- Azh'drazzilNecromancia
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[CL] Qual é o valor de uma alma?
Sáb Ago 29, 2020 3:21 pm
sumário
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Re: [CL] Qual é o valor de uma alma?
Sáb Ago 29, 2020 10:11 pm
Clérigos feitos de pele translúcida esverdeada e rostos carcomidos por vermes apresentavam-se na catedral principal da aldeia como de costume durante todas as noites. Num ritmo monótono como se regessem o próprio tempo, as figuras num balanço de sinistrez e religiosidade espalhavam-se por pontos estratégicos de todo o edifício em ruínas. O sino pendia de uma grossa corda que havia resistido ao tempo no cume do que um dia havia sido uma igreja tradicional, bem como as imagens anteriormente sagradas de símbolos primais ao longo de todo o local que agora eram recobertas por fissuras, lodo e raízes das árvores adjacentes que invadiam pelo lado de fora, pendendo sobre tijolos quebradiços e mofados.
O sacerdote cruzou o enorme portão danificado da catedral como se trajasse a própria noite. Trazia um grimório encouraçado em mãos acompanhado de seus passos vagarosos e sutis. Conforme adentrava o âmbito, um dos clérigos fantasmagóricos apressou-se em badalar o sino com um toque da corda. Um, dois, três. Ao ressoar do terceiro som, o cadáver ambulante vestido de preto retirou de sua própria túnica uma foice de ossos que emanava uma coloração tão esverdeada quanto a própria névoa da aldeia.
… shmsh… retorne aqueles que se foram…
…mhhm que suas mortes glorifiquem a noite acima de nóss…
pois assim como eles…
Antes da caminhada dramática do sacerdote sequer ser concluída, a foice em sua mão expandiu uma onda de energia composta por vozes e gritos assombrados que tomaram parte de todo o local. Os demais religiosos viraram-se para o objeto, curiosos, atraídos pelos tormentos das súplicas que emanaram de uma só vez. Foi assim que, como um rato é atraído pelo queijo na ratoeira, eles aproximaram-se da arma ritualística a tempo de perceberem os resquícios de carne pútrida e músculos necrosados do líder cultista serem… drenados?
Conforme o morto-vivo desfalecia, gemendo um cântico doloroso, mais a foice brilhava naquele mesmo tom esverdeado fantasmagórico.
E foi assim que aconteceu.
A explosão teve início daquele mesmo ponto, arremessando para longe os clérigos que se aproximaram e desintegrando completamente o corpo do sacerdote que anteriormente carregava o item. Inclusive, o objeto passava a flutuar enquanto reunia aquela mesma energia ao seu redor, materializando ossos colossais ao passe que, junto dos gritos de dor e pedidos de misericórdia, ia construindo-se vagarosamente conforme o teto da catedral já em ruínas cedia. O teto que já tinha seus enormes buracos fez questão de desabar: os escombros caíram sobre o local à medida em que um esqueleto era composto lentamente: a caixa torácica enorme era moldada ao som dos lamentos das almas ao passe em que o crânio já tremeluzia com chifres assustadores.
Após a ossada, foi momento de carne e músculos azuis putrefados nascerem no ligamento da estrutura óssea, conectando terminações e dando, por fim, forma à criatura que havia sido libertada daquela mesma foice. O lugar para seus olhos no crânio permaneceu vazio até que uma pequena chama esverdeada se acendesse, da mesma tonalidade que vagueava ao longo de seu corpo até que não mais fosse imaterial mas, muito pelo contrário — estivesse totalmente moldado, ainda que sem pele e demais órgãos. A bocarra do enorme esqueleto ambulante abriu-se e, para a surpresa daqueles que esperavam encontrá-lo inerte, o rugido enorme fez-se presente, ribombando ouvidos de mortos e fazendo com que tampas de tumbas fossem abertas movidas pela curiosidade dos lich.
— Como ousam… durante todos esses anos… — sua voz imponente soava como uma lixa deslizando por uma áspera rocha.
A rouquidão impactou todo o local, contudo, os demais cultistas sequer pareciam se importar: permaneciam debaixo de escombros, seguravam candelabros já apagados e consultavam seus grimórios empoeirados. O dragão de ossos moveu sua cauda e conseguiu derrubar o resto de uma parede já desgastada pelo tempo que havia caído sobre a lateral direita do seu corpo. Com mais um rugido, ele fez com que almas em lamento também se manifestassem, contudo, os zumbificados que encontravam-se próximos à espécie não se assustaram: pelo contrário, pareceram interessar-se ainda mais.
