Ordem de Alurea
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
Últimos assuntos
[Sorteios] Maquinações Áridas Contra o TempoQua Dez 14, 2022 1:29 amᚠᚢᚦᚨᚱᚲᚷᚹᚺᚾᛁᛃ
[CL] Seis Faunos e Um LichQua Jul 20, 2022 10:10 pmchansudesu
EQUIPAMENTOS E ITENS - ReworkTer Dez 22, 2020 12:02 pmWonder
[CO] Maquinações Áridas Contra o TempoTer Dez 22, 2020 11:29 amLeoster
[CL] Livro IQua Dez 16, 2020 10:13 pmSeremine
[HB] Pheredea SeremineQua Dez 16, 2020 8:06 pmSeremine
[CL] 01. A Palavra da OrdemQua Dez 16, 2020 1:12 pmEmme
[SORTEIOS] LeosterTer Dez 15, 2020 5:26 pmᚠᚢᚦᚨᚱᚲᚷᚹᚺᚾᛁᛃ
[SORTEIOS] Uriel Ciriva LindionTer Dez 15, 2020 5:13 pmᚠᚢᚦᚨᚱᚲᚷᚹᚺᚾᛁᛃ

Ir para baixo
Vhraz'akan
Vhraz'akan
Necromancia
Necromancia
Mensagens : 58
Data de inscrição : 21/09/2020

[CL] Seis Faunos e Um Lich Empty [CL] Seis Faunos e Um Lich

Sáb Out 31, 2020 9:34 pm
[CL] Seis Faunos e Um Lich QZbyFMA
SUMÁRIO


Quest Média
Pelo Trono de Avareza — I

Descrição: Cruze a Garganta do Desespero em grupo, fazendo parte dos enviados de Avareza para a missão em específico. Após ter passado pelo caminho, desempenhe a função de auxiliar os faunos a entregar o símbolo do selamento do acordo com as Cripta Profanas e faça todo o necessário para que a estratégica movimentação seja bem sucedida. Existem poucos conhecimentos a respeito do que o aguarda em seu caminho, mas talvez possa utilizar do novo acessório obtido para ir atrás de saberes entre a infinidade caótica de Charissa. Uma vez preparado, deve-se reunir com os demais faunos e seguir em direção ao destino citado. Luvwieq e Strenmyr serão os líderes.
Recompensas: 100 de XP — Baú Médio  — Ouro a ser definido na conclusão

OBJETIVOS PRINCIPAIS

  1. Chegar às Criptas Profanas sem baixas;
  2. Aprofundar a relação com os Faunos Cinzentos;
  3. Analisar o uso da gama atual de skills em combate.

OBJETIVOS SECUNDÁRIOS

  • Encontrar algum item útil ao personagem;
  • Desenvolver as capacidades dos Faunos.

Faunos Cinzentos:
Vhraz'akan
Vhraz'akan
Necromancia
Necromancia
Mensagens : 58
Data de inscrição : 21/09/2020

[CL] Seis Faunos e Um Lich Empty Re: [CL] Seis Faunos e Um Lich

Sáb Nov 07, 2020 12:22 pm

A ssim que pisamos no território pertencente à Garganta, entendi o que as palavras antes lidas na biblioteca orgânica queriam dizer. Não importava o quanto eu me considerasse forte, percebi que deveria estar sempre alerta e aguardando por qualquer possível ataque iminente, sendo o ego o principal ingrediente para uma morte certeira enquanto caminhasse por ali. Toda a atmosfera do local caía pesadamente sobre nós, denotando a periculosidade daquela espécie de vale monocromático, tão cinza e opaco que fazia até mesmo com que a coloração dos Faunos parecesse repleta de vida.

O único som que se podia ouvir era o dos nossos passos, os cascos dos híbridos raspando no chão arenoso e repleto de detritos independente do cuidado que tivessem ao caminhar. Dada a cautela necessária, foi estabelecido sabiamente por Luvwieq que, embora todos quiséssemos nos livrar do trajeto o quanto antes, o melhor seria traçar o percurso num ritmo mais lento. Isso nos pouparia energia para lidar com supostos imprevistos e permitiria que nos atentássemos melhor aos arredores.

Embora fossem desleixados e donos de personalidades um tanto detestáveis, a postura do sexteto quando em conjunto num ambiente ameaçador era bem diferente do habitual. Agiam seguindo as decisões de Strenmyr e do mais velho, todos muito atentos ao terreno, fosse por precaução, fosse pela possibilidade de encontrar algum espólio perdido, notei quando Zhonyee tomou para si um osso jazido no solo. Inclusive, isso lembrou-me de algo importante.

— Tomem cuidado com o chão — alertei-os, recordando das informações que meu novo olho traduzira para mim na biblioteca.

Não era como se eu me preocupasse com a vida deles, mas cada um a menos naquele grupo poderia fazer diferença numa situação de alto risco. Além disso, ainda precisaríamos cruzar toda a Garganta para só então chegar em nosso destino, onde segundo o material me fornecido pelo Conceptáculo, havia apenas o indesejável e terrores que impressionavam até mesmo os chari.

— Escutem o elementalista, pessoal — caçoou Ythar, arrancando risos de Niqemae e também de Zhonyee.

— Burmahk — Luvwieq ao meu lado pronunciou, como se num pedido implícito. Dirigiu-me um olhar de consentimento em seguida, e entendi o que ele pensara. Eu era um necromante, ainda que amador, e estávamos num local que cheirava morte. Seria melhor considerar minhas opiniões.

O híbrido semi-quadrúpede logo se adiantou, colocando-se a frente do grupo e passando a farejar mais próximo do solo pútrido. Vez ou outra tremia por completo, tossia, lamentava pelo forte odor nos ares, mas seguia cumprindo o papel lhe incumbido pelo mais sábio do bando. Strenmyr, o outro líder, caminhava ao lado do suposto enfermo, tal como Niqemae atrasava seus passos para se manter por último em nossa expedição. No meio da formação estávamos eu e o mais velho, ladeados pela faunesa adolescente e o arqueiro.

De qualquer forma, fosse pela minha mana em específico ou não, eu parecia sentir melhor que todos os demais presentes a intensidade da Garganta, entendendo o porquê do adjetivo desespero ser complemento da sua nomenclatura.



Lvl 03 (100/300)

HP (20/20)

MANA (65/65)

ST (25/25)

Considerações:




chansudesu e Trueness gostam desta mensagem

Vhraz'akan
Vhraz'akan
Necromancia
Necromancia
Mensagens : 58
Data de inscrição : 21/09/2020

[CL] Seis Faunos e Um Lich Empty Re: [CL] Seis Faunos e Um Lich

Dom Nov 08, 2020 5:34 pm

N ossa primeira parada deu-se algumas horas depois. Embora não tenha externalizado, fiquei um pouco aliviado pela decisão de Luvwieq em descansarmos por um período antes de prosseguirmos. Os músculos necrosados das minhas pernas doíam tal como se eu ainda fosse um humano, assim como a fadiga corporal já se atenuava, independente do fato do meu aparelho respiratório estar inativo. Constatava que, não importa quem ou o que você seja, sua estrutura física sempre terá limitações e exigirá que recupere o fôlego caso a force além do que lhe é compatível.

