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- NadezhlaContrafação
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Data de inscrição : 26/10/2020
[CL] Marionetes sem fios
Seg Out 26, 2020 9:16 pm
MARIONETES SEM FIOS
FAÇA-AS DANÇAR
SINOPSE
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PERSONAGENS IMPORTANTES
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- Nobreza:
- Outros:
ROLEPLAY
- Recompensas:
- Missões:
- Objetivos:
- — Chegar ao level 5;
— Conseguir uma Especialização;
— Desenvolver Perícia de Eloquência;
— Canonizar uma Aliança entre as três famílias;
— Desenvolver até 3 habilidades.
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- NadezhlaContrafação
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Re: [CL] Marionetes sem fios
Qua Out 28, 2020 8:00 pm
I. ÓBICES
A taça empunhada entre seus dedos foi erguida apenas para que tocasse seus destacados lábios macios antes do líquido alaranjado ser bebericado com vagareza. Todo o salão do palácio ao redor tornou-se apenas um complemento frente à sua magnificência, combinando tons perfeitos de ouro que condiziam em muito com sua personalidade. As grandes janelas abertas ao longo de toda a estrutura do último andar coroando o edifício da família Ebonique permitiam a entrada de ventos refrescantes advindos da noite altiva no exterior. Lá fora, as estrelas brincavam de desenhar o negro dos céus com muita graça em bruxuleios cálidos e, ao mesmo tempo, esperançosos.
Seus sapatos batiam contra o tapete negro abaixo condecorado em tons de ouro ressoando passo por passo.
Adiante, o trono de Ebonique mantinha-se mais do que perfeito. Sua estrutura fiel às cores da família seguia por detalhes de puro vidro entalhados, permitindo que, aqueles que fitassem-no, pudessem observar seu próprio reflexo a observar-lhe de volta. A mulher sentada em seu lugar mantinha-se de queixo erguido e, apesar da idade, expressava toda sua vaidade em cada centímetro de pele, cabelo e vestimentas. Os poucos fios grisalhos que caíam-lhe pela frente das mechas encontravam-se arrumados naquele penteado característico de Devona que, junto de apetrechos majestosos e o branco trajado responsável por contrastar com toda a decoração ao redor, mostrava que era a verdadeira matriarca, na liderança da família.
Ao seu lado, havia apenas Dasra, sobrinha da mulher, filha de Thessno, um homem que falecera devido às complicações trazidas pelo seu vício em bebidas. A jovem mantinha seu penteado impecável dividindo bem os seus cabelos cacheados enquanto redes de jóias condecoravam-lhe bem as mechas, mantendo uma exímia sinergia com o longo vestido branco pouco translúcido que trazia.
— Não esperava encontrar Dasra por aqui — Nadezhla parou seus passos sobre o tapete há poucos metros do trono, antes mesmo de subir os degraus. Seus olhos intimidadores fitaram a mais jovem que ocupava seu trono menor ao lado de Devona, sua mãe.
— Precisamos estar unidas em nossa próxima movimentação, filha — Devona ponderou com sua voz firme, fazendo-a ecoar por todo o salão. Mesmo a atmosfera parecia vibrar diante de sua postura e elegância, ainda que não fosse a única com tais traços presente no salão. — Sem ciúmes, Nadezhla, poupe-se desses pormenores.
A feição de Nadezhla era uma máscara rígida e impassível. Seus lábios não expressavam nenhum sorriso — apenas ocupavam-se em encostar na taça e continuar a ingerir a bebida alaranjada. Dasra, por outro lado, encolheu um pouco a cabeça, como quem não consegue suportar o olhar da sucessora a trono Ebonique por muito tempo. Como se fosse alérgica a Nadezhla, manteve-se reclusa apenas observando os próprios pés e brincando com uma das bainhas de seu vestido.
— Não entendo. Durante anos, as seleções para Adjuntores sempre foram as mesmas, e nós cumprimos todos os requisitos. Participamos ativamente das rogações de fé, auxiliamos nas tomadas de decisões, encontramos causas para serem suportadas com ajuda financeira e social — brincou com a taça entre seus dedos, fazendo o restante do líquido dançar conforme observava-o. — Isso já não deveria ser o bastante?
Devona movimentou a cabeça negativamente.
— O Pentânio esse ano busca algo diferente, é a informação que nos foi passada por contatos confiáveis. A julgar pelas informações, estão preocupados com algo estrutural e precisam ter a certeza de serem ainda mais criteriosos nas escolhas daqui adiante — Devona sustentou cada palavra mantendo uma postura elegante e perfeita ao trono. Dasra fitou-a, saindo de sua reclusão apenas para demonstrar que prestava atenção. — Estão mais rígidos. Seus concorrentes também devem estar, afinal, as casas nobres tradicionais recebem a notícia ainda de primeira mão.
Aquelas palavras ecoaram mais no consciente de Nadezhla do que no próprio salão em si. A Ebonique ergueu seu olhar para uma das janelas abertas, fitando a noite estrelada como se divagasse entre seus próprios pensamentos como num mar em tormenta. Lembrou-se de alguns nomes importantes para o momento, figuras que carregavam histórias muito difundidas entre os corredores das casas nobres por meio de cochichos e sussurros, embora fossem completamente abafadas quando os jantares chegassem. Lembrou-se de boatos interessantes e, no fim do seu raciocínio, franziu o cenho.
Ela não podia acreditar que estaria no nível das demais casas emergentes. Afinal, de acordo com suas conclusões, Ebonique encontrava-se com o mesmo prestígio das tradicionais.
— Entendi o que quer, mãe. Mas devo assumir a responsabilidade de alertá-la da pretensão minimamente cega em assumir que encontraremos algo de útil em meio a esse palheiro fétido — suas palavras foram cuspidas como se a acidez da bebida ingerida tivesse incrementado sua afirmação. Dasra expressou surpresa com a resposta de Nadezhla para Devona que, já acostumada com a língua afiada de sua filha, demonstrou extremo descaso.
— Schlostein e Rheindorf. Ambos emergentes, tais como somos nós, caso tenha se esquecido, Nadezhla — pontuou friamente. — Casa nobres tradicionais em Alastrine sempre terão o sangue azul puro, casam-se apenas entre si e mantém as gerações futuras exatamente no lugar em que precisam estar. Enquanto nós, emergentes, precisamos jogar esse jogo com o que temos.
Nadezhla terminou sua bebida sentindo um gosto amargo na boca.
— Pode cegar-se para a realidade, mas não alterá-la. Não é considerando-se entre os tradicionais que isso fará de nós um deles, independente do quanto contribuímos ao reino ao longo de todas essas décadas. Os puros caminham com os puros e nós, preparamo-nos para o momento certo.
Devona observou Nadezhla como se esperasse por uma resposta. Previsivelmente ou não, a progênita manteve-se em puro silêncio enquanto ainda fitava as estrelas como se fosse o maior entretenimento que encontraria durante a noite. A matriarca, sabendo que havia ganho aquela discussão, realizou um estalo com seus dedos, o suficiente para fazer com que Dasra, mais ao lado, retirasse uma pilha de pergaminhos guardadas ao lado do trono. Desembolou a maioria e deixou alguns poucos caírem.
Em um dos papéis, o olhar veloz e perceptivo de Nadezhla pousou sobre o papel amarelado, constatando o selo oficial da casa Rheindorf como assinatura.
— Aqui estão as condolências que viemos trocando nas últimas quinzenas. Amanhã daremos um jantar agraciado com um esplendoroso baile de máscara para que possamos estreitar nossas relações e, então, formar uma aliança.
— Baile de máscaras? — Nadezhla demonstrou seu repúdio.
— Eu achei que seria uma boa ideia… — Dasra ruborizou em suas bochechas cor de chocolate.
Devona sustentou o olhar frustrado de Nadezhla, estudando suas feições e percebendo que ainda havia muito para que a vida a moldasse em mãos rígidas até que amadurecesse de verdade. Apesar dos pesares, em sua conclusão hodierna, sabia que sua herdeira não havia sido testada o suficiente pelo destino para que ficasse calejada ao ponto de sustentar o título de chefiar toda uma família e sua ascensão. Molhou os lábios e manteve uma expressão séria antes de prosseguir.
— Imagino que tenha ressalvas, Nadezhla?
A mulher abriu seus dedos com descaso, deixando a taça ser levada pela gravidade até o chão. O som do vidro quebrando-se contra o tapete negro como ébano foi um prelúdio de sua resposta emantada na mais profunda amargura.
— Não, Devona. Desejo-lhe uma boa noite — girou em seus calcanhares e retirou-se do salão.
Seus sapatos batiam contra o tapete negro abaixo condecorado em tons de ouro ressoando passo por passo.
Adiante, o trono de Ebonique mantinha-se mais do que perfeito. Sua estrutura fiel às cores da família seguia por detalhes de puro vidro entalhados, permitindo que, aqueles que fitassem-no, pudessem observar seu próprio reflexo a observar-lhe de volta. A mulher sentada em seu lugar mantinha-se de queixo erguido e, apesar da idade, expressava toda sua vaidade em cada centímetro de pele, cabelo e vestimentas. Os poucos fios grisalhos que caíam-lhe pela frente das mechas encontravam-se arrumados naquele penteado característico de Devona que, junto de apetrechos majestosos e o branco trajado responsável por contrastar com toda a decoração ao redor, mostrava que era a verdadeira matriarca, na liderança da família.
Ao seu lado, havia apenas Dasra, sobrinha da mulher, filha de Thessno, um homem que falecera devido às complicações trazidas pelo seu vício em bebidas. A jovem mantinha seu penteado impecável dividindo bem os seus cabelos cacheados enquanto redes de jóias condecoravam-lhe bem as mechas, mantendo uma exímia sinergia com o longo vestido branco pouco translúcido que trazia.
— Não esperava encontrar Dasra por aqui — Nadezhla parou seus passos sobre o tapete há poucos metros do trono, antes mesmo de subir os degraus. Seus olhos intimidadores fitaram a mais jovem que ocupava seu trono menor ao lado de Devona, sua mãe.
— Precisamos estar unidas em nossa próxima movimentação, filha — Devona ponderou com sua voz firme, fazendo-a ecoar por todo o salão. Mesmo a atmosfera parecia vibrar diante de sua postura e elegância, ainda que não fosse a única com tais traços presente no salão. — Sem ciúmes, Nadezhla, poupe-se desses pormenores.
A feição de Nadezhla era uma máscara rígida e impassível. Seus lábios não expressavam nenhum sorriso — apenas ocupavam-se em encostar na taça e continuar a ingerir a bebida alaranjada. Dasra, por outro lado, encolheu um pouco a cabeça, como quem não consegue suportar o olhar da sucessora a trono Ebonique por muito tempo. Como se fosse alérgica a Nadezhla, manteve-se reclusa apenas observando os próprios pés e brincando com uma das bainhas de seu vestido.
— Não entendo. Durante anos, as seleções para Adjuntores sempre foram as mesmas, e nós cumprimos todos os requisitos. Participamos ativamente das rogações de fé, auxiliamos nas tomadas de decisões, encontramos causas para serem suportadas com ajuda financeira e social — brincou com a taça entre seus dedos, fazendo o restante do líquido dançar conforme observava-o. — Isso já não deveria ser o bastante?
Devona movimentou a cabeça negativamente.
— O Pentânio esse ano busca algo diferente, é a informação que nos foi passada por contatos confiáveis. A julgar pelas informações, estão preocupados com algo estrutural e precisam ter a certeza de serem ainda mais criteriosos nas escolhas daqui adiante — Devona sustentou cada palavra mantendo uma postura elegante e perfeita ao trono. Dasra fitou-a, saindo de sua reclusão apenas para demonstrar que prestava atenção. — Estão mais rígidos. Seus concorrentes também devem estar, afinal, as casas nobres tradicionais recebem a notícia ainda de primeira mão.
Aquelas palavras ecoaram mais no consciente de Nadezhla do que no próprio salão em si. A Ebonique ergueu seu olhar para uma das janelas abertas, fitando a noite estrelada como se divagasse entre seus próprios pensamentos como num mar em tormenta. Lembrou-se de alguns nomes importantes para o momento, figuras que carregavam histórias muito difundidas entre os corredores das casas nobres por meio de cochichos e sussurros, embora fossem completamente abafadas quando os jantares chegassem. Lembrou-se de boatos interessantes e, no fim do seu raciocínio, franziu o cenho.
Ela não podia acreditar que estaria no nível das demais casas emergentes. Afinal, de acordo com suas conclusões, Ebonique encontrava-se com o mesmo prestígio das tradicionais.
— Entendi o que quer, mãe. Mas devo assumir a responsabilidade de alertá-la da pretensão minimamente cega em assumir que encontraremos algo de útil em meio a esse palheiro fétido — suas palavras foram cuspidas como se a acidez da bebida ingerida tivesse incrementado sua afirmação. Dasra expressou surpresa com a resposta de Nadezhla para Devona que, já acostumada com a língua afiada de sua filha, demonstrou extremo descaso.
— Schlostein e Rheindorf. Ambos emergentes, tais como somos nós, caso tenha se esquecido, Nadezhla — pontuou friamente. — Casa nobres tradicionais em Alastrine sempre terão o sangue azul puro, casam-se apenas entre si e mantém as gerações futuras exatamente no lugar em que precisam estar. Enquanto nós, emergentes, precisamos jogar esse jogo com o que temos.
Nadezhla terminou sua bebida sentindo um gosto amargo na boca.
— Pode cegar-se para a realidade, mas não alterá-la. Não é considerando-se entre os tradicionais que isso fará de nós um deles, independente do quanto contribuímos ao reino ao longo de todas essas décadas. Os puros caminham com os puros e nós, preparamo-nos para o momento certo.
Devona observou Nadezhla como se esperasse por uma resposta. Previsivelmente ou não, a progênita manteve-se em puro silêncio enquanto ainda fitava as estrelas como se fosse o maior entretenimento que encontraria durante a noite. A matriarca, sabendo que havia ganho aquela discussão, realizou um estalo com seus dedos, o suficiente para fazer com que Dasra, mais ao lado, retirasse uma pilha de pergaminhos guardadas ao lado do trono. Desembolou a maioria e deixou alguns poucos caírem.
Em um dos papéis, o olhar veloz e perceptivo de Nadezhla pousou sobre o papel amarelado, constatando o selo oficial da casa Rheindorf como assinatura.
— Aqui estão as condolências que viemos trocando nas últimas quinzenas. Amanhã daremos um jantar agraciado com um esplendoroso baile de máscara para que possamos estreitar nossas relações e, então, formar uma aliança.
— Baile de máscaras? — Nadezhla demonstrou seu repúdio.
— Eu achei que seria uma boa ideia… — Dasra ruborizou em suas bochechas cor de chocolate.
Devona sustentou o olhar frustrado de Nadezhla, estudando suas feições e percebendo que ainda havia muito para que a vida a moldasse em mãos rígidas até que amadurecesse de verdade. Apesar dos pesares, em sua conclusão hodierna, sabia que sua herdeira não havia sido testada o suficiente pelo destino para que ficasse calejada ao ponto de sustentar o título de chefiar toda uma família e sua ascensão. Molhou os lábios e manteve uma expressão séria antes de prosseguir.
— Imagino que tenha ressalvas, Nadezhla?
A mulher abriu seus dedos com descaso, deixando a taça ser levada pela gravidade até o chão. O som do vidro quebrando-se contra o tapete negro como ébano foi um prelúdio de sua resposta emantada na mais profunda amargura.
— Não, Devona. Desejo-lhe uma boa noite — girou em seus calcanhares e retirou-se do salão.
LEVEL 1 (00/100)
HP (185/185)
MANA (175/175)
ST (75/75)
HP (185/185)
MANA (175/175)
ST (75/75)
- Spoiler:
- — Poção de Estamina ganha no sorteio utilizada;
— Dado de Informação: informação sobre as prioridades para a seleção dos Adjuntores.
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Re: [CL] Marionetes sem fios
Qua Out 28, 2020 10:26 pm
I. ÓBICES
Seus aposentos trouxeram-lhe o verdadeiro conforto que procurava. O esplendoroso quarto remetia a luxo e significava uma grande zona de conforto à mulher que, com os pensamentos conturbados, precisava de um lugar seguro em que pudesse reorganizar o raciocínio e reaver suas verdadeiras prioridades frente aos óbices que aproximavam-se. O carpete negro recebeu seus pés de bom grado assim que os sapatos foram retirados e deixados próximos à entrada — com passos leves como se fosse guiada numa dança, desfez-se de seu Fastígio (a peça de roupa na cabeça que condecora nobres Eboniques), pousando-o sobre uma das diversas prateleiras nas paredes.
Ali havia muito mais do que a mulher sequer poderia se importar. É claro que tudo mantinha-se devidamente em seu lugar, levando em consideração o perfeccionismo obsessivo como um traço de sua personalidade unido à organização implacável, mas haviam alguns detalhes simplesmente obsoletos — que haviam perdido seu apreço com o passar dos anos e facilmente poderiam ser vendidos ou entregues àqueles que mais precisavam.