— Eu lembro de tudo. Eu lembro… de sua face — de alguma forma, a enorme criatura pareceu soar confusa, como se tentasse mergulhar dentro de seu próprio consciente e realizar uma busca por suas memórias ao longo de quase três décadas de aprisionamento.
Um lampejo de memória invadiu seus pensamentos conturbados. O mesmo lugar, a catedral parecia mais viva, sua estrutura não era tão ruidosa e os cultistas envolvidos tinham aspectos saudáveis humanos, longe de estarem zumbificados. Ele lembrou-se das preces realizadas naquele dia, as palavras lentamente forjavam frases de orações específicas, invocavam vontades que iam além da compreensão mundana e diversas almas moldavam o que futuramente viria a ser sua consciência. O homem, líder do culto, trajava um elmo chamativo e vestes com longas mangas púrpuras. Em sua posse: uma foice cravada por sobre o crânio de um dragão.
De repente, um lapso corroeu tais memórias para o instante em que, num misto de fúria e frustração, a história passava a ser contada pelo ponto de vista do cultista. Então os pontos se inverteram novamente, e era como se ele próprio estivesse retirando sua energia, alimentando-se de sua alma lentamente. A cena representava o momento em que o dragão havia assumido parte da racionalidade de seu invocador em troca da vida do próprio e, ao perceber o que havia ocorrido, algumas questões surgiram na superfície de seu consciente. Contudo, a bagunça ainda fazia com que essas realidades se embaralhassem cada vez mais embora tentasse se lembrar, ainda que de alguma forma…
— AZH’DRAZZIL!
Por fim, o feitiço de selamento. Então, os anos escuros e conturbados, preso a um objeto, ainda sem ter consciência de ser um objeto. Algo aconteceu: a aldeia nunca mais foi a mesma após um evento catastrófico que ele poderia considerar-se sobrevivente. A partir desse incidente, todos os dias, sem descanso, preces e vozes de cultistas utilizando de sua força vital para trazer cada vez mais e mais espíritos de vítimas atormentadas. Vozes. Sons de guerra. Lamentos. Tudo isso acumulado durante todos esses anos, sem um propósito, sem um objetivo, sem… sem… sequer saber o que é.
— Você, não, eu… você… — as enormes garras ósseas levantaram-se para o crânio corneado em chifres pontiagudos.
Sem mais delongas, ele bateu as asas e ganhou os céus da aldeia. Pelo solo de Netheria, ao longo de residências rachadas e cemitérios a céu aberto, mortos ambulantes se interessavam cada vez mais pela sua figura sobre a névoa da cidadela.
O sacerdote cruzou o enorme portão danificado da catedral como se trajasse a própria noite. Trazia um grimório encouraçado em mãos acompanhado de seus passos vagarosos e sutis. Conforme adentrava o âmbito, um dos clérigos fantasmagóricos apressou-se em badalar o sino com um toque da corda. Um, dois, três. Ao ressoar do terceiro som, o cadáver ambulante vestido de preto retirou de sua própria túnica uma foice de ossos que emanava uma coloração tão esverdeada quanto a própria névoa da aldeia.
… shmsh… retorne aqueles que se foram…
…mhhm que suas mortes glorifiquem a noite acima de nóss…
pois assim como eles…
Antes da caminhada dramática do sacerdote sequer ser concluída, a foice em sua mão expandiu uma onda de energia composta por vozes e gritos assombrados que tomaram parte de todo o local. Os demais religiosos viraram-se para o objeto, curiosos, atraídos pelos tormentos das súplicas que emanaram de uma só vez. Foi assim que, como um rato é atraído pelo queijo na ratoeira, eles aproximaram-se da arma ritualística a tempo de perceberem os resquícios de carne pútrida e músculos necrosados do líder cultista serem… drenados?
Conforme o morto-vivo desfalecia, gemendo um cântico doloroso, mais a foice brilhava naquele mesmo tom esverdeado fantasmagórico.
E foi assim que aconteceu.
