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Zaraht Al'dam
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Sex Out 30, 2020 2:31 pm



Sumário


1. Introdução

1.1seta Condado Holmstheim

Integrar-se no mundo dos Licantropos trouxe, para o hematócio, um bocado de experiências vívidas demais. Foi como se o pouco tempo que passou com eles estivesse ganhando espaço demais na individualidade de Zaraht, e até dominando a sua própria história. Dada a urgência da situação, o hematócio decidiu-se afastar um pouco dos lobos e explorar mais por conta própria aquilo que um dia foi seu verdadeiro objetivo em Charissa. Sendo assim, o Condado famoso em boatos acerca de hemomantes, transformou-se no seu próximo ponto de partida.




2. NPC's e Lugares Importantes

2.1seta Sheridan — Licantropo jovem. Cabelos castanhos, olhos cor de violeta e um ímpeto instintivo bastante característico em sua personalidade. Alguns o consideram imprudente. Fala demais e gosta de ajudar. Seria uma presa fácil senão fosse pelo poder adormecido em seu sangue, coisa que Zaraht visualizou desde a primeira vez que o provou. Os dois desenvolveram uma relação de amizade.

2.2seta Échanson — Mercador misterioso de Charissa. Exímio encantador de poções, com especialidade no ramo das poções de sangue. Sabe-se que ele tem uma certa fama por aqui, tornando-se um revendedor de sangue bastante requisitado por aqueles com apetite... incomum. Homem baixo, aparência truculenta senão fosse pelos adereços finos e muito provavelmente presenteados por compradores luxuosos do condado.

2.3seta O Quarto da Donzela — Estabelecimento discreto porém bastante conhecido às margens do Condado. Conta com estalagem aos fundos e bar logo na entrada, após um lance de escadas subterrâneo. Abriga todo tipo de raça, e tem políticas de neutralidade em seu interior, ainda que não fuja à realidade de uma taverna como qualquer outra. Brigas de bar e bêbados inoportunos são comuns. Duas Ninfas Sombrias administram o lugar, sem contar nos demais seguranças de outras raças. Sabe-se ainda que existe um segundo ambiente abrigado pela taverna, mais restrito e requintado, onde poucos são permitidos de acessarem.




3. Pontos de Interesse

  • O desejo por conhecer mais sobre os Hemomantes do Condado.
  • Aprender mais sobre o poder do Encantamento
  • Absorver mais conhecimento das demais raças de Charissa





4. Quests

4.1seta Coleta de Material
Spoiler:




5. Recompensas Coletadas








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Zaraht Al'dam
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Dom Nov 01, 2020 5:11 pm

T ão certo quanto o rastro de sangue deixado para traz desde o Placídio, Zaraht não podia esquecer-se do seu verdadeiro objetivo. Ele não conseguiria mesmo que tentasse. Eram tantas as memórias em seu sangue, revivendo constantemente o desenho tenebroso dos hemomantes, que o hematócio por vezes se confundia com um. Era como deparar-se com um desenho mental recorrente, dia após dia, ao ponto de atribuí-lo involuntariamente como parte de si. Talvez até desejá-lo. Naquele ponto era difícil distinguir, ainda mais para um hematócio inerente a tantas das emoções.

O fato é que, movido por suas ambições, Zaraht decidiu explorar por conta própria a última pista que recolhera desde seu último encontro com os licantropos. Seus passos então o guiaram até o Condado, recolhendo um bocado de informações aqui e ali. Não foi difícil encontrar o lugar. Muito se fala a respeito do Norte de Charissa, principalmente na boca dos viajantes. Alguns alegam que não é o melhor lugar pra se visitar. Outros, fazem questão de especificar hora e local pra ir até lá. Comerciantes dos mais ambiciosos sabem muito bem como vender seu peixe por aqui. Mas nada disso interessara de fato ao hematócio.

Os únicos boatos que lhe chamavam atenção eram aqueles que se referiam ao povo do condado. Começando pela superstição de que todo o Condado ficava inteiramente vazio durante a manhã. Como uma vila abandonada ou algo do tipo. E de fato isso se comprovou com a chegada do hematócio ao local, pois em seus primeiros passos, cautelosos e sinistros como de costume, Zaraht não sentiu o pesar dos olhares curiosos ou até intimidados por sua presença. Em verdade, não sentiu olhar nenhum pesar sobre si. Coisa que o levou a examinar o local com um olhar intrigado e até frustrado — isso se ele conhecesse melhor as emoções mundanas que correm em seu sangue.

A arquitetura local foi a primeira coisa que lhe chamou atenção. Diferente do que viu até então desde a sua chegada em Charissa, percebeu que aqui tudo parecia mais refinado. A maneira como as casas foram construídas uma ao lado da outra, o espaçamento entre cada uma, e até mesmo no terreno muito bem aproveitado para cada construção. Havia muito conhecimento ali, mas também havia magia. Não algo mirabolante e excessivo como na maior parte do centro de Charissa, mas Zaraht conseguia sentir como se por traz do mármore gótico e das estatuetas nos edifícios, havia algo pulsando. Ele sentia vida, por mais fria e fúnebre que parecesse.

— Hmm.. — murmurou, instigado.

O Sol estava longe de se por, ainda que nas dependências de Charissa todo o panorama climático pendesse para uma melancolia sinistra e nublada. As nuvens carregadas dançavam preguiçosamente no céu, acompanhando uma brisa fúnebre que mais parecia sussurrar aquilo que as paredes insistiam tanto em contar ao hematócio. Seus sentidos, entorpecidos por tamanho choque cultural, buscaram em sangue a memória exata que pudesse lhe suprir conhecimento suficiente para entender. E mesmo que não soubesse exatamente como, nem de onde veio tal conhecimento, Zaraht compreendeu que nos sussurros fúnebres, o que as paredes e a arquitetura local insistiam tanto em lhe contar eram;

— Segredos. — uma voz rompeu o momento de êxtase do hematócio, que arregalou os olhos indo de encontro a uma figura menos ameaçadora se comparado aos licantropos — Esse lugar. É cheio de segredos. As vezes parece que até as paredes lutam pra contar o que ouviram. — completou a figura, que à luz do sol agora revelara-se um homem comum.