Zhonyee, a mais nova dos híbridos, recolhera alguns galhos — ou coisa semelhante — durante nosso trajeto e agora os unia com outros que guardava em seus pertences. Embora ainda fosse dia, o cinza intenso presente naquelas terras, fosse no chão ou nas nuvens, privava quem por ali passasse de qualquer fonte de calor. Estranhamente ajoelhada, dada sua anatomia faunesa, removeu a tampa de um frasco com conteúdo líquido em tons alaranjados, despejando em seguida a substância sobre o amontoado de gravetos apodrecidos.

— Que haja fogo — pronunciou teatralmente.

E assim o fogo se fez.

Uma combustão instantânea criou-se na fogueira improvisada assim que a mistura tocou-a, iniciando uma sequência de labaredas que se alastraram pelos galhos e passaram a crepitar de modo lento e aconchegante, ao menos para eles. Para mim, que tinha o corpo completamente frio, a ausência de calor era na verdade quase que uma dádiva. Mantive-me pouco próximo das chamas enquanto o sexteto sentava em torno delas criando uma roda, a qual fiz questão de não compor.

— Vhraz'akan, temos comida — Luvwieq comunicou, mostrando alguns pães e outros alimentos quaisquer.

— Nós vamos dividir com ele? — Ythar quem protestava. — Digo, não temos muito nem mesmo pra nós... — amenizou após uma olhada do mais velho.

— Eu acho que zumbis gostam mais de carne viva — a detestável Niqemae me provocava, lançando o mesmo maldito sorriso desafiador de sempre, esperando pela mais breve menção de um ataque para poder revidar.

— O que acha de darmos um dedo pra ele, Burmahk? — Zhonyee questionou, pensativa de uma forma humorada.

— E-eu, não se-ei não.

O Fauno tremia a cada nova palavra. Acuado como de costume, limitou-se a não se envolver no assunto e encheu a boca com um pedaço de presunto velho. Os outros o acompanharam, por exceção de Strenmyr que, do outro lado da fogueira, me analisava com as costumeiras feições duras. Por entre as labaredas, seu olhar tornava-se ainda mais intenso e imponente.

— Venha, jovem, não ligue para as brincadeiras — Luvwieq chamava-me novamente.

— Não preciso me alimentar, o que é uma bênção, pois certamente teria uma indigestão se comesse algo hoje — enfatizei, repousando meus olhos sobre a faunesa corpulenta.

— Ora, seu filho de um

— Niqemae — Strenmyr, para minha surpresa, interviu.

Talvez ele entendesse que eu acabaria com aquela estúpida arrogante caso ela decidisse fazer algo contra mim. Fora isso, confesso que estar em companhia dos híbridos estava sendo um pouco menos pior do que imaginei a princípio. Era certo que Luvwieq conversara com eles assim como fez comigo, e todos acabávamos por entender a gravidade e seriedade da nossa expedição até as Criptas. Se alguém tinha de morrer, que fosse lutando e enfrentando qualquer possível inimigo em comum que aparecesse em nosso caminho, não nos matando entre si.

Enquanto eles se alimentavam com hábitos asquerosos que fariam qualquer civilizado sentir náuseas, decidi afastar-me alguns metros e fazer algumas anotações sobre a Garganta em meu livreto. Sentei-me sobre uma rocha irregular, esta bem próxima de uma pilha de ossos que eu nunca sequer vira nas aulas de anatomia em Alastrine. Aliás, a quantidade de esqueletos dos mais diversos durante todo nosso trajeto até aqui era surpreendente, impossível de contabilizar ou mesmo entender de quem ou do que eram provenientes.

Dentre essas pilhas, vez ou outra algum item ou pertence podia ser avistado. Nesta próxima de mim, por exemplo, acabei vislumbrando um breve reflexo abaixo de alguns dos ossos. Com cuidado, afastei-os até por fim me deparar com um frasco castigado pelo tempo, contendo uma substância escarlate em seu interior. Independente do estado lastimável do vidro do recipiente, o líquido irradiava uma ínfima luminescência, indicando a presença de magia em sua constituição.



Lvl 03 (115/300)

HP (20/20)

MANA (65/65)

ST (25/25)

Considerações:




chansudesu e Trueness gostam desta mensagem

chansudesu
chansudesu
Admin
Mensagens : 208
Data de inscrição : 25/08/2020
https://alurearpg.forumeiros.com

[CL] Seis Faunos e Um Lich Empty Re: [CL] Seis Faunos e Um Lich

Qui Nov 12, 2020 1:13 am
[CL] Seis Faunos e Um Lich QZbyFMA


Se aproximar dos ossos certamente não era do feitio para quem sentia os terrores da Garganta.

A consciência de Vhraz’akan disputou com os sentidos aguçados de Burmahk a respeito de quem percebia o que estava ocorrendo por debaixo dos tapetes conforme deliciavam-se no banquete. O fauno corpulento desfez-se das costelas roídas de porco em que deliciava-se e, de imediato, todos os outros faunos levantaram-se assumindo posições tão perfeitamente que mais pareciam seguir passos de dança ensaiados. O necromante juntou as peças tarde demais, seu consciente absorvendo gradativamente as informações passadas através da mana necromântica reagindo com o ambiente.

O vidro contendo líquido? Foi guardado. O problema estava na pilha de ossos.

De repente, parecia haver muito mais vértebras e costelas do que o lich havia notado anteriormente. Como se tivessem sido encantados por um aceno de mãos da própria Avareza, eles atravessaram o necromante como uma saraivada de pássaros alça seu vôo — construíram-se pouco a pouco atrás do encapuzado, vértebra por vértebra, patela por patela, até que algo semelhante a uma monstruosidade já estivesse erguida, mesmo sem cabeça. Uma flecha foi disparada por Ythar, repelida por parte da espinha dorsal que crescia nas costas da criatura. Vhraz’akan, já ciente do que ocorria, poderia tomar esse meio-tempo para afastar-se do ser que havia montado-se em suas costas, agindo como uma muralha entre o necromante e o sexteto de faunos.

O crânio foi formado por uma gama incrível de pequenos ossinhos fragmentados e rompidos, trazendo uma face na parte dianteira, tomada pela agonia e terror.

Sua voz ecoou na cabeça de Vhraz’akan.

[CL] Seis Faunos e Um Lich 31-5-Q39o-X5



— Avante   — Strenmyr ao longe ordenou.

Niqemae foi a primeira a movimentar-se em um salto — a feição de espanto foi substituída por uma de raiva quando segurou seu porrete em mãos indo em direção à criatura com passos bruscos, denotando a sua postura mais rígida em lutar. Zhonyee foi a próxima, mais delicada, contudo, trotando com seu bastão em mãos conforme a corneta em sua ponta balançava-se em movimento pendular. A parte detrás do ser abriu-se apenas para disparar uma saraivada daqueles mesmos ossos em direção à dupla — enquanto a mais jovem optou por girar seu item e repelir grande parcela dos projéteis, Niqemae posicionou-se atrás, interceptando sua própria ação com o intuito de não ser atingida.