A explosão teve início daquele mesmo ponto, arremessando para longe os clérigos que se aproximaram e desintegrando completamente o corpo do sacerdote que anteriormente carregava o item. Inclusive, o objeto passava a flutuar enquanto reunia aquela mesma energia ao seu redor, materializando ossos colossais ao passe que, junto dos gritos de dor e pedidos de misericórdia, ia construindo-se vagarosamente conforme o teto da catedral já em ruínas cedia. O teto que já tinha seus enormes buracos fez questão de desabar: os escombros caíram sobre o local à medida em que um esqueleto era composto lentamente: a caixa torácica enorme era moldada ao som dos lamentos das almas ao passe em que o crânio já tremeluzia com chifres assustadores.
Após a ossada, foi momento de carne e músculos azuis putrefados nascerem no ligamento da estrutura óssea, conectando terminações e dando, por fim, forma à criatura que havia sido libertada daquela mesma foice. O lugar para seus olhos no crânio permaneceu vazio até que uma pequena chama esverdeada se acendesse, da mesma tonalidade que vagueava ao longo de seu corpo até que não mais fosse imaterial mas, muito pelo contrário — estivesse totalmente moldado, ainda que sem pele e demais órgãos. A bocarra do enorme esqueleto ambulante abriu-se e, para a surpresa daqueles que esperavam encontrá-lo inerte, o rugido enorme fez-se presente, ribombando ouvidos de mortos e fazendo com que tampas de tumbas fossem abertas movidas pela curiosidade dos lich.
— Como ousam… durante todos esses anos… — sua voz imponente soava como uma lixa deslizando por uma áspera rocha.
A rouquidão impactou todo o local, contudo, os demais cultistas sequer pareciam se importar: permaneciam debaixo de escombros, seguravam candelabros já apagados e consultavam seus grimórios empoeirados. O dragão de ossos moveu sua cauda e conseguiu derrubar o resto de uma parede já desgastada pelo tempo que havia caído sobre a lateral direita do seu corpo. Com mais um rugido, ele fez com que almas em lamento também se manifestassem, contudo, os zumbificados que encontravam-se próximos à espécie não se assustaram: pelo contrário, pareceram interessar-se ainda mais.
— Eu lembro de tudo. Eu lembro… de sua face — de alguma forma, a enorme criatura pareceu soar confusa, como se tentasse mergulhar dentro de seu próprio consciente e realizar uma busca por suas memórias ao longo de quase três décadas de aprisionamento.
Um lampejo de memória invadiu seus pensamentos conturbados. O mesmo lugar, a catedral parecia mais viva, sua estrutura não era tão ruidosa e os cultistas envolvidos tinham aspectos saudáveis humanos, longe de estarem zumbificados. Ele lembrou-se das preces realizadas naquele dia, as palavras lentamente forjavam frases de orações específicas, invocavam vontades que iam além da compreensão mundana e diversas almas moldavam o que futuramente viria a ser sua consciência. O homem, líder do culto, trajava um elmo chamativo e vestes com longas mangas púrpuras. Em sua posse: uma foice cravada por sobre o crânio de um dragão.
De repente, um lapso corroeu tais memórias para o instante em que, num misto de fúria e frustração, a história passava a ser contada pelo ponto de vista do cultista. Então os pontos se inverteram novamente, e era como se ele próprio estivesse retirando sua energia, alimentando-se de sua alma lentamente. A cena representava o momento em que o dragão havia assumido parte da racionalidade de seu invocador em troca da vida do próprio e, ao perceber o que havia ocorrido, algumas questões surgiram na superfície de seu consciente. Contudo, a bagunça ainda fazia com que essas realidades se embaralhassem cada vez mais embora tentasse se lembrar, ainda que de alguma forma…
— AZH’DRAZZIL!
Por fim, o feitiço de selamento. Então, os anos escuros e conturbados, preso a um objeto, ainda sem ter consciência de ser um objeto. Algo aconteceu: a aldeia nunca mais foi a mesma após um evento catastrófico que ele poderia considerar-se sobrevivente. A partir desse incidente, todos os dias, sem descanso, preces e vozes de cultistas utilizando de sua força vital para trazer cada vez mais e mais espíritos de vítimas atormentadas. Vozes. Sons de guerra. Lamentos. Tudo isso acumulado durante todos esses anos, sem um propósito, sem um objetivo, sem… sem… sequer saber o que é.
— Você, não, eu… você… — as enormes garras ósseas levantaram-se para o crânio corneado em chifres pontiagudos.
Sem mais delongas, ele bateu as asas e ganhou os céus da aldeia. Pelo solo de Netheria, ao longo de residências rachadas e cemitérios a céu aberto, mortos ambulantes se interessavam cada vez mais pela sua figura sobre a névoa da cidadela.