Zaraht hesitou. Seu olhar imediatamente mudou do curioso para o desprezo. O homem notou, ainda que não pareceu se incomodar. Coisa que chamou atenção do hematócio que, tão somente por isso, permitiu a aproximação do tal desconhecido. Zaraht estava curioso pois sentiu numa primeira troca de olhares que aquele homem estava escondendo mais do que a simplicidade de um mortal. Seus instintos lhe diziam isso. Forçavam-no, estranhamente, a analisar o tal desconhecido como que tentando lhe mostrar o seu verdadeiro segredo. Mas numa primeira aproximação, não obteve sucesso.

— Eles me conhecem como o Èchanson — apresentou-se a figura, retirando seu chapéu estranhamente charmoso em uma breve reverência.

— O que faz aqui tão cedo, humano? — Zaraht foi objetivo.

— Óh! Por favor meu querido, não vamos começar com nenhum mal entendido! — as palavras pesaram para o homem que recolheu seu chapéu mais que rapidamente — Está certo, sim, sou um humano. Mas aqui eu sou mais que isso. Ou melhor, nada além do que um mercador. — o olhar por debaixo das mexas de cabelo escuro revelaram estranheza. Era como se, apesar de ter consciência do que diz, houvesse um certo pesar em diminuir-se dessa maneira apenas pela sobrevivência. Aquele lugar era tão cruel assim quanto os boatos diziam?

— Não me lembro de ouvir sobre os mercadores do Condado. Vocês costumam andar livremente aqui de dia? — o hematócio insistiu em seus prévios conhecimentos.

— Ah, não é bem isso. Não são todos os mercadores que se sentem seguros de andar por aqui, como você bem deve saber... — a esta altura o homem já parecia mais habituado na presença de Zaraht, ainda que seus olhos demonstrassem o contrário. O mercador caminhou lentamente de volta para o beco de onde espreitava anteriormente, e ali, às sombras fracas de uma luz do sol preguiçosa, revelou uma barraquinha móvel. Era grande até, tinha vários penduricálhos com frascos de vidro e líquidos dos mais variados tipos. Naquele momento em que Zaraht bateu o olho nos fracos, finalmente entendeu do que se tratava o seu instinto de curiosidade de outrora. O líquido nos fracos..

— Você é um vendedor de sangue? — a verdade, por fim, revelou-se em sangue.

Considerações

  • Eu ganhei 2 Quests no dado - A primeira eu queria que me passassem algo bem simples em relação a esse mercador. Algo como coletar sangue de espécies distintas ao redor de Charissa pra ele revender, etc. A outra quest vou guardar pra mais tarde ok?




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Sex Nov 06, 2020 12:02 am
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Qui Nov 12, 2020 7:11 pm

P recisamente. Um vendedor de sangue, àquela altura do dia.

Zaraht encontrava-se mais curioso do que surpreso de fato. Seus olhos analisaram sutilmente os frascos de sangue que compunham o arsenal de vendas daquele mercador numerosamente. No breve contato que teve, o hematócio conseguiu reconhecer as propriedades de alguns apenas pelo olhar. Seu instinto estava tão aguçado ao ponto de reaver o gosto do sangue de cada um daqueles que já provara. Era tentador. Como se sua mente pregasse peças, forçando-lhe a lembrar das vítimas que por sua vez, foram refeições saborosas outrora. Mas o hematócio precisava se conter. O seu objetivo ali era maior do que a fome e o instinto.

— Por que não estou surpreso com a ideia de um vendedor de sangue andando por aqui? — Zaraht tentou tomar as rédeas da conversa.

— Não se preocupe, deu pra perceber que você não é daqui. — mas já era tarde demais — Aliás, você escolheu o momento errado pra vir ao condado, amigo. — o Mercador já deixava claro que não havia mais nada a oferecer para um estranho.

— Muito pelo contrário. Me diga você, humano, seus negócios não funcionam melhor agora? — naquelas palavras o hematócio conseguiu recuperar pelo menos a atenção do mercador.

— Você faz perguntas demais. Eles não gostam muito de conversar, sabe? — e não havia grosseria naquela resposta, pelo contrário. O mercador deu a entender que estava se sentindo mais a vontade pra alertar ao estranho de capa vermelha sobre sua conduta nas terras do Condado. Deixou bem implícito o fato de que perguntas demais não vão levá-lo a lugar nenhum. Mas Zaraht não reconhecia em si aspectos de vergonha ou de repreensão. Tudo que ele conseguia apresentar em resposta era um caminhar leve e quase tão fúnebre quanto o das nuvens sombrias que pairavam no céu. E entre um fraco raio de sol e outro, os dois começaram a caminhar ao longo das vielas do condado, enquanto o mercador fazia o seu trabalho que, aparentemente, era realizar algumas entregas daqueles frascos de sangue.

Zaraht não pode deixar de notar como as entregas eram realizadas em lugares específicos. A arquitetura deles lembrava em muito lugares públicos como bares e tavernas. Ainda que sob aquela perspectiva sombria do condado, deparar-se com esses lugares fechados em plena luz do dia era no mínimo incômodo para qualquer viajante. Talvez não tanto para o hematócio, que não estava acostumado às necessidades dos viajantes comuns, como as de comer e beber. Mas àquela altura da conversa, não era conveniente fazer mais perguntas acerca dessas frivolidades. Tudo que o hematócio tinha interesse, estava nos frascos que eram cuidadosamente deixados em grandes caixotes de entrega nos depósitos de cada estabelecimento.

— Charissa pode ser um lugar cruel pros da sua raça. Isso me fez questionar como você veio parar aqui. — em poucas palavras, Zaraht insistiu naquilo que mais parecia um absurdo pra situação.

— Isso é muito simples. Esse é um trabalho que só eu posso fazer. Então todos nós saímos ganhando. — o mercador não era do tipo recluso ou defensivo. Apesar de alertar ao hematócio mais de uma vez sobre seus questionamentos, ele sempre os respondia com tranquilidade e leveza. Chegava a ser estranhamente desconfortável, no sentido de mesmo Zaraht sendo reconhecido como um forasteiro, ser tratado tão bem por mera subordinação. Era como se o mercador se esforçasse ao máximo pra não deixar passar nada mais do que um simples mercador que estava ali para realizar um serviço. — A questão não é como, mas até quando, entende? — somente nas últimas palavras que Zaraht conseguiu identificar algo além.