Os curtos cabelos crespos que não possuíam comprimento sequer para formar cachos foram massageados pelos seus longos dedos antes de aproximar-se da cama. Um grande véu negro cobria o móvel protegendo seu interior, o que foi rapidamente trazido para a lateral, dando passagem para que a dona dos aposentos pudesse enfim deleitar-se em seu descanso e pensar melhor a respeito daquelas divagações que permeavam sua cabeça. Contudo, antes mesmo de realizar o ato, seus olhos trouxeram-lhe a vista de algo responsável por quebrar a máscara rígida que compunha a ausência de expressões em sua face: sua cama já estava ocupada. A adrenalina percorreu todo o seu corpo e sentiu de átimo sua mana dançar numa manifestação sobre a ponta de seus dedos como num impulso.
— Pensei que fosse ficar feliz com a surpresa — Romeo expressava seu melhor sorriso cínico ostentando o corpo escultural.
Nadezhla sequer deu-se ao luxo de abaixar o olhar, embora os lençóis que agiam como um contraste de branco em meio aos tons escuros da cama cobrissem-no da pélvis abaixo. Seus olhos fuzilaram o homem com desprezo e as mãos apontaram-se para aquele que continuava a deliciar-se apenas em provocá-la e vê-la agindo com ira. Romeo brincou com uma mecha caída de seu cabelo e ajustou o grosso bigode conforme fazia menção de abaixar um pouco mais da parte de pano que encobria aquilo que tanto se gabava.
— Não me faça sujar minha cama com o vemelho podre de seu sangue.
— Podemos sujar então com algo mais próximo da cor, então?
O homem prendeu a respiração.
Piscou como se ganhasse novamente a percepção do ambiente assim que notou linhas finas e envoltas por um bruxuleio dourado saindo das pontas dos dedos de Nadezhla enroscadas em seu pescoço e pulsos. Manteve-se inerte não pela incapacidade de se mover, mas pela surpresa em percebê-los onde anteriormente não havia nada — como se sempre tivessem estado ali, mas invisíveis. Ainda assim, manteve o sorriso conforme observava a Ebonique cada vez mais entregue à sua fúria.
— Há quanto tempo?
— Não muito. Só desde que ouvi o que conversaram na Sala do Trono. Francamente, Nad? — Riu. — Um baile de máscaras? Eu esperava mais vindo dos Ebonique. Me parece tão…
O primeiro filete de sangue escorreu pelo seu pescoço assim que as linhas comprimiram-se mais contra a pele. Nos pulsos, elas pareciam manterem-se intactas. Havia puro ódio presente no semblante de Nadezhla.
— Nem mais uma palavra — ela ordenou.
Seus pensamentos divagaram por um instante. Era como se a memória muscular de uma mão jogadora de xadrez buscasse o movimento correto e já conhecido para fazer com que suas peças estivessem exatamente onde deveriam estar, superando o raciocínio do oponente. Suas linhas douradas de pura mana desfizeram-se em um piscar de olhos, deixando Romeo apenas com as lembranças marcadas pelos lanhos ao redor de seu pescoço e pulsos.
O homem levou um dedo ao sangue que descia pelo pescoço e então o chupou vagarosamente.
— Schlostein e Rheindorf. O que você tem de útil? — Sua língua estalou como um chicote ao proferir a indagação, como se ordenasse para que a resposta fosse dada.
Romeo sorriu.
O homem tratava-se de um dos criados entre os diversos dentro do palácio Ebonique. Embora dispusessem de um número reduzido de criados desde que Devona havia investido parte das finanças em uma nova oportunidade para Nadezhla destacar-se para ser selecionada aos Adjuntores, a jovem fez questão de recrutá-lo como uma sugestão à sua progenitora para que sempre tivesse um olho e um ouvido ao longo dos corredores de sua própria casa. Conhecidos desde que eram crianças, Romeo a observou ascender na vida e tornar-se uma nobre enquanto estagnava-se como um simples plebeu.
O lado bom era que Romeo sempre conhecia alguém que sabia de um terceiro que tinha ouvido canções a respeito de algo que envolvia uma informação útil a Nadezhla. Mãos ágeis, memória fotográfica e passos silenciosos são algumas das características que moldam seu currículo frente aos olhos da nobre.
— Ah, não sei se posso soltar umas informações valiosas tão fácil assim — deu de ombros, sorrindo de canto. — Você nem reparou que dessa vez eu não toquei em nada da sua decoração. Estou ficando bom o suficiente em esconder meus rastros mesmo para seus olhos tão desconfiados?
Nadezhla foi rápida em puxá-lo pelos cabelos e chocar sua cabeça contra a cabeceira. Embora não tivesse força o suficiente para machucá-lo, o homem atuou ser agredido conforme demonstrava ainda mais tesão naquela relação de subordinação.
— Schlostein… aquela caroço de manga ressecada que é a chefona deles esconde muito bem as coisas, sabe? — iniciou. — Mas tem algo que ecoa tão forte que nem a velhaca consegue conter. Alguma coisa ali me cheira a problema.
— Que problema?
— E eu sei? Mas eu confio no meu olfato pra essas coisas, e eu te digo que sempre acerto. Você nunca desconfiou sobre como são todos muito ”não-me-toque”? Piores do que você, madame. — Riu antes de sentir seus cabelos serem puxados novamente. — Isso tem a ver com uma vergonha imensa que eles escondem.
Nadezhla demonstrou estar interessada no assunto franzindo o cenho.
— Eles não são originalmente emergentes, um dia já foram parte dos tradicionalistas. Aqueles que derivam de famílias ricas, que nascem ricos, de sangue puro — como de costume, as informações vieram como um baque à Nadezhla que saboreou um prelúdio de seu triunfo. Seu agradecimento a Romeo não foi mais do que um sorriso esboçado no canto de seu lábio. — Ah, qual é, eu mereço mais do que isso. — Emburrou-se.
— E os Rheindorf?
— Posso procurar algo a respeito, mas não tenho nada de muito útil. Eles não chamam muita atenção, se é que me entende.
— Não tenho tempo para que busque informações. O baile é amanhã, preciso disso para hoje — Romeo ergueu ambas as mãos mergulhando novamente na hibérbole do personagem, como se fosse rendido. — Não entendo o que faria os Schlostein formarem uma aliança. São orgulhosos demais, talvez estejam…
— Desesperados? — Romeo completou. — Não é por nada não, mas você também é bem orgulhosa, viu? Se não fosse pela coroa lá, esse plano nem existiria.
Nadezhla revirou os olhos.
— Descubra algo sobre os Rheindorf e, então, darei-o um bônus.
— Já pensou em pagar em partes? Primeiro agora, depois…
Um tabefe em seu rosto. Romeo engoliu as palavras e levantou-se da cama expondo suas partes, abaixando-se para buscar as roupas largadas debaixo da cama. Nadezhla observou sua cama bagunçada pelo homem com desdém. O dono do sorriso cínico, agora sério, vestiu-se antes de dirigir-se à porta, mas foi interceptado por um crispar de lábios da nobre.
— Pela janela, sei que foi por onde entrou — apontou para a abertura na parede escancarada, com o seu cadeado aberto. — Precisa melhorar sua furtividade, Romeo.
O homem deu um sorriso seco antes de dirigir-se à janela.
— Amanhã você já sabe como agir — a Ebonique pontuou, mas Romeo já estava cansado de tanta autoridade.
O plebeu lançou-se pela janela, utilizando das videiras do lado externo junto com as estruturas metálicas do palácio e encanamentos para conseguir sustentar-se, ou, pelo menos, era o que Nadezhla pensava, sem realmente demonstrar preocupações se ele havia tido sucesso em prender-se a algum parapeito ou algo do tipo. Sem olhar para baixo e ter ciência do paradeiro de Romeo, fechou as janelas num único baque, encerrando a noite.
Ali havia muito mais do que a mulher sequer poderia se importar. É claro que tudo mantinha-se devidamente em seu lugar, levando em consideração o perfeccionismo obsessivo como um traço de sua personalidade unido à organização implacável, mas haviam alguns detalhes simplesmente obsoletos — que haviam perdido seu apreço com o passar dos anos e facilmente poderiam ser vendidos ou entregues àqueles que mais precisavam.
Os curtos cabelos crespos que não possuíam comprimento sequer para formar cachos foram massageados pelos seus longos dedos antes de aproximar-se da cama. Um grande véu negro cobria o móvel protegendo seu interior, o que foi rapidamente trazido para a lateral, dando passagem para que a dona dos aposentos pudesse enfim deleitar-se em seu descanso e pensar melhor a respeito daquelas divagações que permeavam sua cabeça. Contudo, antes mesmo de realizar o ato, seus olhos trouxeram-lhe a vista de algo responsável por quebrar a máscara rígida que compunha a ausência de expressões em sua face: sua cama já estava ocupada. A adrenalina percorreu todo o seu corpo e sentiu de átimo sua mana dançar numa manifestação sobre a ponta de seus dedos como num impulso.
— Pensei que fosse ficar feliz com a surpresa — Romeo expressava seu melhor sorriso cínico ostentando o corpo escultural.
Nadezhla sequer deu-se ao luxo de abaixar o olhar, embora os lençóis que agiam como um contraste de branco em meio aos tons escuros da cama cobrissem-no da pélvis abaixo. Seus olhos fuzilaram o homem com desprezo e as mãos apontaram-se para aquele que continuava a deliciar-se apenas em provocá-la e vê-la agindo com ira. Romeo brincou com uma mecha caída de seu cabelo e ajustou o grosso bigode conforme fazia menção de abaixar um pouco mais da parte de pano que encobria aquilo que tanto se gabava.
— Não me faça sujar minha cama com o vemelho podre de seu sangue.
— Podemos sujar então com algo mais próximo da cor, então?
O homem prendeu a respiração.
Piscou como se ganhasse novamente a percepção do ambiente assim que notou linhas finas e envoltas por um bruxuleio dourado saindo das pontas dos dedos de Nadezhla enroscadas em seu pescoço e pulsos. Manteve-se inerte não pela incapacidade de se mover, mas pela surpresa em percebê-los onde anteriormente não havia nada — como se sempre tivessem estado ali, mas invisíveis. Ainda assim, manteve o sorriso conforme observava a Ebonique cada vez mais entregue à sua fúria.
— Há quanto tempo?
— Não muito. Só desde que ouvi o que conversaram na Sala do Trono. Francamente, Nad? — Riu. — Um baile de máscaras? Eu esperava mais vindo dos Ebonique. Me parece tão…
O primeiro filete de sangue escorreu pelo seu pescoço assim que as linhas comprimiram-se mais contra a pele. Nos pulsos, elas pareciam manterem-se intactas. Havia puro ódio presente no semblante de Nadezhla.
— Nem mais uma palavra — ela ordenou.
Seus pensamentos divagaram por um instante. Era como se a memória muscular de uma mão jogadora de xadrez buscasse o movimento correto e já conhecido para fazer com que suas peças estivessem exatamente onde deveriam estar, superando o raciocínio do oponente. Suas linhas douradas de pura mana desfizeram-se em um piscar de olhos, deixando Romeo apenas com as lembranças marcadas pelos lanhos ao redor de seu pescoço e pulsos.
O homem levou um dedo ao sangue que descia pelo pescoço e então o chupou vagarosamente.
— Schlostein e Rheindorf. O que você tem de útil? — Sua língua estalou como um chicote ao proferir a indagação, como se ordenasse para que a resposta fosse dada.
Romeo sorriu.
O homem tratava-se de um dos criados entre os diversos dentro do palácio Ebonique. Embora dispusessem de um número reduzido de criados desde que Devona havia investido parte das finanças em uma nova oportunidade para Nadezhla destacar-se para ser selecionada aos Adjuntores, a jovem fez questão de recrutá-lo como uma sugestão à sua progenitora para que sempre tivesse um olho e um ouvido ao longo dos corredores de sua própria casa. Conhecidos desde que eram crianças, Romeo a observou ascender na vida e tornar-se uma nobre enquanto estagnava-se como um simples plebeu.
O lado bom era que Romeo sempre conhecia alguém que sabia de um terceiro que tinha ouvido canções a respeito de algo que envolvia uma informação útil a Nadezhla. Mãos ágeis, memória fotográfica e passos silenciosos são algumas das características que moldam seu currículo frente aos olhos da nobre.
— Ah, não sei se posso soltar umas informações valiosas tão fácil assim — deu de ombros, sorrindo de canto. — Você nem reparou que dessa vez eu não toquei em nada da sua decoração. Estou ficando bom o suficiente em esconder meus rastros mesmo para seus olhos tão desconfiados?
Nadezhla foi rápida em puxá-lo pelos cabelos e chocar sua cabeça contra a cabeceira. Embora não tivesse força o suficiente para machucá-lo, o homem atuou ser agredido conforme demonstrava ainda mais tesão naquela relação de subordinação.
— Schlostein… aquela caroço de manga ressecada que é a chefona deles esconde muito bem as coisas, sabe? — iniciou. — Mas tem algo que ecoa tão forte que nem a velhaca consegue conter. Alguma coisa ali me cheira a problema.
— Que problema?
— E eu sei? Mas eu confio no meu olfato pra essas coisas, e eu te digo que sempre acerto. Você nunca desconfiou sobre como são todos muito ”não-me-toque”? Piores do que você, madame. — Riu antes de sentir seus cabelos serem puxados novamente. — Isso tem a ver com uma vergonha imensa que eles escondem.
Nadezhla demonstrou estar interessada no assunto franzindo o cenho.
— Eles não são originalmente emergentes, um dia já foram parte dos tradicionalistas. Aqueles que derivam de famílias ricas, que nascem ricos, de sangue puro — como de costume, as informações vieram como um baque à Nadezhla que saboreou um prelúdio de seu triunfo. Seu agradecimento a Romeo não foi mais do que um sorriso esboçado no canto de seu lábio. — Ah, qual é, eu mereço mais do que isso. — Emburrou-se.
— E os Rheindorf?
— Posso procurar algo a respeito, mas não tenho nada de muito útil. Eles não chamam muita atenção, se é que me entende.
— Não tenho tempo para que busque informações. O baile é amanhã, preciso disso para hoje — Romeo ergueu ambas as mãos mergulhando novamente na hibérbole do personagem, como se fosse rendido. — Não entendo o que faria os Schlostein formarem uma aliança. São orgulhosos demais, talvez estejam…
— Desesperados? — Romeo completou. — Não é por nada não, mas você também é bem orgulhosa, viu? Se não fosse pela coroa lá, esse plano nem existiria.
Nadezhla revirou os olhos.
— Descubra algo sobre os Rheindorf e, então, darei-o um bônus.
— Já pensou em pagar em partes? Primeiro agora, depois…
Um tabefe em seu rosto. Romeo engoliu as palavras e levantou-se da cama expondo suas partes, abaixando-se para buscar as roupas largadas debaixo da cama. Nadezhla observou sua cama bagunçada pelo homem com desdém. O dono do sorriso cínico, agora sério, vestiu-se antes de dirigir-se à porta, mas foi interceptado por um crispar de lábios da nobre.
— Pela janela, sei que foi por onde entrou — apontou para a abertura na parede escancarada, com o seu cadeado aberto. — Precisa melhorar sua furtividade, Romeo.
O homem deu um sorriso seco antes de dirigir-se à janela.
— Amanhã você já sabe como agir — a Ebonique pontuou, mas Romeo já estava cansado de tanta autoridade.
O plebeu lançou-se pela janela, utilizando das videiras do lado externo junto com as estruturas metálicas do palácio e encanamentos para conseguir sustentar-se, ou, pelo menos, era o que Nadezhla pensava, sem realmente demonstrar preocupações se ele havia tido sucesso em prender-se a algum parapeito ou algo do tipo. Sem olhar para baixo e ter ciência do paradeiro de Romeo, fechou as janelas num único baque, encerrando a noite.
LEVEL 1 (10/100)
HP (185/185)
MANA (155/175)
ST (75/75)
HP (185/185)
MANA (155/175)
ST (75/75)
- Habilidades Usadas:
- RevérberoNível: 1.
Custo: 20 de Mana.
Dano Base: 15.
Descrição: O usuário da habilidade é capaz de solidificar até cinco linhas douradas feitas de pura mana contrafatora da ponta de seus dedos, a princípio visíveis apenas para si próprio. Uma vez em que tenham sido materializadas, as mesmas linhas podem ser manipuladas em até um raio de dez metros de distância, respeitando sempre o canal de ligação com quem as está sustentando. As cinco linhas precisam envolver-se no corpo do alvo, fazendo uso de um canal de transmissão manarial por intermédio do sentido do tato para que então consigam surtir efeito, uma vez que ganham verdadeira solidez quando utilizadas contra um oponente apenas após seu psicológico já ter dado a possibilidade de tornar-se enfraquecido.