- Habilidade Utilizada:
Sifão de Almas
Nível: 1.
Custo: 15 de Mana.
Dano Base: 15.
Descrição: O dragão ao manter contato visual com um alvo em até dois metros de distância é capaz de drenar parte de sua energia vital, como se consumisse parte de sua alma tão facilmente como se inalasse um suspiro. A vitalidade do inimigo, após ter sido sugada, permanece ao redor do corpo do dragão como uma esfera imaterial de vontade própria, circundando-o. Os fragmentos de almas podem ser estocados em até um limite de três. Após dois turnos de uma alma drenada, no caso de uma posterior não ter sido sugada, a contagem zera novamente e Azh'drazzil permanece sem almas.
Nota: 1 stack.
Efeitos: —
- Considerações:
- Um post de introdução básico atrás das compreensões do personagem do que ele de fato é, atrás dos horizontes de seu real poder e propósito;
- Como no post de sorteio: Aqui, tenho direito a uma Quest. Mais abaixo, também verão que obtive um Mapa do Tesouro e, se for possível gostaria que relacionassem ambos para conseguir satisfazer esse objetivo inicial do personagem, sabe? De auto compreensão e buscas por pistas do passado e tal. Eu estou pensando em um lugar subterrâneo numa dessas igrejas ou algo assim;
- O Evento Escolhido ficará pra depois que eu concluir a quest e esse mapa aí.
- Um post de introdução básico atrás das compreensões do personagem do que ele de fato é, atrás dos horizontes de seu real poder e propósito;
Lvl 01 (00/100)
HP (362/362)
Mana (110/125)
ST (125/125)
HP (362/362)
Mana (110/125)
ST (125/125)
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- Bear
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Re: [CL] Qual é o valor de uma alma?
Dom Ago 30, 2020 3:56 pm
Quest Simples
Agonia. Êxtase. Paz.
Descrição: As memórias do fúnebre dragão confundiam-se com as daquele que fora absorvido, um emaranhado de informações soltas e confusas para o colosso recém desperto. Sobrevoar Netheria talvez tenha sido uma boa, visto que o dragão parece ter reconhecido o que fora uma monumental catedral e lá ele poderia encontrar algumas respostas para suas incertezas. Talvez ele não soubesse, mas algo ou alguém ansiava por sua chegada, seja por coincidência do destino ou pelos constantes urros do dragão enquanto voava. Digamos que ele não era dos mais silenciosos rs. Seria esse um encontro hostil? O dragão encontraria alguma resposta? Hm... O mais importante era muito tomar cuidado ao pisar em território desconhecido.
Recompensas: 50 de XP — 1 Poção Pequena de Mana — Baú Básico — Informação a critério do Player — Ouro a ser definido na conclusão.
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- Azh'drazzilNecromancia
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Re: [CL] Qual é o valor de uma alma?
Seg Ago 31, 2020 12:10 am
O dragão ganhou altitude como se tivesse nascido para desempenhar tal função — para um primeiro vôo, ele foi relativamente bem-sucedido até uma nuvem advinda daquela névoa esverdeada e espessa tomar sua frente. Com a visão bloqueada, a enorme fera tentou manter-se no ar planando sobre casas destruídas e templos arruinados, observando caixões abrindo-se em fendas cravadas no solo da aldeia, local por ond e cadáveres inchados levantavam-se completamente contorcidos e olhavam-no vagar pelos céus de Netheria.
Ainda que não tivesse olhos, ele conseguia enxergar. Mesmo sem uma pele ou terminações nervosas complexas, o frio em seus ossos e carne era uma realidade que fez-lhe ceder um pouco a altura e aproximar-se mais do solo. Seus pensamentos conturbados guiaram-no entre vielas recheadas pelas intempéries do tempo e conjuntos residenciais destruídos até que, por fim, encontrasse uma igreja tão alta que por pouco não chocou sua asa contra a torre do sino. Algo em seu interior clamava pelo local, não, não vinha de dentro de si, mas… de fora? Como algo interceptando seus pensamentos, atraindo-o de maneira irracional.
— Respostas… eu preciso de… UGH! — a criatura urrou quando um lapso de memória corroeu qualquer pensamento lógico que poderia ter no momento.