Havia muita angústia por traz daquilo. Mas nem isso interessava ao hematócio.

— Eu me pergunto; eles tem plena capacidade de colher sangue por si só. Então porque recorrer a um mercador humano? — desta vez, suas palavras foram mais afiadas. O hematócio estava testando os limites daquela conversa.

— Pois muito que bem. Assim que nos encontramos eu imaginei que você fosse um deles. — desta vez o mercador parou, estacionando sua carroça de vendas e buscando por um banquinho que estava pendurado entre uma fileira de coisas. Botou o banquinho no chão, subiu alguns degraus e ficou na altura suficiente pra vasculhar entre alguns frascos de sangue o que parecia ser um frasco quase no fim. Retirou-o cuidadosamente, balançou um pouco pra agitar o líquido dentro que estranhamente pareceu borbulhar com aquilo, e depois o colocou em cima de uma prateleira também acoplada à carroça. Naquela mesma prateleira haviam algumas ferramentas, outros frascos menores com líquidos de cheiro forte e aparência mágica. Aqueles não eram sangue. Pelo contrário, nem mesmo o hematócio entendeu do que se tratavam.

— Quando eu digo que só eu posso fazer esse trabalho, eu me refiro às minhas habilidades mágicas. — ao passo que disse isso, o mercador começou a misturar alguns líquidos e fazer testes em cima do pouco sangue que restava naquele frasco semi-vazio. E para cada pequena demonstração que ele fazia, Zaraht conseguia perceber mudanças nas propriedades do sangue, como se estivesse fortalecido. Algo como vitaminas para uma bebida humana comum. E isso deixou-o — Encantado? — mais uma vez o mercador lhe despertara, rompendo seus pensamentos com um complemento — É exatamente isso. Eu sou um encantador de poções — por fim as peças finalmente se encaixaram.

— Eu nunca imaginei que isso pudesse existir. Um encantador de sangue. — desta vez o próprio hematócio estava rendido.

— Veja bem, eu posso lhe mostrar um pouco mais sobre isso se você me ajudar na minha próxima poção. — aproveitando-se da ingenuidade do hematócio, o mercador não perdeu tempo em recrutá-lo para fazer seu trabalho duro.

— O que posso fazer por você? — Zaraht respondeu seco, ainda que curioso.

O mercador então desceu do banquinho e voltou a mexer em seu arsenal de poções e quinquilharias da carroça. Foi recolhendo um bocado de itens para só então apresentá-los ao hematócio, revelando o seu plano de fazer mais uma poção encantada em sangue. Porém, um dos ingredientes principais para esta poção fazia menção ao sangue de criaturas que, mesmo a essa altura da vida, Zaraht jamais conheceu. Eram as Gárgulas. Até mesmo o nome não significava nada para o hematócio, que apenas ficou de pé ouvindo as alegações do homem a respeito dessa raça. O mercador então foi remexendo em suas coisas e tirando um monte de pergaminhos e representações antigas que ilustravam alguma coisa sobre a história dessas criaturas, mas para o hematócio de nada significavam. Mesmo com sua capacidade de compreender incontáveis línguas de acordo com o sangue e conhecimento absorvido, naquelas representações frias e inorgânicas o hematócio não conseguia ver o que de fato precisava.

— Não seria mais fácil me dar um pouco do seu sangue para que eu assimile tudo que você conhece sobre elas de uma única vez? — o olhar sombrio e sinistro do hematócio pesou sob o mercador, que por sua vez ficou um tempo em silêncio.

— Como eu fui tolo! É claro que você é um deles, vai saber ler no meu sangue muito melhor do que em pergaminhos, tsc! — havia um pouco de nervosismo na sua resposta, ainda que sua prontidão para servir-lhe o sangue fosse de fato verdadeira.

O mercador então apanhou um de seus frascos especiais guardados a fundo na carroça e entregou nas mãos do hematócio. Fez um sinal de que sim, aquele era seu próprio sangue, talvez guardado para emergências de negociação. O fato é que Zaraht sentiu através do próprio instinto de que sim, aquele era um sangue humano. Só não sabia dizer se estava encantado ou não, até porque o próprio hematócio jamais teve contato com isso antes. Mas decidiu arriscar. Apanhou o frasco e em uma grande golada, deixou uma porção do líquido escarlate dançar por sua língua e boca. Um pouco escorreu pra fora, em um filete de sangue que manchou-lhe a bochecha e uma mecha do cabelo pálido que lhe cobria o rosto. O mercador nem teve tempo de interromper Zaraht para que não bebesse o frasco inteiro. Já era tarde.


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Qui Nov 12, 2020 8:07 pm

D e repente tudo escureceu e a visão de Zaraht foi tomada por fragmentos de memória. Foi como mergulhar em um sonho vívido. O fluxo de sangue carregando o hematócio como que em seu curso natural. Levando-o numa viagem tranquila e extremamente prazerosa até momentos específicos da vida do mercador. As nuvens do céu do Condado deram lugar à imagens das mais variadas, criaturas grotescas que em sua maioria estavam sempre presentes na arquitetura de lugares grandiosos e tão sombrios quanto Charissa. Zaraht até lembrou-se de ver uma ou outra criatura parecida antes, ainda que não as reconhecesse quando aconteceu.

Mas agora, tudo fez sentido. No lugar do sol e do fraco calor do dia, a noite caiu e com ela a bênção das estrelas e da luz da lua. As imagens que antes sobrevoavam o céu no lugar das nuvens, agora eram desenhadas mentalmente em suas respectivas posições como no alto de castelos e edificações magnânimas ao longo das construções do Condado. Zaraht viu como aquelas criaturas se posicionavam cada uma em seu respectivo ponto de vigília, e a essa altura estranho ter conhecimento sobre isso, até lembrar-se de estar numa experiência de assimilação das memórias do mercador. Ele estava vendo tudo sob os olhos dele. Sob o conhecimento dele. Então as criaturas posicionavam-se daquele jeito pois estavam em pontos de vigília, como se fossem condenadas a servir e a guardar lugares ou tesouros. Era essa a missão das Gárgulas.