Com o sentido do tato tendo sido tomado, a visão torna possível que veja as linhas douradas em seu corpo, dando espaço a ferimentos de cortes referentes ao dano aplicado à base da semiótica. Ainda que essas mesmas linhas necessitem de contato a primeiro instância com o tato do alvo para que surtam efeito, elas também podem ser manipuladas livremente afim de sustentar objetos de pouquíssimo peso. O dano só pode ser aplicado no alvo caso ao menos cinco linhas estejam em contato com o seu corpo, do contrário, gera um simples efeito de letargia representado por uma vulnerabilidade mínima de - 10% na resistência.
Nota¹: Duração de até 2 turnos. 10 de mana por turno para ser mantido.
Nota²: O dano aplicado ao longo dos turnos sofre uma redução. No primeiro contado com as cinco linhas, o dano aplicado é 15, mas no turno seguinte esse valor abaixa para 10.
- Spoiler:
- — Segundo dado de informação: superficialmente sobre o passado de Schlostein;
— 10 de XP acumulado por esse post e o anterior inseridos.
Emme, Wonder e Bear gostam desta mensagem
- Wonder
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Data de inscrição : 28/08/2020
Re: [CL] Marionetes sem fios
Qui Out 29, 2020 12:02 am
Interação Comum com Desenvolvimento de RP — 40 de XP
Nível Simples
Quest: Entrada Triunfal
Introdução: Nadezhla, apesar de todos os confortos de seus aposentos, não foi capaz de ter uma noite tranquila de sono, sabendo que muito estava em jogo para o baile na noite seguinte. Ao despertar, nem sinal de Romeo com as informações que solicitara. Contudo, ainda havia um baile para ser organizado e, por mais que repudiasse a ideia, Nadezhla sabia que a melhor forma de manter a qualidade e a capacidade de impressionar seus convidados era ela mesma supervisionando de perto os preparativos. Ao final da manhã, Romeo finalmente traria as informações que lhe foram solicitadas. Tudo o que o serviçal fora capaz de descobrir era que haviam boatos, dentre as faxineiras que cuidavam da limpeza da residência dos Rheindorf, de que havia em sua propriedade um gigantesco jardim de inverno com algum tipo de esconderijo ou passagem secreta, e que todos os meses, pelo menos uma vez, Virgilio era visto adentrando os jardins coberto por uma capa, e retornando apenas no outro dia, ao nascer do sol. Shantali já havia sido avistada da mesma forma, mas com menos frequência. Se realmente existia uma passagem secreta e pra onde ia, ou se eles eram apenas excêntricos que gostavam de dormir no jardim, não havia certeza, ou ao menos Romeo não tivera tempo o suficiente para descobrir.
Objetivo: Nadezhla agora possui pouca informação privilegiada sobre ambas as famílias. Seu objetivo na missão é, fazendo ou não uso disso, preparar uma recepção triunfal para seus convidados, demonstrando que ela é a anfitriã e que eles apenas tem a ganhar ao tê-la como aliada.
Recompensa: 50 de XP — Baú Básico — Ouro a ser definido na conclusão.
chansudesu e Bear gostam desta mensagem
- NadezhlaContrafação
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Data de inscrição : 26/10/2020
Re: [CL] Marionetes sem fios
Sex Out 30, 2020 7:04 am
I. ÓBICES
Entrada Triunfal
I
I
No dia seguinte, todo o palácio Ebonique já encontrava-se em polvorosa assim que o alvorecer da manhã deu-se no horizonte. Toda a cozinha jazia tomada por contratados de diversos cantos do próprio reino apenas para que pudessem fornecer um cardápio excelente a todos os convidados. Devona não havia aparecido para o público geral o dia inteiro, deixando todas as responsabilidades caírem por sobre os ombros de Nadezhla que, assim que percebeu o que havia sobrado para si, praguejou com todas as suas forças.
A ocasião não pedia por um jantar chamativo e muito menos impactante para Alastrine em si — era de suma importância que apenas seus convidados soubessem do que estava sendo tratado ali, afinal.
Antes do meio dia, quando Nadezhla se encarregava de escolher as cores das velas que seriam erguidas pelos lustres por sobre as três distintas mesas, Romeo surgiu como uma sombra entre duas das criadas, assustando-as. A gola de sua camisa formal estava completamente abarrotada e os shorts abertos na parte superior, também notou como aquele sorriso estava diferente do cinismo comum — trazia um ar de triunfo, quase vitória. E a nobre duvidou muito que aquilo tinha a ver com apenas a informação que havia pedido, ia muito além — envolvia suas próprias necessidades.
— Precisamos conversar, Senhorita Ebonique — estendeu sua mão.
O par de criadas trocou olhares, visivelmente constrangidas e temendo a resposta de Nadezhla.
— Brancas, como de costume. A paleta dos nossos estandartes não conversam, vamos manter tudo da maneira mais neutra o possível — imersa no personagem responsável, fez um gesto para que elas dispersassem. — Assim como eu gostaria que essas relações permanecessem: neutras. — Resmungou entredentes, agora mantida a sós com o dono das roupas amarrotadas e suado.
Todo o salão de jantar havia sofrido diversas modificações. No lugar de apenas uma longa mesa central, agora haviam três longas — uma para cada família que estaria presente no jantar. Face aonde ocorreria os banquetes, três poltronas salientes e confortáveis haviam sido dispostas, reservadas especialmente para Devona, Carmila e Virgilio. Havia um tapete negro que ia desde o portão estendendo-se por debaixo das cadeiras e mesas, afunilando-se apenas ao chegar na região em que o trio de líderes estaria disposto.
E, destoando de toda a luxúria disposta, havia Romeo. Cheirando a suor e, além disso, sexo.
— O que é de tão importante que não possa esperar um banho? — Incisiva.
— Por onde posso começar? — Coçou o queixo de maneira despretensiosa.
Iniciou pelos detalhes sórdidos de como havia obtido as informações, mas Nadezhla o interrompeu e ordenou para que seguisse ao que verdadeiramente importava. Dessa forma, o homem explicou sobre como os Rheindorf possuíam um jardim de inverno, responsável por guarnecer grande parte das plantações familiares, e dos estranhos eventos que aconteciam por lá. Não havia muito o que as criadas haviam visto além de Virgilio e sua filha, Shantali, visitando-o mensalmente para surgirem de novo apenas no dia seguinte. Cultura hereditária ou não, os trabalhadores da casa estranhavam o ato, apesar de nunca terem comentado abertamente a respeito.
Romeo deu pouca importância ao que havia acabado de contar. Por outro lado, Nadezhla demonstrou interesse.
— Nunca há um segredo que não possa ser explorado a fundo — comentou.
— Então, a respeito do meu pagamento…? — Sorriu.
O alfaiate chefe avistou Nadezhla e rapidamente cruzou o saguão de jantar, intrometendo-se na conversa mantida com Romeo e deixando o homem de lado.
— Senhora Nadezhla, precisamos escolher as medidas corretas de seu vestido para hoje à noite, ajustá-lo ao seu corpo e ainda recolher uma das máscaras perfeitas para a ocasião — o suor escorria pela sua testa. O rubor no rosto visivelmente tinha a ver com sua fadiga também exposta pelas regiões umedecidas ao longo de sua roupa ajustada no corpo acima do peso. — Athaya está cuidando da roupa dos criados, preparando máscaras únicas e cuidando para que as três cores sejam casadas sem gerar desconforto no ambiente. A propósito, o que achou do tapete?
Tantas palavras ditas, tantas palavras sem uma resposta obtida durante minutos. Nadezhla visivelmente filtrava parte daquilo que havia ouvido por Romeo e ponderava o que poderia ser útil ou não dali — lembrou-se do costume deselegante de criados em ouvirem conversas dos nobres e inventarem histórias mirabolantes em cima daquilo que não conseguiam compreender. Suspirou profundamente antes de observar o alfaiate perdido em seu desespero.
— Não usarei nada do que eu tenho. Quero que costurem algo completamente novo. — Foi como a última gota de nervosismo que o alfaiate certamente não precisava. O suor sobre seu rosto gorducho agora caía como uma cascata. — O tapete me parece previsível, mas adequado. Quero algo que possa me diferenciar dos demais, Gistle, eu preciso estar em evidência o tempo inteiro, ainda que não seja algo que precise ser reafirmado.
Romeo ao lado estava ainda esperançoso de que teria sua resposta cedo ou tarde, mas mais uma interrupção aconteceu antes que Gistle tivesse uma síncope de nervoso.
— Senhora Nadezhla, a propósito, ainda não decidimos a questão musical — uma das criadas de antes retornou, um pouco receosa de estar interrompendo algo importante.
O rosto da nobre resplandeceu um alívio como se tivesse a resposta para isso desde o início.
— Romeo. Você fez parte de um grupo de bardos há alguns verões atrás, não? — O homem cruzou os braços, visivelmente emburrecido. — Perfeito. Treine algumas aulas de canto emergenciais com Orpheu, o nosso liricista pessoal. Sabe onde encontrá-lo, não? — Indagou à criada que, por sua vez, assentiu com a cabeça. — Romeo só precisará de alguns pequenos preparos até que esteja no ponto.
A criada fez menção de levar o dono do grosso bigode adiante que, relutante, seguiu-a em seus passos, deixando para trás o saguão em polvorosa sendo organizado por dezenas de pessoas e, em seu centro, Nadezhla junto a um alfaiate que tremia de tanto desespero.
— Vocês alfaiates passam a vida inteira ajustando roupas e criando novas mas não podem simplesmente desafiar os próprios limites? Patético — despejou.
— Mas, Nadezhla… i-isso é… impossível — gaguejou.
— Sabe o que mais não será possível, caro Gistle?
— O que?
— Seus serviços. Está dispensado. — Com poucos detalhes dados, apenas fez um gesto para que o homem sumisse em meio à multidão que se formava para levantar um antigo jarro e trocá-lo de lugar. A Ebonique rapidamente ajustou sua postura e tratou de supervisionar a mudança de posição do objeto cautelosamente, tendo certeza de que não o quebrariam.
Contudo, em seu âmago, sabia que aquele era apenas um pretexto para que finalmente conseguisse respirar e decompor tudo o que havia absorvido em tão pouco tempo no seu raciocínio lógico. Haviam novas cartas entregues à mesa que precisavam de atenção antes que fossem recolhidas para a próxima rodada, contudo, sua mão não dotava de bons elementos dessa vez — como se os naipes não conversassem, muito menos a numeração. De toda forma, a mulher fez questão de lembrar a si própria que, apesar da situação complicada que tinha de lidar, tinha um trunfo guardado para que pudesse saborear o momento da vitória com volúpia.
Pouco a pouco, sob rédeas rígidas impostas pelas diretrizes de Nadezhla, o palácio ia entrando nos trilhos novamente.
Os corredores de acesso já encontravam-se completamente enfeitados com flores que revezavam entre tulipas brancas e avermelhadas, dispostas em vasos negros condecorados com detalhes dourados, mantendo a coloração Ebonique acima de tudo. Os tapetes mantinham-se como da coloração preta, à medida em que os lustres suspendiam velas acima das mesas de jantar de maneira elegante. Os criados em sua grande maioria já encontravam-se devidamente trajados com o que havia sido costurado de última hora pelos tecelões — para as mulheres, longos vestidos translúcidos em tons pastéis de bege, seus cabelos seguiam em coques erguidos por linhas de jóias peroladas, enquanto isso, os homens trajavam camisas folgadas de mesma coloração por sobre calças de couro negro.
Nadezhla certamente gostaria de observar como os detalhes estavam correndo perfeitamente como o planejado, mesmo que sua mãe a tivesse deixado encarregada de tudo de última hora. Entretanto, jazia ocupada servindo de modelo para sua própria roupa completamente feita apenas para que vestisse durante o jantar. Embora Gistle houvesse sido dispensado, havia Athaya, uma experiente senhora que treinava todos os alfaiates sob direção dos Eboniques para que fossem tão precisos quanto ela. Ainda que tivesse preparado o vestuário dos criados, suas mãos enrugadas não demonstravam qualquer tipo de nervosismo conforme a nobre observava a si própria no espelho, cercada por outros estudantes da tecelã que ajustavam seu vestido.
— Você realmente é competente, Athaya — comentou. — Não que eu esteja impressionada. Sempre soube que Gistle não representava o mesmo líder alfaiate que você um dia foi.
— Mantenha silêncio, Nadezhla — a idosa era uma das únicas pessoas dentro do palácio que poderia dirigir-se à nobre com tais palavras. Os demais alfaiates prenderam a respiração, mas não houve qualquer tipo de resposta pela Ebonique que atendeu o pedido.
O farthingale foi introduzido à sua cintura trazendo todo o volume que seria dado pela parte debaixo ao vestido que viria logo após. Embora apenas a parte superior estivesse concluída, havia um brilho no olhar de Nadezhla que, mesmo com a obra incompleta, já conseguia sentir o teor de toda a sua grandeza. Sentiu quando uma das agulhas empunhadas pelos alfaiates tornou a gola da vestimenta mais justa enquanto uma segunda fazia menção de alargar as mangas e desatar alguns nós em seu corsair. Conforme os retoques eram dados, sua cabeça continuava a pensar a respeito das informações entregues por Romeo mais cedo e qual seria a melhor forma de utilizá-las.
Contudo, após uma tarde inteira de responsabilidades a lidar e decisões a serem tomadas, concluiu que talvez apenas não fosse o momento para uma jogada. Talvez fosse mais prudente conferir o que seus colegas de mesa possuíam em mãos antes de abaixar todo o jogo de só uma vez.
— Esplêndido, querida, é como se todos os tecidos que já trabalhei ficassem perfeitos em seu corpo — a idosa surpreendeu-se com sua própria obra conforme dava os ajustes finais na região da cintura. Logo atrás, os demais alfaiates aproximaram-se com um longo tecido translúcido tomando todos os cuidados para que não arrastasse no carpete acinzentado dos aposentos.
Embora sequer se tocassem, a herdeira percebeu como seus tons de cinza mesclavam-se numa dança perfeita, conseguindo apenas diferenciar do que tratava-se o vestido ao perceber os entalhes dourados em tons fracos ao longo de toda a peça. Sem mais delongas, foi Athaya que, com uma incrível maestria, passou a ajustar centímetro por centímetro daquela nova peça ao que Nadezhla vestia até então. Com detalhes sendo acrescentados sempre que a mulher achava que haviam finalizado, ela foi surpreendendo-se com a maneira em como era transformada em algo que nunca havia vestido até então. Perguntou a si própria se aquilo não possuía algum dedo de Devona que, imaginando a exigência de sua filha, havia preparado alguns tecidos importados de fora do reino para compor sua vestimenta.
A noite foi aproximando-se e, lentamente, a atmosfera preparava-se para a chegada dos convidados.
A ocasião não pedia por um jantar chamativo e muito menos impactante para Alastrine em si — era de suma importância que apenas seus convidados soubessem do que estava sendo tratado ali, afinal.
Antes do meio dia, quando Nadezhla se encarregava de escolher as cores das velas que seriam erguidas pelos lustres por sobre as três distintas mesas, Romeo surgiu como uma sombra entre duas das criadas, assustando-as. A gola de sua camisa formal estava completamente abarrotada e os shorts abertos na parte superior, também notou como aquele sorriso estava diferente do cinismo comum — trazia um ar de triunfo, quase vitória. E a nobre duvidou muito que aquilo tinha a ver com apenas a informação que havia pedido, ia muito além — envolvia suas próprias necessidades.
— Precisamos conversar, Senhorita Ebonique — estendeu sua mão.
O par de criadas trocou olhares, visivelmente constrangidas e temendo a resposta de Nadezhla.
— Brancas, como de costume. A paleta dos nossos estandartes não conversam, vamos manter tudo da maneira mais neutra o possível — imersa no personagem responsável, fez um gesto para que elas dispersassem. — Assim como eu gostaria que essas relações permanecessem: neutras. — Resmungou entredentes, agora mantida a sós com o dono das roupas amarrotadas e suado.
Todo o salão de jantar havia sofrido diversas modificações. No lugar de apenas uma longa mesa central, agora haviam três longas — uma para cada família que estaria presente no jantar. Face aonde ocorreria os banquetes, três poltronas salientes e confortáveis haviam sido dispostas, reservadas especialmente para Devona, Carmila e Virgilio. Havia um tapete negro que ia desde o portão estendendo-se por debaixo das cadeiras e mesas, afunilando-se apenas ao chegar na região em que o trio de líderes estaria disposto.
E, destoando de toda a luxúria disposta, havia Romeo. Cheirando a suor e, além disso, sexo.
— O que é de tão importante que não possa esperar um banho? — Incisiva.
— Por onde posso começar? — Coçou o queixo de maneira despretensiosa.
Iniciou pelos detalhes sórdidos de como havia obtido as informações, mas Nadezhla o interrompeu e ordenou para que seguisse ao que verdadeiramente importava. Dessa forma, o homem explicou sobre como os Rheindorf possuíam um jardim de inverno, responsável por guarnecer grande parte das plantações familiares, e dos estranhos eventos que aconteciam por lá. Não havia muito o que as criadas haviam visto além de Virgilio e sua filha, Shantali, visitando-o mensalmente para surgirem de novo apenas no dia seguinte. Cultura hereditária ou não, os trabalhadores da casa estranhavam o ato, apesar de nunca terem comentado abertamente a respeito.