Numa perspectiva de altura mediana, ele via grupos de cultistas arrumando-se em fileiras por corredores tomados por tijolos azulados num ambiente frio e estranhamente grandioso. Velas acendiam-se pelas laterais e corpos eram carregados pelo chão, deixando rastros de sangue para trás até que, por fim fossem levados a uma sala… flash! Tudo apagou-se num único segundo e teve que equilibrar-se antes de dilacerar a entrada frontal daquela igreja com ambas suas garras dianteiras.
O desmoronamento da parte frontal não foi em vão. A base da igreja já estava arruinada e, pelo impacto das rochas, o próprio solo cedeu com o peso do dragão sobre si, abrindo espaço para uma queda livre num poço recheado de escadas largas afetadas pelo tempo ao longo das paredes que desciam num ritmo longo e espiral. O dragão alçou vôo erguendo suas enormes asas ali dentro mesmo, por sorte a descida tinha espaço o suficiente para que o invocado conseguisse planar a descida, contudo, mal podia esticar mais seus braços.
Mais um flash de memória. Um símbolo familiar. Mortes de inocentes. Gritos de desespero. Um clarão nos céus.
Então ele viu. Como se tivesse despertado alguma repentina habilidade especial, a monstruosidade encarnada em osso e músculo teve sua visão encantada por um fio esverdeado no ar que seguia mais abaixo pelas escadas espirais. Como se aquela linha imaterial tivesse ganho vida, ela dançava, espessa como a névoa típica de Netheria, chamando-o para as profundezas daquela escuridão incerta, um antídoto para as memórias nauseantes e tormentas que invadiam seus pensamentos. Então…
Um piano.
A melodia tocou pontos profundos de seu inconsciente enquanto num vôo tristonho ele perdia altura, cada vez mais próximo do fim daquele corredor vertical. Assim que os ossos de seus pés ganharam o solo rochoso abaixo de si, o ritmo do som tornou-se mais veloz. Movido pela intensidade da música, ele ganhou o corredor largo que abria-se à sua frente enquanto familiarizava aquele mesmo caminho com as memórias de antes de encontrar a igreja.
Cargo, uma cidade, poder… você não quer tudo isso?
Aquele corredor era o mesmo pelo qual corpos ensanguentados foram arrastados em suas memórias. As paredes continham símbolos além de sua limitada compreensão, com escrituras que com certeza não partiam do alureano. Passagens abriam-se pelas laterais em caminhos estreitos e tortuosos, espaços que a fera nem ousava tentar cruzar devido o seu tamanho. Então, mais ao longe, no final daquele corredor, a então sala jazia com a monstruosa porta de pedra entreaberta.
A música era como um elo que conectava-o para o que estava além daqueles portões rochosos.
Enfurecido, o dragão atacou. Com uma única investida de sua cauda, os portões soltaram-se de suas enfraquecidas ferraduras, caindo contra o solo num baque ensurdecedor, fazendo com que toda a estrutura ruísse e tremesse por longos instantes — a catedral estava prestes a cair? — de toda forma, a música não foi afetada, muito pelo contrário: tornou-se ainda mais forte. Foi então que ele avistou.
No topo de uma pilha de ossos, um largo piano antigo que tocava sozinho.
O salão abriu-se com uma fraca iluminação azulada que passou a ganhar vida ao longo das paredes circulares, acendendo-se conforme a melodia entrava em seu ápice. O dragão odiou cada segundo daquele momento, seja pela tensão causada pela música do piano ou pela forma como tudo parecia extremamente arquitetado apenas para sua chegada. Vindos de trás, ele conseguia ouvir passos esqueléticos tomando as longas escadarias espirais, como se grupos intermináveis usassem-na a fim de descer.
— Por qual motivo eu estou aqui? — Por mais que fosse uma pergunta num tom ameno, sua voz áspera fez com que as chamas tremeluzissem novamente. — Quem sou eu? De quem são essas… memórias?
A ira em seu interior nascia novamente. Sem respostas. Confusões fracionavam seus pensamentos em inúmeros ao mesmo tempo.
Antes de explodir numa cólera de raiva, as chamas ganharam vida própria. As sombras que projetavam sobre os tijolos amoecidos pelo tempo ganharam amplitude: deslizaram pelas paredes, como se brincassem entre si, serpentearam por toda a estrutura circular ao passe em que as labaredas azuladas moviam-se em sincronia perfeita com a música em direção ao piano. Num ritmo sinistro, enquanto aqueles passos tornavam-se cada vez mais próximos, uma figura passou a materializar-se sobre o piano.