No entanto, ao toque da luz da lua e da bênção da noite, aquelas monstruosidades ganhavam vida. Sua pele rochosa magicamente começava a ganhar aspectos orgânicos, como uma flor desabrochando ao sol da manhã. Suas asas, em geral, ganhavam curvatura e abriam-se como num sopro de vida. Os olhos, variando em tonalidade entre o vermelho-sangue ao amarelo-âmbar tais como os de Zaraht. E tudo isso para revelar a natureza grotesca e intimidadora daquelas criaturas que, tal como visto nos conhecimentos do mercador, viviam para servir. Mas que só ganhavam vida de fato no cair da noite.

O retorno da experiência se deu com o Mercador chacoalhando o braço de Zaraht e até tentando abatê-lo com seu próprio cajado de sangue, numa tentativa desesperada de fazer o hematócio acordar.

— N-gghhnnn...hmm — os gemidos do hematócio assustaram o Mercador ainda mais, fazendo ele correr e se esconder embaixo de sua carroça.

— O que aconteceu?! — o humano não entendia o motivo daquela cena toda, pois certamente jamais viu um hemomante alimentando-se do seu sangue assim na sua frente.

— Recomponha-se, humano! — vociferou o hematócio, desta vez num tom agressivo e ameaçador — Eu já consegui toda informação que precisava. Agora você precisa partir, pois amanhã no raiar do dia, terás o sangue de Gárgula em suas mãos. — e com isso Zaraht convenceu o mercador.

...



O restante do dia foi regado a estranhezas. Zaraht percebeu que o condado não era tão deserto assim como corriam os boatos. Algumas criaturas vistas eram reconhecidas aos poucos, como alguns licantropos aparecendo vez ou outra e realizando encontros misteriosos. Muitos estavam apenas trocando informações. Outros, realizavam encontros sexuais tensos em plena luz do dia, ainda que não houvesse plateia para subjugá-los. Mas no meio de tudo isso, o hematócio ganhou espaço dentro do Condado em passos vagarosos. Estudou tudo o que pode da arquitetura local, ou pelo menos do centro do condado, analisando os pontos em que as Gárgulas repousavam com olhos mágicos secretamente vigiando tudo em seu sono de pedra.

Em sua busca, Zaraht encontrou um pequeno santuário, provavelmente anexado a uma mansão ou algo do tipo. No cair da noite, os estabelecimentos começaram a abrir e o fluxo de criaturas começou a aumentar misteriosamente, revelando todo tipo de raça até então desconhecida para Zaraht. Incluindo naquela mansão cujo o hematócio espreitava, revelando criaturas que estavam longe de serem humanos, ainda que se parecessem com um. O cheiro nelas era apodrecido, muito similar ao do pós-morte, mas não havia sangue ali para que o hematócio pudesse compreender algo além. Então na melhor das hipóteses, manter-se longe do contato com tais criaturas foi a escolha mais sensata.

O seu objetivo estava no pequeno santuário. Não demorou para que, agora frequentado por criaturas, o lugar se revelasse um antro de rituais sinistros e bem chamativos. O rastro de sangue praticamente berrava provocando os sentidos do hematócio para avançar e deleitar-se com seja lá o que for que estivesse acontecendo lá dentro. No entanto, ainda no caminho de entrada do santuário; acompanhando preguiçosamente o brilho fantasmagórico de espíritos que caminhavam rumo ao interior do local; estavam as tais Gárgulas. Duas pra ser mais exato, repousando no alto da estrutura, com suas asas reclinadas e os braços e pernas apoiados no parapeito do telhado. Seus olhos vibrantes se destacavam no véu da noite, como estrelas chamando pela atenção dos desavisados e prometendo encantá-los com algum mistério.

Zaraht tomou a iniciativa de juntar-se ao grupo das criaturas, entre elas espíritos e lichs, rumo ao interior do santuário. Não foi questionado nem repelido. Em verdade, foi recebido com indiferença pelas criaturas que pareciam mais preocupadas em agonizar dentro do próprio sofrimento. A sentença eterna em que vivem certamente os compromete a capacidade de julgamento, e numa situação como aquela, o ritual que acontecia dentro do santuário talvez fosse muito mais importante do que reparar num hematócio escondido entre o grupo da seita. Mas aos olhos das Gárgulas, nada escapa. Nem mesmo as intenções de um ser, seja ele um pós-morto ou não. Então na vez de Zaraht ser convidado a entrar, os olhos das duas criaturas brilharam, ao passo que uma delas rugiu em sinal de alerta.

As duas então abriram as asas e desceram num único movimento, pousando poucos passos a frente da fila de criaturas e impedindo a passagem de todos. Zaraht fez menção de usar sua magia para recolher o sangue das criaturas e guardá-lo num dos frascos que lhe fora entregue pelo mercador mais cedo, porém, somente naquele momento percebeu que deixara passar um ponto muito importante em sua busca. Haviam Gárgulas que, por sua vez, foram criadas por magos poderosos ou sacerdotes. Esse tipo de Gárgula não passava de uma réplica sintética, tal como um Golem ou algo inanimado que ganhou vida pelos poderes de um outro alguém. Aquilo desarmou o hematócio, que por sua vez se viu obrigado a deixar o local antes que as criaturas lhe atacassem.

Por sorte, revivendo nos conhecimentos sanguíneos que adquiriu do mercador, Zaraht entendeu que aquelas Gárgulas não lhe atacariam enquanto ele não oferecesse perigo ao que de fato elas estavam guardando. Muito provavelmente um tesouro dentro do santuário, ou a própria estrutura em si. E de fato nenhum dos dois tinha algum interesse para o hematócio, que então foi liberado e pôde voltar a vagar em sua busca por uma Gárgula original.


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Sex Nov 13, 2020 5:25 pm

A s sombras da noite dançavam, insistindo em acompanhar os passos de quem quer que fosse o viajante. Licantropos em seus rituais sexuais, Lichs e outros espectros seguidores em suas seitas profanas, e até mesmo as Gárgulas sobrevoando o perímetro ao redor de grandes estruturas do condado. Todos pareciam abençoados com o véu da noite, locomovendo-se como vultos translúcidos que mal podiam ser interpretados como algo além. Foi como se o condado inteiro, do dia pra noite, tivesse se transformado num grande baile.

