros dois lobos acompanhavam tudo com um olhar enojado e receoso. Eles não entendiam que tudo aquilo só estava acontecendo por causa do controle de Zaraht sob o sangue do prisioneiro. Àquela distância era impossível pra eles notarem o sangue do prisioneiro sendo forçado a sair pelos poros do braço, causando espasmos de dor e sangramento lentamente. Eram como um punhado de agulhas perfurando-o lentamente e depois aquecendo seu sangue para sair mais rápido.

Os grunhidos do prisioneiro logo foram substituídos pelos gemidos prazerosos de Zaraht. A escuridão em seu rosto foi substituída por vitalidade e sensualidade. Seus cabelos ganharam cor novamente, e seu corpo ergueu-se como na mais pura jovialidade. A capa vermelho-sangue voltou a vibrar como se fosse do tecido mais nobre e mais belo em todo o reino. Seu cajado-bengala enrigeceu novamente, garantindo-lhe o sustento que antes precisava para andar. E por fim, as gordas porções de sangue dançaram em seus lábios, acompanhando um movimento sutil da língua que saboreava cada memória. Cada momento vivido pelo prisioneiro mutilado naqueles últimos dias antes da captura.

— C-Co-mo é doce... o sabor... — entre os espasmos, Zaraht sentiu as informações percorrendo suas veias de uma forma ainda mais específica, como se o seu próprio desejo pelo encontro das informações o levasse àquilo que buscava — Então.. não é a primeira vez que você doa sangue a um hemomante.. — as palavras escorregaram com deleite.

O hematócio viu naquelas memórias o verdadeiro significado de traição. Viu como, aos olhos daquele prisioneiro, existia a inveja e o desejo por ter o mesmo respeito e admiração que Vox Tempesta o tinha. Não necessariamente pelo poder e pela ambição, mas sim pelo desejo carnal. O prisioneiro desejava ter o mesmo status de Vox pelo simples prazer de ter qualquer outro lobo aos seus pés. Ele queria ser desejado como Vox o era. Ele queria ser venerado como Vox o era. E isso o levou a traição, traição pelo sangue. Sangue este que ele cedeu a um outro hemomante, sem nome, sem rosto, sem informação relevante exceto pelo lugar de encontro para os dois traidores.

— Chamem Vox! Depressa! — o tom ameaçador de Zaraht voltou-se para os guardas, que estremeceram e logo saíram em disparada procurando pelo líder — Enquanto a você, não tema! Eu vou aliviar o seu sofrimento e lhe dar aquilo que você mais quer como seu último desejo.. — agora sozinho com o prisioneiro, Zaraht não tinha limites quanto ao que poderia fazer com ele. Foi como sentir as amarras da fome insaciável se libertando. E o lobo prisioneiro, diante do sofrimento e das belas palavras, rendeu-se ao que parecia ser encantador demais para um último desejo. Desfez sua transformação, entregando-se ao hematócio na sua mais indefesa forma humana. Revelando um homem de cabelos castanhos longos e barba rala. Seus olhos tão amedrontados quanto encantados foram de encontro aos de Zaraht, que aproximou-se dele ainda mais e deixou com que algumas gotas de sangue pingassem nos lábios do prisioneiro. A respiração dos dois estava tão próxima que o prisioneiro podia sentir, e até desejar que os dois estivessem respirando juntos. Então Zaraht concedeu-lhe o seu desejo, selando a respiração dos dois num beijo regado a sangue e desejo. A língua do hematócio dançou na boca do prisioneiro, pincelando sangue no céu da sua boca e forçando-o a embarcar nas próprias memórias. Memórias estas que revelavam aquele sentimento; aquela ambição por ser desejado e venerado.

Em seus últimos minutos, o prisioneiro sentiu seu corpo abrir mão de qualquer resistência. Ele estava completamente encantado, o êxtase foi tamanho que ele entregou-se por completo. Portanto o controle de sangue do hematócio sob o prisioneiro ganhou extensões astronômicas, fazendo com que durante o beijo, todo o restante do sangue do prisioneiro fosse drenado de uma só vez, secando-o para a medida que as memórias lhe preenchiam num último suspiro. Zaraht então finalizou o beijo, mordendo-lhe os lábios secos do prisioneiro agora morto e por fim limpando as últimas gotas de sangue que lhe restaram.

Foi então que Vox chegou.

— Um hemomante foi o responsável por essa traição. — Zaraht foi sucinto mais uma vez, cortando qualquer questionamento acerca do que fez com o prisioneiro e entregando as informações de bandeja para o líder lobo não ter tempo de repreendê-lo — Eu não tenho habilidade suficiente para romper as barreiras que estes hemomantes conseguem impor no sangue, portanto não consigo vê-los nem reconhecê-los em forma ou aparência. Mas algo está diferente, pois desta vez, eu vi o lugar em que se encontravam. E o reconheci como parte de Charissa. — em outras palavras, Zaraht fez referência a um lugar que até então nem ele conhecia.

Se tratava de um condado.

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