Seus dedos decrépitos dançavam sobre as teclas com regozijo. A face era uma carranca mórbida: as ombreiras que desciam em longas capaz de tecido fino púrpuro balançavam-se com cada movimento, como caudas esbeltas ao ar, acompanhando-lhe a cada nota exercida. Lentamente, o som foi tornando-se mais fraco, entrando num ritmo lento, vagaroso, até que por fim parasse. A figura fez um breve suspense antes de virar-se em direção ao dragão, momento perfeito para que aqueles passos de antes finalmente alcançassem o lugar.
A espécie olhou do alto de seus quatro metros em direção às três fileiras de pessoas ajoelhadas atrás de si, brilhando numa tonalidade esverdeada, completamente translúcidas e com um olhar perdido em direção ao monte de ossos. O grande maestro desceu alguns crânios usados como degraus, mantendo seus olhos fixos em direção ao alado. Seus lábios finos e apodrecidos desenharam uma linha sorridente conforme seus dedos azuis bruxuleantes encontraram-se frente ao seu tórax.
— Bem vindo de volta, imperador Azh’drazzil — uma reverência. — Deixe-me explicar alguns pontos, sim?
Ainda que não tivesse olhos, ele conseguia enxergar. Mesmo sem uma pele ou terminações nervosas complexas, o frio em seus ossos e carne era uma realidade que fez-lhe ceder um pouco a altura e aproximar-se mais do solo. Seus pensamentos conturbados guiaram-no entre vielas recheadas pelas intempéries do tempo e conjuntos residenciais destruídos até que, por fim, encontrasse uma igreja tão alta que por pouco não chocou sua asa contra a torre do sino. Algo em seu interior clamava pelo local, não, não vinha de dentro de si, mas… de fora? Como algo interceptando seus pensamentos, atraindo-o de maneira irracional.
— Respostas… eu preciso de… UGH! — a criatura urrou quando um lapso de memória corroeu qualquer pensamento lógico que poderia ter no momento.
Numa perspectiva de altura mediana, ele via grupos de cultistas arrumando-se em fileiras por corredores tomados por tijolos azulados num ambiente frio e estranhamente grandioso. Velas acendiam-se pelas laterais e corpos eram carregados pelo chão, deixando rastros de sangue para trás até que, por fim fossem levados a uma sala… flash! Tudo apagou-se num único segundo e teve que equilibrar-se antes de dilacerar a entrada frontal daquela igreja com ambas suas garras dianteiras.
O desmoronamento da parte frontal não foi em vão. A base da igreja já estava arruinada e, pelo impacto das rochas, o próprio solo cedeu com o peso do dragão sobre si, abrindo espaço para uma queda livre num poço recheado de escadas largas afetadas pelo tempo ao longo das paredes que desciam num ritmo longo e espiral. O dragão alçou vôo erguendo suas enormes asas ali dentro mesmo, por sorte a descida tinha espaço o suficiente para que o invocado conseguisse planar a descida, contudo, mal podia esticar mais seus braços.
Mais um flash de memória. Um símbolo familiar. Mortes de inocentes. Gritos de desespero. Um clarão nos céus.
Então ele viu. Como se tivesse despertado alguma repentina habilidade especial, a monstruosidade encarnada em osso e músculo teve sua visão encantada por um fio esverdeado no ar que seguia mais abaixo pelas escadas espirais. Como se aquela linha imaterial tivesse ganho vida, ela dançava, espessa como a névoa típica de Netheria, chamando-o para as profundezas daquela escuridão incerta, um antídoto para as memórias nauseantes e tormentas que invadiam seus pensamentos. Então…
Um piano.
A melodia tocou pontos profundos de seu inconsciente enquanto num vôo tristonho ele perdia altura, cada vez mais próximo do fim daquele corredor vertical. Assim que os ossos de seus pés ganharam o solo rochoso abaixo de si, o ritmo do som tornou-se mais veloz. Movido pela intensidade da música, ele ganhou o corredor largo que abria-se à sua frente enquanto familiarizava aquele mesmo caminho com as memórias de antes de encontrar a igreja.
Cargo, uma cidade, poder… você não quer tudo isso?
Aquele corredor era o mesmo pelo qual corpos ensanguentados foram arrastados em suas memórias. As paredes continham símbolos além de sua limitada compreensão, com escrituras que com certeza não partiam do alureano. Passagens abriam-se pelas laterais em caminhos estreitos e tortuosos, espaços que a fera nem ousava tentar cruzar devido o seu tamanho. Então, mais ao longe, no final daquele corredor, a então sala jazia com a monstruosa porta de pedra entreaberta.