Quando a saraivada de vértebras teve fim, foi Burmahk quem agiu saltando sobre suas parceiras e dirigindo-se à criatura, agarrando-a pelas costas nos braços finos.

Alguns ossos perfuraram os membros superiores do fauno, mas ele conseguiu sucesso em manter o ser que havia surgido imobilizando-o naquele meio tempo. Embora o início de batalha começasse a se desenrolar conforme o grupo tomava as rédeas da situação, o adversário pouco parecia ser afetado de fato pelas flechas jogadas pelo mascarado. Strenmyr, ao longe, buscava um ponto em que pudesse adentrar na batalha com seu martelo. Luvwieq encontrava-se inerte, apoiado com ambas as mãos em seu cajado de carvalho negro, seus olhos observando a tudo o que ocorria no campo acinzentado adiante.

— Eu sei que vocês mortos tudo se conhecem, mas ninguém disse que podia trazer convidados nessa missão! — Bufou Niqemae.

— Uma abertura. Apenas uma — frisou Strenmyr.

O maior dos faunos grunhiu de dor.

Os ossos do ser lentamente se decompunham à medida em que o abraço de Burmahk deixava-o imobilizado em troca das perfurações gradativamente realizadas em seu corpo. Embora os faunos demonstrassem exímia coordenação em grupo, não possuíam muitos meios para infligir dano na criatura em uma situação tão delicada — caso se aproximassem demais, provavelmente Burmahk seria ainda mais atingido. Luvwieq mantinha-se extremamente perceptivo, murmurando algumas ordens ao longe que mal podiam ser ouvidas por Vhraz’akan devido à distância.

Placar:

Considerações:

Atributos da Party:





Vhraz'akan
Vhraz'akan
Necromancia
Necromancia
Mensagens : 58
Data de inscrição : 21/09/2020

[CL] Seis Faunos e Um Lich Empty Re: [CL] Seis Faunos e Um Lich

Dom Nov 22, 2020 12:16 am

E ra certo que se eu ainda pudesse ser considerado um humano, aqueles ferimentos seriam muito mais graves. Sentir os ossos me perfurando conforme compunham aquela grotesca criatura atrás de mim era um tanto estranho. No que se dizia respeito a dor, eu mais parecia sofrê-la diante das memórias musculares e por entender que acabara de ser atravessado do que realmente a sentir em si. Independente disso, eu estava furioso por ter tido meu momento de descanso atrapalhado e além de tudo, ser atingido inesperadamente por algo que sequer parecia ser uma criatura pensante, fora sua estranha capacidade de fala que trouxe-me arrepios na espinha num primeiro momento.

Virei-me, desvencilhando-me do temor inicial e já prestes a atacar aquele monstro abominável quando surpreendi-me com a organizada investida dos híbridos.

Ythar disparava flechas, as fêmeas se movimentavam próximas e Burmahk tomava para si o árduo trabalho de tentar imobilizar o inimigo ósseo. Tendo seus membros superiores constantemente lesionados, percebi de átimo o que aquele Fauno burro não notaria até ser tarde demais: estando tão próximo, no menor descuido algum ponto vital de seu corpo seria atingido e ele morreria. Para além disso, os projéteis do mascarado faziam nada mais que ranhuras na estrutura da criatura, enquanto os demais tardavam em encontrar uma brecha ou estratégia melhor para subjugá-la. O que eu podia esperar deles, afinal? Sorte do sexteto Avareza ter me enviado com eles.

— Burmahk, se afaste — ordenei, minha voz enchendo-se de ira para a medida em que encarava aquele amontado de ossos. — Eu também estou te vendo, monstro maldito. Sabe quem eu sou?

Já acostumado com aquilo, canalizaria minha mana na palma destra até estar pronto para liberar minha aura necrótica sobre aquele ser desprezível. Eu sou Vhraz'akan!, pensei enquanto impunha na gélida projeção toda minha ira e vontade de aniquilar a criatura. Se ela retesasse seus movimentos após compreender meu nível de poder tal como todos que o sentiram fizeram até aqui, Strenmyr teria enfim a brecha que murmurara entredentes enquanto estudava o cenário com seu machado em mãos.

Independente dele entrar ou não no confronto, eu vingaria-me daquele monstro desgraçado com minhas próprias armas, desta vez não com a aura anunciadora de meu poderio, mas com uma demonstração mais nociva do mesmo. Diante da menor oportunidade, abdicaria de uma parcela de mana para invocar minha essência nefasta no formato de uma esfera composta por aspectos da minha própria existência cadavérica. Os tons verdes luminescentes nela devido a presença de magia serviriam para iluminar minhas feições e permitir que o sorriso de prazer em meus lábios fosse destacado antes de projetá-la diretamente contra a criatura.

— Engula isso, maldito.

Caso ela fosse vencida após meu ataque e alguma suposta movimentação dos Faunos, eu cuspiria sobre seus restos ósseos. Contudo, eu entendia que não importava o quão poderoso eu era, minha estrutura física ainda era incapaz de aguentar grandes danos. Sendo assim, se o inimigo em comum ainda estivesse de pé, me afastaria sabiamente para ter uma melhor visão do embate, tal como Luvwieq fazia próximo da foguei...

— Ythar! — chamaria a atenção do estúpido que disparava flechas a esmo. — Use o fogo! — Com sorte, haveria algo passível de uma combustão na estranha composição daquele monstro e o veríamos grunhir de dor enquanto queimava; torcia sadicamente por isso.



Habilidades Usadas:




chansudesu
chansudesu
Admin
Mensagens : 208
Data de inscrição : 25/08/2020
https://alurearpg.forumeiros.com

[CL] Seis Faunos e Um Lich Empty Re: [CL] Seis Faunos e Um Lich

Qua Nov 25, 2020 1:31 pm
[CL] Seis Faunos e Um Lich QZbyFMA


Como pedido, Burmahk se afastou, denotando os ferimentos causados pelos ossos ao longo de seu corpo. O sangue escorria-lhe ao longo do torso quando Vhraz’akan impôs sua vontade naquela aura necrótica, expandindo-a tendo como núcleo a mana que percorria ao longo de toda sua existência, rodeando-lhe até que, não muito tempo depois, atingisse o amontoado de ossos adiante. A figura estremeceu da cabeça aos pés — por mais que não demonstrasse nenhuma feição naquela fusão de fragmentos ósseos, todas as vértebras e patelas que compunham seu corpo ganhavam vontade própria e começavam a sair de eixo, até que tornassem-se estagnadas de vez.

”Eu sou Vhraz’akan.”