Mas para o hematócio, nada daquilo importava. Seus olhos amarelo-âmbar intensos, buscavam no alto das estruturas ou mesmo nos detalhes da arquitetura local por qualquer vestígio de uma Gárgula original. Uma Gárgula cuja maldição seja o responsável pelo seu sono de pedra, mas não pela sua constituição física. Uma Gárgula que tenha sangue em suas veias. Mas a tarefa provou-se um pouco mais difícil do que se esperava, pois a maioria das Gárgulas do condado eram réplicas inorgânicas, reagindo unicamente ao poder mágico de Liches e outros seres espectrais.

Sua busca durou cerca de algumas horas dentro do condado. O suficiente para que Zaraht enfim pudesse perceber a presença dos hemomantes. Diferente do que imaginava, notou como eles agiam com discrição e quase sempre acompanhados de muita diplomacia. Até mesmo no lugar em que se encontravam, tudo parecia muito bem calculado e portanto, eles não corriam risco algum de se expor daquela maneira. Pelo menos não ali. Pelo menos, não ao lado de criaturas tão distintas...como uma Gárgula. Os olhos do Hemomante finalmente captaram aquilo que buscara desde a manhã. Seu olhar pesou sob a entrada de uma espécie de jazigo, um pequeno cemitério de alguma residência privada do condado.

Haviam poucas covas, grades e mármore gótico compondo a delimitação do terreno nas extremidades. Tudo muito bonito, chamativo, destacando claramente o poder aquisitivo dos responsáveis por aquela residência. Mas o que de fato chamou atenção do hematócio foi que só havia uma única Gárgula de vigia. Numa das estruturas ao centro do jazigo, uma espécie de pequeno casebre, onde algo sussurrava muito distantemente como se tentasse provocar ao hematócio para invadi-lo. E bastou que esse pensamento se aproveitasse de sua inocência, para que suas intenções até então mal entendidas fossem o gatilho de alerta para o grande vigia daquele lugar. As asas da criatura romperam a barreira do sono de pedra, como que absorvendo a luz da lua para si e reluzindo num brilho sublime que atraiu ainda mais o hemomante.

Zaraht não conseguiu dar mais que cinco passos em direção ao jazigo, pois logo em seguida a Gárgula abriu os olhos e alçou voo. Tudo aconteceu muito rápido, deixando para traz um Zaraht quase catatônico e boquiaberto. Lá do chão o hematócio pôde observar as acrobacias aéreas que a Gárgula realizara ao passo que, aquela mesma pele de pedra, dava lugar a uma espécie de cartilagem, algo muito semelhante a escamas. E por baixo das escamas, conforme a criatura perdia altitude, Zaraht conseguia sentir algo chamando. Mas não era sangue... era um sussurro ainda misterioso. Quase tão misterioso quanto aquele que ouviu dentro do casebre principal.

— Invasor! — gritou a Gárgula, descendo num rasante.

— O-Que?! — o próprio hematócio rendeu-se surpreso.

Talvez senão fosse pelo próprio véu da noite, teria sido rasgado no meio pelo mergulho avassalador da Gárgula falante. Pois através da escuridão, Zaraht conseguiu esconder-se atrás de uma das covas, ainda absorvendo a informação de que, diferente das outras Gárgulas sintéticas, estas conseguem falar. Aos poucos a lembrança de conhecimento foi entrando em sintonia com o que o hematócio saboreou no sangue do mercador, e o entendimento das demais capacidades daquela Gárgula também lhe iluminaram os pensamentos. Sendo assim, Zaraht agora enfrentara não só uma criatura, mas sim um predador com capacidade de raciocinar.

Motivado pelas novas descobertas, o hematócio preparou-se para puxar o sangue da criatura num de seus próximos rasantes. Somente o suficiente para armazenar num frasco e livrá-lo dessa missão tão inconveniente. No entanto, para a sua surpresa, mais uma vez Zaraht viu suas habilidades de manipulação não surtirem efeito algo em tal criatura, uma vez que não identificou fluxo sanguíneo correndo em suas veias. Muito pelo contrário, o que havia em seu lugar era algo podre e corrompido. Algum tipo de magia que o estava forçando a entrar em combate em troca de algo...

Os sussurros.

— Diga-me, Gárgula! Qual o tesouro que estás incumbido de proteger? — vociferou o hematócio, revelando sua posição e saindo das sombras do jazigo.

— Minha missão é proteger! — desta vez a criatura pareceu hesitar em seu mergulho.

Foi como se a Gárgula analisasse melhor a situação por alguns segundos enquanto ainda voava. Lá do alto, mesmo sem o hematócio perceber, a Gárgula estava calculando sua trajetória de um mergulho perfeito, o suficiente para atravessar o corpo de Zaraht no meio e acabar com a ameaça de uma vez por todas. Rápido e indolor. Nem mesmo as nuvens no céu, ou o véu da noite, seriam capazes de impedir o avanço da criatura alada. Suas asas então se reclinaram, absorvendo o impacto do mergulho e melhorando seu desempenho aéreo. O Gárgula só tinha olhos, vermelho-sangue por sinal, para o hematócio. Tamanho foi o seu instinto, que sequer a criatura percebeu quando Zaraht desvendou o enigma por traz do tesouro. Ou melhor, por traz daquele tesouro, guardado no casebre ali no meio dos jazigos.

E então, antes que a Gárgula pudesse completar seu avanço, de repente ela parou no ar perdendo força até cair e tombar por cima de um dos jazigos. A mão direita, bestializada e repleta de garras, involuntariamente agarrava o peito na tentativa de entender de onde vinha aquela dor. Uma pressão que a criatura jamais havia sentido em tanto tempo. Ou melhor, uma pressão que a criatura sequer lembrava de ter sentido antes. Mas Zaraht logo aliviou-o do seu sofrimento. Revelou em suas mãos ainda uma grande porção de sangue extraída diretamente do tesouro no interior do casebre. O tesouro nada mais era do que o próprio coração daquela Gárgula. Imbuído em uma maldição, era ele o responsável por colocar a criatura alada em seu sono de pedra, e sentenciá-la como vigilante eterna noite após noite. Tudo por culpa de um coração.

— Chegou a hora de liberá-lo de sua sentença. — em poucas palavras, Zaraht utilizou de sua habilidade uma única vez, forte o suficiente pra esgotar as reservar de sangue daquele coração e pressioná-lo o suficiente até que estourasse. A maldição imediatamente cessou, lançando sob a criatura uma poderosa transformação em pedra, desta vez eterna. Não havia mais vida, muito menos um coração ali. Por fim, ela morreu como uma Gárgula de fato.

