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Samhi
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[CL] Esperança para uma tribo Empty [CL] Esperança para uma tribo

Seg Out 19, 2020 7:41 pm
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Samhi
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[CL] Esperança para uma tribo Empty Re: [CL] Esperança para uma tribo

Seg Out 19, 2020 10:58 pm
[CL] Esperança para uma tribo 1


As crianças rodearam-me antes que pudesse fazer qualquer coisa com os couros de javalis que trazia comigo para o povoado. Equilibrei-me tomando os cuidados necessários para não acabar pisando em minha túnica e tropeçar de maneira ridícula. Com a mão livre, ajustei a pilha que gotejava sangue e gordura debaixo de meus braços e estudei meus irmãos Imsires ao meu redor por um instante. Suas falas atropelavam umas as outras, traziam informações estranhas, boatos desconexos e pouco adicionavam de fato alguma informação a respeito do que quer que fosse. Com um gesto, pedi para que ficassem quietos e, só então, tomei liberdade de apontar para Nevoura, a maior entre eles. Provavelmente tinha vivido seus doze solstícios até então.

— Samhi, é verdade que você… que vo-você… — engasgou nas palavras, como quem não consegue finalizar a sentença.

— Fez nascer flores na em suas mãos?! — O menino mais ao lado, Demethir, tomou a fala rapidamente de maneira entusiasmada.

Quase que de maneira imediata, franzi o cenho, perguntando-me quem havia deixado o boato tomar proporções tão catastróficas. Por geleiras! Se eles sabem disso, quer dizer então que suas Mães também sabem e, se for o caso, a Matriarqueza também deve saber. Não há como uma simples história correr tantas bocas em um tempo tão curto, não? A não ser que mais pessoas tenham visto além do que eu devo imaginar. Isso sequer faz sentido. Não… talvez…

— E que tipo de história é essa? — Indaguei sustentando o enfezamento em minha voz.

Eles riram e rapidamente tamparam suas bocas com as miúdas mãos. Notei que um deles havia má formação em seus dedos.

Senti o vento gélido pela manhã bagunçar meus fios castanhos conforme farfalhava minhas vestes de caça, brincando com o meu colar de ossos à medida em que fazia com que o sangue proveniente do que um dia havia pertencido a um javali nas extremidades respingasse em meu cotovelo. Ao longe, percebia as fogueiras já acesas para o preparo do almoço do dia pelos homens que, por sua vez, tinham a função de avaliar a saúde do que havia sido colhido para preparar o restante dos pratos e prover uma refeição saudável a nosso povo com tudo o que é necessário a um crescimento digno. Desde criança, aprendi sobre diversas questões educacionais com Rhess, o grande instrutor responsável pela formação de diversas outras Mães.

Se pretendo ter um filho e tornar-me uma Mãe como as demais, por qual motivo devo esconder a verdade de crianças curiosas?

— Tudo bem, mas somente se prometerem serem responsáveis com suas Mães e honrarem aqueles que vos guiam — observei alguns acenos positivos com a cabeça. Sorri de canto, preparando-me para subir a escadaria pétrea de detalhes amadeirados coberta por montes de neve em passos calmos. — Nesse caso, vamos almoçar primeiro. Encontrem-me em minha cabana depois e seus olhos mostrarão a verdade.

Lamentos e esperneios. Eles queriam ver agora. É claro que querem, afinal, são crianças.

Senti uma mão tocar-me o robe de caça, puxando-me por um degrau e por pouco não fazendo-me tropeçar. Calculei os minutos que levariam até que o couro do javali já não encontrasse mais as propriedades necessárias de umidade para que os homens costurassem novas roupas para os futuros nascidos que esperávamos. Virei com um olhar tomado pela fúria, mas encontrei apenas os orbes inocentes daquele pequeno de antes que não havia um dos dedos. Senti-o ausente naquele tato e, quando recuou a mão, meio acuado com minha reação, pareceu sentir pesar diante do feito. Antes que pudesse se desculpar pelo que fizera, sorri de forma espontânea com o ato, lembrando-me de quando possuía sua idade — tudo o que eu queria saber eram sobre as terríveis lendas daqueles que não haviam sido velados e levantavam-se com a fúria pela vida não honrada.