Algo naquela comunicação fez com que o necromante, ao invés de se sentir respeitado, sentisse uma fagulha de súbito interesse. Uma sensação remota advinda de suas memórias enquanto humano percorreu todo o seu corpo, trazendo um frio estranho à sua espinha — um calafrio, algo que há muito não fazia ideia que era capaz de possuir. De alguma forma, naquele meio tempo, percebeu um foco de mana pequeno, mas não devido ao seu poder real — e sim ligado ao núcleo de existência do seu adversário, algo que ia além do que conseguia perceber com o seu próprio fluxo de mana. De toda forma, não possuíam mais tempo para pensar — o que quer que fosse aquilo, sentiu quando houve uma quebra na conexão estabelecida pela intimidação de sua aura na criatura.

O ser levantou ambos os braços que tratavam-se de ossos afiados como garras de um louva-a-deus para atacar Vhraz’akan.

— Desmonte, criatura imunda! — Foi Strenmyr quem surgiu atrás do adversário com seu martelo em punho.

Ele girou a arma acima da cabeça jogando-a livremente no ar antes de empunhá-la novamente e afundá-la contra os ossos que formavam as costas do oponente. O impacto pressurizado ecoou em campo de batalha, principalmente o som dos ossos se desfazendo em farelos e fragmentos ainda menores chamou a atenção daqueles que compunham o coletivo contra o amontoado de esqueletos. O peso somou contra os membros inferiores do ser, fazendo os ossos que mantinham-no de pé falharem por um instante e desmoronarem pouco a pouco. Foi nesse instante que o necromante viu uma brecha perfeita para o ataque.

Foi como se o corpo de Vhraz’akan se tornasse uma névoa nas articulações por um único momento — de diversos pontos de sua própria existência cadavérica, uma espécie de energia juntava-se numa esfera que era moldada diante de seu corpo numa coloração esverdeada. Como se vultos advindos de si tomassem consciência e decidissem juntar-se naquele mesmo ponto, cada vez denotando mais a canalização de energia por parte do morto. O bruxulear da orbe construída iluminou sua feição: um sorriso sádico ganhou força em seus lábios putrefados antes de disparar a magia necromântica como uma brisa cálida do ambiente — ao colidir com o oponente, não trouxe nenhum som, nem impacto grandioso, apenas um sussurro como se causado pelos ventos da região contra os ossos amontoados.

A esfera desfez-se assim que atingiu o crânio do ser. Com aquilo, Niqemae e Zhonyee seguiram com suas armas, desferindo golpes e até mesmo chutes contra o adversário que jazia lentamente desmontando-se pouco a pouco. Strenmyr agora girava seu martelo uma segunda vez, como se reunisse forças para um próximo acerto em cheio — dessa vez no topo da cabeça da criatura.

A sugestão de Vhraz’akan cresceu nos pensamentos de Ythar. De átimo, uma teia de pensamento desencadeou ao longo do grupo que envolvia o amontoado de ossos e, assim que o mascarado mergulhou duas de suas flechas na fogueira, os três que encontravam-se ao redor do adversário afastaram-se de maneira muito coordenada, dando espaço para o projétil ígneo silvar com chamas que lambiam o próprio trajeto até fincarem-se contra o ser. O fogo ganhou força, demonstrando alimentar-se de algo que ia muito além apenas do seu combustível universal — o oxigênio. As labaredas passaram vértebra por vértebra, escurecendo-as com sua alta temperatura conforme chamuscava também parte do crânio da criatura. Por mais que sofresse, o esqueleto não expressava nenhum sintoma da dor — não havia lamúrios e nem mesmo gritos.

Foi Burmahk quem aproximou-se para o golpe final. Com sua força e resistencia avantajada, jogou uma pedra relativamente grande sobre a criatura, esmagando-a conforme as chamas lentamente faziam menção de apagarem-se. Vhraz’akan já encontrava-se numa distância segura.

— Boa! — Niqemae deu um tapinha no braço do grandalhão que, por sua vez, corou.

— Seu cérebro não é tão necrosado quanto parece, morto — Ythar comentou ao longe num tom levemente amistoso.

Zhonyee trotou delicadamente até perto de Vhraz’akan. Seus olhos traziam certo brilho.

— Obrigada, acho que não teríamos conseguido sem você. — Sorriu.

Strenmyr revirou os olhos, apoiando o martelo sobre os ombros.

O silêncio perdurou conforme os ossos da criatura dissolviam-se em cinzas debaixo da pedra. A conversa sobre o triunfo que haviam tido prolongou-se sobre como os movimentos de Niqemae estavam muito enferrujados desde a última missão ou sobre como Ythar tinha sido completamente inútil até que Vhraz’akan o sugerisse uma ação diferente. Mas ao longo de todo o diálogo, Luvwieq manteve-se extremamente quieto, de olhos fechados, com seu cajado de galhos negros enroscados tocando o chão.

— Ainda não acabou. Em posição, já! — Mas já era tarde.

Ossos mais ao longe ganharam vida conforme flutuavam para debaixo da pedra. Zhonyee utilizou de seu bastão para repelir dois ossos que aproximaram-se por trás de Vhraz’akan, conforme Burmahk deitou sobre Niqemae e Strenmyr para protegê-los da saraivada de vértebras que levantava-se de um monte ao longe indo em direção ao local onde o oponente havia sido esmagado. Pouco a pouco, o esqueleto ia sendo formado novamente, a pedra que esmagara-o anteriormente abriu-se no meio com uma fissura antes de ser completamente esmigalhada. O ser, com visíveis queimaduras ao longo de grande parte de sua estrutura, levantava-se com metade da composição anterior, mas com ossos ainda mais afiados e que demonstravam ser de criaturas ainda maiores que haviam padecido em meio à Garganta do Desespero.

A tormenta de ossos atingiu o trio que encontrava-se perto da criatura — Burmahk não aguentou por muito tempo e levantou-se com os braços abertos devido a todos os projéteis que perfuravam suas costas. Nesse meio tempo, todo o seu corpo foi lentamente envolvido pelos ossos que moldavam a criatura. As clavículas se sobrepuseram às suas próprias conforme uma espécie de caixa torácica envolvia seu peito. As foices ósseas como garras de louva-a-deus formaram-se em suas mãos e, não obstante, o crânio desceu-lhe sobre a face como um elmo esquelético. Todo o seu pesado corpo levantou-se como se regido por forças que iam além da sua vontade, marionetando-o para permanecer de pé conforme as demais partes do amontoado de ossos revestiam-no como uma armadura.

Strenmyr e Niqemae, próximos a Burmahk, tornaram-se os primeiros alvos.

— Burmahk sente… muita dor — grunhiu tratando de si mesmo na terceira pessoa.

As mãos pesadas do fauno moveram-se contra sua vontade, exercendo poder sobre as foices ósseas contra os próprios companheiros. Niqemae tentou fazer algo com seu bastão, mas foi apenas Strenmyr que conseguiu repelí-lo com um golpe manejado de seu martelo, forçando-o a recuar alguns passos. Contudo, assim que os ossos da mão sofreram o dano, ferimentos foram realizados quando cravaram-se na direção contrária — para dentro — perfurando a pele do próprio grandalhão. A faunesa acinzentada aparentou pavor diante da situação.