Romeo deu pouca importância ao que havia acabado de contar. Por outro lado, Nadezhla demonstrou interesse.
— Nunca há um segredo que não possa ser explorado a fundo — comentou.
— Então, a respeito do meu pagamento…? — Sorriu.
O alfaiate chefe avistou Nadezhla e rapidamente cruzou o saguão de jantar, intrometendo-se na conversa mantida com Romeo e deixando o homem de lado.
— Senhora Nadezhla, precisamos escolher as medidas corretas de seu vestido para hoje à noite, ajustá-lo ao seu corpo e ainda recolher uma das máscaras perfeitas para a ocasião — o suor escorria pela sua testa. O rubor no rosto visivelmente tinha a ver com sua fadiga também exposta pelas regiões umedecidas ao longo de sua roupa ajustada no corpo acima do peso. — Athaya está cuidando da roupa dos criados, preparando máscaras únicas e cuidando para que as três cores sejam casadas sem gerar desconforto no ambiente. A propósito, o que achou do tapete?
Tantas palavras ditas, tantas palavras sem uma resposta obtida durante minutos. Nadezhla visivelmente filtrava parte daquilo que havia ouvido por Romeo e ponderava o que poderia ser útil ou não dali — lembrou-se do costume deselegante de criados em ouvirem conversas dos nobres e inventarem histórias mirabolantes em cima daquilo que não conseguiam compreender. Suspirou profundamente antes de observar o alfaiate perdido em seu desespero.
— Não usarei nada do que eu tenho. Quero que costurem algo completamente novo. — Foi como a última gota de nervosismo que o alfaiate certamente não precisava. O suor sobre seu rosto gorducho agora caía como uma cascata. — O tapete me parece previsível, mas adequado. Quero algo que possa me diferenciar dos demais, Gistle, eu preciso estar em evidência o tempo inteiro, ainda que não seja algo que precise ser reafirmado.
Romeo ao lado estava ainda esperançoso de que teria sua resposta cedo ou tarde, mas mais uma interrupção aconteceu antes que Gistle tivesse uma síncope de nervoso.
— Senhora Nadezhla, a propósito, ainda não decidimos a questão musical — uma das criadas de antes retornou, um pouco receosa de estar interrompendo algo importante.
O rosto da nobre resplandeceu um alívio como se tivesse a resposta para isso desde o início.
— Romeo. Você fez parte de um grupo de bardos há alguns verões atrás, não? — O homem cruzou os braços, visivelmente emburrecido. — Perfeito. Treine algumas aulas de canto emergenciais com Orpheu, o nosso liricista pessoal. Sabe onde encontrá-lo, não? — Indagou à criada que, por sua vez, assentiu com a cabeça. — Romeo só precisará de alguns pequenos preparos até que esteja no ponto.
A criada fez menção de levar o dono do grosso bigode adiante que, relutante, seguiu-a em seus passos, deixando para trás o saguão em polvorosa sendo organizado por dezenas de pessoas e, em seu centro, Nadezhla junto a um alfaiate que tremia de tanto desespero.
— Vocês alfaiates passam a vida inteira ajustando roupas e criando novas mas não podem simplesmente desafiar os próprios limites? Patético — despejou.
— Mas, Nadezhla… i-isso é… impossível — gaguejou.
— Sabe o que mais não será possível, caro Gistle?
— O que?
— Seus serviços. Está dispensado. — Com poucos detalhes dados, apenas fez um gesto para que o homem sumisse em meio à multidão que se formava para levantar um antigo jarro e trocá-lo de lugar. A Ebonique rapidamente ajustou sua postura e tratou de supervisionar a mudança de posição do objeto cautelosamente, tendo certeza de que não o quebrariam.
Contudo, em seu âmago, sabia que aquele era apenas um pretexto para que finalmente conseguisse respirar e decompor tudo o que havia absorvido em tão pouco tempo no seu raciocínio lógico. Haviam novas cartas entregues à mesa que precisavam de atenção antes que fossem recolhidas para a próxima rodada, contudo, sua mão não dotava de bons elementos dessa vez — como se os naipes não conversassem, muito menos a numeração. De toda forma, a mulher fez questão de lembrar a si própria que, apesar da situação complicada que tinha de lidar, tinha um trunfo guardado para que pudesse saborear o momento da vitória com volúpia.
…
Pouco a pouco, sob rédeas rígidas impostas pelas diretrizes de Nadezhla, o palácio ia entrando nos trilhos novamente.
Os corredores de acesso já encontravam-se completamente enfeitados com flores que revezavam entre tulipas brancas e avermelhadas, dispostas em vasos negros condecorados com detalhes dourados, mantendo a coloração Ebonique acima de tudo. Os tapetes mantinham-se como da coloração preta, à medida em que os lustres suspendiam velas acima das mesas de jantar de maneira elegante. Os criados em sua grande maioria já encontravam-se devidamente trajados com o que havia sido costurado de última hora pelos tecelões — para as mulheres, longos vestidos translúcidos em tons pastéis de bege, seus cabelos seguiam em coques erguidos por linhas de jóias peroladas, enquanto isso, os homens trajavam camisas folgadas de mesma coloração por sobre calças de couro negro.
Nadezhla certamente gostaria de observar como os detalhes estavam correndo perfeitamente como o planejado, mesmo que sua mãe a tivesse deixado encarregada de tudo de última hora. Entretanto, jazia ocupada servindo de modelo para sua própria roupa completamente feita apenas para que vestisse durante o jantar. Embora Gistle houvesse sido dispensado, havia Athaya, uma experiente senhora que treinava todos os alfaiates sob direção dos Eboniques para que fossem tão precisos quanto ela. Ainda que tivesse preparado o vestuário dos criados, suas mãos enrugadas não demonstravam qualquer tipo de nervosismo conforme a nobre observava a si própria no espelho, cercada por outros estudantes da tecelã que ajustavam seu vestido.
— Você realmente é competente, Athaya — comentou. — Não que eu esteja impressionada. Sempre soube que Gistle não representava o mesmo líder alfaiate que você um dia foi.
— Mantenha silêncio, Nadezhla — a idosa era uma das únicas pessoas dentro do palácio que poderia dirigir-se à nobre com tais palavras. Os demais alfaiates prenderam a respiração, mas não houve qualquer tipo de resposta pela Ebonique que atendeu o pedido.
O farthingale foi introduzido à sua cintura trazendo todo o volume que seria dado pela parte debaixo ao vestido que viria logo após. Embora apenas a parte superior estivesse concluída, havia um brilho no olhar de Nadezhla que, mesmo com a obra incompleta, já conseguia sentir o teor de toda a sua grandeza. Sentiu quando uma das agulhas empunhadas pelos alfaiates tornou a gola da vestimenta mais justa enquanto uma segunda fazia menção de alargar as mangas e desatar alguns nós em seu corsair. Conforme os retoques eram dados, sua cabeça continuava a pensar a respeito das informações entregues por Romeo mais cedo e qual seria a melhor forma de utilizá-las.
Contudo, após uma tarde inteira de responsabilidades a lidar e decisões a serem tomadas, concluiu que talvez apenas não fosse o momento para uma jogada. Talvez fosse mais prudente conferir o que seus colegas de mesa possuíam em mãos antes de abaixar todo o jogo de só uma vez.
— Esplêndido, querida, é como se todos os tecidos que já trabalhei ficassem perfeitos em seu corpo — a idosa surpreendeu-se com sua própria obra conforme dava os ajustes finais na região da cintura. Logo atrás, os demais alfaiates aproximaram-se com um longo tecido translúcido tomando todos os cuidados para que não arrastasse no carpete acinzentado dos aposentos.
Embora sequer se tocassem, a herdeira percebeu como seus tons de cinza mesclavam-se numa dança perfeita, conseguindo apenas diferenciar do que tratava-se o vestido ao perceber os entalhes dourados em tons fracos ao longo de toda a peça. Sem mais delongas, foi Athaya que, com uma incrível maestria, passou a ajustar centímetro por centímetro daquela nova peça ao que Nadezhla vestia até então. Com detalhes sendo acrescentados sempre que a mulher achava que haviam finalizado, ela foi surpreendendo-se com a maneira em como era transformada em algo que nunca havia vestido até então. Perguntou a si própria se aquilo não possuía algum dedo de Devona que, imaginando a exigência de sua filha, havia preparado alguns tecidos importados de fora do reino para compor sua vestimenta.
A noite foi aproximando-se e, lentamente, a atmosfera preparava-se para a chegada dos convidados.
LEVEL 1 (40/100)
HP (185/185)
MANA (175/175)
ST (75/75)
HP (185/185)
MANA (175/175)
ST (75/75)
- Spoiler:
- Farthingale (suporte para volume) e Corsair
- Missão:
Quest Comum
Entrada Triunfal
Descrição : Nadezhla, apesar de todos os confortos de seus aposentos, não foi capaz de ter uma noite tranquila de sono, sabendo que muito estava em jogo para o baile na noite seguinte. Ao despertar, nem sinal de Romeo com as informações que solicitara. Contudo, ainda havia um baile para ser organizado e, por mais que repudiasse a ideia, Nadezhla sabia que a melhor forma de manter a qualidade e a capacidade de impressionar seus convidados era ela mesma supervisionando de perto os preparativos. Ao final da manhã, Romeo finalmente traria as informações que lhe foram solicitadas. Tudo o que o serviçal fora capaz de descobrir era que haviam boatos, dentre as faxineiras que cuidavam da limpeza da residência dos Rheindorf, de que havia em sua propriedade um gigantesco jardim de inverno com algum tipo de esconderijo ou passagem secreta, e que todos os meses, pelo menos uma vez, Virgilio era visto adentrando os jardins coberto por uma capa, e retornando apenas no outro dia, ao nascer do sol. Shantali já havia sido avistada da mesma forma, mas com menos frequência. Se realmente existia uma passagem secreta e pra onde ia, ou se eles eram apenas excêntricos que gostavam de dormir no jardim, não havia certeza, ou ao menos Romeo não tivera tempo o suficiente para descobrir. Nadezhla agora possui pouca informação privilegiada sobre ambas as famílias. Seu objetivo na missão é, fazendo ou não uso disso, preparar uma recepção triunfal para seus convidados, demonstrando que ela é a anfitriã e que eles apenas tem a ganhar ao tê-la como aliada.
Recompensa: 50 de XP — Baú Básico — Ouro a ser definido na conclusão.
Wonder, Bear e Morgana gostam desta mensagem
- NadezhlaContrafação
- Mensagens : 17
Data de inscrição : 26/10/2020
Re: [CL] Marionetes sem fios
Sex Out 30, 2020 7:17 am
I. ÓBICES
Entrada Triunfal
II
II
Devona jazia sentada na poltrona central, ladeada por outras duas ainda vazias que esperavam seus devidos possessores. Todo o saguão de jantar era emantado pelas ondas sonoras suaves emitidas pelos acordes de lira do bardo Orpheu que, além disso, também praticava pequenos esquentas vocais conforme Romeo ao lado empunhava nada menos do que um alaúde de orvalho envelhecido. Apesar das tentativas em melhorar seu vocal, o homem não convenceu o bardo de seus dotes sonoros e acabou sendo deixado de escanteio para tocar algumas pequenas notas ao lado do profissional. O teto bem iluminado pelos lustres repletos de candelabros projetavam sombras gigantescas sobre as mesas dispostas com banquetes generosos.
A mesa central era composta por uma longa toalha negra de cetim, a da direita e esquerda trocavam apenas coloração, tratando-se de vermelho e verde respectivamente. Conforme os criados rapidamente dispunham alguns pratos e taças sobre as bancadas de maneira sucinta e elegante, fazendo questão de manter todas as aulas de etiqueta em alta à medida em que movimentavam-se como se fossem bonecos automáticos guiados por mecanismos do próprio chão — realizavam passos tão sublimes que mais pareciam bailar conforme Orpheu chegava às notas menores.
— Onde está Dasra? — Devona interrogou a uma das criadas conforme ajustava o seu penteado sobre os fios perolados que o sustentavam acima de sua cabeça. O elegante vestido caía-lhe pela própria poltrona devido ao tamanho.
A mulher cochichou em seu ouvido para só depois afastar-se da matriarca. Os guardas do palácio entraram no saguão com certa pressa, mantendo fileiras formais enquanto marchavam erguendo seus escudos de alastina. As velas no topo do ambiente pareceram arder com mais força assim que novas sombras ganharam força ao longo no corredor projetando-se contra a parede. Os criados pararam o que estavam fazendo para observar a magnitude daquilo que aproximava-se mais ao longe — seus queixos quase caíram assim que perceberam de quem tratava-se. O mensageiro que havia tomado a frente para que a diplomacia das famílias acontecesse foi o primeiro a cruzar os colossais portões do saguão, trazendo uma corneta em seu braço.
Ele ressoou o objeto, fazendo com que todos tivessem suas atenções voltadas àqueles que aproximavam-se.
— Com muita honra, apresento à família Ebonique os Rheindorf, aqueles que semeiam o amanhã com obstinação — realizou uma reverência antes de passar para a direita, abrindo espaço.
Um grupo de nove pessoas adentrou o saguão enquanto perdiam seus olhares em toda a decoração ao redor. Encabeçados por Virgilio, que sustentava um sorriso simpático debaixo de seu bigode de fios lisos, responsável por ostentar vestes nobres que mesclavam-se entre colorações esverdeadas e brancas que cobriam-lhe até os pés e, é claro, trazendo o seu famoso leque de penas, uma relíquia dos Rheindorf. Logo mais atrás, Shantali, sua filha, acenava para alguns criados mais ao longe que retribuiam-lhe o gesto com movimentações de cabeça. A jovem encorpava tecidos mais simples, embora fossem condecorados com jóias e penas das mesmas que faziam parte do leque empunhado pelo seu progenitor.
Mais atrás, haviam alguns pequenos escribas, demais nobres Rheindorf e guardas que traziam um par de estandartes da família: arco e videiras verdes sobre fundo branco.
Gradativamente foram ocupando seus lugares à mesa da esquerda, Shantali foi a última a sentar-se devido ao fato de prolongar uma conversa puxada com uma das criadas elogiando a forma como trajava a veste, embora todas as outras fossem iguais. Virgilio foi o único a prosseguir em sua caminhada, passando pela mesa e subindo os pequenos degraus até alcançar Devona em sua poltrona. A mulher estendeu a mão para que fosse beijada e, com o gesto realizado, sorriram de maneira simpática um ao outro.
— Devo dizer que sempre está impecável, Devona — educado como sempre, Virgilio deu o pontapé inicial no diálogo.
— Igualmente, Virgilio. Estou impressionada com o quanto Shantali cresceu — a matriarca demonstrou surpresa.
O homem sentou ao seu lado esquerdo e o diálogo foi prolongado. Elogios foram tecidos a respeito da decoração local e então o assunto estendeu-se ao fato de como as cores combinavam-se perfeitamente uma vez unidas embora fossem tão distintas entre si. Devona sabia como portar-se de maneira humilde e educada frente aos demais, sempre fazendo uso de seu carisma e encanto natural embora não precisasse desdobrar-se em fragilidade para tal — sempre mantendo o queixo erguido bem como os gestos elegantes como de costume. Seu sorriso radiante foi interceptado assim que um segundo toque de corneta ecoou por todo o saguão, interrompendo as demais conversas paralelas.
— Prata e obsidiana em convergência, os Schlostein já estão aqui. — Anunciou.
A atmosfera tornou-se pesada.
Numerosos e destacando-se pelas colorações avermelhada entre os demais que optavam por tons neutros, foi como se a chegada da casa Schlostein rasgasse todo o ambiente com garras mais do que afiadas. Em uma formação impecavelmente organizada que deixaria Nadezhla com um fisgo atrás da orelha, o sexteto de guardas adentrou o saguão em três duplas que separaram-se ao longo de todo o lugar erguendo os estandartes sangrentos de Schlostein — preto e branco sobre um escarlate marcante que farfalhava junto aos ventos vindo do exterior. As velas ao longo da decoração projetaram uma iluminação perfeita sobre o trio de nobres que surgiu logo após — de mechas extremamente escuras e vestimentas que seguia a mesma paleta rubra, debandaram-se para a mesa à direita.
Um grupo de quatro escribas e cinco criados juntou-se aos demais na mesa logo após uma demonstração elegante e repleta de reverências. Assim que os guardas dispostos em duplas chegaram à frente do salão, ato responsável por um arqueio de sobrancelha por parte de Devona e impassibilidade de Virgilio, os Schlostein mais importantes vieram logo após.
— Prata e obsidiana convergem para que nasçamos com saúde e determinação trazida a nós pelo que nossos ancestrais lutaram — os guardas vociferaram em uníssono, fazendo com que alguns dos criados Eboniques assustassem-se com o ato. — Prevaleceremos na chuva, na doença e na tormenta, mas jamais deixaremos os cinco.