— Rápido, venham — murmurei.

Coloquei a pelugem ensanguentada sobre meu colo e sentei de cócoras naquele degrau. Rapidamente, as crianças de maneira esperançosa laçaram-se ao meu redor criando uma espécie de círculo, suas cabeças tão inclinadas para baixo que projetavam uma sombra sobre minhas mãos, escondendo-as com sua curiosidade. Suspirei profundamente e tentei projetar aqueles mesmos pensamentos de uma semana atrás de quando recebi a notícia de que poderia sair para realizar caças sozinha como as demais mulheres sadias de minha idade — como se uma fagulha se acendesse na lenha da fogueira, um formigamento familiar deu-se em meus pulsos e, por um instante, retesei as mãos, fechando minhas falanges temendo o que poderia vir, escondendo minhas palmas.

Mordi o lábio inferior, sentindo minhas palmas que tocavam-se tornarem-se quentes como quem as aproxima de uma lareira gentil.

”Por favor, que tenha dado certo” — clamei em meus pensamentos.

— Tera hur — uma voz que não minha tomou conta de mim por um instante, proferindo num sussurro tais palavras que, por sorte, as crianças pouco notaram.

A centelha de vida acendeu-se num piscar de olhos.

Encontravam-se encantadas com a pequena rosa que nascia entre minhas mãos assim que demonstrei minhas palmas novamente: seu caule envergava-se num misto de iluminação esverdeada com uma gama de brilhos que rodeava-lhe até formar suas pétalas que, no lugar de um rosa, trocavam cores entre o amarelo proveniente do sol em seu ápice no horizonte e um branco tão níveo quanto das nuvens. Seus queixos caídos faziam com que as bocarras estivessem tão expostas que poderiam entrar um grupo de crias de javali sem problemas. Assim que senti os comichões na região em que as flores nasciam, fechei as palmas e então as abri novamente, demonstrando apenas minhas linhas com diversas cicatrizes na região que pouco mais diziam além das inúmeras tentativas de manusear ferramentas de caçada.

— Agora direto para cima. Hora de comer — pontuei numa voz firme, tentando ignorar a insegurança que tomava todo o meu corpo junto com uma sensação de incerteza acerca do que se tratava aquilo. Nevoura passou adiante como se pudesse deixar uma nuvem de neve para trás como rastro.

O próximo foi aquele de menos um dedo.

— O último a chegar vai virar um revenante envelado! — Demethir gritou com pulos, passando adiante.

Por mais que fossem apenas superstições de crianças, senti um calafrio percorrer minha espinha.

Um pressentimento terrível fez com que aquele fosse um dos piores almoços que já comi.

HB - 15 de Mana:

Lvl 01 (00/100)

HP (175/175)

Mana (47/50)

ST (100/100)






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Samhi
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[CL] Esperança para uma tribo Empty Re: [CL] Esperança para uma tribo

Ter Out 20, 2020 1:17 pm

A pior parte de fazer vigília noturna é que os últimos mantos costurados pelos homens vêm sendo cada vez mais finos devido à morte de Svheger, o idoso tecelão que acompanhou-nos durante décadas juntando pele por pele de urso e couro de javalis para que pudéssemos ficar protegidos do frio. Agora seus ensinamentos são passados aos demais que, devido à falta de experiência, não conseguem lidar da melhor forma com a responsabilidade. Como nós, mulheres, precisamos enfrentar criaturas nos arredores para que possamos trazer alimento, muitas das vezes nossas vestimentas viram simples trapos e rasgos nas garras dos selvagens que tentam se proteger de nossa caçada.

Acima de mim a noite reinava com seu império estrelado.

Observei a constelação ao longe com certo conforto em meu peito. As estrelas formavam uma linha na diagonal, com uma segunda transpassagem estelar logo em seu meio, iluminando os céus com grande brilhosidade anil. Busquei uma mecha castanha que caía-me sobre a face e me senti protegida ao notar que tratava-se do arco do alvorecer, uma constelação-guia que em muito dizia sobre o novo erguer de nosso povo após os terrores da guerra. Lembrei-me de quando criança, quando Rhess contou-me acerca de quando encontraram um lugar seguro nessas planícies e intitularam-na de Esplanada da Remissão. Desde então, nós, Ismires, sobrevivemos como podemos, esperando que o dia de amanhã não seja tão truculento quanto o de hoje, e rezando para que nossas crianças levem nosso legado adiante.