— Seu… solte Burmahk agora! — Exasperou-se, lançando sobre o próprio companheiro, contudo, Strenmyr interveio, segurando-a pelo pescoço.

— Burmahk! — Zhonyee chamou pelo amigo.

Vhraz’akan percebeu que conforme o corpo do fauno movia-se, as vértebras da caixa torácica estavam fincando-se lentamente sobre sua pele. Ythar, ao longe, fez menção de disparar uma flecha, mas desistiu assim que notou a gravidade da situação. Luvwieq deu dois toques com seu cajado no chão, chamando atenção de todos ao redor, inclusive o necromante.

— Você sentiu, Vhraz’akan? — seus olhos abriram-se, fitando o morto. — Há um segundo monstro controlando esse que estamos lutando. Ele provavelmente nos enfraquecerá até que estejamos exaustos o suficiente para nos tornarmos suas próximas marionetes de ossos.

— Como você…?

— Você já o rastreou, Luvwieq? — Strenmyr interrogou conforme esquivava junto de Niqemae de mais um corte.

— Sim… ali — apontou para uma cavidade relativamente grande numa das paredes que formava o vale em que encontravam-se. — Strenmyr e Niqemae, aguentem firme, não firam Burmahk. Zhonyee, Ythar e Vhraz’akan, sigam comigo.

”VENHA A MIM, VHRAZ’AKAN” Novamente aquela voz ecoou na cabeça do necromante que, só agora, percebeu que não tratava-se da criatura que enfrentava.

AMONTOADO DE OSSOS
[CL] Seis Faunos e Um Lich Ske HP (26/30)

UM LICH
[CL] Seis Faunos e Um Lich Icon-7 HP (15/20)
MANA (58/65)
ST (25/25)


SEIS FAUNOS
[CL] Seis Faunos e Um Lich Icon-2LUVWIEQ (35/35)
[CL] Seis Faunos e Um Lich Icon-1STREN. (31/36)

[CL] Seis Faunos e Um Lich Icon-4ZHONYEE (24/30)
[CL] Seis Faunos e Um Lich Icon-5BURMAHK (19/40)
[CL] Seis Faunos e Um Lich Icon-6NIQEMAE (28/35)
[CL] Seis Faunos e Um Lich Icon-3YTHAR (30/30)







Vhraz'akan gosta desta mensagem

Vhraz'akan
Vhraz'akan
Necromancia
Necromancia
Mensagens : 58
Data de inscrição : 21/09/2020

[CL] Seis Faunos e Um Lich Empty Re: [CL] Seis Faunos e Um Lich

Sex Nov 27, 2020 9:05 pm

E u deveria ter compreendido quando senti aquele breve foco de mana no interior da criatura. Independente da minha falta de perspicácia, Luvwieq mostrava-se enfim um componente verdadeiramente útil ao nosso grupo. Observador, parecia ter uma visão macro do embate até por fim conseguir rastrear um segundo monstro, este que manipulava o primeiro, tal como a direção onde ele se encontrava. Parece que o velho não estava ali somente para aumentar nossos números, afinal.

Ouvir em minha cabeça a voz do inimigo desconhecido uma segunda vez, entendendo agora não tratar-se do ser enfrentado inicialmente, fez com que uma nova sensação de perigo alarmasse meus instintos. Para além desse sentimento, a adrenalina também fazia-se presente, tal como minha ambição em descobrir a identidade do oponente oculto. Que tipo de criatura seria confiante o suficiente para convidar-me a encontrá-la de modo tão incisivo? Eu precisava descobrir; e então matá-lo como ele merecia, é claro. No mais, não eram necessários muitos neurônios para entender que enquanto não derrotássemos quem fazia de Burmahk uma marionete viva, ele não estaria a salvo.

Não, eu não me preocupava pessoalmente com o que aconteceria com ele, mas sim em perder quem se mostrou um dos mais fortes combatentes dentre o sexteto de híbridos. Se alguém precisasse morrer, eu preferia que fosse Zhonyee ou Ythar - o sorriso que ela me dirigira e o tom amistoso dele após derrotarmos a criatura não me agradaram nem um pouco. Se achavam que seríamos amigos após simplesmente nos unirmos para um objetivo em comum, eram mais burros do que eu pensava.

— Vamos — concordei com Luvwieq.

Durante nossa movimentação por entre aquela fenda no vale, buscaria permanecer próximo do Fauno mais velho, fosse por suas curiosas habilidades de rastreamento, ou mesmo para protegê-lo em caso de um ataque surpresa. Minhas mãos formigavam com a circulação de mana em ritmo acelerado, esta agindo em conjunto com a adrenalina da situação para instigar-me ainda mais em prosseguir. Já experienciei essa sensação durante meus estudos proibidos às escondidas, ou mesmo durante a fuga de Alastrine, mas nada se comparava ao que sentia naquele instante.

Era ali, daquela forma, que eu poderia explorar e colocar em teste todo o potencial que resguardava em meu interior. O poder que habitava em mim implorava para ser liberado, para ser irradiado contra aqueles que entrassem em meu caminho. Podia sentir seu gosto em minha boca, doce, cítrico, um misto de prazerosos sabores que motivam alguém como eu a ansiar por ele cada vez mais, cada vez em proporções maiores.

— Ele é um lich. Fraco — a voz de Avareza ecoou em minha cabeça.

Aguarde Majestade, pois eu ainda irei superá-la.



Considerações:




chansudesu
chansudesu
Admin
Mensagens : 208
Data de inscrição : 25/08/2020
https://alurearpg.forumeiros.com

[CL] Seis Faunos e Um Lich Empty Re: [CL] Seis Faunos e Um Lich

Dom Nov 29, 2020 8:42 pm
[CL] Seis Faunos e Um Lich QZbyFMA


Burmahk grunhiu conforme uma das costelas penetrava em sua carne ao longo do tempo. Niqemae teve tempo apenas de rolar para a esquerda numa esquiva bem realizada antes que as foices ósseas que condecoravam as mãos do grandalhão transformassem o lugar em que estava anteriormente num par de rasgos no chão. Strenmyr, de poucas palavras, analisava a situação conforme brandia seu martelo apenas para redirecionar grande parte das estocadas realizadas pela marionete.

Luvwieq e Vhraz’akan deram uma última estudada na situação de combate antes de seguirem adiante por um caminho estreito que guiava-os até um nível maior em meio ao monte que erguia-se ladeando o vale. Zhonyee e Ythar foram adiante, a fêmea segurando bem sua corneta conforme o mascarado preparava uma flecha de sua aljava. A pequena fenda disposta na parede pétrea manteve-se rígida conforme a passagem — alguns ossos que pareciam nascer do próprio terreno realizaram alguns rasgos nas vestimentas do grupo que atravessou a entrada. O lich, atrás do de idade mais avançada entre os faunos, foi o último a adentrar.

Assim que cruzou a passagem, ossos saltearam os lados pétreos da entrada, fechando-a como se duas garras bloqueassem o caminho inteiramente, não dando-lhes a oportunidade de volta.