...


Na manhã seguinte, tal como combinado, o mercador apareceu mais uma vez. Cheio de receios, caminhava pelas vielas do condado realizando suas entregas de maneira humilde e cautelosa. Depois de uma noite de rituais como aquela, não foi surpresa encontrar diversos sacrifícios em vários lugares do condado. Alguns até chamavam atenção pela maneira como eram expostos. Mas para o mercador, aquilo não era novo. Era só parte do cenário, tal como as entregas de sangue eram parte de sua vida. E no que diz respeito a isso, não demorou para Zaraht aparecer ao seu encontro. Em passos tão sinistros quanto a atmosfera local, o hematócio abriu caminho apoiado em seu cajado de sangue enrigecido até passar rente a carroça do mercador. Ali, depositou um frasco quase cheio de sangue.

— Você nunca imaginaria o sofrimento que há no sangue de um amaldiçoado. — as palavras do hematócio não foram de empatia. Pelo contrário. Revelavam a frieza por traz da sua perspectiva de que o sangue é tudo que importa.

— Você é mesmo um hemomante como eles. — o tom de voz do mercador estava diferente da outra vez, mais confiante e até desafiador — Todos os outros que mandei nessa missão dão sempre as mesmas desculpas. Gárgulas não tem sangue. Gárgulas são golens com asas. Mas só um hemomante seria capaz de realizar esse feito. — completou ele, sendo presunçoso.

Considerações escreveu:Usei minha habilidade 1x, sendo assim -9 de mana

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chansudesu
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Sex Nov 13, 2020 9:55 pm
valido

  • Zaraht recebeu 50 de XP;
  • Zaraht acumulou 1 Baú Básico;
  • Zaraht recebeu 35 de Ouro;
  • Zaraht derrotou uma Gárgula Amaldiçoada e recebeu 30 de XP.

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Zaraht Al'dam
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Sáb Nov 21, 2020 9:23 pm

A chuva ameaçava cair a qualquer momento. Por traz daquele céu cinzento frequentemente encobrindo Charissa, as nuvens colidiam umas nas outras, lançando sob a terra o castigo dos céus sob alcunha dos trovões. Era como se, para cada raio despencando dos céus, houvesse algo de muito ruim acontecendo naquele mesmo instante; nas imediações do condado. E aquilo não ameaçava só o condado, mas também as negociações do mercador para com o hematócio.

— Muito bem, tens o seu sangue como desejado. Agora conte-me mais sobre o seu dom. — a essa altura Zaraht mostrou certo interesse pessoal naquilo que o mercador prometeu-lhe, afinal, bastava uma gota de sangue para que tal conhecimento pudesse ser roubado. Mas Zaraht preferiu à moda antiga.

— Não estou em posição de negar um pedido ao meu mais novo fornecedor, estou? — mais uma vez aquele tom presunçoso e até um pouco desagradável. Aquilo já estava se tornando habitual, talvez pela sensação de falsa-segurança que o mercador projetou em Zaraht, uma vez que o hematócio decidiu ajudá-lo em uma tarefa difícil a simples troco de informação.

— Veja bem, em primeiro lugar você precisa entender a influência da sua mana, em um meio. — o mercador fez um sinal para que ambos parassem.

Carroça estacionada, o humano voltou a mexer em suas quinquilharias e organizar alguns frascos com conteúdos simples. Água, vinho, e um por último como um líquido não identificado pelo hematócio. Não era sangue, muito menos alguma poção comum, mas não demorou para que o próprio mercador percebesse o erro e escondesse a tal poção não identificada em seus penduricalhos. Daí voltou aos frascos comuns, e mexendo neles começou a demonstrar do que falava.

Balançou um pouco os frascos com água, ao passo que um leve brilho correu pelos dedos, despejando dentro dos frascos uma espécie de pó. Havia algum tipo de essência nas unhas do mercador, coisa que discretamente foi usada naquele movimento acompanhado de sua mana. Zaraht acompanhou tudo muito atento, tentando compreender do seu próprio jeito. Até que, em certo ponto, a água começou a mudar de tonalidade, transformando-se em um líquido completamente diferente. A olho nu, tudo que parecia diferente era a cor. No entanto, nas mãos de um bom conhecedor de encantamentos...

— Um tônico para unhas e garras! — o mercador interrompeu, correndo até Zaraht e oferecendo-lhe o frasco.

Bastaram algumas gotas e as unhas do hematócio adquiriram um aspecto laminado, maior e mais ofensivo. Cresceram em segundos. Era difícil para qualquer um leigo naquela arte, acreditar no que aconteceu. Mas para o hematócio, que tanto almejava aquele conhecimento, foi como uma nova descoberta. Seus olhos amarelo-âmbar fixaram-se nos efeitos daquela poção, bem como repousaram logo em seguida na silhueta do mercador. Naquele olhar sombrio e sinistro havia, mesmo que minimamente, uma faísca pela nova descoberta.

— Quer dizer então que basta projetar a minha mana em algo para torná-lo encantado? — havia ingenuidade nas palavras de Zaraht. Talvez, pela primeira vez em muitas.

— Não é tão simples, meu amigo! Você precisa de ingredientes mágicos pra catalisar as reações. — o mercador respondeu como se fosse a conversa mais normal do mundo.

Catalisar. Termo que ficou rodando na cabeça do hematócio e o prendeu num loop de pensamentos como se ele estivesse tentando lembrar uma outra ocasião em que essa expressão se encaixou. Enquanto isso o mercador falava e falava mais um monte de coisas a respeito dos fundamentos de um encantador. Nada disso importava de fato, ou pelo menos, pareceu não importar, até a chuva começar a cair. Um último trovão, abafado, quase silencioso se comparado as rajadas de chuva que vieram em seguida. Tudo aconteceu muito rápido, forçando os dois mais novos companheiros de venda, a procurar abrigo.




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Zaraht Al'dam
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Dom Nov 22, 2020 8:45 am

C om aquele temporal do lado de fora eliminando qualquer chance de negociação, os dois estranhos companheiros precisaram encontrar abrigo num dos poucos estabelecimentos abertos do condado. Afinal, ainda era cedo, e tão cedo quanto diziam os boatos; nada funciona direito nas dependências do condado. Nada, exceto por aquele lugar.