O jovem de ombreiras douradas por debaixo de um longo cachecol de pelos brancos envolvendo sua gola enegrecida introduziu-se de maneira apática. O olhar de Cristoforo caiu sobre a decoração acima das mesas, logo após, estudou as velas com certo desdém até que, por fim, fitou Devona e Virgilio ao longe com descaso. Uma simples reverência foi realizada, como se não pudesse suportar o fato de manter a cabeça abaixada por mais de um segundo. O sinal presente em sua testa era apenas um detalhe a compor os traços afilados de seu rosto contemplados pela pele pálida. A chamativa mecha albina em meio a fios tão enegrecidos mais do que simbolizava o estandarte da família, como se prata e obsidiana formassem seus traços.
Girou nos calcanhares, fazendo o cachecol e a bainha negra de sua túnica sobre a amardura farfalhar no ar antes de dirigir-se à mesa da direita.
Sua imagem deu espaço à de uma mulher de postura rígida e olhos que brilhavam num tom de âmbar como se buscassem pelos mínimos defeitos em toda a conjuntura ao seu redor. Os cabelos brancos jaziam penteados para trás e presos em duas protuberâncias que assemelhavam-se a chifres, envoltos por fitas escarlates do mesmo material que compunha a gola de sua vestimenta recheada por pequenos espinhos metálicos ao longo de toda sua extensão. Ambos os seus braços jaziam nas costas, estruturando ainda mais sua pose séria e rigorosa frente a todos os olhares depositados em si. Sua presença foi responsável por deixar diversos dos criados acuados e até mesmo levantar cochichos vindos da mesa Rheindorf.
Seus passos guiaram-lhe até a frente de Devona. A matriarca Ebonique manteve-se sentada, mas ambas realizaram o gesto da Ordem Primordial como cordialidade ao se cumprimentarem. Ambas as mãos levadas ao topo, descidas em espiral para ambos os lados e, só então, trazidas até a altura do abdome.
— O tempo lhe valoriza, Carmila — as palavras de Devonas eram entoadas de maneira firme e fria, mas traziam seu ressoar gentil natural.
A mulher franziu o cenho.
— Sempre armada com as palavras bonitas, Devona. — Suas orbes de âmbar pareceram estudar a mulher da cabeça aos pés antes de sentar-se. Para Virgilio, um simples aceno de cabeça bastou.
Orpheu ao longe, deu um toque com o cotovelo em Romeo que errava algumas notas no alaúde. O homem tomou a frente e, num giro em seu próprio eixo, passou a brincar com os dedos pelas cordas da lira conforme os guardas Schlostein dirigiam-se à mesa destinada para a família. A melodia alcançou seu auge conforme todos pareciam adaptar-se ao ambiente e quebrarem o gelo inicial conforme as criadas passavam a servir alguns pratos de entrada e bebidas apenas para que se preparassem para o jantar.
Lá fora, as estrelas brincavam sobre o céu enegrecido trazendo a sensação de que não estavam sozinhos, embora estivessem num coletivo de três famílias. Devona e Virgilio sustentavam um assunto a respeito das últimas notícias envolvendo um comandante altoguarda que, para Carmila, que introduziu-se de supetão no assunto, deveria ter sido sentenciado à morte pela traição. De repente, o diálogo voltou-se às questões burocráticas de Alastrine envolvendo as decisões tomadas pela Mão recentemente. Cada um dos três possuía uma visão distinta a respeito da realidade, contudo, apenas a Schlostein era mais incisiva em suas opiniões, trazendo dogmas tradicionais e, vez ou outra, referenciando a Ordem Primordial no meio da conversa.
— Eu entendo que parte disso ainda seja algo novo para o Reino, mas não acha que devemos valorizar a vida daqueles que compõem a linha de frente de nossa defesa? — Virgilio demonstrou cautela a respeito da escolha de palavras.
— Altoguardas são altoguardas. O destino é que sacrifiquem suas vidas para nossa defesa, então, devemos mesmo nos preocupar? — Carmila pontuou.
Devona visivelmente tentava encontrar algum ponto em comum em ambas as opinões para intermediar a conversa quando Orpheu de Lira pausou sua música. Romeo errou mais uma nota no alaúde pela centésima vez, trazendo olhares desconfortáveis da mesa dos Schlostein conforme os Rheindorf mantinham-se atentos ao que estava por vir. O mensageiro retornou às portas principais abertas e fez um gesto dramático com ambas as mãos acima da própria cabeça como se fizesse parte de toda uma encenação.
De maneira rápida, Orpheu buscou em suas anotações as notas que deveria entoar.
Com um gesto, alguns dos bardos sentados mais atrás levantaram-se e puxaram seus instrumentos dos mais variados. Romeo foi expulso do grupo. Juntos, com violinos, harpas e liras, iniciaram novos acordes e notas que tratavam-se de um prelúdio do que estava por vir. As mesas empertigaram-se, como se curiosas pelo que iria surgir atrás do mensageiro, mas apenas o suspense lhes era servido. Shantali manobrou a taça com vinho branco como uma criança sobre o dedo, expressando a pura curiosidade em seus olhos que fitavam a porta. Cristoforo, por outro lado, cruzava os braços e mantinha um semblante entediado.
— Ela já está entre nós.
Os estandartes Ebonique caíram de ambos os lados das portas, mantendo-se erguidos de maneira imponente. Dourado sobre ébano.
O saião acinzentado era trazido por uma variedade de criadas que trajavam máscaras de pura prata responsável por acobertar seus corpos. Alguns adornos dourados compunham a vestimenta carregada, que brilhavam como as próprias estrelas imponentes na noite lá fora. Nadezhla surgiu como um verdadeiro colosso atrás do mensageiro que rapidamente retirou-se do caminho dando passagem à nobre. A música trabalhada por Orpheu e seu grupo trouxe o toque de pura classe mas, ao mesmo tempo, fomentava certa suavidade no ar com a chegada da mulher que desfilava como se todo aquele momento tivesse sido criado apenas para a sua entrada triunfal. Mesmo Cristoforo, na mesa dos Schlostein, teve que ceder e observar a magnificência daquela que adentrava o lugar.
Virgilio e Carmila fitavam Devona como se buscassem respostas.
A máscara de prata era coroada por penas como se trajasse um pavão cinzento que caía-lhe perfeitamente bem frente ao visual possuído. Os tons de cinza deslizavam sobre sua pele preta e traziam uma sutileza perfeita, combinando numa totalidade majestosa toda aquela paleta de cor ao redor — o vermelho, o verde, o preto e o branco tornavam-se apenas mais alguns dos apetrechos ao seu visual, como se tudo tivesse sido meticulosamente pensado e arquitetado para que, no fim das contas, Nadezhla estivesse sobre o domínio de todos os detalhes. Seus lábios avantajados curvaram-se num sorriso entregue com muita graça a Orpheu que entrava num ritmo ainda mais frenético da melodia.
Cochichos foram levantados entre os Schlostein que, mesmo com vinte vezes maiores, não haviam sido páreos para chamar tanta atenção quanto apenas Nadezhla por si só. Enquanto isso, os Rheindorf mantinham os queixos caídos, acompanhados por parte dos criados e serventes que foram pegos de surpresa. Romeo, agora expulso do grupo de musicistas, jazia sentado em cima de um caixote e trazia um semblante que mesclava entre o irritadiço e admirado.
Ela havia triunfado nos detalhes. As penas faziam uma referência clara à família Rheindorf uma vez que o leque hereditário era uma relíquia e todos que conheciam a casa sabiam de sua importância na posse de seu líder. Enquanto isso, os tons de prata albinos que estruturavam sua máscara mais do que simbolizavam os Schlostein, unindo-se aos toques acinzentados de sua roupa e trazendo a dualidade que tanto gostavam de tratar. Mais atrás, Dasra surgiu com um vestido de menor porte, completamente negro e condecorado com diversos topázios alaranjados em seus ombros e cintura. Ndila, a criança Ebonique, brincou com seus véus brancos como se também fizesse parte do próprio vestuário da herdeira mais adiante.
As duas outras Eboniques dirigiram-se para a mesa central conforme Nadezhla seguiu seus passos junto das criadas para a frente do saguão. Os escribas posicionaram-se no lugar devido e, já a postos, a mulher pousou o olhar sobre Carmila, Virgilio até que, por fim, fitasse a própria mãe. A máscara escondia o seu rosto que demonstrava puro triunfo sobre as intempéries que haviam sido colocadas de ultima hora para que resolvesse.
Por sorte, não havia ninguém mais capaz de Nadezhla para lidar com uma situação tão urgente como essa em pouquíssimas horas. E ela havia conseguido. Girou em seus calcanhares para ficar de frente aos convidados em suas mesas e de costas para as poltronas, assumindo um sorriso caloroso logo após que as criadas soltaram o tecido leve acinzentado que caiu lentamente como uma pena ao chão, finalizando a performance de apresentação. A mulher sentiu o peso do olhar de todos sobre si, soube que, naquele momento, estavam trabalhando em suas mentes pensamentos que girassem ao seu redor, como se atraísse todos para si. Com muita delicadeza, retirou a máscara de prata de seu rosto, fazendo com que a coroa de penas fosse retirada junto.
— Meus caros conterrâneos alastrios, não sabem o quão gratificante é nutrir da presença de todos vocês nessa noite espetacular — seu sorriso de marfim resplandeceu como mais um apetrecho somado à sua estética. Os lábios encantavam aqueles que observavam-na ao longe trajando tamanho luxo e elegância. — Preparamos toda a casa para que, por alguns instantes, nos sentíssemos alinhados acerca de um só ideal. Sintam-se confortáveis e bem-vindos ao nosso lar que, nesse instante, também torna-se de vocês devido ao prestígio em que temos de nos unirmos para um jantar majestoso.
Dos mesmos portões abertos, assim que as palavras cessaram, duas fileiras com mais de trinta cozinheiros surgiu. Traziam frangos temperados em manteiga, generosas costelas gordurosas e porcos assados para serem servidos. Em uma segunda ala, folhas encontravam-se dispostas juntamente de frutas das mais diversas, trazendo legumes e verduras ao montes que detalhavam cada um daqueles pratos com elegância e de maneira pensada a encantar aqueles que observam até que deleitem-se em seu sabor. Os vinhos eram servidos e todos passavam a brindar, erguendo suas taças em direção à anfitriã.
— Embora sejamos de três distintas famílias, hoje encontraremos meios em comum para que possamos nos aproximar num todo. Verde sobre branco, prata e obsidiana sobre vermelho e dourado sobre ébano são apenas cores e símbolos frente ao que de fatos significaremos num futuro frutífero para todos os nossos filhos e netos. — afirmou. Encontrou o olhar de Cristoforo na mesa dos Schlostein e, após, encontrou Shantali encantada na mesa dos Rheindorf. Com um sorriso simpático que não cabia em sua personalidade, Nadezhla realizou o gesto da Ordem Primária antes de virar-se para trás.
Ali encontrou uma Carmila de semblante fechado, um Virgilio sorridente e Devona com sua feição fria como de costume quanto a Nadezhla.
— O jantar está iniciado. Sejam todos bem servidos com o carinho de nossa casa. — Encerrou.
A mesa central era composta por uma longa toalha negra de cetim, a da direita e esquerda trocavam apenas coloração, tratando-se de vermelho e verde respectivamente. Conforme os criados rapidamente dispunham alguns pratos e taças sobre as bancadas de maneira sucinta e elegante, fazendo questão de manter todas as aulas de etiqueta em alta à medida em que movimentavam-se como se fossem bonecos automáticos guiados por mecanismos do próprio chão — realizavam passos tão sublimes que mais pareciam bailar conforme Orpheu chegava às notas menores.
— Onde está Dasra? — Devona interrogou a uma das criadas conforme ajustava o seu penteado sobre os fios perolados que o sustentavam acima de sua cabeça. O elegante vestido caía-lhe pela própria poltrona devido ao tamanho.
A mulher cochichou em seu ouvido para só depois afastar-se da matriarca. Os guardas do palácio entraram no saguão com certa pressa, mantendo fileiras formais enquanto marchavam erguendo seus escudos de alastina. As velas no topo do ambiente pareceram arder com mais força assim que novas sombras ganharam força ao longo no corredor projetando-se contra a parede. Os criados pararam o que estavam fazendo para observar a magnitude daquilo que aproximava-se mais ao longe — seus queixos quase caíram assim que perceberam de quem tratava-se. O mensageiro que havia tomado a frente para que a diplomacia das famílias acontecesse foi o primeiro a cruzar os colossais portões do saguão, trazendo uma corneta em seu braço.
Ele ressoou o objeto, fazendo com que todos tivessem suas atenções voltadas àqueles que aproximavam-se.
— Com muita honra, apresento à família Ebonique os Rheindorf, aqueles que semeiam o amanhã com obstinação — realizou uma reverência antes de passar para a direita, abrindo espaço.
Um grupo de nove pessoas adentrou o saguão enquanto perdiam seus olhares em toda a decoração ao redor. Encabeçados por Virgilio, que sustentava um sorriso simpático debaixo de seu bigode de fios lisos, responsável por ostentar vestes nobres que mesclavam-se entre colorações esverdeadas e brancas que cobriam-lhe até os pés e, é claro, trazendo o seu famoso leque de penas, uma relíquia dos Rheindorf. Logo mais atrás, Shantali, sua filha, acenava para alguns criados mais ao longe que retribuiam-lhe o gesto com movimentações de cabeça. A jovem encorpava tecidos mais simples, embora fossem condecorados com jóias e penas das mesmas que faziam parte do leque empunhado pelo seu progenitor.
Mais atrás, haviam alguns pequenos escribas, demais nobres Rheindorf e guardas que traziam um par de estandartes da família: arco e videiras verdes sobre fundo branco.
Gradativamente foram ocupando seus lugares à mesa da esquerda, Shantali foi a última a sentar-se devido ao fato de prolongar uma conversa puxada com uma das criadas elogiando a forma como trajava a veste, embora todas as outras fossem iguais. Virgilio foi o único a prosseguir em sua caminhada, passando pela mesa e subindo os pequenos degraus até alcançar Devona em sua poltrona. A mulher estendeu a mão para que fosse beijada e, com o gesto realizado, sorriram de maneira simpática um ao outro.
— Devo dizer que sempre está impecável, Devona — educado como sempre, Virgilio deu o pontapé inicial no diálogo.
— Igualmente, Virgilio. Estou impressionada com o quanto Shantali cresceu — a matriarca demonstrou surpresa.
O homem sentou ao seu lado esquerdo e o diálogo foi prolongado. Elogios foram tecidos a respeito da decoração local e então o assunto estendeu-se ao fato de como as cores combinavam-se perfeitamente uma vez unidas embora fossem tão distintas entre si. Devona sabia como portar-se de maneira humilde e educada frente aos demais, sempre fazendo uso de seu carisma e encanto natural embora não precisasse desdobrar-se em fragilidade para tal — sempre mantendo o queixo erguido bem como os gestos elegantes como de costume. Seu sorriso radiante foi interceptado assim que um segundo toque de corneta ecoou por todo o saguão, interrompendo as demais conversas paralelas.
— Prata e obsidiana em convergência, os Schlostein já estão aqui. — Anunciou.
A atmosfera tornou-se pesada.
Numerosos e destacando-se pelas colorações avermelhada entre os demais que optavam por tons neutros, foi como se a chegada da casa Schlostein rasgasse todo o ambiente com garras mais do que afiadas. Em uma formação impecavelmente organizada que deixaria Nadezhla com um fisgo atrás da orelha, o sexteto de guardas adentrou o saguão em três duplas que separaram-se ao longo de todo o lugar erguendo os estandartes sangrentos de Schlostein — preto e branco sobre um escarlate marcante que farfalhava junto aos ventos vindo do exterior. As velas ao longo da decoração projetaram uma iluminação perfeita sobre o trio de nobres que surgiu logo após — de mechas extremamente escuras e vestimentas que seguia a mesma paleta rubra, debandaram-se para a mesa à direita.
Um grupo de quatro escribas e cinco criados juntou-se aos demais na mesa logo após uma demonstração elegante e repleta de reverências. Assim que os guardas dispostos em duplas chegaram à frente do salão, ato responsável por um arqueio de sobrancelha por parte de Devona e impassibilidade de Virgilio, os Schlostein mais importantes vieram logo após.
— Prata e obsidiana convergem para que nasçamos com saúde e determinação trazida a nós pelo que nossos ancestrais lutaram — os guardas vociferaram em uníssono, fazendo com que alguns dos criados Eboniques assustassem-se com o ato. — Prevaleceremos na chuva, na doença e na tormenta, mas jamais deixaremos os cinco.
O jovem de ombreiras douradas por debaixo de um longo cachecol de pelos brancos envolvendo sua gola enegrecida introduziu-se de maneira apática. O olhar de Cristoforo caiu sobre a decoração acima das mesas, logo após, estudou as velas com certo desdém até que, por fim, fitou Devona e Virgilio ao longe com descaso. Uma simples reverência foi realizada, como se não pudesse suportar o fato de manter a cabeça abaixada por mais de um segundo. O sinal presente em sua testa era apenas um detalhe a compor os traços afilados de seu rosto contemplados pela pele pálida. A chamativa mecha albina em meio a fios tão enegrecidos mais do que simbolizava o estandarte da família, como se prata e obsidiana formassem seus traços.