— Uma armadilha? — indagou Zhonyee.

— Se fosse, já estaríamos mortos. — Luvwieq comentou.

O interior da gruta não era iluminado, portanto, Ythar decidiu que era um momento perfeito para a criação do fogo: com certa perícia, e, brandindo palavras de crenças faunesas que Vhraz’akan lembrava-se do momento em que haviam realizado uma fogueira, fez-se as chamas na ponta de um galho seco que carregava dentro de sua aljava. A tocha revelou detalhes da ambientação tão mórbidos quanto os exteriores — ossos por todos os cantos, com a novidade do musgo, alguns cogumelos e a frieza pétrea da gruta. O caminho adiante revelava-se num corredor logínquo e estreito, permitindo apenas a passagem de um por vez.

Assim foi feito. Com certo receio, eles caminharam temendo que a qualquer momento ossos brotassem das paredes para empalá-los, contudo, não ocorreu. Na consciência de Vhraz’akan, aquela voz jazia somente na forma de lembrança — nenhuma comunicação havia sido estabelecida até então. Contudo, Luvwieq soube como guiá-los pelo caminho.


— Rápido, Ythar, acho que alguma coisa passou no meu pé — murmurou Zhonyee encabeçando o grupo com certo temor na voz.

— Quieta, mulher, não consigo enxergar tão bem aqui… vush — Que haja fogo.

Para os faunos: talvez fosse melhor ter mantido a escuridão como aliada naquele momento.

A visão ampliou-se com o final do corredor atingido — como a clareira de uma floresta, a área oval possuía diversos corpos inchados e putrefados ao longo de todo o local. Crânios organizados de um lado, espinhas dorsais de outro, à medida em que órgãos necrosados encontravam-se jogados ao chão aos montes. Uma faísca acendeu-se na mente de Vhraz’akan, e o lich percebeu que o que quer que estivesse comunicando-se com ele anteriormente estava mais do que próximo. Ythar deu um passo adiante, percebendo que havia algo atrás de uma pilha de braços desmembrados e intestinos revirados. Luvwieq fez um gesto para que se mantivesse por perto, mas não adiantou.

— O que faunos ousariam fazer longe de suas florestas protetoras e contos de fadas? — A voz familiarizou-se com a que o morto vivo havia ouvido em seu consciente. — Afaste-se. Agora.

Os intestinos foram arremessados para longe, junto com alguns membros e costelas. Daquela pilha, surgiu uma figura masculina encurvada, com um capuz que encobria-lhe a face: seus lábios haviam apodrecido há muito, bem como pálpebras e parte do pescoço. O tecido utilizado sobre a cabeça era adornado por faixas que escondiam algumas feições de sua face, ocultando um olho e o próprio nariz. Em suas costas: uma bolsa enorme com um brilho efervescente púrpuro, que Vhraz’akan conseguiu perceber de antemão tratar-se de uma espécie de necromancia. O desconhecido trouxe uma parte daqueles intestinos à sua boca e arrancou um generoso pedaço, com o sangue escorrendo ao longo do queixo.

[CL] Seis Faunos e Um Lich Mercante

— Apenas um tolo revela seu nome a um inimigo em potencial — riu enquanto a carne era ingerida. O morto vivo percebeu que a luz emanada do interior do que carregava nas costas tornou-se mais forte por um instante. — Vhraz’akan. Um grupo grande que vocês carregam por uma região tão perigosa… — observou a ponta do cajado de galhos negros de Luvwieq que tocava o chão. — Péssima técnica sensorial, a propósito. — Divertiu-se com escárnio.

— Você vai liberar Burmahk e nos deixar passar se não quiser terminar com isso aqui entre os olhos — Ythar aproximou-se envolvido num ímpeto de fúria.

O homem riu.

— Tente.

— Ythar, ele poderia nos ter matado assim que adentramos. Sinto mais do que há lá fora por aqui, não é uma boa ideia. — Luvwieq interveio.

Zhonyee ainda encontrava-se intrigada com a decoração do lugar.

— Nesse exato momento, falta apenas um dedo de distância para que o coração daquele imprestável ser perfur-

Ythar atravessou o pescoço do homem com uma flecha em mãos. Girou o projétil com ambos os punhos, fazendo sua cabeça virar num ângulo desconfortável enquanto um crec era ouvido. Com um baque, a figura caiu de joelhos, com sua feição transformada numa impassível — sem qualquer tipo de expressão.

— Tolo! O que pensa que fez? — Luvwieq levantou seu cajado.

Contudo, naquilo, Vhraz’akan percebeu que havia algo em comum com o ser além da comunicação que realizaram. O brilho daquilo que carregava nas costas ganhou direção — acompanhou com o olhar conforme aquela pequena orbe púrpura se encaminhava para a nuca do homem. Foi ali que os detalhes mostraram-se ainda mais aparentes: aquele saco não era de tecido, mas sim da pele putrefada do enfaixado que ligava-se ao seu pescoço e totalmente às suas costas, como um órgão externo que bombeava a esfera para dentro de seu corpo. O mesmo bruxulear acendeu-se passando pelo pescoço até que, por fim, chegasse na cabeça.

O homem emitiu um grunhido aterrorizante enquanto seu pescoço era girado de volta, os olhos tomados pela iluminação roxa reviraram-se à medida em que uma mão era levada a flecha para retirá-la.

Então, voltou ao normal.

— Devo sentir-me insultado por isso? — Riu. Observou Ythar que, acuado, deu alguns passos para trás. — Não é comigo que vocês querem guerra, afinal, sequer teriam meios para isso. Sou um simples… Mercante. Tiveram apenas o azar de cruzarem o mesmo lugar que eu em um dia cheio de infortúnios… que pena. — As articulações de seu corpo estalaram em direções macabras conforme torcia o próprio pescoço como se buscasse ajustar-se com a nova postura.

— N-Nós só queremos seguir adiante. As Criptas Profanas, é isso — comentou Zhonyee.

O moribundo poderia arregalar mais seus olhos caso tivesse os nervos em seu tecido para tal. Assim sendo, limitou-se a uma gargalhada histérica.

— Vocês nunca chegarão lá da forma que estão sem que um ou dois morram no trajeto. Sem contar os que já está morto, obviamente — observou Vhraz’akan — o caminho interno é o mais… seguro. Essa caverna possui bifurcações tão profundas dentro desse esqueleto que um ou dois dias de caminhada já fará com que cheguem lá. A propósito, quanta coragem possuem para chegar num lugar como esse… uma promessa? Um contrato de assassinato? Bom, de toda forma, é tempo perdido.

— Faça-se mais claro, Carnhast — Luvwieq adotou uma postura incisiva.

O homem riu.

— Está meio certo, meu caro. Mas minhas origens dizem pouco a respeito aqui quando são vocês que encontraram uma situação… pouco favorável. Talvez estejam interessados em algumas das minhas mercadorias, se for o caso, mas talvez sejam úteis apenas ao… — riu. — Vhraz’akan. Ainda que em níveis tão baixos de poder, talvez não sejam úteis.