O mercador já o conhecia há tempos. Fazia negócios por essas bandas há tempo suficiente pra saber como se abrigar e onde se abrigar quando fosse necessário. Guiou então o caminho, trazendo consigo aquela pesada carroça que, a essa altura, fez o hematócio questionar as habilidades físicas daquele humano por ser capaz de carregá-la praticamente o dia todo, todos os dias. Mas logo o questionamento ficou para traz, tal como a chuva. Pois adiante, encontraram um lugar denominado pelo próprio mercador como...

— Aí está! O Quarto da Donzela! — nome mais inapropriado não poderia passar pela mente do hematócio.

O lugar parecia uma taverna comum, ainda que a estrutura não deixasse a desejar no que diz respeito a estética do condado. Nenhuma surpresa ao notarem uma grande gárgula com cabeça de leão e corpo humanoide-meio-pássaro, vigiando lá do alto no que parecia ser um quarto especial do estabelecimento. Era quase como uma pequena torre, mas a julgar pela decoração fúnebre e ausência de janelas, era difícil de imaginar alguém se instalando ali. O mercador foi na frente, bateu numa portinhola amadeirada com detalhes luxuosos e dobraduras em mármore. Foram dois toques mudos, seguidos de três batidinhas leves. Depois vieram passos. Apressados. Cochicharam alguma coisa, mas Zaraht não entendeu devido a distância. Daí mais passos e logo apareceram duas figuras vindas dos fundos do estabelecimento.

Apanharam a carroça do mercador e levaram pros fundos, ao que parecia ser a estalagem. Acompanhamento brevemente a movimentação com um olhar despretensioso, Zaraht conseguiu perceber algumas criaturas abrigadas na estalagem. Viu as sombras do que pareciam ser cavalos, mas também viu sombras de criaturas pequenas e risonhas. De longe ele conseguiu ouvir risinhos e gemidos, e identificou entre eles alguns sons humanos. Os outros não entendeu e também não fez questão de entender. Apenas voltou seu olhar pro Mercador que, a esta altura, já era recebido na entrada, onde no lugar daquela portinhola luxuosa abriu-se um corredor escuro e uma breve escadaria para o subsolo.

Passados aqueles poucos degraus, entraram no estabelecimento que para a surpresa do hematócio estava repleto de criaturas. Era bem aconchegante, archotes aqueciam luxuosamente o interior do lugar, iluminando-o intensamente mesmo à luz do dia. Percebia-se também a ausência de janelas. As poucas que Zaraht notou, eram adornadas com material escuro e decoração sombria. Luz do sol era praticamente proibida ali dentro, e isso já estava começando a provocar questionamentos na mente do hematócio. Afinal, pra quê tanto medo do sol?

— Você considera esse lugar seguro? — Zaraht não estava intimidado, mas a julgar pela quantidade de criaturas ali presentes, era o mínimo a se questionar.

— Ah, não! Não se preocupe! Aqui é território neutro, pelo menos enquanto for manhã. É um abrigo temporário até o condado acordar. — mais uma vez, o humano falava como se aquilo tudo fosse coisa de rotina. Tudo normal. Nos conformes.

Os dois caminharam acompanhados de duas criaturas que, a princípio Zaraht não reconheceu, mas eram Ninfas. Muito diferente das que se costuma ver, principalmente na natureza. Estas pareciam extremamente judiadas e castigadas por seja lá o que. Maldições talvez? Multilação? Mais questionamentos que, em vista do lugar em que estavam, aos poucos se tornavam parte da rotina. Tudo isso parecia absurdamente normal ali dentro. Lobos, criaturas amaldiçoadas, Ghouls, e tudo o que se pode imaginar, estavam brevemente coexistindo ali dentro e isso não quer dizer necessariamente em paz, por mais que nas palavras do mercador aquilo seja território neutro.

No mais, não demorou para que os dois conseguissem uma mesa nos fundos daquele primeiro ambiente, recostados na parede e acompanhados de um grande archote fúnebre. As chamas dançavam preguiçosamente como se tivessem vida. Lembravam um pouco as velas mágicas que Zaraht viu no santuário dos lobos, ainda que essa em específico projetasse uma estranha sensação ameaçadora. Como se estivesse observando, atenta ao menor dos movimentos.

— Kha'li, manda aquele licor de suor caprichado?! — o mercador fez um sinal com a mão, chamando por uma das Ninfas que pareciam ser responsáveis pelo lugar.

De longe uma delas olhou e sorriu. Mas imediatamente quando virou-se fechou a cara e saiu toda ranzinza indo buscar o pedido. Curioso.

— Muito bem, então deixa eu te perguntar, como você faz? — finalmente, o humano decidiu deixar os receios de lado e avançar numa pergunta direta.

Zaraht fitou-o inexpressivo, sem entender o ponto da pergunta.

— Qual é! Você é como eles, mas anda de dia e de noite como se não tivesse problema algum! Eu nunca vi um deles aqui de dia... — o mercador insistiu.

— Um hematócio não teme o dia, nem a noite. Não entendo o motivo da surpresa? — Zaraht respondeu seco como de costume. Mas nem aquilo parecia incomodar o humano, que continuou resmungando e falando sobre sua perspectiva pessoal de tudo o que viu e aprendeu sobre os hemomantes da região. Em suma, a maioria do seu conhecimento não passava de achismo. O próprio hematócio conseguia distinguir algumas informações dentro do que já ouviu em outros lugares, mas uma das coisas chamou atenção desde o começo da conversa.

— O que há de tão errado na manhã para eles? — indagou o hematócio, desta vez mais curioso do que o comum.

Infelizmente, antes que o mercador pudesse responder, Kha'li, a Ninfa, apareceu e rompeu a conversa com um grande caneco batendo na mesa. O som seco e abrupto silenciou os dois. Zaraht virou seu olhar para a criatura que devolveu-lhe um olhar penetrante e intimidador. Algo como se dissesse para ele ter cuidado com as palavras. Ou melhor, cuidado com o que pergunta.