Girou nos calcanhares, fazendo o cachecol e a bainha negra de sua túnica sobre a amardura farfalhar no ar antes de dirigir-se à mesa da direita.
Sua imagem deu espaço à de uma mulher de postura rígida e olhos que brilhavam num tom de âmbar como se buscassem pelos mínimos defeitos em toda a conjuntura ao seu redor. Os cabelos brancos jaziam penteados para trás e presos em duas protuberâncias que assemelhavam-se a chifres, envoltos por fitas escarlates do mesmo material que compunha a gola de sua vestimenta recheada por pequenos espinhos metálicos ao longo de toda sua extensão. Ambos os seus braços jaziam nas costas, estruturando ainda mais sua pose séria e rigorosa frente a todos os olhares depositados em si. Sua presença foi responsável por deixar diversos dos criados acuados e até mesmo levantar cochichos vindos da mesa Rheindorf.
Seus passos guiaram-lhe até a frente de Devona. A matriarca Ebonique manteve-se sentada, mas ambas realizaram o gesto da Ordem Primordial como cordialidade ao se cumprimentarem. Ambas as mãos levadas ao topo, descidas em espiral para ambos os lados e, só então, trazidas até a altura do abdome.
— O tempo lhe valoriza, Carmila — as palavras de Devonas eram entoadas de maneira firme e fria, mas traziam seu ressoar gentil natural.
A mulher franziu o cenho.
— Sempre armada com as palavras bonitas, Devona. — Suas orbes de âmbar pareceram estudar a mulher da cabeça aos pés antes de sentar-se. Para Virgilio, um simples aceno de cabeça bastou.
Orpheu ao longe, deu um toque com o cotovelo em Romeo que errava algumas notas no alaúde. O homem tomou a frente e, num giro em seu próprio eixo, passou a brincar com os dedos pelas cordas da lira conforme os guardas Schlostein dirigiam-se à mesa destinada para a família. A melodia alcançou seu auge conforme todos pareciam adaptar-se ao ambiente e quebrarem o gelo inicial conforme as criadas passavam a servir alguns pratos de entrada e bebidas apenas para que se preparassem para o jantar.
Lá fora, as estrelas brincavam sobre o céu enegrecido trazendo a sensação de que não estavam sozinhos, embora estivessem num coletivo de três famílias. Devona e Virgilio sustentavam um assunto a respeito das últimas notícias envolvendo um comandante altoguarda que, para Carmila, que introduziu-se de supetão no assunto, deveria ter sido sentenciado à morte pela traição. De repente, o diálogo voltou-se às questões burocráticas de Alastrine envolvendo as decisões tomadas pela Mão recentemente. Cada um dos três possuía uma visão distinta a respeito da realidade, contudo, apenas a Schlostein era mais incisiva em suas opiniões, trazendo dogmas tradicionais e, vez ou outra, referenciando a Ordem Primordial no meio da conversa.
— Eu entendo que parte disso ainda seja algo novo para o Reino, mas não acha que devemos valorizar a vida daqueles que compõem a linha de frente de nossa defesa? — Virgilio demonstrou cautela a respeito da escolha de palavras.
— Altoguardas são altoguardas. O destino é que sacrifiquem suas vidas para nossa defesa, então, devemos mesmo nos preocupar? — Carmila pontuou.
Devona visivelmente tentava encontrar algum ponto em comum em ambas as opinões para intermediar a conversa quando Orpheu de Lira pausou sua música. Romeo errou mais uma nota no alaúde pela centésima vez, trazendo olhares desconfortáveis da mesa dos Schlostein conforme os Rheindorf mantinham-se atentos ao que estava por vir. O mensageiro retornou às portas principais abertas e fez um gesto dramático com ambas as mãos acima da própria cabeça como se fizesse parte de toda uma encenação.
De maneira rápida, Orpheu buscou em suas anotações as notas que deveria entoar.
Com um gesto, alguns dos bardos sentados mais atrás levantaram-se e puxaram seus instrumentos dos mais variados. Romeo foi expulso do grupo. Juntos, com violinos, harpas e liras, iniciaram novos acordes e notas que tratavam-se de um prelúdio do que estava por vir. As mesas empertigaram-se, como se curiosas pelo que iria surgir atrás do mensageiro, mas apenas o suspense lhes era servido. Shantali manobrou a taça com vinho branco como uma criança sobre o dedo, expressando a pura curiosidade em seus olhos que fitavam a porta. Cristoforo, por outro lado, cruzava os braços e mantinha um semblante entediado.
— Ela já está entre nós.
Os estandartes Ebonique caíram de ambos os lados das portas, mantendo-se erguidos de maneira imponente. Dourado sobre ébano.
O saião acinzentado era trazido por uma variedade de criadas que trajavam máscaras de pura prata responsável por acobertar seus corpos. Alguns adornos dourados compunham a vestimenta carregada, que brilhavam como as próprias estrelas imponentes na noite lá fora. Nadezhla surgiu como um verdadeiro colosso atrás do mensageiro que rapidamente retirou-se do caminho dando passagem à nobre. A música trabalhada por Orpheu e seu grupo trouxe o toque de pura classe mas, ao mesmo tempo, fomentava certa suavidade no ar com a chegada da mulher que desfilava como se todo aquele momento tivesse sido criado apenas para a sua entrada triunfal. Mesmo Cristoforo, na mesa dos Schlostein, teve que ceder e observar a magnificência daquela que adentrava o lugar.
Virgilio e Carmila fitavam Devona como se buscassem respostas.
A máscara de prata era coroada por penas como se trajasse um pavão cinzento que caía-lhe perfeitamente bem frente ao visual possuído. Os tons de cinza deslizavam sobre sua pele preta e traziam uma sutileza perfeita, combinando numa totalidade majestosa toda aquela paleta de cor ao redor — o vermelho, o verde, o preto e o branco tornavam-se apenas mais alguns dos apetrechos ao seu visual, como se tudo tivesse sido meticulosamente pensado e arquitetado para que, no fim das contas, Nadezhla estivesse sobre o domínio de todos os detalhes. Seus lábios avantajados curvaram-se num sorriso entregue com muita graça a Orpheu que entrava num ritmo ainda mais frenético da melodia.
Cochichos foram levantados entre os Schlostein que, mesmo com vinte vezes maiores, não haviam sido páreos para chamar tanta atenção quanto apenas Nadezhla por si só. Enquanto isso, os Rheindorf mantinham os queixos caídos, acompanhados por parte dos criados e serventes que foram pegos de surpresa. Romeo, agora expulso do grupo de musicistas, jazia sentado em cima de um caixote e trazia um semblante que mesclava entre o irritadiço e admirado.
Ela havia triunfado nos detalhes. As penas faziam uma referência clara à família Rheindorf uma vez que o leque hereditário era uma relíquia e todos que conheciam a casa sabiam de sua importância na posse de seu líder. Enquanto isso, os tons de prata albinos que estruturavam sua máscara mais do que simbolizavam os Schlostein, unindo-se aos toques acinzentados de sua roupa e trazendo a dualidade que tanto gostavam de tratar. Mais atrás, Dasra surgiu com um vestido de menor porte, completamente negro e condecorado com diversos topázios alaranjados em seus ombros e cintura. Ndila, a criança Ebonique, brincou com seus véus brancos como se também fizesse parte do próprio vestuário da herdeira mais adiante.
As duas outras Eboniques dirigiram-se para a mesa central conforme Nadezhla seguiu seus passos junto das criadas para a frente do saguão. Os escribas posicionaram-se no lugar devido e, já a postos, a mulher pousou o olhar sobre Carmila, Virgilio até que, por fim, fitasse a própria mãe. A máscara escondia o seu rosto que demonstrava puro triunfo sobre as intempéries que haviam sido colocadas de ultima hora para que resolvesse.
Por sorte, não havia ninguém mais capaz de Nadezhla para lidar com uma situação tão urgente como essa em pouquíssimas horas. E ela havia conseguido. Girou em seus calcanhares para ficar de frente aos convidados em suas mesas e de costas para as poltronas, assumindo um sorriso caloroso logo após que as criadas soltaram o tecido leve acinzentado que caiu lentamente como uma pena ao chão, finalizando a performance de apresentação. A mulher sentiu o peso do olhar de todos sobre si, soube que, naquele momento, estavam trabalhando em suas mentes pensamentos que girassem ao seu redor, como se atraísse todos para si. Com muita delicadeza, retirou a máscara de prata de seu rosto, fazendo com que a coroa de penas fosse retirada junto.
— Meus caros conterrâneos alastrios, não sabem o quão gratificante é nutrir da presença de todos vocês nessa noite espetacular — seu sorriso de marfim resplandeceu como mais um apetrecho somado à sua estética. Os lábios encantavam aqueles que observavam-na ao longe trajando tamanho luxo e elegância. — Preparamos toda a casa para que, por alguns instantes, nos sentíssemos alinhados acerca de um só ideal. Sintam-se confortáveis e bem-vindos ao nosso lar que, nesse instante, também torna-se de vocês devido ao prestígio em que temos de nos unirmos para um jantar majestoso.
Dos mesmos portões abertos, assim que as palavras cessaram, duas fileiras com mais de trinta cozinheiros surgiu. Traziam frangos temperados em manteiga, generosas costelas gordurosas e porcos assados para serem servidos. Em uma segunda ala, folhas encontravam-se dispostas juntamente de frutas das mais diversas, trazendo legumes e verduras ao montes que detalhavam cada um daqueles pratos com elegância e de maneira pensada a encantar aqueles que observam até que deleitem-se em seu sabor. Os vinhos eram servidos e todos passavam a brindar, erguendo suas taças em direção à anfitriã.
— Embora sejamos de três distintas famílias, hoje encontraremos meios em comum para que possamos nos aproximar num todo. Verde sobre branco, prata e obsidiana sobre vermelho e dourado sobre ébano são apenas cores e símbolos frente ao que de fatos significaremos num futuro frutífero para todos os nossos filhos e netos. — afirmou. Encontrou o olhar de Cristoforo na mesa dos Schlostein e, após, encontrou Shantali encantada na mesa dos Rheindorf. Com um sorriso simpático que não cabia em sua personalidade, Nadezhla realizou o gesto da Ordem Primária antes de virar-se para trás.
Ali encontrou uma Carmila de semblante fechado, um Virgilio sorridente e Devona com sua feição fria como de costume quanto a Nadezhla.
— O jantar está iniciado. Sejam todos bem servidos com o carinho de nossa casa. — Encerrou.
LEVEL 1 (50/100)
HP (185/185)
MANA (175/175)
ST (75/75)
HP (185/185)
MANA (175/175)
ST (75/75)
- Spoiler:
- — Considerem ambos os posts como “treino” para Perícia de Eloquência;
— Orpheu de Lira e Ndila serão adicionados ao sumário;
— 1 de 3 Missões Finalizada.
- Concept Art do Vestido:
- Missão:
- Quest Comum
Entrada Triunfal
Descrição : Nadezhla, apesar de todos os confortos de seus aposentos, não foi capaz de ter uma noite tranquila de sono, sabendo que muito estava em jogo para o baile na noite seguinte. Ao despertar, nem sinal de Romeo com as informações que solicitara. Contudo, ainda havia um baile para ser organizado e, por mais que repudiasse a ideia, Nadezhla sabia que a melhor forma de manter a qualidade e a capacidade de impressionar seus convidados era ela mesma supervisionando de perto os preparativos. Ao final da manhã, Romeo finalmente traria as informações que lhe foram solicitadas. Tudo o que o serviçal fora capaz de descobrir era que haviam boatos, dentre as faxineiras que cuidavam da limpeza da residência dos Rheindorf, de que havia em sua propriedade um gigantesco jardim de inverno com algum tipo de esconderijo ou passagem secreta, e que todos os meses, pelo menos uma vez, Virgilio era visto adentrando os jardins coberto por uma capa, e retornando apenas no outro dia, ao nascer do sol. Shantali já havia sido avistada da mesma forma, mas com menos frequência. Se realmente existia uma passagem secreta e pra onde ia, ou se eles eram apenas excêntricos que gostavam de dormir no jardim, não havia certeza, ou ao menos Romeo não tivera tempo o suficiente para descobrir. Nadezhla agora possui pouca informação privilegiada sobre ambas as famílias. Seu objetivo na missão é, fazendo ou não uso disso, preparar uma recepção triunfal para seus convidados, demonstrando que ela é a anfitriã e que eles apenas tem a ganhar ao tê-la como aliada.
Recompensa: 50 de XP — Baú Básico — Ouro a ser definido na conclusão.
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Re: [CL] Marionetes sem fios
Sex Out 30, 2020 2:06 pm
Interação Prolongada com Desenvolvimento de RP (x2) — 50 de XP
Conclusão da quest "Entrada Triunfal" — 50 de XP — Baú Básico — 40 de Ouro.
Nível Simples
Quest: Discussão desagradável
Introdução: A herdeira dos Ebonique havia sido extremamente bem sucedida em sua entrada triunfal. Os Rheindorf, especialmente, não se seguraram em demonstrar contentamento com todos os detalhes ricamente organizados, bem como com a representação de sua casa na máscara de Nadezhla, o que tiveram como um mimo, sendo até mesmo aplaudida por uma animada Shantali. Quanto aos Schlostein, caso tenham se impressionado positivamente, não deixaram transparecer, principalmente tratando-se de Cristoforo, que mantinha o tempo todo um desagradável semblante de tédio e até mesmo de repúdio. Ao longo da conversa que se mantinha ao jantar, percebia-se que os Rheindorf pareciam muito mais amistosos e de boa vontade, possivelmente já haviam aceitado o convite com intenção de verdadeiramente estreitar os laços entre suas famílias e formar uma aliança. Os Schlostein, por outro lado, pareciam medir e avaliar os modos e capacidades de seus anfitriões a todo instante, como águias procurando por sua presa. Em dado momento, enquanto questionavam sobre a história dos Ebonique - como ascenderam socialmente e como mantinham suas riquezas - chegou-se ao assunto que era tabu para aquela família: Ansleigh. Como se não bastasse cutucar a ferida para observar como sua "presa" reagia, viria, ao fim, o questionamento: como saber se poderiam confiar em uma família, considerando a traição do fundador da casa e da reputação manchada que ele deixara para trás? Tais questionamentos e acusações deixaram Virgilio em um silêncio quase desconfortável, como se o homem estivesse esperando para ver onde aquilo ia dar, deixando aquele embate para as outras duas famílias antes de tecer sua opinião.
Objetivo: A oportunidade está dada. Aos Ebonique agora cabe a defesa de seu nome e de sua reputação. Assim, deve apresentar argumentos que deixem as duas famílias seguras quanto a atual honra e fidelidade da casa, bem como dos benefícios de fecharem o acordo pretendido. De seus dizeres, resultaria se a aliança proposta seria ou não bem sucedida.
Recompensa: 50 de XP — Baú Básico — Fechamento do acordo — Ouro a ser definido na conclusão.
Considerações: Caso ainda tenha que discutir os termos da aliança, sugiro que o faça ao longo dessa quest, considerando que o aceite é um dos objetivos - e recompensa.
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Re: [CL] Marionetes sem fios
Sex Nov 06, 2020 11:30 pm
I. ÓBICES
O triunfo gradativo de Nadezhla estampava todos os detalhes da grande peça como se tivesse sido encenada meses atrás. O momento de sua chegada regido pelas mais diversas reações serviu-lhe melhor do que o banquete que integrava as mesas das famílias adjacentes — indo mais além, os olhares alheios eram o que mais lhe fascinavam. Vez ou outra, quando abaixava um pouco o leque de penas, conseguia quase que palpar os olhos curioso responsáveis por vestirem-na como adereços daquele cinza majestoso.
Devona, ao longe, mantinha-se num diálogo entre Carmila e Virgilio. Tudo seguia conforme o roteiro, embora não houvesse um.
Ao longe, Romeo já havia sumido, sem sequer deixar quaisquer pistas para trás a respeito de seu paradeiro. Era Orpheu de Lira quem liderava a orquestra musical responsável por englobar todo o saguão, enquanto Eboniques e Rheindorf socializavam estreitando ainda mais as relações e ideais de ambas as casas. Entretanto, os prata e obsidiana sobre vermelho pouco pareciam à vontade, mesmo com as cordas musicais sendo tão bem tocadas pelo bardo, não cediam sequer um passo para a dança.
Mas mesmo isso fazia parte do esperado para a herdeira que, por debaixo da máscara, observava os mínimos detalhes da narrativa tecendo-se sobre a realidade ao seu redor. Como se deixasse gradativamente todos os gestos, murmuros e falas comporem um cenário ainda maior em segundo plano, ela caminhava pelos Rheindorf oferecendo-lhes dicas de quais bebidas pedir e quais pratos haviam sido pensados para favorecer seu paladar mais voltado ao moderno e refinado. O seu jogo de cartas estava mais do que seguro em mãos que sabiam exatamente como manuseá-las e, é claro, manter a paciência acima de tudo.