— E desde quando comprar algo de um adversário é uma boa ideia? — Ythar indagou.

— Ah não, não sou adversário algum, como já disse. A propósito, nesse exato instante o amigo de vocês talvez já esteja livre, mas preciso que colaborem comigo para que ele não volte a ser torturado.

— Se colaborarmos com você, Mercante, suponho que fará o necessário para que sigamos adiante sem intervenções — Luvwieq frisou.

— Mas é claro, não confiam nas minhas palavras? Esse é um caminho direto para a tão aguardada saída de vocês que fedem a mato. Preciso apenas que tragam a cabeça do que um dia já foi meu ajudante, mas decidiu surrupiar minhas coleções. Estou ocupado demais tentando reaver as cicatrizes que ele deixou quando foi ingrato a ponto de me culpar pelo seu estado. — Murmurou.

— E nós vamos caçar esse merdinha por aí?

— Não seja tão precoce. Eu os darei uma amostra do meu sangue e será questão de tempo até que ele apareça faminto. Façam uma armadilha, algo que vocês saibam, eu sei lá. Tenho manutenções importantes a serem feitas nos meus queridos espólios. Do contrário, o amigo de vocês irá ser uma adição e tanto na minha coleção. O que acham?

Missão 1:

Considerações Importantes:




Vhraz'akan gosta desta mensagem

Vhraz'akan
Vhraz'akan
Necromancia
Necromancia
Mensagens : 58
Data de inscrição : 21/09/2020

[CL] Seis Faunos e Um Lich Empty Re: [CL] Seis Faunos e Um Lich

Ter Dez 01, 2020 11:18 pm

P arte de mim sentiu-se vingada quando o impulsivo Ythar atravessou aquele desgraçado com a flecha. Contudo, sua atitude burra e mal pensada quase colocara tudo a perder. Tanto quanto ele, eu queria dizimar por completo o necromante, mas diferente do fauno que se rendeu aos seus instintos animais, sabia que ali a razão precisaria reinar acima até mesmo do ódio crescente que eu nutria. Minhas mãos ainda formigavam com a mana circulando junto da adrenalina, sendo necessário apenas um breve pensamento para atacar aquele arrogante maldito, mas busquei retesar tal vontade conforme o diálogo com o monstro pendia para um caminho... vantajoso. Por mais que eu quisesse matá-lo, a garantia de uma passagem supostamente mais segura e efetiva até as Criptas, onde nossa real provação se daria, sorria-nos como uma recompensa policromática em meio ao cinza eterno da Garganta.

— Nós aceitamos — comuniquei em tom sério, mostrando que independente do acordo, não havia simpatia alguma por ele.

— Tem certeza disso? — Zhonyee questionou próxima, a voz baixa.

— Não podemos confiar nele — Ythar disse, encarando o monstro por entre as aberturas oculares em sua máscara.

— Podemos confiar que seu amigo vai estar morto num piscar de olhos se não o fizermos — dei um passo a frente, querendo finalizar aquela negociação o quanto antes e sair dali. O sorriso de vitória na boca pútrida daquele mercante desgraçado era como uma facada direta no meu ego. — Nos dê logo o seu maldito sangue.

Luvwieq manteve-se em silêncio, parecendo tão incomodado internamente com a situação quanto o restante de nós. Embora ele tenha uma postura mais humilde, é certo que se orgulhava de suas capacidades sensoriais e também de seu nível intelectual. Ter sido pego numa armadilha como aquela, vendo-se obrigado a resolver assuntos que não eram de seu interesse, certamente trazia ao seu paladar um gosto amargo de derrota. Para mim esse sabor era ainda mais intenso e desagradável, dada minha baixa inexperiência enquanto necromante e as humilhações que passava em consequência disso. Esses desgraçados me chamam de fraco, de tolo, todos fazendo piadas do alto de seu conhecimento. Eu ainda me vingarei de cada um deles, que estejam certos disso.

...

Burmahk estava em situação crítica.

Os ossos haviam se desprendido de seu corpo, deixando buracos abertos ao longo de toda sua anatomia. Filetes de sangue escorriam em abundância dos ferimentos, formando pouco a pouco poças de sangue no chão, tingindo a terra cinzenta de carmim. Niqemae havia perdido qualquer postura que manteve até aqui. Segurava o companheiro nos braços, desesperada por algo ou alguém que pudesse o ajudar. Berrava consecutivamente o nome do Fauno, dando tapas em seu rosto para mantê-lo acordado. Ele, por vez, delirava murmurando palavras com esforço, mal conseguindo compor alguma frase diante do estado em que se encontrava.  Strenmyr também estava próximo, tentando socorrer como podia o amigo, ainda que mantendo suas feições firmes como de costume. Se o pilar do sexteto ruísse, os outros também o fariam, compreendia agora.

— Burmahk... — Zhonyee soluçava, revirando a bolsa de couro animal que trazia consigo junto da cintura. — Se eu achasse... Tem que ter algo... — seus olhos fecharam-se então com pesar, as mãos parando enfim de vasculhar o interior do porta-itens. — Estou sem nada...

Merda.

— Use isso — levei minhas mãos ao interior do casaco, jogando para ela em seguida um dos frascos que trazia comigo.

Com aquela poção de vida, ao menos de riscos de morte o Fauno estaria livre, acreditava. Duvidava que ele não fosse precisar de horas de repouso para reaver seu estado normal, o que já era péssimo dadas suas tremedeiras, mas ele ainda nos poderia ser útil. Fora suas capacidades de combate, tinha um faro aguçado que não poderíamos nos dar o luxo de perder por hora. Aargh, como eu queria que fosse Ythar ou Niqemae no lugar dele.

— Obrigada, muito obrigada! — a faunesa mais jovem limpava as lágrimas, sorrindo de maneira radiante para mim. — Eu sabia que você não odiava a gente tanto assim!

— Não me entenda mal — franzi o cenho, enojado com a suposição dela. — Precisamos dele inteiro pros próximos confrontos. É só isso — fiz questão de deixar claro.

— Maldito, você não tem um pingo de compaixão? — Niqemae me olhava incrédula.

— Pergunte ao seu amigo... Braqwees?

Ela levantou-se num sopetão, ignorando a ferida em sua coxa conforme avançava para cima de mim com o porrete em mãos. Senti o mesmo formigamento manarial de antes na região dos braços, a mana circulando pronta para ser canalizada em alguma magia finalmente, como se precisasse ser liberada após tanto ter sido retida na conversa com o Mercante. Estávamos prestes a atingir um ao outro quando o duplo baque surdo no chão do cajado de Luvwieq nos interrompeu.

— Já chega — vi em seu rosto um semblante que até então não havia presenciado. Ele realmente estava abalado com tudo o que aconteceu. — Zhonyee, trate Burmahk e vamos nos sentar. Temos que planejar uma emboscada, e não acredito que será fácil.

Strenmyr e Niqemae, ainda sem saberem do acordo, o fitaram, surpresos com a declaração.