No fim das contas, também fui uma das únicas crianças saudáveis a nascer em minha geração. Rhess disse que minha mãe partiu assim que deu-me a luz — tratava-se de mais uma mulher Ismir que havia sofrido o suficiente com a vida por ter nascido sem a visão. Alguns dizem que os ursos ao sul tinham rasgado seus olhos numa caçada, outros comentam a respeito das garras afiadas das águias da neve que poderiam facilmente tê-los ferido num vôo. Embora todos os nascidos em nosso povoado ganhem o nome da Mãe como uma honraria por terem sido carregados em seu ventre, eu sequer conheço o da minha. Devido a isso, recorro ao de meu pai que, durante todos esses anos, não gerou outras crias além de mim por uma questão particular.

Por mais que seja engraçado, ele diz querer honrar a memória de minha mãe e, por conta disso, não pretende gerar mais filhos. A Matriarqueza entende isso.

Ajustei minha lança de madeira ao corpo assim que vi uma estrela movimentar-se perto da constelação arco do alvorecer. Ela passou com uma velocidade considerável, abrindo caminho por entre os céus deixando um rastro de azul celeste em seu trilho. Meu olhar naturalmente pousou sobre minhas mãos cobertas pela luva de couro antes de fechá-las abaixo de meu queixo e mentalizar um desejo. Se é que meus ancestrais entregues ao gelo podem me ouvir, se o nome dos Baluartes verdadeiramente for honrado, então que esse seja um sinal. Que nossa tribo, os Ismir, consigam mais do que apenas desejar dias melhores e vivermos das histórias do passado.

— Precisamos de… algo — murmurei. — Por favor.

Levantei num solavanco ajustando minha postura assim que senti uma mão pousar em meu ombro.

— Filha, a Matriarqueza sugere que conversem — era a voz de Rhess. Os cabelos grisalhos de meu pai caíam-lhe pela cabeça como um véu que pouco escondia a preocupação em sua face marcada por poucas rugas e cicatrizes.

Congelei.

— Rhess, você contou sobre… — tive esperanças de encontrar algo que sugerisse uma resposta negativa em seu semblante, mas senti-as serem varridas pelo vento como se cruzassem o céu para longe tal qual a estrela cadente de antes. — por avalanches, diga-me que não o fez — enrijeci meu tom de voz.

— Você pode ser muito mais do que uma Mãe, querida Samhi — tocou-me os cabelos com sua mão enluvada pelo couro. A costura gasta saía pela ponta de seu indicador em linhas de pontas cortadas, arranhando minha testa, mas pouco importei-me. — Seu destino pode ser trazer a esperança para nosso povo novamente. O dia em que a aurora há de cruzar nossos céus com fulgor trazendo o renascimento de Ngasanir recuperada da guerra, uma terra sacra.

Relutei. Ao longe, percebi que uma outra Imsir aproximava-se com vestes para a guarda noturna. Eles tinham preparado até mesmo uma substituta para que eu pudesse encontrar a Matriarqueza?

Molhei os lábios ressecados pelo frio antes de elaborar uma resposta.

— Tudo bem, Rhess — lembrando-me das lendas contadas para assustar-me enquanto criança que durante tanto tempo mantiveram-me como uma filha respeitosa, decidi ceder.

Assim, caminhamos em direção à maior cabana entre todas, erguida num palanque de pedra congelada e suporte amadeirado. O caminho ladeado por tochas acesas indicava o lugar certo a ser seguido. Embora o homem de cabelos grisalhos seguisse-me naquele instante, uma parte minha nutria raiva face aos seus atos pelo fato de ter contado algo tão instável à autoridade de nosso povoado. O que quer que signifique a manifestação desses eventos, minha intuição continua alertando-me do perigo iminente.

Lvl 01 (00/100)

HP (175/175)

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[CL] Esperança para uma tribo Empty Re: [CL] Esperança para uma tribo

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