— As frutas estão muito frescas, Nadezhla — foi Shantali quem teve a voz sobressaltante em meio aos que jaziam à mesa.
Nadezhla sorriu.
— Misture essas uvas com um pouco desse vinho especial, caso permita-me fazê-lo — sua ágil mão livre interpôs as delicadas de Shantali, erguendo uma daquelas esferas arroxeadas para os dedos pálidos da Rheindorf que prontamente a pegou, sendo induzida a levá-la à boca. Os demais familiares ao redor expressaram surpresa com o contato repentino, mas nada comentaram. — Agora, um único gole…
A taça foi levada à Shantali, que bebericou o líquido mantendo contato visual com Nadezhla, que observava-lhe de maneira orgulhosa.
Gulp.
— Incrível — balbuciou após ingerir o líquido.
— Gosto de minhas frutas frescas e sem caroços. Macias e fáceis de serem ingeridas, não concorda, Shantali? — A mais jovem assentiu com a cabeça. O sorriso de Nadezhla alargou-se. — Normalmente as mais azedas permanecem na safra até que sejam descartadas. Detesto lidar com caroços…
No fim daquelas palavras, foi quase instintivo: cruzou o olhar com Cristoforo, sentado à mesa dos Schlostein, sustentando ainda o seu mesmo sorriso anteriormente dado à jovem Rheindorf. Certamente o dono de mechas albinas não a havia escutado, contudo, ainda assim, naquela pequena ponte de contato exercida, ambos sentiram a atmosfera tremer como se entrassem num campo de batalha meramente ideológico.
Devona, ao longe, levantou-se da poltrona com certa pressa. Os olhos de Nadezhla, como se tivessem sido acionados por um fator externo, rapidamente pregaram-se na mãe que não trazia um dos melhores semblantes.
— Com licença, Shantali. Acredito que minha presença seja requerida em outro lugar — e ajustando as penas de seu leque, desfilou com o tecido acinzentado sobre o tapete negro como uma verdadeira alegoria em meio ao jantar, dirigindo-se em direção à sua mãe.
Devona, ao longe, mantinha-se num diálogo entre Carmila e Virgilio. Tudo seguia conforme o roteiro, embora não houvesse um.
Ao longe, Romeo já havia sumido, sem sequer deixar quaisquer pistas para trás a respeito de seu paradeiro. Era Orpheu de Lira quem liderava a orquestra musical responsável por englobar todo o saguão, enquanto Eboniques e Rheindorf socializavam estreitando ainda mais as relações e ideais de ambas as casas. Entretanto, os prata e obsidiana sobre vermelho pouco pareciam à vontade, mesmo com as cordas musicais sendo tão bem tocadas pelo bardo, não cediam sequer um passo para a dança.
Mas mesmo isso fazia parte do esperado para a herdeira que, por debaixo da máscara, observava os mínimos detalhes da narrativa tecendo-se sobre a realidade ao seu redor. Como se deixasse gradativamente todos os gestos, murmuros e falas comporem um cenário ainda maior em segundo plano, ela caminhava pelos Rheindorf oferecendo-lhes dicas de quais bebidas pedir e quais pratos haviam sido pensados para favorecer seu paladar mais voltado ao moderno e refinado. O seu jogo de cartas estava mais do que seguro em mãos que sabiam exatamente como manuseá-las e, é claro, manter a paciência acima de tudo.
— As frutas estão muito frescas, Nadezhla — foi Shantali quem teve a voz sobressaltante em meio aos que jaziam à mesa.
Nadezhla sorriu.
— Misture essas uvas com um pouco desse vinho especial, caso permita-me fazê-lo — sua ágil mão livre interpôs as delicadas de Shantali, erguendo uma daquelas esferas arroxeadas para os dedos pálidos da Rheindorf que prontamente a pegou, sendo induzida a levá-la à boca. Os demais familiares ao redor expressaram surpresa com o contato repentino, mas nada comentaram. — Agora, um único gole…
A taça foi levada à Shantali, que bebericou o líquido mantendo contato visual com Nadezhla, que observava-lhe de maneira orgulhosa.
Gulp.
— Incrível — balbuciou após ingerir o líquido.
— Gosto de minhas frutas frescas e sem caroços. Macias e fáceis de serem ingeridas, não concorda, Shantali? — A mais jovem assentiu com a cabeça. O sorriso de Nadezhla alargou-se. — Normalmente as mais azedas permanecem na safra até que sejam descartadas. Detesto lidar com caroços…
No fim daquelas palavras, foi quase instintivo: cruzou o olhar com Cristoforo, sentado à mesa dos Schlostein, sustentando ainda o seu mesmo sorriso anteriormente dado à jovem Rheindorf. Certamente o dono de mechas albinas não a havia escutado, contudo, ainda assim, naquela pequena ponte de contato exercida, ambos sentiram a atmosfera tremer como se entrassem num campo de batalha meramente ideológico.
Devona, ao longe, levantou-se da poltrona com certa pressa. Os olhos de Nadezhla, como se tivessem sido acionados por um fator externo, rapidamente pregaram-se na mãe que não trazia um dos melhores semblantes.
— Com licença, Shantali. Acredito que minha presença seja requerida em outro lugar — e ajustando as penas de seu leque, desfilou com o tecido acinzentado sobre o tapete negro como uma verdadeira alegoria em meio ao jantar, dirigindo-se em direção à sua mãe.
LEVEL 2 (60/200)
HP (185/185)
MANA (175/175)
ST (75/75)
HP (185/185)
MANA (175/175)
ST (75/75)
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Re: [CL] Marionetes sem fios
Sáb Nov 07, 2020 8:47 pm
I. ÓBICES
Discussão Desagradável
I
I
— Perdão?
Tudo ao redor de Nadezhla tornou-se acinzentado no mesmo instante. A lira de Orpheu perdeu sua majestosidade frente às palavras cuspidas pelos lábios afilados de Carmila que dotava uma expressão dura. A mulher sequer percebeu Virgílio, mais atrás, que jazia de olhos arregalados frente ao que havia ouvido. Devona mantinha uma máscara de pedra — impassível e fria, como se não pudesse sequer mover um único músculo. O jantar continuou como o planejado mais adiante — as pessoas socializavam em suas mesas, Rheindorf sendo Rheindorf e Schlostein sendo Schlostein.
Carmila molhou os lábios.
— Prefere observar com as mãos? — Ela ergueu o papel em suas unhas escarlates para que Nadezhla tivesse uma melhor perspectiva.
Sequer pediu licença.
Seus dedos buscaram o pergaminho da mão de Carmila como se famintos pelo seu conteúdo. As laterais jaziam parcialmente rasgadas, mas as informações eram, além de concretas, extremamente precisas. O pior: trazia o selo da Mão sob intermédio dos Sentençais. Ela buscou em suas cabeça, memorizando momento por momento vivido e tateando as próprias paredes de seu cerne como se procurasse um único ladrilho fora de lugar — um buraco, uma falha, uma passagem… ela queria apenas certificar-se de nenhuma brecha ter sido deixada para trás, mas não conseguia encontrar nenhuma pista para tal. O desespero nocauteou sua feição por detrás da máscara de prata, dando um nó algoz em sua garganta.
— Isso é…
— Uma documentação oficial dos Sentençais. De mais de uma década. Você vê…?
— O selo da Mão. Possuo olhos, caso estranhe esse fato — respondeu de maneira ríspida.
Carmila podia retrucar de maneira ácida, mas nutria do desespero estampado no olhar de uma Nadezhla desbancada de seu palanque.
A introdução do pergaminho era interrompida por uma mancha amarronzada, semelhante a sangue seco. Em um outro parágrafo, alguns detalhes eram dados a respeito de como haviam conduzido a sentença do homem entregue ao abraço do Oblívio para a eternidade. Diziam que a sua contribuição ao reino, em balança com o que havia demonstrado de traição à pátria, não servia de nada caso sua mente se provasse maquinando com forças malignas que iam contra tudo que Alastrine representava.
Nadezhla engoliu em seco antes de prosseguir.
Os restantes dos Eboniques, na mesma sentença, estavam sob supervisão máxima por parte de altoguardas e deveriam ter suas riquezas confiscadas independentemente de possuírem ou não envolvimento em toda a história. Contudo, era um processo gradativo — que seria realizado apenas com o passar dos anos, com embargos sociais e econômicos que podassem-nos de maneira sucinta até que estivessem, por fim, não apenas isolados da nobreza, mas de toda Alastrine até que tivessem o mesmo destino de Ansleigh.
— Você foi longe, Carmila — Nadezhla sorriu. Ela havia subestimado a força da mulher de raízes tradicionais, era óbvio que ela faria todo o necessário para demonstrar quem deveria estar no comando por ali. Não apenas isso, mas também destacando muito bem o lugar dos Eboniques em meio a todo o jogo que acontecia.
Sua mente dissipou-se da cena por um instante. No lugar de uma Ebonique tateando as paredes do próprio consciente buscando por falhas incobertas, havia uma disposição limitada de cartas em sua posse. O coringa lhe faltava. Romeo. Praguejou contra o homem, culpando-o por ser tão inútil ao ponto de sequer conseguir alguma informação boa o suficiente para conseguir utilizá-la de fato como de trunfo. Os Rheindorf são uma peça importante, mas não são eles que possuem as melhores cartas na mesa — e sim os abastados Schlostein.
— Eu diria tão longe que perdeu-se da linhagem tradicional. Não concorda? — Um Full House.
Todas as cartas estavam sobre a mesa agora. Devona, mais atrás, rompeu a feição dura para demonstrar a de incrédula.
— Ora, sua… — Carmila levantou-se da poltrona de supetão.
Os guardas Schlostein na mesa repetiram o movimento, mas sequer precisaram agir. Cristoforo rastejou por detrás de sua figura materna como uma serpente, furtivo, como se sempre tivesse estado ali. Nadezhla sequer percebeu que, provavelmente, o herdeiro da outra família ouvia o diálogo.
— Negociações com vira-latas sempre terminam da mesma forma — cuspiu as palavras.
De repente, nem a música de Orpheu conseguia manter o saguão entretido. Por sorte não estavam próximos o bastante para ouvir a troca de palavras.
Nadezhla sustentava o sorriso.
— Perdão, talvez tenham me interpretado de maneira errônea… — tossiu como quem busca limpar a garganta — uma ramificação única, eu diria. Vocês atualmente destacam-se pela maneira como não precisam curvar-se ao tradicionalismo para manterem-se como uma família de renome, entende? É algo… único. Não… perspicaz é a palavra correta. Não concorda, Virgilio?
Sua voz havia tomado destaque após a pausa para o pigarro, fazendo com que grande parte dos convidados a ouvissem. Carmila e Cristoforo, por outro lado, pouco demonstravam terem cedido àquelas palavras. Virgilio tornou-se alvo dos olhares alheios — era sua vez de abaixar o jogo. Como se numa mesa de apostas, suas mãos hesitavam em mostrar aquilo que verdadeiramente trazia — e Nadezhla sabia bem que, por detrás das plumas Rheindorf, haviam pares que poderiam muito bem reivindicar grandes posses cedo ou tarde.
Mas naquele momento, ele cedeu. Uma trinca.
— Os Schlostein não enxergam motivos para que essa tríplice seja solidificada. — Cristoforo impôs em um tom incisivo. Sua voz perfurou a melodia entoada por Orpheu e seus bardos, limitando-o a apenas observar o que ocorria. — Portanto, se o propósito do jantar era esse, aviso de antemão que estamos de saída. — Royal Flush. A maior mão.
Eles haviam levado o jogo. Contudo, Nadezhla lembrou a si mesma de algo importante em apostas: eles só podem levar aquilo que você permite que carreguem. Você decide aquilo que está em jogo para ser levado ou não.
E ela sabia muito bem disso.
— Peço perdão pelas falas de Nadezh… — Devona tentou intervir, mas já era tarde.
O pergaminho, com um gesto, adentrou pelas mangas do vestido de Nadezhla. Carmila estava enfezada demais para perceber.
A herdeira riu. O saguão manteve-se mais tenso do que antes.
— Por favor, nossos objetivos eram nítidos nos convites. Se não tivessem algo a almejar no jogo, sequer teriam saído de seus aposentos — puxou o grande saião cinzento com ambas as mãos, suspendendo-o antes de girar em seu calcanhar de maneira simples, virando-se para os convidados, buscando atrair o máximo de atenção que podia. Eles haviam levado a mesa — mas ela deixaria que levassem apenas aquilo que ela permitia. — Então, senhoras e senhores, o momento do discurso chegou. Espero que tenham se alimentado o suficiente, pois é o momento que possuem para irem para suas casas caso estejam de desacordo com os termos abordados em relação ao que buscamos em nossa noite de gala.
Devona colocou a mão em seu ombro, tentando impedi-la, mas foi apenas acariciada em resposta.
— Agradeço por ceder o papel de fala, mãe. Direi da melhor maneira possível o que pensa, é uma honra — e então, seguiu em passos portando-se de costas para as três poltronas, observando o trio de mesas com faces de todos os tipos encarando-a.
Tudo ao redor de Nadezhla tornou-se acinzentado no mesmo instante. A lira de Orpheu perdeu sua majestosidade frente às palavras cuspidas pelos lábios afilados de Carmila que dotava uma expressão dura. A mulher sequer percebeu Virgílio, mais atrás, que jazia de olhos arregalados frente ao que havia ouvido. Devona mantinha uma máscara de pedra — impassível e fria, como se não pudesse sequer mover um único músculo. O jantar continuou como o planejado mais adiante — as pessoas socializavam em suas mesas, Rheindorf sendo Rheindorf e Schlostein sendo Schlostein.
Carmila molhou os lábios.
— Prefere observar com as mãos? — Ela ergueu o papel em suas unhas escarlates para que Nadezhla tivesse uma melhor perspectiva.
Sequer pediu licença.
Seus dedos buscaram o pergaminho da mão de Carmila como se famintos pelo seu conteúdo. As laterais jaziam parcialmente rasgadas, mas as informações eram, além de concretas, extremamente precisas. O pior: trazia o selo da Mão sob intermédio dos Sentençais. Ela buscou em suas cabeça, memorizando momento por momento vivido e tateando as próprias paredes de seu cerne como se procurasse um único ladrilho fora de lugar — um buraco, uma falha, uma passagem… ela queria apenas certificar-se de nenhuma brecha ter sido deixada para trás, mas não conseguia encontrar nenhuma pista para tal. O desespero nocauteou sua feição por detrás da máscara de prata, dando um nó algoz em sua garganta.
— Isso é…
— Uma documentação oficial dos Sentençais. De mais de uma década. Você vê…?
— O selo da Mão. Possuo olhos, caso estranhe esse fato — respondeu de maneira ríspida.
Carmila podia retrucar de maneira ácida, mas nutria do desespero estampado no olhar de uma Nadezhla desbancada de seu palanque.
Ansleigh Ebonique esteve sob forte investigação por parte dos altoguardas ao longo do último semestre. Seus rastros foram traçados e, de acordo com as informações colhidas, runas chari foram encontradas em seus estudos e pesquisas. Para além disso, um contato portuário do homem confessou participação no atentado contra a fé alastria…
A introdução do pergaminho era interrompida por uma mancha amarronzada, semelhante a sangue seco. Em um outro parágrafo, alguns detalhes eram dados a respeito de como haviam conduzido a sentença do homem entregue ao abraço do Oblívio para a eternidade. Diziam que a sua contribuição ao reino, em balança com o que havia demonstrado de traição à pátria, não servia de nada caso sua mente se provasse maquinando com forças malignas que iam contra tudo que Alastrine representava.
Nadezhla engoliu em seco antes de prosseguir.
Os restantes dos Eboniques, na mesma sentença, estavam sob supervisão máxima por parte de altoguardas e deveriam ter suas riquezas confiscadas independentemente de possuírem ou não envolvimento em toda a história. Contudo, era um processo gradativo — que seria realizado apenas com o passar dos anos, com embargos sociais e econômicos que podassem-nos de maneira sucinta até que estivessem, por fim, não apenas isolados da nobreza, mas de toda Alastrine até que tivessem o mesmo destino de Ansleigh.
— Você foi longe, Carmila — Nadezhla sorriu. Ela havia subestimado a força da mulher de raízes tradicionais, era óbvio que ela faria todo o necessário para demonstrar quem deveria estar no comando por ali. Não apenas isso, mas também destacando muito bem o lugar dos Eboniques em meio a todo o jogo que acontecia.
Sua mente dissipou-se da cena por um instante. No lugar de uma Ebonique tateando as paredes do próprio consciente buscando por falhas incobertas, havia uma disposição limitada de cartas em sua posse. O coringa lhe faltava. Romeo. Praguejou contra o homem, culpando-o por ser tão inútil ao ponto de sequer conseguir alguma informação boa o suficiente para conseguir utilizá-la de fato como de trunfo. Os Rheindorf são uma peça importante, mas não são eles que possuem as melhores cartas na mesa — e sim os abastados Schlostein.