A música era como um elo que conectava-o para o que estava além daqueles portões rochosos.
Enfurecido, o dragão atacou. Com uma única investida de sua cauda, os portões soltaram-se de suas enfraquecidas ferraduras, caindo contra o solo num baque ensurdecedor, fazendo com que toda a estrutura ruísse e tremesse por longos instantes — a catedral estava prestes a cair? — de toda forma, a música não foi afetada, muito pelo contrário: tornou-se ainda mais forte. Foi então que ele avistou.
No topo de uma pilha de ossos, um largo piano antigo que tocava sozinho.
O salão abriu-se com uma fraca iluminação azulada que passou a ganhar vida ao longo das paredes circulares, acendendo-se conforme a melodia entrava em seu ápice. O dragão odiou cada segundo daquele momento, seja pela tensão causada pela música do piano ou pela forma como tudo parecia extremamente arquitetado apenas para sua chegada. Vindos de trás, ele conseguia ouvir passos esqueléticos tomando as longas escadarias espirais, como se grupos intermináveis usassem-na a fim de descer.
— Por qual motivo eu estou aqui? — Por mais que fosse uma pergunta num tom ameno, sua voz áspera fez com que as chamas tremeluzissem novamente. — Quem sou eu? De quem são essas… memórias?
A ira em seu interior nascia novamente. Sem respostas. Confusões fracionavam seus pensamentos em inúmeros ao mesmo tempo.
Antes de explodir numa cólera de raiva, as chamas ganharam vida própria. As sombras que projetavam sobre os tijolos amoecidos pelo tempo ganharam amplitude: deslizaram pelas paredes, como se brincassem entre si, serpentearam por toda a estrutura circular ao passe em que as labaredas azuladas moviam-se em sincronia perfeita com a música em direção ao piano. Num ritmo sinistro, enquanto aqueles passos tornavam-se cada vez mais próximos, uma figura passou a materializar-se sobre o piano.
Seus dedos decrépitos dançavam sobre as teclas com regozijo. A face era uma carranca mórbida: as ombreiras que desciam em longas capaz de tecido fino púrpuro balançavam-se com cada movimento, como caudas esbeltas ao ar, acompanhando-lhe a cada nota exercida. Lentamente, o som foi tornando-se mais fraco, entrando num ritmo lento, vagaroso, até que por fim parasse. A figura fez um breve suspense antes de virar-se em direção ao dragão, momento perfeito para que aqueles passos de antes finalmente alcançassem o lugar.
A espécie olhou do alto de seus quatro metros em direção às três fileiras de pessoas ajoelhadas atrás de si, brilhando numa tonalidade esverdeada, completamente translúcidas e com um olhar perdido em direção ao monte de ossos. O grande maestro desceu alguns crânios usados como degraus, mantendo seus olhos fixos em direção ao alado. Seus lábios finos e apodrecidos desenharam uma linha sorridente conforme seus dedos azuis bruxuleantes encontraram-se frente ao seu tórax.
— Bem vindo de volta, imperador Azh’drazzil — uma reverência. — Deixe-me explicar alguns pontos, sim?
- Missão:
Quest Simples
Agonia. Êxtase. Paz.
Descrição: As memórias do fúnebre dragão confundiam-se com as daquele que fora absorvido, um emaranhado de informações soltas e confusas para o colosso recém desperto. Sobrevoar Netheria talvez tenha sido uma boa, visto que o dragão parece ter reconhecido o que fora uma monumental catedral e lá ele poderia encontrar algumas respostas para suas incertezas. Talvez ele não soubesse, mas algo ou alguém ansiava por sua chegada, seja por coincidência do destino ou pelos constantes urros do dragão enquanto voava. Digamos que ele não era dos mais silenciosos rs. Seria esse um encontro hostil? O dragão encontraria alguma resposta? Hm... O mais importante era muito tomar cuidado ao pisar em território desconhecido.
Recompensas: 50 de XP — 1 Poção Pequena de Mana — Baú Básico — Informação a critério do Player — Ouro a ser definido na conclusão.
Lvl 01 (00/100)
HP (362/362)
Mana (110/125)
ST (125/125)
HP (362/362)
Mana (110/125)
ST (125/125)
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