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Dom Nov 22, 2020 11:19 pm

T alvez o aviso implícito da Ninfa tenha vindo um pouco tarde demais. Zarath pode sentir em suas veias uma imponente aproximação pela retaguarda, seu cajado e capa compostos pelo próprio sangue já vibrando enquanto seus instintos alertavam-no do perigo iminente. Embora sentisse toda a pressão daquela presença antes mesmo de se virar para encará-la, mantinha-se consideravelmente bem em comparação ao Mercador que tornou-se quase transparente de tão pálido após, de frente para o Hematócio, vislumbrar a figura que se aproximava.

Numa tentativa falha de manter um sorriso amistoso, era possível perceber a tremulação em seus lábios, esta que também acompanhava as mãos que se mostraram tão ágeis e donas de movimentos concisos até então. Em suma, qualquer postura que o encantador de poções tenha sustentado durante seu breve tempo com Zarath, o abandonara completamente agora.

— Parece que viu um monstro, Èchanson — a figura pronunciou, fazendo com que o Hematócio enfim girasse seu corpo para vê-la.

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Os detalhes caíram sobre os olhos do hemomante como uma chuva de informações, fosse pela vestimenta extremamente elegante, pela palidez que ia além da presente no rosto do mercador, ou mesmo pelo olhar rubro que pesava sobre ambos; diante do mais breve contato, toda a estrutura de Zarath vibrou novamente.

— Quem é o nosso curioso convidado? — mediu Zarath dos pés encobertos pela capa até a cabeça.

O tom em sua voz casava perfeitamente com a postura nobre que ostentava, mas estava longe de portar nuances de simpatia. Cada palavra mais soava como um chicote sendo testado para que enfim, no momento certo, pudesse estalar contra aquele que tivesse como alvo. Uma única coisa era certa: ninguém gostaria de ser golpeado por ela. Inclusive, Al'dam percebia que boa parte dos clientes passaram a se manter em silêncio, receosos diante da nova presença na taverna.

— E-ele é... Est-tou apenas apresentando a t-taverna pra ele — ele mal conseguia pronunciar algo sem gaguejar, mas por quê?

Com suas habilidades naturais provindas da própria estrutura enquanto Hematócio, Zarath aos poucos notaria detalhes um pouco mais profundos no que se dizia respeito a mulher. Por exemplo, a ausência de calor em seu corpo. Havia sim sangue fluindo por suas veias, mas tudo era tão frio como a mais gélida noite ao relento de Charissa. Já no que se dizia respeito a composição do sangue em si, embora ainda fosse incapaz de prová-lo de fato, era possível sentir o quão forte ele era.

— E por acaso ele tem um nome?

Nesse momento, sentiu-se como uma vítima do próprio jogo. Era comum que Zarath estudasse e tentasse compreender as propriedades e segredos presentes nas veias de outrem, mas ali, embora visivelmente não tivesse as capacidades de um Hematócio, era a mulher quem o fazia com ele. Independente da batalha implícita por ver quem concluiria mais análises sobre a composição do outro, ele enfim teria uma brecha para apresentar-se, ou não, do modo que achasse melhor.

— O q-que a senhor-ra faz por essas áreas tão... remotas...?

— Isso pouco é da sua conta — o chicote estalara. Levou então a taça que carregava com delicadeza até os lábios, saciando-se após utilizar da língua para o abate. Ela bebia... sangue? — Contudo, agora que acabei o encontrando, acho que posso ter um serviço para você.

Ela parou por um momento para pensar em possibilidades, tomando um novo gole de sua bebida com grande delicadeza. Zarath percebeu que, embora ela ainda ostentasse a mesma postura e irradiasse a mesma aura imponente, uma breve curiosidade a seu respeito, denotada aqui ou ali por breves olhadelas, parecia como uma peça errada no quebra-cabeça que compunha a figura. Por que alguém tão superior como ela estaria curiosa acerca do Hematócio?

— Darei hoje a noite um jantar especial para um grupo de convidados seletos. Quero que trate as bebidas que servirei para que tenham o melhor gosto possível — sua voz áspera ditava tudo de maneira direta, impedindo qualquer possível intervenção ou ressalva dos ouvintes. Tudo mais soava como uma ordem irrecusável do que uma contratação de serviços em si. — Autorizo que leve alguém de sua confiança para lhe ajudar se necessário. Pagarei em ouro para ambos, é claro.

Sem mais, a mulher daria as costas a ambos, dirigindo-se até o que parecia ser uma parte reservada da taverna, aos fundos. Quando ela abriu uma das cortinas para adentrar a sala particular, Zarath notou de relance algumas outras figuras completamente estranhas aos seus olhos, embora tão imponentes quanto elas. O que estariam fazendo numa zona tão... singular do Condado?

— Você precisa ir comigo — o nervosismo ainda não havia o deixado, embora agora estando somente na companhia do conhecido, fosse pouco a pouco retomando aquele tom tranquilo, amistoso, como de quem tem tudo sob controle. — Digo, ela é muito exigente, eu vou precisar de ajuda com certeza. Posso dar parte do meu ouro para você.

O mercador antes mesmo de finalizar sua proposta sabia que nem de longe algo assim seria o suficiente para fazer com que Zarath se envolvesse no assunto. Contudo, dono de uma lábia que somente alguém de seu ramo teria, ele soube movimentar uma peça no xadrez daquela conversa que certamente colocaria em xeque o Hematócio.

— Se me acompanhar, vai poder me ajudar a encantar as bebidas e poções pra ela. Prometo te ensinar tudo o que sei.



Quest Comum (chances de elevação)
Quem não arrisca, não petisca

Descrição: Embora as oportunidades fossem claras, os possíveis riscos não eram. Zarath poderia não só visualizar, como também participar do processo de encantamento de bebidas e poções ao lado do mercador, analisando e aprendendo tudo em primeira mão de forma prática. Ainda assim, os mistérios que pairavam sobre a figura da mulher que sequer revelara seu nome eram intrigantes, tão intrigantes quanto suas olhadelas desconfiadas ou mesmo o forte sangue que fluía gélido por suas veias. Cabia ao Hematócio agora colocar em sua balança pessoal qual dos fatores mais pesariam para sua decisão final: ajudar ou não o recém conhecido mercador.
Recompensas: 50 de XP — Baú Básico — Ouro a ser definido na conclusão — Conhecimento a respeito do encantamento de poções

Considerações:





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