— Eu diria tão longe que perdeu-se da linhagem tradicional. Não concorda? — Um Full House.
Todas as cartas estavam sobre a mesa agora. Devona, mais atrás, rompeu a feição dura para demonstrar a de incrédula.
— Ora, sua… — Carmila levantou-se da poltrona de supetão.
Os guardas Schlostein na mesa repetiram o movimento, mas sequer precisaram agir. Cristoforo rastejou por detrás de sua figura materna como uma serpente, furtivo, como se sempre tivesse estado ali. Nadezhla sequer percebeu que, provavelmente, o herdeiro da outra família ouvia o diálogo.
— Negociações com vira-latas sempre terminam da mesma forma — cuspiu as palavras.
De repente, nem a música de Orpheu conseguia manter o saguão entretido. Por sorte não estavam próximos o bastante para ouvir a troca de palavras.
Nadezhla sustentava o sorriso.
— Perdão, talvez tenham me interpretado de maneira errônea… — tossiu como quem busca limpar a garganta — uma ramificação única, eu diria. Vocês atualmente destacam-se pela maneira como não precisam curvar-se ao tradicionalismo para manterem-se como uma família de renome, entende? É algo… único. Não… perspicaz é a palavra correta. Não concorda, Virgilio?
Sua voz havia tomado destaque após a pausa para o pigarro, fazendo com que grande parte dos convidados a ouvissem. Carmila e Cristoforo, por outro lado, pouco demonstravam terem cedido àquelas palavras. Virgilio tornou-se alvo dos olhares alheios — era sua vez de abaixar o jogo. Como se numa mesa de apostas, suas mãos hesitavam em mostrar aquilo que verdadeiramente trazia — e Nadezhla sabia bem que, por detrás das plumas Rheindorf, haviam pares que poderiam muito bem reivindicar grandes posses cedo ou tarde.
Mas naquele momento, ele cedeu. Uma trinca.
— Os Schlostein não enxergam motivos para que essa tríplice seja solidificada. — Cristoforo impôs em um tom incisivo. Sua voz perfurou a melodia entoada por Orpheu e seus bardos, limitando-o a apenas observar o que ocorria. — Portanto, se o propósito do jantar era esse, aviso de antemão que estamos de saída. — Royal Flush. A maior mão.
Eles haviam levado o jogo. Contudo, Nadezhla lembrou a si mesma de algo importante em apostas: eles só podem levar aquilo que você permite que carreguem. Você decide aquilo que está em jogo para ser levado ou não.
E ela sabia muito bem disso.
— Peço perdão pelas falas de Nadezh… — Devona tentou intervir, mas já era tarde.
O pergaminho, com um gesto, adentrou pelas mangas do vestido de Nadezhla. Carmila estava enfezada demais para perceber.
A herdeira riu. O saguão manteve-se mais tenso do que antes.
— Por favor, nossos objetivos eram nítidos nos convites. Se não tivessem algo a almejar no jogo, sequer teriam saído de seus aposentos — puxou o grande saião cinzento com ambas as mãos, suspendendo-o antes de girar em seu calcanhar de maneira simples, virando-se para os convidados, buscando atrair o máximo de atenção que podia. Eles haviam levado a mesa — mas ela deixaria que levassem apenas aquilo que ela permitia. — Então, senhoras e senhores, o momento do discurso chegou. Espero que tenham se alimentado o suficiente, pois é o momento que possuem para irem para suas casas caso estejam de desacordo com os termos abordados em relação ao que buscamos em nossa noite de gala.
Devona colocou a mão em seu ombro, tentando impedi-la, mas foi apenas acariciada em resposta.
— Agradeço por ceder o papel de fala, mãe. Direi da melhor maneira possível o que pensa, é uma honra — e então, seguiu em passos portando-se de costas para as três poltronas, observando o trio de mesas com faces de todos os tipos encarando-a.
- Spoiler:
- As nomenclaturas de poker tem sentido puramente categórico em ilustrar um jogo de pôker (tradicional de apostas envolvendo cartas) e não compõem qualquer pensamento direto de Nadezhla em relação ao que ocorre, uma vez que meus posts são em terceira pessoa.
Royal Flush — a maior pontuação
Full House — a terceira maior, abaixo da Quadra.
Trinca — bem normal, acima apenas do par comum.
- Missão:
- Quest Comum
Discussão Desagradável
Descrição: A oportunidade está dada. Aos Ebonique agora cabe a defesa de seu nome e de sua reputação. Assim, deve apresentar argumentos que deixem as duas famílias seguras quanto a atual honra e fidelidade da casa, bem como dos benefícios de fecharem o acordo pretendido. De seus dizeres, resultaria se a aliança proposta seria ou não bem sucedida.
Recompensa: 50 de XP — Baú Básico — Fechamento do acordo — Ouro a ser definido na conclusão.
Considerações: Caso ainda tenha que discutir os termos da aliança, sugiro que o faça ao longo dessa quest, considerando que o aceite é um dos objetivos - e recompensa.
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Re: [CL] Marionetes sem fios
Sáb Nov 07, 2020 9:44 pm
I. ÓBICES
Discussão Desagradável
II
II
Toda a atenção do saguão estava voltada a Nadezhla que, de costas para Cristoforo, Carmila, Devona e Virgilio, mantinha sua postura ereta e orgulhosa por debaixo da vestimenta de puro luxo. A atmosfera jazia tensa, mas ela não curvava à sua manigtude e mantinha-se firme como assim deveria ser.
— A seleção de Adjuntores é a esperança para as três famílias aqui presentes.
Cochichos irromperam todo o salão com uma rapidez incrível. Mesmo a mesa dos Schlostein, mais silenciosa, tratou de trazer frases de intervenção e até mesmo alguns dos escribas levantaram seus papiros como se tentassem, em vão, mostrar o conteúdo. A verdade que ninguém queria aceitar havia sido expressada com apenas uma frase da herdeira que, frente à calamidade que havia causado com suas palavras, encontrou a becha perfeita para começar a tecer fio por fio num costura sutil. Carmila mais atrás fez menção de ir em encontro à mulher, contudo, Cristoforo ressaltou interesse nas fala adotada, interceptando-a por ter sua atenção tomada.
— As famílias que residem no tradicionalismo alastrio possuem ampla vantagem à nossa frente. A verdade é nua e crua: somos inobservados quanto às prioridades do Pentânio e, embora tenhamos histórias de contribuições ao que nos é de direito, precisamos apenas de um deslize para que tudo nos seja tirado em uma única movimentação — virou-se para observar Carmila.
O olhar da mulher a fuzilava por completo.
— Vejam — trouxe o pergaminho da sentença de Ansleigh em mãos, mostrando para o público adiante. — Uma importante parte de nossa família foi retirada para sempre por uma simples jogada de poder. Um dos tradicionalistas, sangue puro, como dizem, preparou o contexto perfeito para incriminar um Ebonique que até então havia apenas contribuído à pátria com sua própria genialidade — sua feição tornou-se encoberta por uma sombra. As faces dispostas nas mesas começaram a fitá-la de outra maneira.
Devona, mais atrás, em dúvida de como agir, manteve a feição impassível. Dasra, em uma mesa, acolheu Ndila num abraço.
— Não é fácil permanecer e resistir contra as óbices levantadas por aqueles que permanecem no topo como se estruturassem uma teia alimentar. Eles beneficiam-se durante gerações e excluem aqueles que não cabem em seus moldes pré-estabelecidos. — Voltou a erguer o queixo. — Dessa vez, a seleção para Adjuntores será distinta das anteriores e soubemos isso apenas recentemente, por fontes confiáveis. Sequer entregaram-nos a informação diretamente, ou seja, não querem que um jovem nobre fora do tradicionalismo traga algum resquício de futuro para Alastrine.
Shantali pareceu surpresa em sua mesa. Ao encontrar o olhar de Virgilio, apenas sustentou o pesar de seu semblante. Enquanto isso, Cristoforo encontrou as rugas de Carmila que diziam-lhe que possuía ciência acerca daquilo que compunha o discurso da Ebonique.
— Se nos nomearmos sozinhos, temos chances de perdemos mesmo no mais simples teste de oratória. Toda a construção de estudos, renome e benfeitorias em nome de Alastrine, tudo isso colocado abaixo do tapete, dando espaço àqueles que já são favorecidos dia após dia. Essa cadeia nunca irá mudar, são sempre os mesmos selecionados, beneficiando os mesmos ideais, fortalecendo as mesmas famílias. Eles já se uniram muito antes de nós e é por isso que se mantém até os dias de hoje — deixou que o silêncio perdurasse ao longo de todo o ambiente.
— Acreditamos que a melhor forma de consolidar uma oposição é fazendo isso da maneira que eles mesmos se empenham: construindo blocos de alianças para que tenhamos mais chances — Devona brotou com sua fala compassada e elegante no lugar do silêncio. — Se não o fizermos, somos colocados para fora do tabuleiro antes que nossos raciocínios possam acompanhar. Essa tríplice possui como objetivo aumentar não apenas as chances de classificação, mas também de recompensas.
O ar de dúvida pairou sobre as mesas.
— O acordo prevê que, no caso de um dos nomeados das três famílias torne-se um Adjuntor, ele consiga resolver as sanções que envolvem todas as familias envolvidas na aliança. A prioridade dos três deve ser respeitada. Para além disso… os Ebonique irão compartilhar toda e quaisquer informações a respeito dos demais adversários.
Cristoforo riu com desdém atrás de Nadezhla.
— E o que vocês poderiam saber que nós não sabemos? — Foi Virgilio, para a surpresa geral, quem indagou.
— Acredite, caro Rheindorf, todos almejamos jardins invernais inteiros de conhecimentos que gostaríamos ter. Nós coletamos as informações cruciais e filtramos aquilo que verdadeiramente importa — O trunfo. O homem recostou-se à poltrona e perdeu seu olhar no horizonte como se sentisse algo de muito específico naquelas palavras.
— Finanças, cara Devona — Carmila foi direta.
A mulher respondeu a pergunta virada para o público.
— Todos os recursos financeiros recebidos serão repartidos entre as famílias de maneira que possam desfrutar igualmente dos bens. De maneira estratégica, posicionaremos cada um de nossos estandartes a uma área específica dentro dos Adjuntores: a religiosidade, a diplomacia e, por fim, as forças do reino. Caso aceitem, teremos tempo até a ocorrência da seleção para pensarmos em cada um separadamente.
— Dessa forma, há uma possibilidade de, no caso dos três serem selecionados, um não interferir no caminho do outro — Cristoforo sibilou as palavras como se fugissem do seu próprio raciocínio.
— Perfeito. — Concluiu Nadezhla.
Um par de criadas surgiu ao longe, trazendo dois tomos repletos de páginas limpas em folhas, não eram tão grossos, mas continham diversas cláusulas envolvendo o acordo. Penas já haviam sido mergulhadas em tinteiros para que escrevessem a assinatura e fechassem o acordo.
— E então?
— A seleção de Adjuntores é a esperança para as três famílias aqui presentes.
Cochichos irromperam todo o salão com uma rapidez incrível. Mesmo a mesa dos Schlostein, mais silenciosa, tratou de trazer frases de intervenção e até mesmo alguns dos escribas levantaram seus papiros como se tentassem, em vão, mostrar o conteúdo. A verdade que ninguém queria aceitar havia sido expressada com apenas uma frase da herdeira que, frente à calamidade que havia causado com suas palavras, encontrou a becha perfeita para começar a tecer fio por fio num costura sutil. Carmila mais atrás fez menção de ir em encontro à mulher, contudo, Cristoforo ressaltou interesse nas fala adotada, interceptando-a por ter sua atenção tomada.
— As famílias que residem no tradicionalismo alastrio possuem ampla vantagem à nossa frente. A verdade é nua e crua: somos inobservados quanto às prioridades do Pentânio e, embora tenhamos histórias de contribuições ao que nos é de direito, precisamos apenas de um deslize para que tudo nos seja tirado em uma única movimentação — virou-se para observar Carmila.
O olhar da mulher a fuzilava por completo.
— Vejam — trouxe o pergaminho da sentença de Ansleigh em mãos, mostrando para o público adiante. — Uma importante parte de nossa família foi retirada para sempre por uma simples jogada de poder. Um dos tradicionalistas, sangue puro, como dizem, preparou o contexto perfeito para incriminar um Ebonique que até então havia apenas contribuído à pátria com sua própria genialidade — sua feição tornou-se encoberta por uma sombra. As faces dispostas nas mesas começaram a fitá-la de outra maneira.
Devona, mais atrás, em dúvida de como agir, manteve a feição impassível. Dasra, em uma mesa, acolheu Ndila num abraço.
— Não é fácil permanecer e resistir contra as óbices levantadas por aqueles que permanecem no topo como se estruturassem uma teia alimentar. Eles beneficiam-se durante gerações e excluem aqueles que não cabem em seus moldes pré-estabelecidos. — Voltou a erguer o queixo. — Dessa vez, a seleção para Adjuntores será distinta das anteriores e soubemos isso apenas recentemente, por fontes confiáveis. Sequer entregaram-nos a informação diretamente, ou seja, não querem que um jovem nobre fora do tradicionalismo traga algum resquício de futuro para Alastrine.
Shantali pareceu surpresa em sua mesa. Ao encontrar o olhar de Virgilio, apenas sustentou o pesar de seu semblante. Enquanto isso, Cristoforo encontrou as rugas de Carmila que diziam-lhe que possuía ciência acerca daquilo que compunha o discurso da Ebonique.
— Se nos nomearmos sozinhos, temos chances de perdemos mesmo no mais simples teste de oratória. Toda a construção de estudos, renome e benfeitorias em nome de Alastrine, tudo isso colocado abaixo do tapete, dando espaço àqueles que já são favorecidos dia após dia. Essa cadeia nunca irá mudar, são sempre os mesmos selecionados, beneficiando os mesmos ideais, fortalecendo as mesmas famílias. Eles já se uniram muito antes de nós e é por isso que se mantém até os dias de hoje — deixou que o silêncio perdurasse ao longo de todo o ambiente.
— Acreditamos que a melhor forma de consolidar uma oposição é fazendo isso da maneira que eles mesmos se empenham: construindo blocos de alianças para que tenhamos mais chances — Devona brotou com sua fala compassada e elegante no lugar do silêncio. — Se não o fizermos, somos colocados para fora do tabuleiro antes que nossos raciocínios possam acompanhar. Essa tríplice possui como objetivo aumentar não apenas as chances de classificação, mas também de recompensas.
O ar de dúvida pairou sobre as mesas.
— O acordo prevê que, no caso de um dos nomeados das três famílias torne-se um Adjuntor, ele consiga resolver as sanções que envolvem todas as familias envolvidas na aliança. A prioridade dos três deve ser respeitada. Para além disso… os Ebonique irão compartilhar toda e quaisquer informações a respeito dos demais adversários.
Cristoforo riu com desdém atrás de Nadezhla.
— E o que vocês poderiam saber que nós não sabemos? — Foi Virgilio, para a surpresa geral, quem indagou.
— Acredite, caro Rheindorf, todos almejamos jardins invernais inteiros de conhecimentos que gostaríamos ter. Nós coletamos as informações cruciais e filtramos aquilo que verdadeiramente importa — O trunfo. O homem recostou-se à poltrona e perdeu seu olhar no horizonte como se sentisse algo de muito específico naquelas palavras.
— Finanças, cara Devona — Carmila foi direta.
A mulher respondeu a pergunta virada para o público.
— Todos os recursos financeiros recebidos serão repartidos entre as famílias de maneira que possam desfrutar igualmente dos bens. De maneira estratégica, posicionaremos cada um de nossos estandartes a uma área específica dentro dos Adjuntores: a religiosidade, a diplomacia e, por fim, as forças do reino. Caso aceitem, teremos tempo até a ocorrência da seleção para pensarmos em cada um separadamente.
— Dessa forma, há uma possibilidade de, no caso dos três serem selecionados, um não interferir no caminho do outro — Cristoforo sibilou as palavras como se fugissem do seu próprio raciocínio.
— Perfeito. — Concluiu Nadezhla.
Um par de criadas surgiu ao longe, trazendo dois tomos repletos de páginas limpas em folhas, não eram tão grossos, mas continham diversas cláusulas envolvendo o acordo. Penas já haviam sido mergulhadas em tinteiros para que escrevessem a assinatura e fechassem o acordo.
— E então?
- Missão:
- Quest Comum
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Descrição: A oportunidade está dada. Aos Ebonique agora cabe a defesa de seu nome e de sua reputação. Assim, deve apresentar argumentos que deixem as duas famílias seguras quanto a atual honra e fidelidade da casa, bem como dos benefícios de fecharem o acordo pretendido. De seus dizeres, resultaria se a aliança proposta seria ou não bem sucedida.
Recompensa: 50 de XP — Baú Básico — Fechamento do acordo — Ouro a ser definido na conclusão.
Considerações: Caso ainda tenha que discutir os termos da aliança, sugiro que o faça ao longo dessa quest, considerando que o aceite é um dos objetivos - e recompensa.
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