Considerações:




chansudesu gosta desta mensagem

Vhraz'akan
Vhraz'akan
Necromancia
Necromancia
Mensagens : 58
Data de inscrição : 21/09/2020

[CL] Seis Faunos e Um Lich Empty Re: [CL] Seis Faunos e Um Lich

Qua Dez 02, 2020 11:29 pm

Z honyee havia tratado de Burmahk e o livrado de maiores riscos, ainda agradecida pela minha poção independente dos motivos pelos quais eu tivesse a disponibilizado. O híbrido derrotado dormia profundamente próximo à nossa fogueira, recuperando-se da exaustão extrema e tomando o tempo que necessitava para ao menos recobrar a consciência. Todos entendemos sem muito esforço que ele estaria fora da equação que calcularíamos para armar a emboscada e matarmos o antigo assistente do necromante. Sobre ele, Niqemae mostrou-se ainda mais irritada que qualquer um de nós, fosse pelo o que fizera com seu precioso amigo, fosse pelo infortúnio geral nos causado. Strenmyr limitou-se a franzir a testa, não esboçando maiores reações além desta e da breve mordida no lábio inferior — uma forma de controlar a raiva, quem sabe.

— Como eu queria estar lá. Ia esmagar os miolos do desgraçado com meu porrete — a faunesa reclamava, ainda não conseguindo engolir a situação.

— Eu tentei matá-lo, mas não funcionou muito bem — Ythar lamentou. — Se eu tivesse mirado no coração...

O nível de maestria desse Fauno burro com o arco dourado era o extremo oposto de sua capacidade de raciocínio. Somente pela aparência e habilidades prévias do Mercante era nítido que tentar combatê-lo por meios convencionais seria um erro. Ele realmente acreditava que uma flecha no peito daquela coisa adiantaria de algo? Era mais estúpido do que pensava.

— Se você acertasse o coração obteria o mesmo resultado que teve ao atingir o pescoço — a atenção de todos voltou-se a mim, por exceção de Luvwieq que embora ouvisse, mantinha-se de cabeça baixa, pensativo. — Somente um Yargr não perceberia que ele era um necromante, o que por si só dificulta as coisas para ataques básicos e impensados como os seus.

Ele engoliu em seco e até pareceu fazer menção de rebater meu comentário, mas eu estava certo, não havia o que ser replicado.

— Tenha cuidado com as comparações, Lich — Strenmyr ainda assim interviu.

— Então... como faríamos para derrotá-lo? — Zhonyee perguntou do outro lado da roda, tentando dissipar a formação de alguma tensão entre nós.

— Não há como ter certeza de nada, mas... — fiz uma pausa, relembrando do que ocorrera quando ele teve seu pescoço quebrado e caiu de joelhos. Nesse momento, era como se as engrenagens em minha cabeça começassem a girar, assimilando os fatos e idealizando teorias. — Eu apostaria em ter como alvo suas costas.

— Como assim? — Niqemae perguntou, genuinamente curiosa.

— Ele carregava uma bolsa enorme... mas do que adiantaria atacar ela? — Ythar estava confuso.

Somente eu havia notado aquilo? Esses Faunos eram cegos ou o quê?

— Era mais do que isso. Fazia parte do corpo — alguns deles pareceram estupefatos com a informação, como se eu revelasse um segredo importante de uma fábula fantasiosa. Criaturas estranhas. — Senti uma forte concentração de necromancia ali. De alguma forma aquilo o fez voltar.

— Então para matá-lo... — Zhonyee iniciava o raciocínio.

— Com sorte, precisaríamos apenas destruir seu meio de ressuscitar — Luvwieq concluía. — Contudo, ele não é mais nosso inimigo por hora. Vamos nos focar no que realmente importa.

...

O primeiro passo foi encontrar um local onde pudéssemos nos esconder em áreas distintas e esperar pela chegada do inimigo. Strenmyr carregou Burmahk nos ombros enquanto nos locomovíamos, ganhando distância da fenda por imaginarmos ser um ponto talvez conhecido pelo ex-assistente do Mercante. O que se tinha de claridade pelo sol acima do céu completamente nublado começava a dissipar-se, dando espaço a um cenário ainda mais monocromático com a chegada do entardecer.

Luvwieq e eu fomos as duas principais mentes pensantes por trás da emboscada, os comentários dos outros servindo vez ou outra para algo, mas em sua maioria apenas como distrações. De qualquer modo, começávamos a nos preparar agora que havíamos encontrado um lugar específico da Garganta que julgávamos como apto para conceber nosso plano. Antes de cada um tomar sua posição, demos início a uma breve recapitulação, somente para que os Faunos burros não colocassem tudo a perder.

— Você ficará em algum ponto elevado, onde possa se esconder e disparar com precisão mesmo à distância — explicava ao arqueiro. — Se ouvir o segundo sinal, faça aquele negócio estranho pra incandescer suas flechas.

— Strenmyr, Niqemae, vocês ficarão mais próximos, aqui... e ali — Luvwieq indicou duas protuberâncias rochosas em lados distintos. Dado suas estruturas e ângulos, poderiam ocultá-los facilmente mesmo sendo ambos corpulentos. — Estarão seguros e poderão atacar em paralelo quando for a hora.

— Eu fico com Luvwieq e Burmahk para protegê-los caso seja necessário — Zhonyee falava, mais entusiasmada do que deveria.

— Exatamente. Tentarei captar a chegada do inimigo e assim que obtiver uma resposta, você dará o sinal — respondeu para a mais jovem. — Quanto a Vhraz'akan...

— Eu serei a isca, obviamente — comuniquei. — Fora o cheiro da Garganta, acredito que minha presença enquanto necromante possa mascarar de alguma forma a de vocês.

Tão logo finalizamos, cada um dirigiu-se ao seu posto conforme o planejado. Nossa ideia seria que o inimigo acreditasse que havia somente eu ali, dando espaço para um ataque surpresa tanto de Niqemae quanto de Strenmyr, provindos de pontos paralelos. Com os dois brutamontes aproximando-se repentinamente do alvo, ele teria de preocupar-se com três adversários de um instante para o outro, o que possivelmente nos abriria brechas para atacarmos. Diante dessa visão, Ythar estava incumbido de finalmente ser útil em algo e nos dar suporte disparando suas flechas.

Caminhei até o centro do lugar, rodeado com algum distanciamento pelos Faunos, abrindo em seguida o frasco com o sangue nojento do Mercante, aguardando que o cheiro podre ou o que quer que fosse trouxesse seu ex-assistente até nós. Encapuzado, ocultei meu rosto o máximo que pude, visando trazer algum mistério inicial aos olhos do adversário. Queria causar uma impressão temerosa num primeiro momento, aproveitando-me da minha aura em seguida para surpreendê-lo e garantir uma aproximação certeira da força bruta do grupo.



Considerações:

Missão:




Conteúdo patrocinado

[CL] Seis Faunos e Um Lich Empty Re: [CL] Seis Faunos e Um Lich

Ir para o topo
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos